- Nana espera, espera meu amor! – Diogo diz alcançado ela no parte de fora da mansão. - Calma, não vai deixar ele te aborrecer assim! – ele falou envolvendo os braços na cintura da morena.
- Diogo eu falei para ele parar com essas histórias! – Nana fala limpando as lagrimas. – Tudo já é tão difícil e ele que tanto ajudava... Agora agi assim...
- Ele só quer que você se afaste de mim, isso é muito claro! Ele vai fazer de tudo para que você se volte contra mim! De tudo!
- Não... Ele deve estar confuso...
- Meu amor você não vê? Ele vai inventar e fazer o que for! Você nem conhece ele!
- Diogo...
- Não, olha pra mim. – Diogo disse segurando o rosto dela entre suas mãos. – Se afasta dele, por favor, por mim, pela nossa filha... Por tudo que vivemos. Prometa para mim que vai se afastar dele... Eu te imploro! – Ele disse numa suplica, sua face carregava uma expressão desesperada.
Nana sentiu seu corpo tremer, sua cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento, sentia seus pés formigarem dentro dos saltos altos que usava. Seus olhos arderam como num modo automático sua cabeça fez um sinal positivo, Diogo a abraçou afagando suas lagrimas contra seu peito, lhe dominou os sentidos.
...
Editora Prado Monteiro
Nana sentia que seu dia não podia ficar pior, depois do episodio desagradável daquela manhã ela só queria trabalhar, trabalhar para esquecer os seus problemas. Nunca pensou que se tornaria alguém que apreciasse ficar trancada num escrito durante horas revisando vários relatórios. Mas tinha virado sua realidade, ela amava pintar seus quadros, podia expressar seus sentimentos entre pinceladas e tintas coloridas, mas, naquele momento ela só queria se trancar e sair de lá quando todos os seus conflitos estivessem claros e resolvidos.
Mário por sua vez, também estava abalado com tudo aquilo. Mas era injusto, ela ficar do lado de Diogo depois dele ter a privado de viver com sua verdadeira família por tanto tempo.
Será que ela não percebe como isso é abusivo?
Ele só queria abraçar ela e não a soltar nunca mais, ela era a pessoa que fizeram pensando nele, e disso ele tinha toda certeza desde menino. Lembrava-se dela ainda pequena, com vestido de bolinhas e cabelos rebeldes, desde aquela época ela já era seu grande amor, ele levou muito tempo para conquista-la, e nada iria fazê-lo desistir. Muito menos aquele cara. Observou ela entrar em sua sala pela porta de trás o escritório, o que já deixava claro o quanto seu humor tinha ficado péssimo desde o café da manhã desastroso. Ela colocou o celular na mesa junto com a garrafa d’água, e logo em seguida olhou para ele através da janela com as persianas abertas, ele pensou em sorri indicando que estava tudo bem, mas sua face estava congelada, Nana estava com uma expressão brava que logo se tornou em uma expressão decepcionada ela foi rapidamente na direção das persianas as fechando.
Um pouco mais tarde, Nana não tinha saído da sala em nenhum momento e Mário tinha se mantido atento esperando uma boa oportunidade para conversa com ela. A maioria dos funcionários tinham ido almoçar e parecia a oportunidade perfeita para fazer o que já estava o corroendo por dentro. Se aproximou da porta da sala dela e bateu quatro vezes, sem resposta, bateu mais duas vezes e ela permitiu a entrada.
- Nana, posso falar com você? – Ele perguntou entrando devagar na sala.
- Sobre? Se for sobre o papelão que você fez hoje de manhã na frente de todo mundo depois de eu lhe dizer para deixar o Diogo em paz, pode sair, por favor! – Ela disse sem olha-lo, manteve-se firme olhando em direção do computador, uma voz forte, como ele bem se lembrava.
- Não quero brigar... – Ele começou a falar, mas foi interrompido por ela.
- Ah você não quer? Não foi isso que pareceu mais cedo! – Ela finalmente olhou para o Editor. – Mário, tudo na minha vida tem sido complicado, e não pense que eu ache que é culpa sua, não! A culpa de tudo é minha e das minhas escolhas e... – Agora ele que a interrompe.
- Culpa dele, ele te privou de saber a verdade! Te manipulou!
