História Nothing Is What Seems HIATOS - Wake Up Call

Michael Clifford P.O.V

A respiração descompassada de Luke me deixava mais nervoso que já estou, liguei para ele buscando respostas e ajuda e o que recebi foi pleno e maldoso silêncio. Minha garganta se fechava como se fosse difícil respirar, eu queria gritar para Luke por ajuda, mas a questão era, não conseguia.

Enchi meu copo com uísque e em um só gole o liquido desceu ardente, caminhava de um lado para o outro pelo quarto espaçoso imaginando milhares de coisas distorcidas do que poderia estar acontecendo com Vênus, minhas mãos congelavam como se o ar condicionado estivesse abaixo de zero grau e meu sangue fervilhava como água superaquecida.

Minha mente me enlouquecia com imagens do que poderia estar ocorrendo com a pequenina garota loira que se finge de forte o tempo inteiro, e eu imaginava que talvez se eu tivesse feito tudo diferente ela estaria aqui comigo, em segurança. Mas eu não fiz nada diferente então nunca saberia. Após alguns minutos voltei a falar ao telefone mudo.

“Ela me ligou totalmente bêbada e...”

“Ela te ligou bêbada?”-Cortando minha fala Luke pergunta receoso, me fazendo querer estar em frente aquele loiro maldito para bater nele por fazer uma pergunta boba de ciúmes em uma situação dessas!

“Agora me parece que você está com ciúmes...”-Uma pausa-“Damien é perigoso, Luke, ele não é quem diz ser, já estuprou outras garotas e não se importaria em fazer novamente, e nem ter 18 anos o cara tem.”

“Talvez alguém aqui tenha investigado a vida do cara.... Isso se chama obcessão”- Hemmings debochou de mim me fazendo ferver de raiva, a melhor amiga dele está com um psicopata e tudo que ele se importa é com a minha obcessão pela Vênus?! Não que eu tenha é claro...

“Não é hora para isso Luke!”

Caminhei até a porta de vidro do quarto abrindo a cortina longa com a ideia de sentir o vento gélido mas não foi o que encontrei, arregalei os olhos percebendo a caminhonete estacionada em frente a casa de Vênus, o carro daquele filha da puta.

“Hemmings”-Chamei já descendo apressado as escadas, pulando três degraus de cada vez-“Ligue para a polícia agora, e me encontre na casa da Vênus!”

Não esperei sua resposta apenas desliguei o telefone e corri não me importando que já estava ficando sem ar, quem precisa respirar não é mesmo? A estrada estava totalmente deserta, sem carros nem pessoas apenas eles no final da rua e a cada passo meu coração parecia sair pela boca. Fui traiçoeiro ao me aproximar, eles não pareciam ter percebido minha presença. Meu estomago se embrulhou ao ver Damien agarrando Vênus mas o que me impressionou foi  que a menina estava sem nenhuma reação.

Fechei meus pulsos com raiva, uma raiva nunca sentida. Meu sangue ardia nas veias, meu coração batia rápido e minha cabeça parecia que poderia explodir a qualquer segundo. Abri a porta da caminhonete o assustando, ele não teve tempo para reagir enquanto o arrancava do carro e o jogava no chão já começando a atingi-lo com chutes agressivos.

Toda raiva que já senti a minha vida inteira se acumulou para aquele momento enquanto chutava sem parar o garoto que se contorcia de dor no chão. Mesmo que ele tentasse levantar para revidar eu o empurrava ao chão com murros, sangue já escorria pela boca dele mas não me preocupei.

-Veio salvar sua vadiazinha Michael? Ela não vale a pena!-Damien riu, falando praticamente sem ar. Aquele ato corajoso me surpreendeu mas me deixou mais irritado fazendo-me meter um soco em seu nariz, sangue jorrava do local. Preparei-me para fazer isso novamente mas gemidos vindo do carro me traz a realidade.

Corro até a porta de passageiro e a abro, a menina de longos cabelos loiros parece indefesa desmaiada no banco de couro, seus olhos fechados aparentam que ela está em uma realidade paralela o que faz lembrar-me da primeira e única vez que usei drogas, novamente a raiva me domina só de pensar que ele a drogou.

Passo meus braços por suas pernas expostas a pegando com facilidade no colo, seu corpo caído em meus braços está flácido, parecia difícil fazer seus pulmões lhe trazerem ar o que me preocupava mais e mais.

