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História Notre destin - The price of the mistrust


Escrita por: tatah_mirac

Notas do Autor


Hey, pessoas!

Sintam o cheirinho da treta chegando no capítulo novo logo na madrugada... 😂
Depois de tantos momentos doces do nosso casal... Aiai... ❤️❤️
Nem vou falar muito não...
Nos vemos lá nas notas finais!

Bjinhos!
Espero que gostem. 😊🤗

Capítulo 39 - The price of the mistrust


Fanfic / Fanfiction Notre destin - The price of the mistrust

Os dois jovens permaneciam sentados na cafeteria enquanto esperavam o pedido. O cheiro do café moído na hora inebriava o ar naquela tarde. A garota de pele morena e olhos verdes usava uma calça leve de tecido verde escura, a blusa bege, com pequenas mangas, colada no corpo destacava bem sua cintura. Lila, de fato, era uma morena que chamava a atenção por sua beleza natural. O loiro, por sua vez, permanecia sério. Olhava para os lados a fim de saber se havia alguém conhecido, não encontrando, iniciou a conversa.

– Eu tenho uma proposta irrecusável para você, morena... – ele disse apoiando as mãos no queixo, encarando a expressão surpresa de Lila.

– É mesmo? E qual seria?

Suspirou, juntou as duas mãos sobre a mesa e fitou-a bem nos olhos:

– Primeiro eu preciso saber de uma coisa: o quanto você realmente odeia a Ladybug e o Cat Noir? – Félix murmurou e viu aquilo estampado nos olhos da morena – bem, acho que eu não preciso de uma resposta.

– Você está certo. Muito mais do que você imagina... – a morena lhe ofereceu um sorriso de canto que deu certeza de que ela seria a perfeita aliada de Félix para seus planos.

– Bem, digamos que... eu não vá muito com a cara do gato mascarado – Félix disse irônico – por alguns motivos e... acho que a gente pode se aliar, e conseguir muitas coisas, morena... Você nem imagina as informações que tenho bem na palma de minha mão.

Lila desenhou um sorriso malicioso nos lábios.

– Pelo visto, você é mais esperto que o vilão de Paris, que desistiu dos servicinhos que eu fazia para ele, com tanto prazer... – Lila disse sarcástica.

– Muito mais esperto? Eu estou só a mil passos à frente dele, querida Lila... – Félix sorriu leve, depositando um beijo nas costas das mãos da garota – posso contar com você?

Ela sorriu.

– Sempre, Félix...

O loiro pegou um envelope pardo, retirou uma pasta de papel e abriu-a.

– Nós sabemos quem está nessa foto, certo? – ele disse e viu o sorrisinho cínico nos lábios dela – tenho meus contatos que fazem uma ótima montagem pra revelar de vez esse rosto... e outras coisinhas, o que acha?

– Brilhante, Félix... – a garota semicerrou os olhos tocando o queixo do loiro com o indicador – e eu sei exatamente quem pode espalhar essa notícia... hoje em dia é tão fácil fazer isso, patético! – Lila riu sarcástica.

– Feito, querida... Continuaremos em contato.

Os dois selaram aquele acordo que, aos olhos deles, era secreto. Porém, não contavam que havia um par de ouvidos bem atentos, bem de costas para eles, lavando as inúmeras louças dos cafés que os outros clientes haviam tomado.

O rapaz pegou o celular, com o segundo número que Ladybug havia pedido para cada um dos heróis terem para se comunicar. Enviou a mensagem.

Olá, Ladybug.
Preciso muito conversar com você.
É um assunto urgente.
Se puder marcar à noite no nosso local, seria ótimo.
Um abraço.
Obrigado.

🐞

Naquela tarde, Adrien, Marinette, Alya e Nino haviam marcado mais uma reunião para o trabalho de Francês na casa do modelo. Aproveitando que o melhor amigo havia conseguido chegar mais cedo que as meninas, Adrien pediu que ele se sentasse e pensou em como conversar sobre aquilo com ele. Adrien, pelo seu histórico de viver e estudar sozinho em casa, sem fazer amizades, sempre estivera acostumado a lidar com seus próprios conflitos sem ajuda. Mesmo depois de dois anos de Ensino Médio, ainda carregava alguns hábitos de resolver tudo por si mesmo, ainda que os amigos sempre se dispusessem a ajudá-lo. A verdade era que aquela provocação de Marinette em sua casa estava deixando-o cada dia mais apreensivo.

O casal não havia tido mais oportunidades de ficar sozinho sem incômodos, mas o loiro tinha consciência de que seria questão de tempo para que criassem a ocasião, pelo clima tenso que pairava entre os dois. Plagg havia enchido a paciência para que Adrien tivesse essa conversa com alguém, e Nino parecia a melhor opção.

– Então... Você queria falar comigo antes, Adrien? – Nino perguntou apoiando o tornozelo sobre a outra perna, sentado na cadeira.

– É... – o loiro passou as mãos pela nuca nervoso e Nino franziu a testa – você lembra daquele verdade ou desafio? – perguntou.

Nino soltou uma risada.

– Não tem como esquecer, amigo... Aquilo foi épico!

– Sobre aquela pergunta da Chloé, não é mentira, mas...

Nino ficou alguns segundos pensativo e logo se lembrou.

– Ah, sobre o fato de você não ser mais virgem e não ter contado nada pro seu melhor amigo que finalmente perdeu o... – Adrien o interrompeu sentindo o rosto queimar.

– Nino!

O moreno riu, mas logo se recompôs deixando que o amigo falasse.

– Eu fiz com uma menina, mas foi uma vez só e... foi assim – ele suspirou apertando os olhos – muito rápido. Eu não tinha a menor ideia do que estava fazendo...

Nino tentava segurar o sorriso nos lábios para conseguir continuar ouvindo Adrien normalmente, pois sabia que era um momento raro para o loiro conseguir se abrir dessa forma, mesmo com ele que era o seu melhor amigo.

– E... bem... – ele passou as mãos pelo rosto ansioso – eu preciso saber de algumas coisas sobre como deixar... – ele dizia pausadamente sem saber como completar a frase e seu amigo logo viu que teria que ajudar.

