1. Spirit Fanfics >
  2. Nove Meses >
  3. 34. Limites

História Nove Meses - 34. Limites


Escrita por: Mell_Uchiha

Capítulo 38 - 34. Limites


No capítulo anterior:

“Sting segurou as mãos dela entre as suas e as apertou levemente. Foi quando ouvi o barulho muito bem conhecido se aproximando. A ambulância havia chegado.”

Capítulo 34 —  Limites

Se era ruim ficar aguardando por notícias? Não, era terrível.   

Sting havia seguido com ela na ambulância e eu e mamãe viemos de taxi.

Eles ainda não haviam nos dado notícias, era como se fôssemos insignificantes ali, ninguém se preocupava em vir nos dizer: “Ei, ela está bem”. Era tudo o que eu esperava ouvir. Sting estava sentado no banco da frente, com a cabeça apoiada nas mãos e a perna não deixava aquele movimento ritmado a mais de dez  minutos.

Ele não havia se levantado pra nada, oh não, eu estava errada;  ele tinha sim movido o corpo em um momento. Quando ouviu barulho nos corredores e pensou que fosse o médico de Yukino. Mas, para o nosso lamento e desespero, era uma enfermeira que passou rápido por nós com um simples aceno de cabeça.

Ouvi passos apressados vindo para a recepção, mas não do corredor que esperávamos. Esses vinham da porta de entrada do hospital. Quando a cabeça apontou do corredor, meus olhos analisaram detalhadamente a pessoa que havia surgido.

 Ela era baixa, possuía cabelos prateados longos e pele extremamente pálida que me lembrava muito Yukino. Ela nos encarou com olhar inquisidor, e depois descansou a visão em Sting, parecendo reconhecê-lo.

— Sting...? — Ele levantou o rosto para ela, mas nada disse, encarou-a em silêncio.  — Eu preciso saber como está a minha irmã.

Não havia como negar o espanto tanto para mim como para mamãe. Sting, nem mesmo Yukino, nunca me falara sobre a irmã da mesma.

Ele negou com a cabeça e para a minha surpresa perguntou:

 — O que você está fazendo aqui? — Meu irmão estava tão frio e áspero que eu não reconhecia aquele menino carinhoso e bondoso que até um tempo atrás sempre esteve comigo.

— Eu só quero notícias da minha irmã e ninguém me fala nada, vovó também está preocupada, por favor, me digam o que sabem.

Mamãe foi mais rápida que Sting e se adiantou em responder:

— Nós ainda não temos notícias, os médicos não nos disseram nada. Aguarde conosco, estamos a muito tempo aqui, provavelmente não vai demorar muito para que eles  venham nos dar informações.

Ela assentiu e sentou-se perto de nós. Pareceram que horas haviam se passado, mas eu não sabia exatamente quanto tempo tinha decorrido, talvez até mais.

Eles nos deixaram entrar, um de cada vez. Primeiro Sting, que ficou ali a maior parte do tempo, como era esperado. Foi um alívio avisarem que ela já estava melhor, e que o desmaio era uma conseqüência da quimioterapia.Eu fiquei aguardando pacientemente, eu não podia imaginar a angustia que estaria no peito de ambos. Em seguida, foi a vez de mamãe e por fim eu. Não esperei que ela ainda estivesse acordada, mas la estava Yukino com o olhar baixo.

— Oi...

Discorri, sem saber exatamente como me comportar diante daquela situação. Eu só tinha uma certeza em meu peito, Yukino era muito especial para meu irmão e dessa forma  para mim também. Desejava profundamente que ela melhorasse logo.  

— Oi Lucy... — falou. Parecia fraca e eu não queria que fizesse esforços. — Me desculpe por tudo que lhe fiz passar.

— Não se preocupe com isso. Fiquei muito preocupada Yukino, espero que já esteja se sentindo melhor.

— Sim... — Ela se calou por um momento e baixou o olhar para as mãos. Estavam brancas e magras. As unhas amarelas e sem vida. Aquele ambiente hospitalar parecia piorar ainda mais a situação. — Sting comentou rapidamente que minha irmã está lá fora.

— Realmente, está. Ela me parece bastante preocupada. — Comentei.

— Nós duas não temos uma boa relação. — Me olhou, piscando vagarosamente. — Angel sempre viveu em Paris com o pai, raras foram às vezes que veio para nos visitar. Surpreende-me que tenha vindo aqui, ainda mais em suas férias. Ela me comunicou há poucos dias.