Ao parar em frente de sua casa procurando dentro da bolsinha a chave ouço os pneus arranharem o asfalto ao sair em disparada, me viro para enxergar aquele canalha já longe. Coloco a chave na fechadura já abrindo a casa totalmente escura. Espero ver seu pai na sala assistindo a uma partida de futebol, ou até mesmo ele vindo correndo pela escada assustado, mas ambas as coisas não acontecem.

Delicadamente coloco o corpo de Vênus no sofá, um fecho de luz entrava pela fresta da janela aberta. Sentei-me em sua frente acariciando seus cabelos caídos sobre o rosto.

-Luke-Ela sussurrou praticamente sem ar, meu peito inflou de dor pois ela sussurrava o nome dele e não o meu.

-Tive tanto medo de te perder, Smith- Sussurrei sentindo minha garganta se fechar novamente- Desculpe se te fiz sofrer, eu nunca quis nada disso mas eu não sei reagir quando gosto de alguém, me perdoe não saber te amar como merece.

As sirenes de policia me acordam de devaneios fazendo-me levantar em um pulo, antes de sair do cômodo a olho. Pele quase transparente, olhos inchados e fechados, cabelos ondulados caindo pelo rosto maquiado, pernas expostas pela roupa curta. Mesmo assim ela é a garota mais bela que já vi. Balancei a cabeça e saí para o ar frio da noite.

-Ele foi embora- Anunciei para os policiais, logo avisando a direção de Damien

Luke que acabara de estacionar me encara intrigado. Eu não estava no animo de falar com ele então apenas acenei a cabeça indicando que ela está dentro da casa.

-Luke-Chamo-o ao passar por mim- Me faz um favor?

-Depende-Pelo que eu o conheço ao dizer a frase mordeu o piercing no lábio.

-Se ela não lembrar-se não fale que estive aqui-Solto um suspiro fechando os olhos

-Por quê?

-Eu só sei machuca-la, é melhor manter distância-E com apenas essa frase volto á minha casa tendo pela primeira vez na vida uma certeza: Eu estou apaixonado por essa garota!

Vênus Smith P.O.V

Como se um caminhão tivesse passado por cima de meu corpo e um ônibus dado ré, sentia cada parte do meu corpo doer, era doloroso até abrir meus olhos e meu medo de encontrar a claridade me obrigava a deixa-los ainda fechados. Minha cabeça gritava por aspirina, assim como meu estômago avisava que precisava colocar tudo para fora.

É uma sensação estranha não conseguir me mexer nem conseguir falar, em minha mente tento ordenar meus pensamentos do que houve noite passada, mas tudo está enevoado e distorcido.

Pisco algumas vezes antes de abrir os olhos mas diferente do que imagino percebo a cotina fechada e nenhuma luminosidade me cega. Me sento devagar no sofá e ao tentar ficar em pé cambaleio um pouco até recobrar minha consciência e equilíbrio, cheiro de panquecas chega ao meu nariz o que me faz ir até a cozinha, com dificuldade chego lá e me encosto na batente da porta observando Luke em frente ao fogão.

-Bom dia-Ele diz me assustando

-Bom dia-Digo envergonhada por ele ter me flagrado-O que houve comigo?

-Nada que valha a pena relembrar...-Essa foi sua única resposta.

-Eu liguei para você ontem bêbada para me buscar? Foi assim que cheguei aqui dentro?-Disparo perguntas ao menino que se encolhe.

-Esta pronto ás panquecas- Luke se esquiva do meu questionário.

Olhei desconfiada para ele mas não disse nada apenas me sentei, porque estava morrendo de fome.

Michael Clifford P.O.V

Olheiras preenchem os arredores dos meus olhos por uma noite mal dormida, me sentia fraco, completamente fraco, deitado de qualquer jeito no sofá do meu quarto com um copo vazio em minhas mãos, tal copo que foi enchido muitas vezes esta noite. Ficava me perguntando se fiz certo ao dizer para Hemmings que não queria que ela soubesse que fui eu que a salvei, mas pouco tempo tenho certeza que fiz o correto, seria egoísta se ela soubesse só para demonstrar que me importo com ela, egoísta pois provavelmente a magoaria após um dia.