– Ela sentir prazer também? – Nino completou vendo o rosto vermelho do modelo – Ei, tudo bem. Olha, isso não pode ser um tabu, meu amigo. E a primeira vez é normal ser “rápido” pra nós... infelizmente. Mas depois melhora, eu te garanto – o DJ disse e deu um tapinha no ombro do amigo que apenas prestava atenção no que ele dizia.

Nino sorriu, respirou fundo e continuou.

– Bem, a primeira coisa que é fundamental saber é se a Mari é virgem. – Nino disse e viu o loiro passar a mão pela nuca.

Adrien sabia que não, mas como iria falar isso com Nino? Afinal a primeira vez dos dois foi quando ele estava transformado em Cat Noir.

Nino então continuou:

– Eu tenho um palpite, mas você não vai gostar de saber. – o moreno disse apertando os lábios, olhando para as próprias mãos.

– Ah, eu sei... Não precisa dizer – ele meneou a cabeça tentando não imaginar o que poderia ter ocorrido naquele intervalo de oito meses – mas tudo bem. A parte de ter que ir com calma se for a primeira vez eu sei.

Nino deu uma risada fraca e continuou.

– Você já tem camisinha?

– Tenho... – ele respondeu e viu Plagg subindo a pequena cabeça negra de dentro do cesto de roupas cerrando os olhos em uma expressão divertida pela circunstância em que havia conseguido aquilo. 

– Então, primeiro passo, tá beleza. Porque, meu amigo, é frustrante você começar e não poder terminar... Mas então você já estava esperando isso. – Nino sorriu de canto para o amigo.

– Não exatamente... Eu ganhei. – Adrien deu um sorriso torto.

Nino franziu a testa surpreso.

– Do seu pai?

– Da Nathalie, cara... – Adrien passou as mãos pelo rosto sem ainda acreditar que tinha passado aquela vergonha toda.

Nino soltou uma risada pensando na cena hilária da secretária do senhor Agreste entregando um pacote de preservativos ao melhor amigo. Ria tanto que as lágrimas escorriam pelo canto dos olhos.

– Cara, desculpe... Eu não acredito nisso! – passou as mãos pela bochecha enquanto Adrien ria junto com o rosto completamente corado – não consigo imaginar... ela tipo, veio com uma bandeja servir isso a você?

– Ah... claro que não, Nino! É porque ela me pegou na cozinha beijando a Mari, quando ela veio almoçar aqui no final de semana... – suspirou tentando chegar até o final da história – e disse que se preocupava comigo, só isso... e que não era ideia do meu pai, o que eu fiquei mais aliviado... – meneou a cabeça tentando não pensar mais naquilo.

Nino arqueou as sobrancelhas.

– Beijando a Mari? Você quer dizer se pegando com ela na cozinha da sua casa? – Nino arregalou os olhos – meu amigo, você é mais louco do que eu pensava.

– Ah, Nino... Não foi nada.

– Você mente mal, amigo... – Nino riu – mas eu te entendo, afinal, já fiz pior...

Adrien soltou uma risada.

– Então, vamos lá... – o DJ ajeitou os óculos sobre o nariz – primeira pauta...

E os dois ficaram naquela conversa, atípica para Adrien, sobre preliminares. Plagg se revirava no cesto de tanto rir do rosto vermelho do modelo, ao ver que Nino falava disso com tanta naturalidade sobre absolutamente todos os assuntos. Depois de um tempo, ouviram as batidas na porta do quarto e as meninas chegaram.

Alya já sabia que Nino iria chegar mais cedo que ela, porém não sabia o motivo da conversa, nem imaginava. Os dois sorriram sem graça e Nino rezou para que a morena não perguntasse, senão ele teria que inventar alguma coisa. E não era nada fácil convencê-la.

 A fim de darem andamento no trabalho, Alya e Nino se sentaram lado a lado no notebook, enquanto Adrien e Marinette, sentados do outro lado da mesa, recortavam os papéis com as expressões linguísticas que os morenos já haviam achado.

– Olha só essa aqui, Nino... Eu posso testar em você: donner um coup de main*... – a morena disse e deu um soco fraco no peito do namorado.

– Ei! Que violência... – ele protestou, e ela riu dando um selinho nele - tá muito literal hoje, hein?

Marinette e Adrien se entreolharam, sorriram.

– Eu gosto mais dessa aqui... – Adrien disse e puxou a azulada para seu colo de surpresa, fazendo os papéis se espalharem sobre a mesa – Je l'ai eu un coup de foudre** – disse e estalou um beijo nos lábios da menina surpreendendo-a.

Nino e Alya apenas suspiraram.

– Ah... – a morena disse – que fofos!

– Nossa, olha só a bagunça que você fez aqui, teen model... – Marinette disse, voltando ao seu lugar meneando a cabeça em uma reprovação divertida com o modelo.

– É... o amor faz essas coisas com a gente. Bagunça a nossa vida, nossos papéis – ele disse e os três riram.

– Concordo com você, meu amigo... – Nino disse e recebeu mais um soco fraco agora no braço – ei, você está muito agressiva hoje, morena!

Os dois ficaram rindo.

O celular de Marinette vibrou sobre a mesa.

Ela pegou e desbloqueou a tela. Viu que era uma mensagem de Viperion para seu número de Ladybug. Levantou-se da mesa apenas para disfarçar com os dois amigos ali que ainda não sabiam da sua identidade. Sentou-se sobre o sofá. Adrien observou a expressão preocupada dela e deixou os amigos no notebook distraídos para sentar ao lado dela.

– Meu amor, tá tudo bem? – ele fitou-a preocupado.

Marinette deu um suspiro profundo.

– Não sei, recebi uma mensagem aqui do... – ela apontou para a tela com o nome do herói – agora nós tivemos que colocar números extras para se comunicar. Você também vai ter que fazer um, Adrien.

– Tá, mas o que esse cara aí mandou pra você? – ele perguntou sentindo uma leve pontada de ciúmes ainda por saber a identidade do herói que havia sido o último namorado de Marinette.

Marinette franziu o cenho.

– Você está com ciúmes, gatinho? – ela murmurou olhando bem nos olhos dele – dele com a Ladybug? – ela riu.

– Ahá, engraçadinha... Você sabe que eu sei quem é ele... – arqueou as sobrancelhas.

– Adrien, espero que você esteja brincando comigo, sinceramente... – ela disse preocupada olhando-o, e logo ele soltou uma risada.