- Pare com isso, Mário, ter você comigo estava sendo incrível, e eu por um momento senti o que eu nunca tinha sentido antes... Você estava sendo uma das melhores coisas que me aconteceu, eu me sentia em casa com você! – Ela deu uma pausa seguida de um suspiro, sentiu seus olhos umedecerem.
- Mas, de uma hora pra outra eu percebi o quão irracional era tudo isso, apenas uma ilusão, um devaneio que o meu estado sensível me levou! Eu realmente não sei onde estava com a cabeça quando entrei em tudo isso, e pensei que me lembraria de você ou não sei. Mas isso não vai continuar, eu quero que você se afaste de mim... Por favor! – Mário ouviu tudo em silêncio, tentou por um momento raciocinar aquilo que ela lhe pedia e parecia ridículo que da noite pro dia a paixão que queimava tivesse sido apagada assim.
Mario se aproximou dela, que a cada dois passos dele para frente ela dava um para trás, por um momento tentou alcançar os braços dela com as mãos, mas ela desvencilhou.
- Nana, eu sei que não é isso que você quer...
- Não você não sabe de nada. Eu quero e eu exijo que você se afaste de mim se não eu nem sei o que eu faço... – Ela disparou e ele a mirou confuso, aquela versão ele ainda não conhecia. – Você me amou Mário?
- Eu amo você!
- Então se você senti alguma consideração por mim, se afasta de mim, me esquece... Eu amo o Diogo, respeite isso! – Ela não conseguia mais olhar nos olhos dele, não com ele fazendo aquela expressão de dor que partiu seu coração. – Fica longe me mim! Vai ser melhor assim, para nós dois... Para todos.
Ela tinha os olhos baixos, olhava na direção do chão. Ele queria pronunciar alguma coisa, mas é difícil falar quando as palavras engasgam na dor, na magoa, no soluço de lagrimas que queriam sair, mas ele ainda tinha um pouco do seu orgulho, se afastou dela com passos curtos para trás, queria se abaixar para juntar seus pedaços que eram como as areias da praia que foge pelos dedos, ela estava fugindo por seus dedos como a água, por mais que ele quisesse segurar era impossível, a dor era inevitável. Saiu da sala dela vazio, com o mesmo vazio que sentiu quando a perdeu nas águas do mar.
Mas não tem revolta não
Eu só quero que você se encontre
Saudade até que é bom
É melhor que caminhar vazio
A esperança é um dom
Que eu tenho em mim, eu tenho sim
Não tem desespero não
Você me ensinou milhões de coisas
Tenho um sonho em minhas mãos
Amanhã será um novo dia
Certamente eu vou ser mais feliz
27 de Novembro de 2019
Um soco no estomago. Tinha sido a sensação que Nana e Mário estavam sentindo desde o dia anterior. Era difícil explicar para as crianças porque não podiam chamar a mãe para ler a história junto ao poeta da noite anterior, ele tinha um semblante triste, tentou disfarçar meio á sorrisos, mas não passou despercebido por Sophia, ela odiava ouvir que era por conta de problemas de adultos, adultos sempre complicam demais. Não sabiam como iriam ser os dias, Mário não falou que se afastaria, mas a forma com que ela falou criou uma barreira que ele não sabia se queria ultrapassar. Mas não iria desistir de provar que Diogo não era nada do que ela pensava.
Na editora, Mário chegou mais cedo que os demais precisavam adiantar alguns trabalhos, sua cabeça não parava nem por um segundo, pensando em tudo que estava acontecido, se pegava aéreo olhando para o nada, engolia a saliva amarga, tudo era amargo, talvez por sua culpa ou do cara que estava roubando sua vida, não sabia o que pensar ou no que acreditar tudo era vazio e amargo.
Observou Alberto entrar no ambiente, o ex-sogro cumprimentou os demais funcionários que naquela hora já haviam chegado, Nana apareceu logo atrás do pai, linda e com um semblante de poucos amigos no rosto, não olhou para ele em momento algum, talvez fosse melhor assim.
- Comandante! Bom dia posso trocar uma palavrinha com você? – Mário se aproximou de Alberto que já havia cruzado o salão com a ajuda de uma bengala.