Eu a queria com cada célula do meu corpo, precisava de seus beijos mais que precisava respirar, ela tinha que ser minha mas ao mesmo tempo eu sabia que ela nunca seria pois sou capaz de amar uma pessoa, mesmo sabendo que a amo. O problema sempre vai ser esse armamento que montei ao meu redor por anos, eu me destruí e nem sei por que fiz isso.

Reúno todas minhas forças e cambaleando me levanto decidido a tomar um banho, chamo Clarisse, minha empregada, para arrumar meu banho, ela sorri já saindo do quarto. A mulher tem olhos castanhos claros, sorriso simpático, cabelos loiros claros  e corpo esbelto, nem aparenta ter 45 anos. Eu poderia ser melodramático e dizer que sou mais um daqueles casos onde a empregada praticamente foi minha mãe, mas isso seria uma tremenda mentira pois minha mãe sempre fora uma mulher muito carinhosa e presente, não posso dizer o mesmo do meu pai.

Sou retirado dos meus devaneios quando Clarisse entra no quarto e diz que meu banho está pronto, agradeço a mulher e me direciono para o banheiro para relaxar.

[...]

Esfrego minhas mãos umas nas outras esperando a porta ser aberta da enorme casa de pedras, não sei por que estou nervoso se já vim aqui umas mil vezes só na minha infância.

Depois de alguns minutos após campainha tocada Rosalinda aparece a porta, ao me ver seu sorriso se abre me puxando para um abraço, já fazia algumas semanas que não aparecia ali desde minha briga com Amanda.

-Rosa você está me sufocando-Digo mas solto uma risada ao perceber seu desespero.

-Desculpe senhor Clifford-Diz ela envergonhada

-Você sabe que não precisa e nem deve me chamar de senhor, eu só tenho 17 anos!-A censuro fazendo a mulher de cabelos grisalhos concordar.

Entro na casa como se ela fosse minha, sabendo exatamente o que era cada cômodo, lembrando-me da vez que quebramos a mesa de vidro da sala e a senhorita Johnson ficou quase 1 hora gritando conosco, ou quando fizemos uma festa e eu saí rolando pela escada batendo a cabeça tão grave que tive que ir ao hospital, aquele festa foi louca!

Coloco a mão no trinco da porta de madeira me preparando para abri-la mas então lembro que as coisas estão meio diferentes entre nós, reclamando decido bater na porta.

Amanda ao me ver parado lá arqueia uma sobrancelha e fecha a cara, pondo a mão na cintura fazendo a postura de “estou brava com você”, minha vontade de rir é muita mas seguro o riso.

-O que faz aqui?-Me pergunta

-Preciso falar com você.

-Ah é? Pois eu não quero-A garota de cabelos castanhos se prepara para fechar a porta na minha cara mas então eu grito desesperado.

-Eu estou apaixonado pela Vênus!

Vênus Smith P.O.V

Joguei-me no sofá soltando um suspiro ao escutar Luke me contar toda a história do que havia acontecido comigo. Minha mente se clareava com imagens do ocorrido, lembro-me de estar em um pub, então um cara me agarrou mas Damien apareceu do além e bateu nele e então as lembranças já se tornavam distorcidas, minha ultima recordação é estar no carro com ele e então tudo desaparece.

Sentia-me repugnada só de pensar naquele escroto tocando em qualquer parte do meu corpo, ficava grata por Luke ter me salvado a tempo. Estava em um mundo distante quando ouço a campainha ser tocada, Luke sorri dizendo que atende ela, retribuo seu sorriso em um nível mais fraco.

-O que você tá fazendo aqui?-Ele pergunta para a pessoa na porta bloqueando minha visão para ver quem estava lá.

-Eu quero ver se ela está bem- A voz masculina do outro lado responde.

-Ela está- Luke responde áspero.

-Ah qual é Hemmings, só me deixe vê-la.

Reclamando Luke permite a passagem do garoto. Me surpreendo ao ver Calum entrar na sala com um buque de flores e caixa de chocolates, mordo o lábio e sorrio para o menino.

-Vou deixar vocês conversarem-Luke mal humorado fala indo até a cozinha, onde dava para ouvir perfeitamente a conversa.

-O que o traz aqui?-Pergunto me sentando direito no sofá o dando espaço para ele sentar.

