Passei a manhã toda pensando se deveria mesmo mandar algo para Yeosang. Estava com medo de falar com ele e estragar seu dia de alguma forma, não sabia se ele guardava algum ressentimento. Mas se eu não mandasse, ele podia ficar chateado por achar que eu não tenho consideração nenhuma por ele.
— Você o conhece muito bem, pense em como ele reagiria. — Yongbok estava tentando me ajudar.
— Bom, depois de tudo o que aconteceu, ele ainda quis manter contato, então acho que devo mandar.
— Okay, tem razão.
— Mas o que eu mando? Não pode ser algo muito exagerado, mas tem que ser algo sincero e gentil. — ele revirou os olhos, impaciente.
— Dá parabéns e diz que deseja muitas coisas boas para ele, só isso. — fiz como Yongbok disse e larguei o celular longe, estava ansioso demais e com medo do que ele iria responder.
— Boa tarde meninos! — Yuju entrou no Café sorridente, chamando nossa atenção.
— Oi, o Chan está no escritório. — avisei já sabendo que ela veio para vê-lo.
— Você parece tão feliz hoje, algum motivo especial? — Yongbok perguntou curioso. Ela ergueu a mão direita, revelando a bela aliança que tinha no dedo anelar. O sorriso de Felix se desfez automaticamente, mas ele logo sorriu forçado. — Foi o Chan que te deu?
— Sim! Nós decidimos oficializar o namoro. — ela contou alegremente.
— Parabéns. — falei um pouco desconcertado.
— Estou feliz por vocês. — Yongbok falou mais desconcertado ainda.
— Ah, você já chegou. — Chan veio até Yuju, deu um rápido selinho nela e a abraçou pela cintura.
— Eu estava falando a eles que estamos namorando agora. — Chan sorriu orgulhoso. Nós os parabenizamos novamente e os dois logo entraram para a sala dele.
— Você está bem? — Yongbok tentava disfarçar, mas estava nítido que aquilo mexeu com ele.
— Claro, por que não estaria?
— É que… Eu queria falar com você sobre... — eu senti que era a hora certa de trazer isso à tona e finalmente saber se ele sentia algo pelo Chan, mas fomos interrompidos por Hyunjin que chegou no Café, ele estava... acompanhado? Eu já tinha visto aquele rapaz antes, ele era da faculdade, mas eu não o conhecia. “Que bom!” pensei. Ele fez amigos, não precisaria ficar perto de mim por muito tempo. Fui atendê-los, já esperando alguma piadinha ou insinuação de Hyunjin, mas isso não aconteceu, muito pelo contrário. Ele só foi educado o suficiente para fazer o pedido e nem sequer me olhou direito, parecia que não me conhecia, seu amigo foi bem mais simpático que ele.
Felix e eu os observamos durante todo o momento em que eles estiveram no Café, aquilo não parecia ser só uma saída de amigos, parecia mais um encontro.
— Eu não faço ideia de quem ele seja, Hyunjin não falou nada em casa sobre estar saindo com alguém.
— Mas olha como eles estão cheio de olhares e sorrisinhos.
— Hyunjin é bonito. Muitas pessoas devem se interessar por ele. Qual o problema?
— O problema é que ele deu em cima de mim desde que chegou e do nada aparece com outro?
— Ele gosta de ter opções. — e definitivamente eu não seria uma delas, quem ele pensava que era? Se em algum momento considerei pelo menos tentar conhecer Hyunjin melhor, havia desistido naquele momento.
— Por que você se incomoda tanto? Por acaso está com ciúmes? — Yongbok falou em tom de provocação.
— Não, só estou um pouco surpreso. Tinha mesmo que trazê-lo aqui? Acho um pouco desnecessário. E ele também mal falou comigo, agiu como se não me conhecesse, nossa que idiota!
— Jeongin, se acalma, não é nada demais. Você não queria que o Hyunjin te deixasse em paz? Se ele se interessar por outro, você vai conseguir isso. — ele estava certo. Sabia que logo Hyunjin desistiria de mim e iria atrás de outra pessoa, mas aquilo feriu um pouco meu ego.
— Eu sempre soube que ele não prestava. É desses que não se importa com os sentimentos dos outros. — desabafei mais alto do que deveria, isso devia ter ficado só em meus pensamentos. — Não que eu sinta algo por ele, só estou comentando. — esclareci a Yongbok. Tentei me concentrar no trabalho durante todo o tempo em que eles estavam no café, mas meus olhos sempre acabavam indo para Hyunjin, que evitava o contato visual, ele parecia querer dar toda a atenção ao seu novo “amigo”.
