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História Novembro - Blackout


Escrita por: Caroli_cunha

Notas do Autor


Oioioi meus linduus!
Gente,esses dias eu fiquei doente,fui ao médico,tomei alguns remédios por todos esses dias.Por isso,acabei atrasando um pouco a fic!
Desculpem amores,prometo que vou compensá-los com boas tretas na história hehe'
Boa leitura!

Capítulo 4 - Blackout


Fanfic / Fanfiction Novembro - Blackout

Quando cheguei em casa os dois malucos dos meus pais e a minha avó, me esperavam aflitos. Mal entrei e mamãe já pulou nos meus ombros, me apertando como se eu houvesse sumido por uma semana.

—Raphael, nunca mais faça isso! Nós ficamos desesperados, sem saber para onde você foi, ou com quem estava…!—gritou papai, furioso.

—É, filho! Poxa, eu já estava imaginando o pior!—choramingou ela, e vovó me repreendeu com o olhar.

Não era possível que a família inteira ainda me enxergasse como uma criancinha indefesa. Francamente. Todo esse controle já estava me deixando sem ar, então me desculpei da boca pra fora e fugi para meu quarto.

Arranquei os sapatos,a camisa,e me joguei de bruços sobre a cama. Não queria saber de mais nada, estava confuso, intrigado e enojado.

Estava mesmo era chateado em saber da minha condição.

Despertei com o focinho gelado do Shih Tzu, o segundo cachorrinho dos meus pais, esfregando no meu rosto, a fim de me acordar. Afastei coçando os olhos e ele todo alegrinho, pulou para o outro lado da cama, querendo brincar.

Fiz sua vontade por alguns minutos, depois calcei os chinelos e desci para a sala de jantar, onde meus pais tomavam café à mesa com uma moça que eu não reconheci.

Ela era morena, magra, tinha cabelos negros e ondulados, um olhar forte, esperto e um tom de voz suave como seda.

—Oh, aí está ele!—sorriu mamãe, já bem arrumada e maquiada logo pela manhã.—Raphinha, se lembra da sua prima Carla?

—Hm... Acho que não...—eu odiava ter que responder.—Desculpe!

—Ah não, sem problemas! Eu entendo perfeitamente, Rapha!—compreendeu, e mamãe disfarçou o desgosto com o copo de suco.

—Sente-se conosco, filho! Tome um café!—sugeriu papai. Ele também usava terno e tinha os cabelos penteados.

—Vocês vão sair?—perguntei sem graça, me sentando na única cadeira de posição diferente, na ponta da mesa.

—Hoje teremos uma reunião importantíssima na fábrica!—contou mamãe, supervalorizando seu trabalho.

—E eu como o diretor não posso me atrasar,portanto já vou!—disse papai, se levantando rapidamente.—Se cuida, meu filho!

Me beijou a cabeça, despediu-se também da sobrinha e da esposa, e saiu em seu enorme carro preto. Tomamos café e conversamos sobre coisas banais, depois a garota foi para seu maravilhoso trabalho e minha mãe seguiu orgulhosamente para a empresa da família.

E sozinho naquela sala enorme,largado no sofá tão enorme quanto, só eu, a tv e dois cães preguiçosos, é que fui parar para pensar sobre o que houve ontem.

Que nojo me deu de imaginar.

Mas ao mesmo tempo, me deu um pouco de pena em lembrar como o tratei. Ele pareceu ter se sentido tão mal, e eu nem me importei. Argh, eu odiava essa sensação de não saber de nada, esse medo de descobrir os lados ruins da minha própria vida. Mas no fundo, bem lá no fundo do coração, eu sentia uma carência afetiva que não era suprida por ninguém daquela casa. Um sentimento de saudade, angústia.

E com o passar dos dias, esse sentimento incômodo foi se tornando cada vez mais intenso, mais profundo, impertinente, ao ponto de eu não conseguir mais dormir tranquilo.

Então, numa noite de blackout no bairro, eu aproveitei a distração dos meus pais, corri para o quarto com ajuda da minha lanterna e liguei para ele.

Oi?—suspirou chateado. E eu fiz questão de falar bem baixinho, para não chamar atenção dos meus pais.

—Spencer, é o Rapha...—esperei me xingar, mas não fez.—Desculpa por ontem, eu me precipitei!—pedi sinceramente, queria mesmo ser perdoado.

O que que deu em você?—lamentou, machucado.

—Eu fiquei... Sei lá, assustado! Fiquei chocado com o que você fez, só isso.

E o que eu fiz?!—não entendeu.

—Spencer, você m-me... Me... Argh, você me beijou!

Era desconfortável até mesmo comentar o fato, mas para ele era normal, afinal, não entendia por que eu agia daquela forma estranha. Tudo tinha que ser tão complicado, tudo tão difícil de explicar.

