Todos já podiam notar o clima tenso sobre Hyunjin, ele não falava nada desde que voltou do banheiro, apenas bebia copo atrás de copo, até ser impedido por Jisung, temendo que o amigo ficasse embriagado. Passava das duas da manhã quando decidiram ir embora, Kevin ficou encarregado de levar os três rapazes. Ao irem para o lado de fora da boate, viram que Jeongin também estava se preparando para ir com os outros amigos, Hyunjin quis ir até ele, mas Jisung não deixou, o segurou pelo braço, o puxando trás de si.
— Espera! — o Yang gritou e foi até eles. Não se preocupou em pedir para ir a um lugar mais reservado onde pudessem conversar a sós, começou a tirar satisfações ali mesmo, na frente dos outros jovens. — O que você tem na cabeça para ter dito aquelas coisas ao Yeosang? — perguntou irritado. Hyunjin agarrou a mão do menor e o puxou para longe dali.
— Por que está o defendendo? Ele me ofendeu, eu apenas revidei. — deu de ombros. Sabia que estava errado, mas não era o único.
— Ele é incapaz de algo assim. Se fez isso, foi porque você o provocou. Eu te conheço, Hyunjin. — o Hwang abriu a boca para falar, mas se engasgou com as próprias palavras.
— Vai mesmo ficar do lado dele? — conseguiu finalmente dizer.
— Eu não estou do lado de ninguém. — Jeongin passou a mão pelos cabelos e respirou fundo. — Eu estou cansado. — disse num tom choroso. — Me desculpa dizer isso, mas estou cansado de vocês dois. — O Yang deixou uma breve risada escapar, mas ela foi praticamente engolida.
— Acha que eu também não estou? Você precisa se decidir! — ele encarou Hyunjin por um bom tempo, queria observar cada coisa que sentia ao estar com o mais velho. Ao invés de procurar motivos para ficar com ele, queria encontrar ao menos um que provasse que o Hwang não era a pessoa certa para si.
Jeongin sabia que essa era uma decisão unicamente dele, mas tinha uma pessoa que poderia o ajudar, não com conselhos, estava mais em busca de encorajamento. Chegou em casa, largou os sapatos na entrada e a jaqueta no sofá. Entrou devagar no quarto do seu hyung, deitando ao lado dele. Chan resmungou por ter sido acordado, mas logo se virou para encarar o menor.
— O que foi? — perguntou vendo a carinha triste e os olhos vermelhos, indicando que ele havia chorado.
— O Hyunjin estava lá… Hyung, foi péssimo! Yeosang e ele discutiram, ele está mal. O Hyunjin está mal. Eu também estou mal. — Chan não pode deixar de achar engraçada a ironia. Jeongin indo conversar sobre isso com ele, depois de tudo o que aconteceu. Mas para ajudar o irmão, ele seria imparcial naquele momento.
— Innie, desse jeito você vai perder os dois! Viu a confusão que está causando? — O Yang voltou a se desmanchar em lágrimas, sendo envolvido pelos braços do mais velho. — Eu não falo isso para te deixar triste, mas é a verdade. — Chan esperou que ele se acalmasse, para que pudessem voltar a conversar.
— Vou te perguntar uma coisa, quero que seja totalmente sincero. — Jeongin assentiu. — Por que começou a se relacionar com o Hyunjin? — o mais novo pensou e pensou, lembrando-se de todos os momentos com Hwang, até os mínimos detalhes permaneciam em sua memória.
— Porque foi intenso desde o início. Mesmo fingindo não gostar, a confiança dele me conquistou, ele era tão diferente de qualquer pessoa que já conheci. E quando nos aproximamos, vi o ser humano incrível que ele é. Claro que ele tem defeitos, assim como eu. Mas nós nos importávamos um com o outro, cuidamos um do outro, nos entendíamos muito bem. Quando demos o primeiro beijo, senti que nossa conexão era forte. Sempre soube disso, na verdade. Bastava nossos olhos se encontrarem… — para o Bang ainda era novo ver Jeongin falando assim de alguém que era seu amigo desde a adolescência, mas ele ignorou a estranheza.
— Mas você acha que deve ficar com Yeosang, certo? Por que?
— Eu sinto falta de como éramos. Algo me diz que ele é a pessoa certa. Ele gosta de mim, também se importa comigo, sei que jamais faria algo para me magoar. Mas eu fiz! Não posso magoar ele de novo.