Fiquei calada de início, eu sempre coloquei meus problemas tão grandes e nunca parei para pensar que pessoas ao meu redor, também os tinham. E precisavam superá-los. Reclamar da minha vida sempre pareceu tão mais fácil.

— Mas não acho que consigo continuar guardando rancor dentro de mim. — Ela suspirou, e por um minuto consegui ver tudo que talvez ela estivesse escondendo. Em seus olhos estavam expressos tanta dor, ao mesmo tempo que consegui captar algo bem lá no fundo: Esperança. — Mas se eu pedisse ao Sting ele nunca permitiria que ela viesse aqui.

— Então... — Comecei. Ela apenas sorriu pequeno, mas o suficiente para acender aquele rosto bonito.

— Me faça um favor Lucy, peça para que ela entre.

*

Autora

 — Eu... Eu não posso acreditar que isto aconteceu. — Falou o homem, algumas rugas lhe preenchiam a face, nada que pudesse abafar a beleza incomum.

A mulher continuou com a face abaixada, tinha algo estranhamente peculiar em seus dedos dos pés,  já que não conseguia desviar os olhos deles. Não, ele bem sabia que ela só fazia aquilo por que não conseguia encará-lo.

— Eu também não esperava p-por isso. — Ela gaguejou, ele jamais a vira fazer algo assim. Tudo apenas comprovava o quão desesperada estava. — Eu... Eu... — Engoliu em seco, o que estava prestes a pronunciar não era fácil para ninguém, nem mesmo para uma mulher como ela. Que não se deixava ser tomada pelos sentimentos tão facilmente. — Eu não posso ter essa criança.

Ele não imaginou que pudesse ficar mais surpreso do que estivera há alguns minutos atrás quando ela lhe confessou estar grávida. Mas agora, com ela lhe dando a possibilidade de acabar com a vida se um ser completamente inocente, que não tinha nada haver com a bagunça que os dois estavam fazendo.

— Não, você não pode fazer isso. — Ele falou, os olhos com leve ar de desespero. No fundo tinha esperança de que ela não seria capaz de fazer algo como aquilo.

Ela sorriu, um requisito de tristeza passou brevemente pelo ato, antes de ser completamente abafado por uma expressão neutra. Ele não sabia ainda, mas naquele momento não existia mais nenhum requisito de um feto, ela já o tinha feito.

Tinha matado o filho deles.

Acordou de sobressalto, e uma fina camada de suor cobria a testa muito lisa. Não se lembrava de quando foi a última vez que sonhara em um sono da tarde, fazia muito tempo desde que isso acontecera pela última vez.

Yukiko levantou sentindo a garganta muito seca. Ela segurou o copo que estava logo ao lado da cabeceira da cama, e apertou-o entre os dedos. Antes que fizesse seu caminho até a boca, encontrou um diferente: A parede do quarto.

Ela sentiu-se satisfeita, gostaria de fazer isso com o resto da casa também. Ela sorria fixamente para o chão molhado, enfeitada de pequenos cacos transparentes. Por um momento se deixou imaginar toda aquela casa indo abaixo.

Assim como aconteceu consigo, no dia em que ele descobrira o que ela havia feito. Ela soube naquele momento que suas chances haviam acabado. O amor que ela nutrira desde a adolescência finalmente teve um fim. Infelizmente não um feliz.

Prendeu os cabelos que estava bem maiores com uma liga, e desceu. Inicialmente pensava em seguir para a cozinha, mas quando se lembrou de quem estava lá, uma pontada de raiva alfinetou sua pele. Não que quisesse perder a chance de chateá-la, a mulher que conseguia ser ainda mais insuportável que Lucy Heartfilia: Virgo.

Lembrava-se ainda da briga que tiveram outrora. Jamais poderia esquecer.

Gostaria de vê-la no chão, embaixo de seus saltos altos.

Quando entrou, encontrou-a cantarolando algo baixinho. Mexia os quadris levemente e não imaginou como aquilo poderia ser mais ridículo.

— Tenho um serviço para você. — Falou abruptamente. A Garota se assustou e quase deixara o prato que lavava ir ao chão. — O chão do meu quarto precisa de uma limpeza.

Sorriu ao ver a face de espanto dela. Infelizmente, ela também era mais esperta que a Heartfilia.