– Eu não consigo nem fazer uma cena com você, hein? – ele sorriu e ela meneou a cabeça pela brincadeira.

Marinette abriu a mensagem e mostrou-lhe. Adrien olhou para a namorada franzindo a testa preocupado.

– Acho que você pode voltar, Cat Noir – ela murmurou sorrindo de canto pra ele – vou marcar uma reunião no nosso lugar hoje. Te mando a localização. Mas precisa de ser em outro número. Você tem?

– Tenho não, mas vou dar um jeito... e mando uma mensagem pra você. – respondeu.

– Vou chamar os outros também. Se for sério mesmo como ele disse, é bom que todos estejam já para conversarmos de uma vez – ela disse escrevendo a mensagem.

Marinette respondeu Viperion, agradecendo, e terminou de escrever a mensagem para o esquadrão. Selecionou todos os contatos dos heróis.



Olá esquadrão!
Preciso que vocês me encontrem no nosso lugar hoje, às 21h.
Confirmem se tiverem disponibilidade.
Se não, depois atualizo vocês.
Desde já agradeço a parceria de sempre.
Um abraço.

 

– Adrien – ela murmurou – presta atenção nos dois – Marinette disse olhando para Alya e Nino compenetrados na pesquisa do computador, antes de apertar o enviar.

O modelo deu um sorriso para a namorada, meneando a cabeça.

– Você acha o máximo isso, né? – o loiro disse e ela apenas sorriu divertidamente.

Quase que instantaneamente, Alya pegou o celular, abriu a mensagem e cutucou o braço do namorado para que ele olhasse se tinha recebido. Adrien e Marinette apenas seguravam o riso nos lábios vendo-os tentando ser discretos com aquilo.

🐞

Ladybug digitou a senha no painel e imediatamente a pequena portinhola se abriu para que ela e Cat Noir descessem ao bunker. A menina alcançou o disjuntor e acendeu todas as luzes.

– Wow! Isso é muito maneiro, Mylady... – o felino disse olhando tudo o que tinha naquele lugar.

Era um salão grande, com algumas mesas para estudo e reuniões. Uma biblioteca com acervos que Mestre Fu havia deixado para a heroína. Do outro lado do salão, havia um ringue e alguns aparelhos onde os heróis treinavam luta com bastão, espadas, etc.

– Agradeça à nossa Abelha Rainha depois. Usou suas influências para o bem, e agora... voilá, temos um esconderijo secreto, gatinho. – ela sorriu.

– Hum... e, agora só tem a gente aqui, Mylady? – ele a olhou maliciosamente, abraçando-a pela cintura.

– Sim, mas... logo vai chegar mais... – ela suspirou pelo beijo depositado abaixo da orelha – ...alguém.

– Mas enquanto não chega... – ele disse passando as mãos pelo rosto dela.

Ladybug enlaçou suas mãos pelos ombros do herói e se deixou levar pelo beijo suave. Como em todas as vezes, até mesmo o herói que possuía uma perfeita audição felina, distraiu-se e não ouviu os passos lentos dos outros heróis que chegavam. Rena, Carapace e Queen Bee adentraram pelo bunker deparando-se com aquela cena entre os dois heróis.

Rena estava boquiaberta.

Afinal de contas, ela sabia a identidade do felino, e que ele estava namorando sua melhor amiga. A raposa cerrou os punhos de raiva, respirou fundo com o semblante fechado.

Essa ela não deixaria passar.

– Ora, ora... Ladybug não tem uma novidade para nos contar, mas sim duas? – Queen Bee pigarreou e os dois deram um pulo se separando.

A joaninha e o gato sentiram o rosto queimar, mas não tinha outro jeito. Os três já haviam visto. Cat Noir olhou para o semblante de Rena Rouge e só então se deu conta do enorme problema. Ela sabia do envolvimento entre ele, como herói e Marinette, e tinha fortes desconfianças (assim ele pensava) sobre sua identidade. Engoliu em seco.

– Ah... me desculpem, não era exatamente para vocês saberem assim, mas... – ela suspirou – Cat Noir está de volta sim – Ladybug sorriu sem graça.

– Han, sim. Deu pra perceber. – Rena disse rispidamente lançando um olhar fulminante para o herói que os outros não compreendiam, mas ele sabia bem – então, Cat Noir, você finalmente está namorando a nossa chefe aqui?

Os heróis riram.

O felino sentiu o rosto corar violentamente. Levou as mãos à nuca sem saber o que dizer, e olhou para a heroína vermelha ao seu lado. Ela não estava nem desconfiando sobre a extensão daquela confusão toda. Adrien se arrependia de não ter lhe contado sobre as desconfianças de Alya.

– É...

– Estamos, Rena... Mas, por favor, não divulgue isso no blog. – Ladybug juntou as duas mãos em um sinal de súplica.

– Fique tranquila, Ladybug... Terá minha discrição. – respondeu simplesmente ainda séria.

Enquanto os heróis se organizavam na mesa de reuniões e os outros chegavam aos poucos, Rena se aproximou de Cat Noir, pegou em seu pulso de leve, trazendo-o para a sala de transformação.

– Acho que precisamos conversar muito sério, Cat Noir... – a raposa franziu o cenho e puxou-o para lá.

Ladybug, vendo isso, ficou preocupada. O que será que Alya iria falar com o herói? Será que era por causa de sua forma civil? Pensou e ficou à espreita.

Cat Noir sentou-se na cadeira em frente a ela, cruzou os braços.

– Então, Rena... Me deixou preocupado agora. O que aconteceu? – ele perguntou como se nada soubesse, tentando manter a calma, mas ela agora estava mais astuta que nunca, e conseguia captar a expressão do amigo através do disfarce.

– O negócio é o seguinte. Eu vou ser bem franca. Você acha mesmo que pode ter duas namoradas, só porque tem dupla identidade?

O herói engoliu em seco, perdeu quase toda a cor do rosto. A mesma reação que teve quando Alya o questionou sobre a presença do felino em Xangai e ela via isso escrito na expressão dele novamente.

– O quê?! – ele disse indignado – do que você está falando, Rena?

A raposa o olhou bem nos olhos, respirou fundo. Teria que ser mais direta.

– Eu estou falando – ela disse murmurando – da Marinette.

O herói franziu a testa. Agora teve certeza de que ela estava por um triz de desvendar a identidade dele. Sentiu seu estômago gelar e disse a primeira coisa que lhe veio à mente.

