História Nossos Rumores - Vou Pegar Uma Bebida

Louis

Clarisse ainda não havia aparecido. Era por volta das onze da noite e eu me encontrava na área da piscina da casa de Liam, segurando minha bebida e tentando acalmar meu nervosismo. Eu queria que ela aparecesse, mas não tinha certeza do que faria quando ela aparecesse. Nós tínhamos conversado naquele dia no carro e tinha sido divertido, mas pelo que Zayn estava dizendo, eles dois eram tão próximos quanto nós dois. E se para ela eu fosse só eu?

Suspirei. Achei que, depois de tantos de anos de convivência com o popular Zayn Malik, minha insegurança tinha ido embora. Mas parecia que tudo o que era preciso era que eu pensasse em Clarisse para que as minhas pernas começassem a tremer. Parece meio idiota, mas eu me sentia assim.

— Louis! — Ouvi a voz de Niall ao meu lado. — Curti a fantasia.

Eu sorri. Niall estava vestido como um duende.

— A sua também é... diferente — eu disse e ele riu.

— Acho que você é a última pessoa que eu esperaria encontrar aqui na piscina — ele se encostou na cerca de grama que separava a casa de Liam da casa vizinha.

— Por que?

— Bem, Zayn está lá em cima com uma garota, Liam está no quintal jogando beer pong e Harry está dançando com todas as garotas que ele encontra por aí — ele riu, dando de ombros. — Achei que você estaria fazendo alguma dessas três coisas.

— Que garota? — Eu perguntei, sentindo um desespero percorrer minhas veias, mas Niall pareceu não entender. — Zayn está com que garota?

— Uma do primeiro ano, eu acho — ele bebeu um gole da sua bebida. — Por que?

Respirei aliviado.

— Nada — sorri. — A Clarisse já chegou?

— Não vi ela ainda — ele procurou ao redor. — Nem a Diana também. Acho meio difícil a Clary aparecer, mas se a Di for aparecer, acho que até a uma da manhã ela já chegou.

Suspirei.

— Vou pegar uma bebida, já volto.

Assim que Niall assentiu, me afastei para o lado de dentro da casa. Esbarrei em algumas pessoas usando fantasias diferentes, mas consegui chegar até a cozinha. Pedi para que o garoto que estava servindo as bebidas colocasse um pouco de whisky e gelo no meu copo. Quando ele colocou, peguei o copo, agradeci e me afastei. Pensei em ir até a sala, mas ela tinha sido transformada em uma pista de dança. Pude ver daqui o lugar aonde Harry dançava com três garotas, sem camisa.

Andei de volta em direção a sala de jogos, aonde encontrei Liam jogando beer pong com alguns garotos do segundo ano. Ele perdia vergonhosamente porque já estava completamente bêbado — e sem camisa também. Sua fantasia era parecida com a de Zayn quando ele usava ela, mas agora ele só estava usando uma calça jeans preta colada.

Voltei-me para o hall de entrada, quando vi Zayn descer as escadas, fumando um cigarro e segurando sua jaqueta nos ombros, com o topete completamente desfeito — e também sem camisa. O que estava acontecendo com aqueles caras e suas camisas?

— Você tá cheirando a porra — eu disse, assim que ele parou na minha frente.

— Isso é porque eu transei — ele sorriu. — Quer? — Ele me estendeu o maço de cigarro.

Peguei um e acendi com o dele. Dei um trago e senti todos os meus músculos relaxarem.

— Cara, às vezes eu esqueço como isso é bom — eu disse, de olhos fechados.

— Você fica nessa de ir conta tudo o que eu faço e acaba perdendo as coisas boas da vida — ele zombou.

— Não tô indo contra todas as coisas que você faz — revirei os olhos.

— Ah, claro. Só tá...

Sua fala morreu e seu olhar paralisou. Eu olhei para aonde ele estava olhando. Era Clarisse, usando uma fantasia que mostrava tanto do seu corpo que eu poderia ter uma ereção ali mesmo se não começasse a pensar em vegetais. Ela estava linda. E gostosa. Pra caramba. E com um batom vermelho que... Meu Deus.

— Clary — eu murmurei, mas ela não escutou.

— Zayn, você não tem uma camisa? — Diana, que estava fantasiada como uma policial gostosa, perguntou, zombeteira. — Acho que você lembra da minha amiga aqui, Kathy Jay.

Só então notei a garota ao lado de Clary. Ela usava uma roupa um tanto marcante. Havia uma abertura frontal no seu pequeno vestido preto, que se estendia dos seus seios até o final de sua barriga. Era tão justo, que seus seios pareciam estar saltando para fora. Atrás dela, haviam duas asas pretas e, em suas pernas, um par de meias arrastão. Ela estava gostosa e parecia ter saído de um filme pornô.

— Kathy... — Zayn disse, boquiaberto.

É claro que nós lembrávamos de Kathy Jay. Só não esperávamos que ela voltasse para nos assombrar tão cedo.

Clarisse

Zayn parecia ter visto um fantasma. Louis não estava tão diferente, apesar de estar tentando disfarçar mais. Eles olhavam diretamente para Kathy, o que não era tão estranho se fosse levado em conta que ela estava quase pelada.