-Gossip Girl-O menino responde e eu arqueio a sobrancelha, Calum esticou o celular para ler o post.

“Gossip Girl aqui, sua primeira e única fonte de fofocas da vida escandalosa da elite de Sidney.

Ontem á noite Vênus Smith foi flagrada bêbada dançando loucamente na boate City Lights.

A dona dos cabelos loiros mais brilhantes deste mundo foi salva pelo príncipe Damien ao quase ter sido agarrada a força por um babaca.

Neste momento todas devem estar aos suspiros por causa de D, não é mesmo?!

Bom gente abram os olhos, minhas fontes me informaram que nosso príncipe mostrou suas garras ao levar V. para casa e tentar transar com ela a força. Mas não se preocupem, a princesa gelada está a salvo graças ao nosso M.

Será que nosso príncipe já virou um sapo? Ou talvez apenas seja o dedo podre da nossa V para escolher meninos. Seu ano está de mau a pior, começando primeiro com C, que acabou aos amassos com a melhor amiga “nerd”, nossa Lonely Girl. E então agora o novo príncipe que já perdeu seu cargo.

Bom, ainda vou tirar essas histórias a limpo. Nos vemos em breve e até a próxima fofoca meus queridos Liars...

E quem sou eu? Este é o único segredo que nunca vou poder contar.

XOXO G.G”

-Oh-É a única coisa que digo. Mordo o lábio com força imaginando Michael me salvando ontem, sendo meu herói. Mas por que Luke não me disse isso? Por quê ele falou que fora ele que me tirou das garras de Damien?

-V...-Ele me chama, tirando-me de devaneios longe-Eu sei que fui um babaca com você, eu errei feio, me desculpe mas eu quero superar isso, então se você também quiser podemos esquecer tudo e virarmos amigos, recomeçar o que acha?

Encaro profundamente seus olhos castanhos, fico pensando questionando e por fim chego á conclusão: Por quê não?! Realmente ele foi um babaca mas depois do que passei ontem tenho que parar com esse julgamento, Calum é uma boa pessoa então porque não poderia ser sua amiga?

-Seria ótimo isso- Sorrio- E a sua irmã?

-O que tem ela?-Ele pergunta nervoso

-Por quê ela não veio?

-Foi visitar um primo nosso... Vênus eu preciso ir-Ele se levanta sobressaltado e vem até eu me entregando as flores e chocolates e então indo embora.

-Pode voltar Luke- Chamo o garoto que em fração de segundos aparece -O que vamos fazer agora?

-Assistir um filme?-Me pergunta sugestivo

-Não, muito chato... A não ser...

-A não ser?

-A não ser se assistirmos ao filme mas sem áudio,nós mesmos dublando-Digo animada

-Você é estranha Vênus Smith!-Ele ri

-E é por isso mesmo que você me ama-Mordo o lábio com um sorriso.

Michael Clifford P.O.V

Girava-me na cadeira do quarto de Amanda enquanto ela está deitada com os pés na parede dentro da tenda que é sua cama,o silêncio estava sendo perturbador, eu não sabia por onde começar mas eu sabia que tinha que falar algo.

-Quando você percebeu isso?-Por fim Amanda perguntou.

-Ontem.... Eu estou tão confuso Mands- Suspiro fazendo Amanda rir-Ela é diferente das outras, Vênus é doce mas ao mesmo tempo amarga, suave, delicada e decidida, ela sabe o que quer e não deixa que outros mandem em sua vida. Eu gosto da Vênus porque tenho que conquista-la, ela não correu atrás de mim...

-É por isso que você gosta dela? Por que ela é difícil?-Amanda me questionou

-Não é tão simples... Eu a tinha na palma da mão e então fui um babaca agora ela está a quilômetros de distância, a cada passo eu fico mais e mais longe dela. Eu a quero tão desesperadamente! Eu nunca senti isso, essa garota está me deixando louco!

-Nunca? Nem pela Geordie?-Minha amiga perguntou receosa.

-É diferente A.-Disse demonstrando que não queria falar a respeito-E o que vou fazer agora?

-Você vai conquista-la!

Você vai ser meu despertador/ eu sei que não vai cair tudo de novo/ eu estou achando difícil de admitir, eu ainda sinto sua falta- Wake up Call, Alex Goot