– Eu não tenho nada mais com a Marinette, Rena... – disse olhando nos olhos dela – me afastei dela há meses e, se vocês são amigas, sabe muito bem o porquê.

A morena bufou de raiva. Achou que ele estava brincando com ela.

– É mesmo? – ela disse e deu um sorriso irônico – então porque assumiu o namoro com ela, Adrien Agreste? O que você pensa que está fazendo? – ela sussurrou impaciente com as bochechas infladas.

O herói ficou boquiaberto e confirmou suas suspeitas. Ela sabia mesmo da identidade dele. Mas ele se perguntava: como?

– Peraí... – ele passou as mãos pelo rosto – eu não sou... – ela o interrompeu.

– Poupe-me! A mim, você não engana. Eu tenho muitas, muitas evidências pra chegar a essa conclusão há meses! – ela dizia em tom de voz baixo, mas furiosa – nunca disse nada porque sei que a Ladybug preza pelas identidades secretas. Para de mentir pra mim, Adrien. E me dê uma boa explicação para você estar aqui beijando a joaninha agora, e a minha amiga mais cedo – ela batia com o indicador sobre a mesa – olha, eu não contei pra Marinette sobre o que eu descobri, porque ela sofreu demais por sua causa, pela confusão que você fez em se aproximar dela dessa forma. E eu não vou deixá-la ser enganada. Não mesmo! Eu não esperava isso de você, de verdade. Que decepção, meu amigo... – a morena meneava a cabeça, e Cat Noir a interrompeu.

– Alya! – ele disse e ela o olhou surpresa – sim, eu também já sabia quem você era... olha só – ele respirou fundo olhando para Ladybug do lado de fora, vendo-a se aproximar – você me conhece muito bem, sabe o quanto eu sofri todo esse tempo, acha mesmo que...

– Algum problema aqui? – Ladybug se aproximou, olhando para o semblante tenso da amiga raposa.

– Sim... e não. – Cat Noir disse a ela e fez sinal para que fechasse a porta.

Ladybug fechou a porta atrás de si e encarou os dois heróis que pareciam nervosos. O felino respirou fundo.

– Ladybug, a Rena Rouge descobriu a minha identidade – a joaninha arregalou os olhos surpresa – há um bom tempo, mas não disse nada por motivos óbvios e... bem. Temos uma situação embaraçosa pra resolver aqui agora – suspirou – eu sinto muito – ele disse e baixou o olhar preocupado.

Ladybug logo entendeu do que se tratava. Sabia que Alya era muito esperta e que isso aconteceria ora ou outra. Ela desconfiou de Nino sem nem mesmo ter pistas, e não se surpreendeu quando descobriu que o namorado era o Carapace.

– Olha, Ladybug, eu não quero prejudicar ninguém, mas eu não poderia ficar calada porque... – ela disse sentindo as lágrimas vindo aos olhos pelo problema que poderia ter causado ao herói, a si mesma, e à própria heroína que sempre confiou nela.

– Eu sei, Alya... – a heroína vermelha disse com um sorriso leve, sentando-se na cadeira à sua frente – você conhece bem o Adrien, certo? – Ladybug disse e viu a surpresa no rosto da raposa – sim, eu também descobri há pouco tempo, talvez até depois de você... – riu – não precisa entrar em conflito, minha amiga. Se você conhece bem esse gato de rua aqui por trás da máscara, sabe que ele não seria capaz de trair, entende?

A raposa piscou os olhos algumas vezes. Levou as mãos à boca pela surpresa. A heroína vermelha enxergou exatamente o momento em que sua melhor amiga descobriu, enfim, o seu disfarce.

– Não acredito que é mesmo você... – Rena a abraçou.

– Porque você acha que eu confiei em você pra ficar no meu lugar naquela noite, quando tive que ir a Xangai? – ela sorriu leve – mantenha esse segredo, ok? Por enquanto, para a nossa proteção, quanto menos pessoas souberem, melhor. Mas agora você não precisa mais brigar com o Adrien porque ele está me traindo... – riu.

– Eu... nem sei o que dizer. Meu pai amado! – ela colocou as mãos na testa – você sempre soube que ele era...

– Não, nenhum de nós dois sabíamos, Alya... – Ladybug disse dando uma risada pela expressão perplexa da amiga – ficamos sabendo na semana passada, no dia em que não fizemos nada sobre o trabalho de Francês... – ela suspirou – muito drama!

– Eu imagino... Estou chocada, não surpresa porque... faz muito sentido ser você a Ladybug, minha amiga – ela sorriu e se voltou para Cat Noir – me desculpe, Adrien... – ela sorriu sem graça.

– Que isso, Rena... – ele sorriu de canto – mas sem me atacar agora, hein? – ele gracejou e ela riu.

Depois desses momentos reveladores entre os três heróis, Ladybug se dirigiu de volta ao salão do bunker com os dois heróis.

– Viperion – a heroína cumprimentou-o com um aperto de mão – você prefere falar à sós ou...

– É, não sei... – ele disse duvidoso – bom – ele murmurou olhando para os lados – é sobre uma conversa que eu ouvi entre a Lila Rossi e o Félix – a heroína arregalou os olhos pela surpresa – tem a ver com um acordo entre eles, e envolve o Hawk Moth também, você e o Cat Noir.

Ladybug respirou fundo, fechou os olhos. Pensou que, se envolvesse o Hawk Moth, todo o esquadrão deveria saber e ajudar na investigação.

– Vou deixar você contar a todos então, pode ser? – ela perguntou e ele assentiu.

Os heróis sentaram-se ao redor da mesa maior naquele salão, no espaço reservado às reuniões. E Ladybug iniciou.

– Bem, primeiramente, quero agradecer a disposição de todos mais uma vez aqui comigo. Eu tenho algumas coisas para passar a vocês antes de deixar o nosso colega Viperion dar uma informação importante que ele acabou conseguindo hoje. – ela suspirou – Cat Noir e Ryuko estão de volta à equipe – ela apontou para os dois heróis que apenas assentiram – e eles precisam se atualizar sobre as novas akumatizações. Queen Bee, você pode fazer as honras de dar um resumo para os dois? – Ladybug pediu.