Depois dos últimos acontecimentos envolvendo as duas, Virgo ficara mais astuta. Sabia que agora Yukiko faria de tudo para lhe infernizar.

— Até onde me lembro, não sou responsável por esse tipo de serviço. Igneel me pediu para que ficasse restritamente na...

— Igneel não está aqui no momento, está? — Inquiriu, levantando uma sobrancelha muito bem desenhada.

— Não, mas é do bolso dele que sai o meu salário. — A jovem de cabelos exóticos segurou um sorriso, e por fim terminou: — Meu serviço agora é restrito a cozinha, se não está lhe agradando, só posso dizer que sinto muito. Ops! — Colocou uma mão na boca. — Nem mesmo isso posso dizer.

Se havia uma coisa que conseguira fazer com êxito era provocar as pessoas. Mas isso aprendera com o tempo, quando percebera que não é justo que outros tentassem diminuí-la.

A fúria explodiu em Yukiko, e nunca antes sentira tanta vontade de bater em alguém. Para uma mulher de sua classe, esses pensamentos nem mesmo deveriam acometer seus ideais, mas como poderia evitar?

Sabendo que não poderia algo como aquilo passar em vão, Yukiko retrucou:

— É claro que ele faria algo assim, ele quer ver sua queridinha muito bem disposta em sua cama não é mesmo? Muito serviço te deixaria...

O que antes ocupava sua cabeça, provavelmente tomou proporções gigantescas na mente da garota, pois no instante seguinte ela estava a frente de Yukiko, e um murro certeiro lhe acertara o nariz. Cambaleou alguns passos com a força do impacto, mas imediatamente tentou se recompor.

Sem esperar por nem mais um segundo girou a mão até o rosto dela, acertando-lhe três dos cinco dedos na face de Virgo.  Uma satisfação preencheu todo seu interior ao ver as marcas no rosto dela.

— Oh Meu Deus. Você é pior do que eu imaginava, se quer realmente fazer algo, pelo menos faça direito.  — Ouviu-a murmurar. Um pouco mais baixo do que normalmente. — Não aprendeu com a primeira surra que levou?

E foi quando as coisas, mais uma vez, realmente deixaram de ficar agradáveis.

Antes que Yukiko pudesse pensar em algo, um segundo soco lhe acertara o queixo.

— Isso foi por Igneel, ele não merece uma mulher como você.

Virgo fechou os dedos ao redor dos cabelos de Yukiko. Puxou-os para trás, sabendo que no mínimo alguns tufos tinham saído com a ação. Empurrou-a até a parede mais próxima, deixando-a imobilizada.  A mulher apertou a mão ao redor do punho que desagradavelmente estava quase arrancando todos os seus fios de cabelo, numa tentativa falha de se esvair do agarro. 

Quando Yukiko conseguiu se virar e encarar frente a frente à garota, sentiu as vistas se tingirem de puro ódio. 

— Considere-se morta garota. — Se esforçou para falar.

Essa apenas sorriu, e antes de acertar uma perna no estomago da futura ex-senhora Dragneel, murmurou:

— E isso é por mim.

Pegou a bolsa que estava sobre a mesa e saiu, não antes de deixar:

— Acho que meu serviço acabou por hoje senhora...

— Escute o que vou dizer agora, considere-se...

Mas o final da frase jamais chegara até Virgo, que não fizera questão de continuar ouvindo-a. Saiu sem nem mesmo olhar para trás.

*

 Dois minutos fora o tempo que Yukiko ficara sentada no chão, com uma mão sobre o estômago. Jurava ser capaz de atirar contra Virgo, isso se tivesse uma arma naquele momento. Infelizmente a sua estava a alguns cômodos de distância.

Levantou-se apoiando contra a mesa e praguejou mil coisas diferentes.

Realmente queria matá-la. De diversas formas diferentes, todas elas o mais dolorosamente possível. E não se importava que estivesse agindo em um momento de fúria, so pensava em acabar com a cozinheira.

Levantou à blusa, a região estava vermelha provavelmente logo começaria a escurecer. Ignorou a dor que sentia e andou apressadamente rumo à biblioteca, não poderia deixar que ela fosse embora sem uma despedida.

Estava de saco cheio da garota. Ela conseguia lhe irritar da mesma forma que Layla e Lucy.

Assim que entrou, correu os olhos pelos diversos livros. A biblioteca era realmente um cômodo grande. Caminhou até um dos armários no canto inferior do local, assim que pegou a chave deste ouviu a porta atrás de si abrir.