- Claro Poeta, vamos até minha sala. – Alberto respondeu amistoso, os dois seguiram para a sala do dono da Prado Monteiro.
- Me diz querido genro, o que anda de afligindo? Desde a cena no café da manhã de ontem as coisas engrossaram né? – Alberto perguntou se sentando em sua cadeira atrás da enorme mesa, apontou para Mário se sentar.
- Obrigado, nem me fale comandante, eu já estava para explodir, não aguentei... Pedi ajuda da Thaisa para investigar o Diogo e ela me afirmou mostrando fotos e tudo que o Diogo esteve na cidade de Angra dois dias depois do desaparecimento da Nana!
- Canalha! Nunca acreditei nesse arrogante! Mas Mário, francamente, pedir ajuda de amadores para isso, com provas digitais? Obvio que ele ia falar que é a tal da fake news!
- É comandante, fui inocente acreditando que era o suficiente para a Nana entender que ele não presta.
- Ela ficou uma fera não foi? E agora o que tem em mente?
- Ficou, preciso da sua ajuda dessa vez!
- Me diz...
...
- Bom, é uma ideia um tanto ousada, não sei se ele vai aceitar... Mas posso tentar!
Mas tarde naquele mesmo dia, Alberto chegou em casa pensativo, tentando arquitetar a logística que usaria para convencer Diogo, quem ele encontro na sala principal da casa deitado no sofá jogando algo.
- Boa noite Diogo! Eu gostaria de falar com você, mal conversamos desde que voltou da ilha! Falando em ilha... – Alberto se aproximou de Diogo.
- Sogro! O que tem a ilha? – Diogo levantou para cumprimentar Alberto.
- Eu fiquei pensando, acho que você poderia levar todos nós para passar um final de semana lá... Vai ser bom para Nana e para nós da família conhecer o lugar onde ela esteve todo esse tempo, acredito que vai ser bom para todos os traumas!
- Ah, nossa não estava esperando esse pedido...
- Algum problema com a ilha? – Alberto perguntou o encarando com os olhos semicerrados.
- Não, não imagina! É que acabei de voltar e essas viagens são tão cansativas... – Diogo observou a face do sogro, tinha algo estranho e debochado. – Mas um final de semana seria ótimo, praia é sempre bom...
- Então está combinado! Nesse final de semana vamos todos para ilha, avisarei Marcos amanhã cedo!
- Marcos também vai? Claro que vai, é, preciso fazer algumas ligações! Me dê licença sogro e ótima noite! – Diogo deu um sorriso sínico se afastou de Alberto indo com o celular em mãos para a parte externa da casa.
...
Ligação para Mário.
- Mário? Sou eu Alberto! Nesse final de semana!
- Ok comandante, muito obrigado.
- Combine tudo direitinho para não dar nada errado!
- Pode deixar...
- Pai? Está ocupado? Posso entrar? – Alberto ouviu a voz doce de Nana invadir seu escritório o fazendo desligar a ligação.
- Não minha filha, pode entrar. – O executivo se levantou para recebê-la com um abraço.
- Diogo me disse sobre sua ideia de irmos para ilha nesse final de semana! – Nana disse de pé de frente para o pai.
- Sim, tive um sentimento que vai ser bom para as crianças, saber da sua vida na ilha...
- Eu também acho que vai ser bom... Mas é só por esse motivo mesmo?
- E por qual outro motivo seria? – Alberto sorriu terno para a filha.
- Não sei, são tantas confusões uma atrás da outra. – Nana abaixou o olhar. Alberto abraçou a filha na intensão de afagar tantas dores causadas nela pelo destino que as vezes é traiçoeiro.
- Eu sei minha filha que tudo isso parece um pesadelo sem fim... Mas, toda tempestade passa não é mesmo? Nenhuma permanece para sempre.
- Eu tenho medo dessa tempestade ir embora deixando um caos eterno! – Nana se permitiu chorar, lagrimas que estavam presas de uma forma que nem ela mesma tinha percebido.
...
No dia seguinte Alberto, Marcos, Mário e Thaisa chegaram mais cedo na editora se reunirão para conspirar como traçariam o plano para que Mário, Thaisa e Jeff entrassem na ilha sem serem vistos.
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