– Claro... – a heroína-abelha levantou-se, pegou o quadro de anotações com várias coisas e começou a explicar olhando para os dois – bem, assim como nós, Hawk Moth também descobriu como evoluir seus poderes. De alguma forma, ele utiliza as próprias emoções negativas, ou potencializa elas, para que o akuma se torne mais forte. – a heroína fez uma pausa, lembrando-se de quando fora vítima desse tipo de akuma – ele usa as próprias emoções quando a sombra nos olhos do akumatizado se torna mais escura. E utiliza sempre algum dos heróis para fragilizar. Eu fui a primeira vítima, depois Ladybug. Ele faz uma espécie de coação com coisas que conseguem atingir seu ponto fraco psicologicamente. E, se não formos fortes o suficiente, mentalmente, ele nos engana e nos enfraquece.

Cat Noir estava boquiaberto.

Como Hawk Moth fazia isso?

Então se lembrou de Xangai, quando o vilão o ameaçou, jogou todas verdades das quais ele mais fugia sempre naquele momento. Lembrava-se bem das palavras estratégicas do akumatizado: o que é você sem a Ladybug? E o desespero que ele provocou no herói quando transformou sua amiga Yeji em foto, repetindo as mesmas palavras, o maior medo dele.

– Vocês conseguiram entender bem? – Ladybug disse olhando para o felino e para Ryuko alternadamente.

Cat Noir respirou fundo, apenas assentiu. Ladybug pôde ver aquela sombra no olhar dele.

– Entendi, Ladybug... é como se ele tentasse entrar em nossa mente com algo que nos atinja? Mas não seria uma leitura de mente? – Ryuko questionou.

– Não acho que seja, Ryuko. São fraquezas que ele percebe pelas batalhas mesmo, até onde sabemos... Por exemplo, no dia em que eu sofri essa influência dele, Queen Bee e Viperion haviam sido pegos. E eu fiquei sozinha... ele jogou com essa situação, sabe? De que eu não seria capaz de defendê-los, mesmo sendo a líder. É um jogo mental sujo mesmo. De medo, coação... – ela disse passando as mãos pelo rosto.

– Ele fez isso comigo também, Ladybug... – Cat Noir disse, tomando a atenção de todos para si – em Xangai, ele jogou comigo dessa forma.

Ladybug apoiou uma das mãos sobre os ombros dele, em um meio sorriso de conforto.

– Bem, isso é só para vocês saberem. E se resguardarem. Normalmente, nós sempre chamamos reforços para quando surge um akuma porque essa evolução nós já percebemos que ele consegue apenas depois de um tempo durante a batalha... – Ladybug disse e os outros assentiram.

Então a heroína iria continuar, porém Pegasus levantou uma das mãos para fazer uma última pergunta que, mais tarde, seria a cereja do bolo para descobrir a identidade do vilão.

– Ladybug, se o Hawk Moth pode evoluir poderes como nós, isso quer dizer que ele tem acesso ao Livro de Feitiços, como o que temos aqui?

– Pode ser que sim – ela respondeu – mas nós não conseguimos achar esse tipo de evolução no livro que o Mestre traduziu para mim. Não consta nas anotações dele nenhuma poção que potencialize um akuma dessa forma, entende? Eu acredito que seja porque o Miraculous da Borboleta está sendo usado para o mal, e as evoluções do livro são para o bem... Ainda é um mistério para nós sobre como Hawk Moth consegue isso. – ela fez uma pausa pensativa – existem outros livros aqui, mas que não têm traduções ainda. Agora, com a equipe maior, eu vou organizar escalas para nos debruçarmos sobre eles também. – ela disse e os outros assentiram.

– Bem, o real motivo dessa reunião de hoje, além de atualizar os dois membros que chegaram, é também uma nova informação que temos sobre... – Ladybug olhou para o herói-cobra do lado esquerdo da mesa – Viperion vai contar para vocês.

Viperion apoiou as duas mãos sobre a mesa, respirou fundo e iniciou:

– Boa noite a todos – ele disse recebendo a resposta de todos – eu não sou exatamente o tipo de pessoa que fica escutando a conversa alheia atrás das portas – disse e os heróis riram – porém, hoje eu tive que abrir uma exceção quando ouvi o nome de Ladybug e Cat Noir sendo citado por dois jovens que... bem, uma eu conheço, infelizmente já tivemos problemas com ela. Lila Rossi. – disse e ouviu os burburinhos dos heróis que provavelmente a conheciam também – o outro eu não conheço bem, mas sei que a Ladybug e o Cat Noir já tiveram problemas com ele: Félix de Vanilly, não sei se é assim mesmo que fala o nome dele.

– É assim mesmo... – Cat Noir confirmou retorcendo a expressão já pelo que estava por vir.

– Então, esses dois jovens estavam conversando hoje, no meu local de trabalho, e me chamou a atenção sobre a pergunta que ele fez pra ela: o quanto você odeia Ladybug e Cat Noir? – ele disse e viu os olhos de espanto de todos.

Ladybug deu um suspiro profundo olhando de relance para o felino e para Rena Rouge que agora sabia também o seu segredo.

– Depois disso, ela concordou que os dois odeiam bastante vocês, eu sinto muito – ele disse olhando para os dois.

– Não, tudo bem... – Cat Noir respondeu – infelizmente, vindo desses dois, não é tanta novidade.

– Sim, mas... bem, o que veio depois é que me preocupou. Primeiro, Félix reforçou esse ‘ódio’ por você, Cat Noir, especificamente – Viperion disse e Cat Noir apenas assentiu entendendo bem o porquê depois do episódio do beco com Marinette – e depois ele afirmou para Lila que está mil passos à frente de Hawk Moth, e que tem informações preciosas nas mãos... Sinceramente, não sei o que ele quis dizer com isso... – os heróis se entreolharam pensativos – depois, ele mostrou a ela uma foto que eu não pude ver, porque estava de costas. Uma foto que eles sabiam quem estava, mas iriam fazer alguma montagem, algo assim, para revelar o rosto da pessoa, entre outras coisas. Félix frisou bem que conhece as pessoas certas pra esse tipo de trabalho, e a Lila se encarregaria de divulgar.

Cat Noir e Ladybug respiraram fundo, imaginando o que poderia ser.

Mas que foto seria essa?

– Bom, eu tenho um palpite – Queen Bee disse certeira e todos olharam para ela surpresos.