— Alô? Te alguém aí? — Kathy zombou dos meninos. — Achei que vocês ficariam felizes em me ver, depois de tanto tempo — ela sorriu ainda mais. — Aonde está o Liam?

Louis apontou para trás, indicando a direção.

— Obrigada lindo — ela sorriu, depositando um beijo na bochecha de Louis e andando na direção que ele tinha apontado.

Zayn acompanhou o andar dela — o que me fez revirar os olhos —, enquanto Louis ficou ali, paralisado.

— Não sabia que vocês conheciam a KJ — Zayn passou a mão na barba malfeita. — Da onde vocês conhecem ela?

— Da vida — Di respondeu, misteriosamente. — Essa festa parece um pouco abatida.

— É? Espere um pouco — Louis disse, parecendo um pouco apreensivo. — Oi Clary.

Ele pareceu ter me notado pela primeira vez. Suspirei, me sentindo um pouco frustrada. Não que eu tivesse me vestido exclusivamente para ele, mas eu queria que ele tivesse pelo menos disfarçado que tinha achado a Kathy bonita. Não que ele me devesse alguma coisa. Você me entendeu.

— Oi — eu disse, olhando ao redor.

— Você. Bebida. Agora — Diana disse, me arrastando para a cozinha.

Passamos por algumas pessoas que estavam dançando, se beijando ou apenas ficando chapadas. Eu quase tropecei em cima de um garoto do terceiro ano vestido de Tarzan, mas ele nem se importou. Quando chegamos a cozinha, eu consegui respirar.

— Por que eu tenho que beber? — Eu perguntei. — Você sabe que eu não curto beber. Se eu chegar bêbada em casa minha mãe me mata.

— Eu sei — ela me entregou um copo com um líquido verde dentro. — Por isso eu avisei para ela que você dormiria na minha casa. E disse para a minha mãe que eu ia dormir na sua casa. E disse para o Liam que nós dormiríamos por aqui.

— Você o que? — Perguntei, alarmada. — Não vamos dormir aqui nem fudendo.

— Tá, depois a gente resolve aonde vai dormir — ela bufou. — Agora curte a sua adolescência — ela bebeu o que havia colocado em seu copo.

Suspirei, olhando para o copo em minhas mãos. Talvez eu devesse mesmo parar de ser tão eu. Talvez, se eu fosse mais como Kathy ou Diana, caras como Louis olhassem para mim. Nota-se que eu disse “caras como” e não especificamente o Louis.

— Ah, foda-se — virei o líquido na minha garganta me arrependendo no mesmo instante. — Que horrível — eu fiz uma careta. — O que é isso?

— Vodca com refrigerante de limão — ela deu de ombros. — Você se acostuma com o gosto.

Bebi de novo, duvidando que algum dia me acostumasse com gosto daquilo na minha garganta, quase rasgando meu estômago. Eu sempre fui fraca para bebida. Aquela devia ser apenas a terceira vez que eu bebia para valer. Por isso, a tontura me abateu no terceiro gole.

— E esse sorriso? — Kathy surgiu do nada, com seu batom borrado. — Opa, a nossa nerdzinha está bebendo?

— Pois é — Diana ergueu as sobrancelhas, com um sorriso vitorioso.

— É hoje que você perde o cabaço — Kathy riu, alto, provavelmente pela expressão espantada que eu fiz. — Calma, estou só brincando. Não quero você perca o cabaço com esses garotos de ensino médio. Se vocês andarem comigo vão conhecer homens de verdade.

— Amém — Diana levantou a mão no alto, o que me fez rir.

— Aliás — Kathy enfiou a mão no bolso. — Olha o que eu tenho aqui — ela nos mostrou três pequenos comprimidos.

— Eu sabia que você seria uma ótima companhia — sem questionar, Diana pegou um comprimido e o engoliu com sua bebida.

Então Kathy fez o mesmo e elas esperaram que eu fizesse o mesmo.

— O que é isso?

— A sua saída da caretice — Diana pegou o comprimido e colocou na minha mão. — Confia em mim, ok?

Suspirei. Se eu confiava em Diana para contar todas os meus segredos e para estar lá por mim quando eu precisasse? Absolutamente sim. Se eu confiava em Diana para beber um comprimido que ela me ofereceu? Bem...

— Vamos lá — Kathy ergueu uma sobrancelha, entediada. — Vai amarelar?

— Não — olhei para ela com raiva.

Por impulso, peguei o comprimido e o tomei com um grande gole da minha vodca com refrigerante de limão. Senti minhas mãos formigarem e pedi que Diana enchesse meu copo com mais daquilo. Ela riu e obedeceu. Depois disso, eu fui para a pista de dança. Aquela batida e as luzes artificiais me fizeram sentir mais viva do que eu jamais tinha me sentido. Ou talvez fosse a bebida e aquele comprimido. Não importava. Eu só sabia que queria dançar até os meus pés caírem.

Após esse momento, tudo o que minha mente conseguiu lembrar foram de flashs. Luzes, risadas, uma música alta, duas pessoas discutindo, uma mão me puxando para perto, alguém muito suado dançando comigo, eu caindo na escada e uma cama macia.

O dia seguinte me fez quase morrer de vergonha.