Nem no momento de ir embora Hyunjin se deu o trabalho de falar comigo, apenas me olhou e acenou com a cabeça, poderia ter ficado com raiva, mas só agradeci por eles terem saído, aquela era uma situação embaraçosa. Porém esse sentimento durou pouco, cerca de meia hora depois Hyunjin voltou, dessa vez estava acompanhado do Seungmin.
— Jeongin, vamos conversar. — Seungmin se aproximou e sentou em um dos bancos do balcão, juntamente com Hyunjin. — Você sabe que o aniversário dos meninos está chegando, podíamos fazer algo diferente desta vez.
— Concordo, no que você está pensando?
— Nós podíamos fazer uma festinha na casa da minha irmã, lá é bem grande e ela vai estar viajando com o marido. Já conversei com ela e temos permissão. Os meninos vão adorar estarmos todos reunidos. — Hyunjin falou e eu logo fiquei sério. Ele estava mesmo falando comigo normalmente? Eu não acreditei naquilo, como pode ser tão sínico?
— Eu acho que não é uma boa ideia.
— Por que não?
— Apesar de Jisung e Felix completarem ano na mesma semana, nós costumamos comemorar o aniversário deles separados. Geralmente Jisung comemora com Chan e Changbin e Felix passa o dia com Seungmin, Minho e comigo.
— Ué gente, eles são todos amigos, por que isso?
— Jisung não vai muito com a cara do Minho, as últimas vezes que estivemos todos juntos… — Seungmin fez uma pausa na sua explicação, lembrando desses momentos. — Foi bem chato.
— Mas gente, o que aconteceu? O que ele fez para o Jisung não gostar dele?
— Não tem um motivo específico, ele só não gosta dele. O que é uma pena, Minho é super legal, eles se dariam muito bem, mas Jisung não o deixa se aproximar.
— Minho até tentou virar amigo dele, mas Jisung não deu abertura, então ele se cansou também. Agora os dois não se gostam e não tem nem um motivo. — acrescentei.
— Eu acho que isso é mais um motivo para a gente fazer a festa, podemos fazer os dois perceberem que isso é bobagem. Garanto que quando eles se conhecerem melhor, vão gostar um do outro. Além do mais, eu também quero conhecer o Minho, vocês falam tanto dele.
— Vocês vão se dar muito bem. — Seungmin e Hyunjin continuaram insistindo naquilo, mas eu relutei, temia que essa festa acabasse mal, não queria estragar o aniversário dos meninos.
— Gente, espera… Não podemos fazer uma festa e não convidar o Minho, ele é nosso amigo, ficaria triste e a presença dele é importante para Yongbok. Mas se ele estiver lá, Jisung vai ficar desconfortável e é aniversário dele também. E o Minho não vai querer ir a uma festa de aniversário de alguém que ele sabe que não gosta dele. Ah… Isso é tão complicado. — choraminguei.
— Vamos fazer o seguinte: Eu falo com Jisung e convenço ele de que é uma boa ideia, vocês fazem o mesmo com o Minho. Vai dar certo.
— Okay, vamos tentar. — Hyunjin sorriu para mim, mas eu me mantive com uma expressão séria no rosto.
— Está tudo bem, Jeongin? Você parece chateado. — perguntou Seungmin, olhei de canto para Hyunjin, que desviou o olhar.
— É só impressão sua.
— Não é não, eu também percebi que algo está te incomodando. Aconteceu alguma coisa? — ele me olhou confuso, meus punhos cerraram em reação aquela provocação. Sei que era egocêntrico da minha parte pensar isso, mas parecia que tudo o que ele fazia era com o único propósito de me atingir.
— Está sim, sua presença me incomoda! — disparei irritado, ele apenas riu. Eu odiava o fato de hyunjin me deixar tão nervoso, mas ele adorava aquilo.
— Você fica tão lindo com ciúmes. — ri com desdém e revirei os olhos, não podia suportar seu olhar de satisfação ao falar aquilo.
— Você está louco, só pode. Por que eu estaria com ciúmes? Com quem você fica, não é problema meu. E se eu me importo minimamente com a sua existência, é porque você não me deixa em paz. — falei extremamente irritado e desta vez, Hyunjin ficou sério. — Agora tenho que voltar ao trabalho, com licença. — Em poucos minutos a raiva passou e eu me perguntei se não havia exagerado, comecei a me sentir mal.
Eu estava tão confuso. Há poucos dias eu nem queria ver Hyunjin na minha frente, mas ficava nervoso quando ele se aproximava. Disse que não tinha nenhum interesse nele, mas fiquei com raiva ao vê-lo com outro. Pedi para que ele parasse de me incomodar, mas me peguei ansiando pelo momento em que o veria novamente. Isso estava me deixando maluco, continuava pensando que tudo o que ele fazia, me atingia facilmente, não conseguia entender meus próprios sentimentos, e como eu não podia controlá-los, talvez devesse apenas deixar acontecer...
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