– Pode falar então, Queen Bee... – Ladybug disse esperando a resposta, mas só a viu olhando diretamente para Cat Noir em uma expressão interrogativa e ele franziu a testa.

– Ah, qual é, Cat Noir! Eu não vou falar aqui na frente de todo mundo, mas você deve fazer ideia sobre que foto é essa, não? – ela disse e viu pouco a pouco a compreensão chegar aos olhos do herói.

O felino respirou fundo.

– Você tem razão. – ele passou as mãos pelo rosto preocupado, mas assentindo.

– Ah, é sério que vocês não vão falar? – Carapace disse indignado – olhando para os dois.

Ladybug acabava de compreender também do que se tratava e imaginava o tamanho do problema que teria. E se Lila estivesse envolvida, com certeza sua imagem civil seria exposta, pois ela era uma das que sabia de seu ‘antigo’ envolvimento com o felino, obviamente.

– É da garota da Torre. – ele disse – vocês lembram dessa confusão, há meses atrás? Que tiraram uma foto de mim... enfim. – ele engoliu em seco olhando para as próprias mãos – com uma garota, na Torre Eiffel. Paris inteira falou sobre isso na época.

– Eu me lembro... – Rena levou as mãos ao rosto – nossa, isso vai dar uma confusão... – a raposa olhou apreensiva para Ladybug.

– É, no mínimo... Mas não dava pra ver quem era na foto. – Queen Bee completou – só que eles disseram sobre revelar o rosto... – a heroína arregalou os olhos para o felino e suspirou, pensando no transtorno que aquilo iria causar, principalmente porque ela tinha praticamente certeza de que era sua colega de classe Marinette.

– Sabe como podemos nos defender desse tipo de coisa, Pegasus? – Ladybug perguntou, lançando um olhar de súplica para ele, pois sabia que o herói, em sua vida civil, era expert em informática.

– Bem, eu tenho ideia de como impedir que isso se espalhe... tanto. Mas só depois de ser divulgado. Não tem muito jeito, Ladybug – o herói respondeu.

– Então temos que esperar... – Ryuko disse olhando para todos – esperar e ver se é isso mesmo que estão aprontando para o Cat Noir. Mas o que você fez mesmo pra esse tal de Félix, hein? – ela perguntou olhando para a expressão preocupada do felino.

– Ah – ele suspirou – eu e ele temos uma longa história... Talvez um dia eu consiga contar isso pra vocês – disse desanimado apoiando as mãos sobre o queixo.

🐞

Marinette nem havia dormido naquela noite, preocupada com o que Lila e Félix poderiam fazer com alguma foto deles. Se realmente seria isso, ou até algo pior. Levantou-se da cama muito a contragosto apenas vinte minutos antes do começo da aula. Vestiu uma roupa rapidamente, colocou Tikki dentro da bolsinha e desceu. Engoliu praticamente o café da manhã e saiu correndo para a escola. Ao chegar, os alunos já haviam entrado, a professora havia acabado de chegar. Porém os olhares entre todos já denunciavam que algo estava acontecendo. Marinette passou por Adrien com um meio sorriso e viu a expressão triste do garoto.

– Alya, o que tá acontecendo? – a azulada perguntou – não me diz que... – ela disse desanimada com uma expressão retorcida.

A morena respirou fundo, mostrou a notícia, com a foto e um vídeo de um cidadão desconhecido de Paris afirmando que havia visto mesmo Marinette Dupain-Cheng com o herói na Torre, mas não há oito meses atrás, e sim há quatro. Na montagem da foto, conseguiram colocar até mesmo a iluminação na Torre como no Natal.

Marinette respirou fundo, apertou os olhos. Adrien virou para trás, lançando-lhe um olhar compreensivo. Sabia que aquilo era mesmo para incomodar os dois. Afinal, teoricamente, Cat Noir nem apareceu em Paris naquele período todo de oito meses, não transformado. Eles não faziam ideia sobre os motivos da dupla terem feito uma montagem tão específica assim.

A mestiça olhou bem para trás, vendo a expressão vitoriosa de Lila e o olhar frio de Félix mesmo impassível. Imaginou todo o inferno que seria quando soubessem do seu namoro com Adrien, se já não tivessem ciência.

– Amiga, fica tranquila... porque o Max já vai tirar isso do ar rapidinho. Parece que chegou aqui na escola primeiro pelos grupos de mensagem instantânea, que coincidência, não? – a morena disse e viu a amiga com o olhar perdido, sem muita reação. 

– É... bem o tipo de coisa que eles fazem. – Marinette fechou os olhos – eu não aguento mais isso, Alya... Juro pra você que, se eu fosse uma pessoa vingativa, ah... – a menina meneou a cabeça.

– Marinette, você sabe com quem vai ter que conversar sobre essa história, né? – Alya arqueou as sobrancelhas vendo a expressão confusa da menina – amiga, com quem você estava há quatro meses?

Marinette passou as mãos pelo rosto. Respirou fundo e compreendeu. O que será que Luka pensaria dela? Se ele acreditasse, ou pior, se Juleika acreditasse naquilo, ele poderia ficar sabendo de forma nada boa, e ainda perder não somente um, mas dois amigos. Mesmo ele sendo Viperion e sabendo das armações de Lila, ela teria que abrir o jogo, pois ele sabia que Lila e Félix conheciam a identidade da pessoa na foto, e só fariam a montagem para ficar mais nítida.

– Isso é um pesadelo, Alya... – a menina murmurou apenas, pois a professora já iria começar a aula.

No mesmo instante, Marinette enviou a mensagem:


Luka, bom dia.
Espero que você esteja bem.
Preciso muito conversar com você.
Posso passar no café à tarde?
Prometo não tomar muito do seu tempo.
Um abraço.

🐞

Marinette saiu da escola cabisbaixa. A notícia já havia parado de circular, mas a escola inteira já estava falando do suposto envolvimento entre o herói felino e a azulada. Se eles não estivessem atentos às redes, isso se espalharia bem mais rápido, e iria até à mídia.

– Adrien – Marinette parou de frente para ele nas escadarias da escola – eu preciso conversar com o Luka agora de tarde, ok? Preciso explicar isso tudo pra ele porque... por mais que ele saiba que é uma montagem, os dois deixaram bem claro que apenas revelaria o rosto. Então, não tem como eu mentir pra ele. – suspirou – você entende, né?