— Jeongin, não existe isso de pessoa certa, seria muito fácil se fosse assim. Ou você ama a pessoa ou não. Claro que existem outros fatores que influenciam nisso. Às vezes a gente ama alguém, mas ela não é uma boa pessoa. Ou às vezes é, mas não te ama de volta. No seu caso, acho que você só está com medo de tomar uma decisão, fazer alguém sofrer e se arrepender lá na frente. Entende o que eu quero dizer? — Jeongin entendeu perfeitamente. Como tinha terminado com Yeosang no passado, se sentia na obrigação de se redimir, não queria abandoná-lo de novo. Mas fazer isso significava renunciar a Hyunjin, coisa que além de fazer os dois sofrerem, iria se arrepender amargamente pelo resto da vida.
— Então, o que vai fazer? — o mais novo suspirou.
— Vou esclarecer as coisas com o Yeosang, dizer que nosso namoro acabou de vez. Mas não sei se Hyunjin vai me aceitar de volta, depois de tudo o que aconteceu…
— Mesmo que ele não queira, você não pode namorar com o Yeosang só por temer não dar certo com outra pessoa ou ficar sozinho. — Chan tinha toda razão. Jeongin não aguentava mais e iria acabar com tudo aquilo, mesmo que o fim não fosse tão agradável para si. — Agora vá tomar um banho e tente descansar, não quero que fique doente de novo. — o menor assentiu e se levantou para fazer o que lhe foi ordenado. E em seguida voltou para se deitar junto ao irmão, finalmente sentindo a paz de estar em casa, depois de um dia tão conturbado.
[...]
Dois dias se passaram desde o ocorrido na festa. Jeongin fitava a porta de madeira escurecida do apartamento de Yeosang, balançava a perna freneticamente, tamanho nervosismo. Respirou fundo e finalmente tocou a campainha, a porta logo foi aberta e o acastanhado lhe deu passagem para entrar.
— Precisamos conversar. — falou enquanto acompanhava o Kang até sua sala de estar.
— Sim, precisamos. — Yeosang se aproximou de Jeongin, o encarou por alguns instantes e selou seus lábios, pediu passagem com a língua e após ser concedida, iniciou um beijo calmo. O menor gostava de sentir a boca do outro na sua, dos corpos colados, das mãos passeando pelo seu corpo. Era prazeroso, não podia negar, mas não tinha sentimento ali, nem sequer uma atração física. Finalmente se afastaram, tentando controlar a respiração.
— Você não sentiu nada, não é? — perguntou vendo Jeongin cabisbaixo.
— Desculpe, mas não. Yeosang, eu te amo. Mas não estou apaixonado por você.
— Eu também não. — confessou, fazendo Jeongin o olhar surpreso e confuso. — Eu pensei muito em nós, tentei enxergar as coisas como elas são e entender meus reais sentimentos.
— Eu acho que estávamos muito apegados ao passado, mas nós não somos mais os mesmos. — o Kang concordou. — Eu idealizei demais nosso relacionamento e naquela época foi incrível, de verdade. Achei que poderia recuperar isso, reparar o mal que causei. Mas isso não é o melhor para nós.
— Eu também achei. Quando te vi de novo, senti como se estivesse de frente para o Jeongin de antes, aquele que era meu namorado, que estava me esperando. Não quis aceitar que ele não existia mais. Eu sinto muito por tudo isso.
— Eu também. — o Yang deu um sorriso sincero, que lhe foi retribuído. Estava feliz que conseguiram resolver tudo tranquilamente, achava que seria bem mais doloroso. Mas a verdade esteve sempre ali, eles só se negaram a ver. Claro que não iam superar de imediato, mas deram o maior passo, o de entender seus sentimentos.
Jeongin saiu do prédio e respirou aliviado depois de muito tempo, caminhou até seu apartamento, se sentindo mais leve do que nunca. A brisa da noite acalmava seu coração ansioso, queria encontrar logo com Hyunjin, mas Jeongin estava no final de um dia cheio. Foi para a faculdade, depois para o trabalho, depois conversar com Yeosang, ele merecia ao menos um banho. Chegou em casa e foi direto para o chuveiro, sentindo a água morna levar embora todo o cansaço e as preocupações, queria continuar ali, mas já passava das nove. Saiu do banho, vestiu um conjunto de moletom cinza por conta do frio e se jogou na cama. Mandou mensagem para Jisung, o mesmo avisou que Hyunjin estava fazendo um projeto e tinha ido dormir na casa da irmã, mas provavelmente a esta hora ainda estaria acordado. Jeongin agradeceu ao Han, mas hesitou em ir até lá. Uma coisa era chegar aquela hora da noite na casa dos amigos, outra bem diferente era ir até a casa da irmã do Hyunjin, ele nem a conhecia direito. O Yang pensou muito, e vendo que não poderia esperar até o dia seguinte, chamou um táxi para que o levasse até a casa dos Hwang.
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