— Lisanna. — Falou, sem mesmo precisar olhar para trás. Não se imaginava tendo paciência para lidar com ela naquele momento. — Volte outra hora, não tenho tempo para você agora.

Abaixou-se tentando abrir a pequena porta de metal. Enfiou a chave no ferrolho, e blasfemou quando notara que pegara a errada.

— Sinto muito sogrinha, mas temos problemas maiores para resolver nesse momento. — Quando se virou Yukiko viu que o rosto da jovem estava neutro, mas por baixo daquela máscara conseguiu detectar um breve ar desesperado. — Natsu quer me acompanhar ao hospital, o médico que arrumou caiu fora e nós temos que...

— Nós temos? — Explodiu. — Você é esposa dele, se vire com isso. Ou é tão imprestável a ponto de não conseguir enrolá-lo por mais alguns dias?

— Eu estou fazendo isso por mais de mês, não acho que seja eu a inútil na história. — Proclamou. Respirou fundo, e recomeçou a falar com um leve tom de acidez na voz. — Você disse que cuidaria desse assunto.

— O desgraçado deu pra trás. Já imaginava que não era confiável... — Concluiu a mais velha.

— Se continuar assim, a qualquer momento Natsu desconfiará, e se ele descobrir a verdade, digamos que as coisas não ficaram muito boas para você também.

— Isso soa como uma chantagem Lisanna? — Apertou as mãos em punhos, sentiu uma fisgada nas costelas, mas tornou a ignorá-la. — Eu sou muito boa nisso, se é que você quer saber.

Levantou-se e se dirigiu a segunda coluna de livros. Jurava ter deixado a cópia ali da última vez. Segurou o metal em sua mão, ao vê-lo cair no chão quando puxara um dos livros.

Um minuto depois conseguiu finalmente abrir a pequena porta e alcançou a caixa atrás de uma enorme quantidade de papeis. Não estava pensando corretamente naquele momento, mas a satisfação de saber o que poderia fazer com aquela arma a empregada que outrora teve a coragem de acertar-lhe, sentiu-se muito feliz por dentro.

Quando colocou em mãos finalmente a arma de fogo ouviu as palavras de Lisanna.

 — Não, jamais chegaria a esse ponto. Só estou tentando dizer que você tem tanto a perder quanto eu. Talvez até mais. Já imaginou se Igneel descobre que foi traído dentro da própria casa? Ou melhor, que você estava esperando um filho, mas que para não arriscar a perder tudo que tinha você... — Ela não concluiu, mas ambas sabiam como terminaria aquela frase.

“Matou o seu filho”

Sentiu que podia acertar ao menos uma bala na testa dela também.

— E quem é você para dizer algo sobre mim. Logo você Lisanna. — Riu, mas tinha algo amargo naquilo. — Que planeja roubar o filho daquela insuportável da Heartfilia para passar como seu. E por mais que consiga enganar meu filho, você sempre saberá que ele não é seu. Você jamais poderá gerar uma criança.

Bem, elas acertaram exatamente o calo uma da outra.

— Não vejo porque iria querer se fosse para matá-la. — Ela parou por um segundo, e continuou. — Além de acabar com a vida de seu filho, você me ajudou a planejar roubar a criança de outra pessoa. Você é mais podre que eu.

Aquilo foi o estopim para Yukiko. Ela se levantou e apontou a arma exatamente para o peito de Lisanna, que nesse momento, diante da situação, segurou o grito que arriscava romper a garganta.

Um som alto preencheu o cômodo, e foi preciso apenas dois segundo para perceberem que foi a porta que fora aberta com violência. 

Ambas olharam em direção de onde surgira a nova voz. Parados na entrada estavam Natsu, Igneel e Virgo, ambos atônitos com que acabaram de ouvir. No entanto, a surpresa aumentou ainda mais com a cena que avistaram.

E a arma de Yukiko encontrou agora um novo alvo.             


Notas Finais


Boa tarde pessoal, aqui estou eu com mais um capítulo de Nove Meses. Só posso dizer que muitas coisas vão acontecer no próximo capítulo, especialmente uma tão esperada revelação. Perdoem-me pelos erros ortográficos, estou revisando muito rapidamente o capítulo então se encontrarem alguns muito grotescos e puderem me avisar, eu agradeceria.
Sem mais, deixe-me voltar aos estudos.
Beijinhos♥


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...