– Claro, Marinette. Pode ir tranquila, vou mandar meu segurança te seguir – ele gracejou, riu, tentando descontrair daquela tensão que via nos olhos da menina.

O fato era que os dois estavam cansados desses joguinhos da Lila. E agora com um aliado como o primo de Adrien, sabia Deus o que poderia estar por vir.

– Engraçadinho... – a menina riu – vou pedir um detetive pra te acompanhar na aula de esgrima também. – ela semicerrou os olhos.

– Nem vem, você sabe que não é a mesma coisa, mocinha... – ele disse e ela fez um bico.

Os dois se abraçaram.

Agora não estavam conseguindo muito esconder a proximidade, mas se despediram com um beijo na bochecha muito a contragosto.

🐞

– E então, senhorita, a que devo a honra de sua visita hoje? – Luka disse, sentado à sua frente, em seu intervalo no café.

Marinette massageou as têmporas. Sentiu todo o peso do mundo em seus ombros. Levantou o olhar, encontrando o de Luka. Era a mesma coisa de sempre, aquela velha tranquilidade que ele passava a ela.

Como sentia a sua falta...

– Luka, na verdade, eu nem sei se é uma honra... – ela sorriu ainda nervosa, pensando em como iria dizer aquilo tudo para ele – eu preciso que você saiba de uma coisa que aconteceu hoje na escola, antes que fique sabendo de modo errado pelos outros.

Luka sorriu, pensou no que pudesse ser.

– Hum, eu acho que já sei. É sobre a tal foto que montaram com seu rosto? – ele disse e viu a expressão surpresa da menina – eu sei, a Juleika me falou, ela teve a mesma preocupação que você – ele sorriu ainda meio tenso, tentando não pensar muito no que aquilo significava, afinal, ouvira a conversa de Lila e Félix. A dupla pretendia revelar o rosto, o que provavelmente queria dizer que sabiam quem era a pessoa na foto.

– Como você consegue ser tão calmo? Queria um pouco dessa calma sua, tô precisando tanto... – ela suspirou, e ele riu – olha só, a foto é uma montagem sim, a parte daquelas luzes de Natal, mas...

Marinette parou por alguns segundos. Luka quase prendeu a respiração. Não imaginaria a reação dele se ela confessasse uma traição ali, mesmo depois de terem terminado. Seria como uma quebra de confiança, até mesmo na amizade entre os dois.

Marinette, por sua vez, pensava em como aquilo era tão confuso. Ela era a própria Ladybug, havia se envolvido com Cat Noir antes de saber quem ele era. Apaixonou-se por ele duas vezes... Foi sequestrada por Hawk Moth bem na semana em que a foto da garota da torre veio à tona. A verdade era que ficaria muito fácil de Luka descobrir tudo se revelasse seu relacionamento anterior com o felino. Aquilo já estava sendo difícil demais. Sentiu exatamente o que o Mestre Fu havia lhe dito na carta: seria mesmo necessário revelar sua identidade para manter a confiança e a força de seu grupo.

– Eu não te traí, a primeira coisa mais importante que eu quero que você saiba é isso. – ela disse e ele sorriu aliviado – mas... – suspirou, abriu a bolsinha em seu colo. Olhou bem para Tikki, que devolveu o sorriso confiante a ela. – você precisa saber de uma coisa...

A mestiça colocou a bolsinha fechada sobre a mesa. Respirou fundo. Era uma decisão que contrariava tudo o que havia aprendido com o Mestre enquanto ele estava junto dela. Porém, após saber da profecia e ler a carta que ele mesmo havia deixado a ela, conseguiu ver claramente que aquela era hora das máscaras caírem entre os dois, pois o preço da desconfiança era muito alto. Ela precisava de Luka, e precisava de Viperion. Ele era uma peça fundamental na equipe e, antes de ser o ex-namorado, era um amigo.

– Abre, por favor... – ela disse e deu um meio sorriso, ainda sentindo o coração acelerado por aquela decisão.

Deixar seu disfarce cair não era tão simples assim.

Luka franziu a testa, completamente confuso com aquilo, mas fez o que ela pediu. Abriu a pequena bolsa e lá dentro encontrou a pequena criatura vermelhinha com uma mancha preta no topo da cabeça. A pequena sorriu para ele. Luka piscou algumas vezes, ficou estático durante alguns segundos. Tentava processar aquela informação.

Marinette era uma heroína?

Marinette observava a expressão completamente perplexa dele que tentava absorver aquilo tudo. Então resolveu falar.

– Essa é a Tikki... E, sim, ela é uma joaninha. – a menina disse e viu o sorriso de Luka se abrir.

– Você é... – ele engoliu em seco, vendo o sorriso apreensivo da menina à sua frente. – uau! Isso é muito...

– Eu sei, é muito pra absorver, né? Afinal, Marinette é super desastrada. – riu – eu fico bem diferente. – suspirou.

Luka suspirou profundamente, fechou os olhos.

– Não, na verdade, pensando bem... era uma pessoa como você mesma que eu esperava como Ladybug. Mesmo assim, não pensei que seria você. – riu – poxa, essa qualidade sua de guardar segredos, sendo tão transparente, é surpreendente.

– É... eu me esforço o máximo. Ufa! – ela sorriu – mas é bem difícil.

Ele sorriu compreensivo para ela, e então Marinette continuou.

– Bem, você precisava saber disso para juntar algumas peças, porque você, mais do que ninguém, merece saber de toda a verdade, Luka. Quero que entenda por que a Ladybug não pôde estar no meu resgate naquela noite. Quero que saiba que, sim, eu me envolvi com o Cat Noir naquela época, mas sem ainda saber quem ele era... E ele teve que se afastar de Paris também por isso, mas eu só descobri depois... Eu sou a garota da foto que foi tirada há mais de oito meses atrás – ela soltou tudo de uma vez, olhando para as próprias mãos.

– Hawk Moth descobriu vocês então? – ele passou as mãos pelo rosto ainda um pouco chocado com aquelas informações todas – então foi por isso que ele armou tudo aquilo com a Lila?

– Sim, exatamente. – Marinette suspirou pesado – me perdoe por ter te deixado no meio disso tudo, Luka. Eu... não me arrependo do que tivemos depois, mas me arrependo de não poder abrir isso tudo pra você antes daquele dia, no barco, quando aceitei seu pedido. Eu não poderia te contar tudo, não de forma que você entendesse. E eu realmente queria seguir em frente, Luka. Naquele momento, eu estava sendo sincera com você, precisava disso. Queria e acreditava que daria certo entre nós. – ela disse e sentiu que tudo aquilo entalado em sua garganta saía, porém não era mais confortável por isso.

Luka tentava processar aquilo tudo. Ele não estava preocupado com uma traição de Marinette, mas sim mais chocado em saber que a garota por quem havia se apaixonado era a heroína de Paris durante todo aquele tempo, e sempre tivera toda aquela história com o felino.

– Eu sei, Marinette. Acredito em você. – ele fez uma pausa pensativo -Então... era dele que você gostava antes, não mais do Adrien... Mas, peraí. A Ju me contou que vocês estão juntos agora – Marinette desviou o olhar, corando – e a Ladybug e o Cat Noir, pelo que os heróis disseram... – ele tentava achar uma lógica naquilo. Franziu a testa e depois ficou de queixo caído.

– Não, eu não estou com duas pessoas ao mesmo tempo, Luka... – ela disse com um meio sorriso, sentindo as bochechas queimarem de vergonha – é isso mesmo que você está pensando.

– Marinette, eu confesso que estou... sem palavras com tudo isso. O Adrien então é o...

– Sim. Eu não sabia antes, claro. Confirmei há pouco tempo...

Luka franziu a testa, pensativo.

– Faz sentido bastante coisa agora... Xangai, o fato de ele ter ‘sumido’ ao mesmo tempo. Bem, o seu desespero quando chegamos lá... – ele suspirou pesadamente, sentiu um aperto no peito por ter se deixado levar tanto por aquela paixão que havia partido seu coração, mesmo tendo juntado alguns cacos já durante aquele período – você nunca o esqueceu, Mari. Você sempre o amou, sem saber... desde o início. – Eu nunca tive chance mesmo então... – ele pensou e constatou aquela amarga verdade.

Marinette sentiu um aperto no peito por ver a tristeza e a decepção estampada no rosto do rapaz. Aquilo era muito doloroso, mas Luka descobriria de uma forma ou de outra.

– Luka, é sério... eu quero que você saiba que, a partir do dia em que começamos a namorar, eu não estive com ninguém a não ser você. Você acredita em mim?

– Acredito, Marinette. Eu só... tô processando isso tudo. Mas, de qualquer forma, já passou. – ele confirmou com a cabeça, tentando fazer o melhor sorriso possível, mas era difícil ainda, pois sentia um bolo entalado na garganta.

Marinette sentiu as lágrimas rolarem pelo rosto. Não conseguiu controlar. Como era difícil encarar aquilo. Luka era quem menos ela queria magoar. Culpava-se por ter negado seus sentimentos por Adrien, por ter começado um relacionamento com o músico sem se resolver.

– Mari, não fica assim... Vai ficar tudo bem. – ele dizia calmo, vendo a preocupação no rosto da menina.

– Luka, você não pode ser assim. Não pode me consolar. Eu errei com você. Não fui totalmente sincera. Brigue comigo, me xingue... Faça alguma coisa. Eu mereço. – ela soluçou, com os olhos vermelhos pelo choro.

Luka sorriu com aquilo. Tentou acalmá-la ainda assim.

– Você não sabia que era ele... E terminou comigo, eu tenho certeza porque começou a perceber quem era ele. – Luka sorriu, tomando as mãos dela sobre a mesa – você fez a coisa certa enquanto pôde, Marinette.

Marinette olhou bem para os olhos dele. Apesar do semblante confuso, ela enxergava que ele estava sendo totalmente sincero, ainda que aquilo lhe doesse profundamente, justamente por ele estar sendo tão perfeito, apesar da dor que sentia.

– Me perdoe... – ela disse apertando os lábios tentando conter mais o choro, respirando fundo.

– Não tem por que... Vai ficar tudo bem.

Marinette passou as mãos pelo rosto, enxugando as lágrimas.

– Eu preciso de você, Luka. – ela disse, olhando fixamente nos olhos dele – não só na equipe, mas como meu amigo. Eu sei que... ainda temos um caminho a percorrer pra que tudo volte ao normal, mas... quero que você saiba que eu nunca vou desistir de reconquistar sua amizade.

Luka respirou fundo. Seus olhos brilharam um pouco ao sentir que estavam tão estremecidos com aquilo tudo. Ele também queria que tudo voltasse ao normal. Pensava em várias coisas. Deveria ter resistido àquela paixão, deveria ter tomado a mesma decisão aconselhada por sua amiga japonesa que fora sempre tão perspicaz em notar tudo o que havia entre Adrien e Marinette.  Deu um sorriso para a menina à sua frente um pouco mais tranquilo. Afinal, não adiantaria mais remoer tudo aquilo. Teria que processar essas novas informações e seguir em frente.

Não tinha outra opção.

– Eu também não vou desistir, Mari... E pode contar comigo, como sempre, independente de qualquer coisa, com a máscara ou sem...

Marinette sorriu, levantou-se da cadeira, abraçou o músico longamente.

– Obrigada...

Ela murmurou e ele apenas sorriu. De fato, os dois teriam que se esforçar mais ainda dali para a frente a fim de recuperarem o vínculo que criaram antes.

Tempo...

Era tudo o que precisariam naquele momento. 


Notas Finais


*donner un coup de main: ajudar alguém, "dar uma mãozinha" como conhecemos no Brasil.
**Je l'ai eu un coup de foudre: eu me apaixonei à primeira vista.

Então, postei e saí correndo! 😂
Vocês estão percebendo que a tia Nathalie tem cuidado bastante do Adrien, tentando influenciar o Gabriel para o bem? E agora ela me mata ele de vergonha! 😅🤭 Não escrevi a cena, mas deixo para vocês imaginarem...
E as máscaras cada vez mais vão caindo, minha gente!
E logo o nosso nerd Pegasus fazendo aquela pergunta beeem capciosa, hein? 🤔

Dou um doce pra quem conseguir juntar as 'pecinhas': por que raios o Félix fez essa montagem tãaaao específica com a foto e o vídeo do cidadão lá dizendo que era a Marinette mesmo?🤔


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