Rapha, eu não tô entendendo! Se não queria fazer as pazes comigo, por que veio até aqui?!—seu tom era choroso, mas intrigado.

—As p-pazes?! Nós…?!—pensei em questionar e descobrir mais sobre o meu passado, mas me cansei.—Ahm... Spencer, já chega de esconder! Eu tenho que te contar uma coisa muito séria!

Então conta!

Porém, quando me enchi de coragem para finalmente falar, a porta do meu quarto se abriu e mamãe invadiu novamente meu espaço.

—Raphael, você está falando com esse moleque de novo?!—gritou ela.

E tudo se repetiu. Argh, tédio.

—Mãe, sai do quarto, por favor?—eu pedia, me levantando da cama e indo ao seu encontro.

—Desliga esse telefone agora! Eu não vou tolerar que você volte a essa maldição!—gritava ela, tentando alcançar o celular na minha mão, com muita dificuldade pelas nossas diferenças de altura.

—Mãe, é o meu quarto! É o meu espaço, me deixa sozinho!—ela arrancou o telefone da minha mão.

—Garoto, larga do pé do meu filho! Quantas vezes vou precisar te dizer?! Hein?!—gritou ela no telefone, mas eu o tomei antes de receber uma resposta.

—Por favor, mãe! Sai do meu quarto!—gritei, já furioso.—Poxa, que falta de educação, falta de respeito!

—Raphael, será que você não percebe?! Abre os olhos, meu filho! Pelo amor de Deus!—gritou ela, segurando meu rosto e me obrigando a olhá-la nos olhos.

—Sério, eu não aguento mais essa situação! Chega, chega!

Ela conseguiu atingir um nível de estresse em mim que nem eu sabia da existência. Então, peguei uma mochila velha que achei em baixo da cama, abri meu guarda-roupas e comecei a encher a mochila com o que eu via pela frente, pondo para fora tudo o que andava guardando no coração há muito tempo. Estava farto.

O celular,eu larguei sobre a cama, já desligado durante a confusão. Maluca, ela correu e me agarrou pelos ombros, gritando para eu não me atrever a desobedecê-la. E o espasmo muscular dessa vez foi tão forte, que a mandei longe num empurrão.

—Raphael!—gritou meu pai, vindo às pressas para socorrer a esposa no chão.

—Giorgio, olha o que seu filho fez! Veja, o monstro que ele se tornou, e tudo por causa desse maldito bastardo, sujo e imundo que vai queimar no fogo do inferno!—lamentou ela, enquanto papai a levantava com cuidado.

E eu levei um tempo paralisado, com a lágrima parada na linha d’água dos olhos, sem saber se pedia perdão e a ajudava a se levantar ou se saía correndo dali imediatamente.

—Meu Deus, o que eu fiz de errado?! O que eu fiz pra merecer levar isso do meu filho?!—chorava ela, mais ferida por dentro do que por fora.

—Calma, Carmina! Eu vou falar com ele, tudo vai se resolver!—murmurou papai, colocando a esposa sentada na cama.

Rapidamente, peguei a mochila do chão e continuei socando as roupas dentro dela. Agora a pressa para fugir era ainda maior, eu estava desesperado.

—Raphael, por favor...—resmungou papai, baixinho e cauteloso mas praticamente implorando.

—Me deixa!—ordenei secamente, sem parar o que estava fazendo.

—Não faz isso, a gente vai superar isso juntos!—quase chorou, tentando me tocar cautelosamente, mas eu me esquivei, indo até a outra porta do roupeiro.

Fechei o zíper da mochila quando já não cabia mais nada nela, então abri a gaveta do criado-mudo e fui guardando todos os cartões na carteira, que pus no bolso das calças.

E minha mãe não parava de repetir, como se houvesse pirado.

—Oh céus, meu filho… meu filhinho, que eu tanto amei... Me bateu! Eu apanhei do meu próprio filho! Meu único filho... Não, Deus!—chorava indignada.

—Rapaz, me escuta!—gritou papai, me agarrando pelos ombros.—Pra onde você vai?! Está de noite, chovendo, você nem sequer se lembra de algo!

Eu o olhei inexpressivo, talvez com um fundo de desprezo.

—Fica tranquilo, eu não vou derreter!—pus a mochila nas costas, e dei dois passos em direção a porta, quando ela surtou.

—Se você se atrever a pôr o pé pra fora desta casa, eu vou te dar uma surra que você nunca mais vai esquecer! Eu vou te arrebentar, Raphael!—gritou autoritária.

Eu parei, puxei o ar para os pulmões e fui virando bem devagar até encontrar seus olhos.

—Você tá me ameaçando?—semicerrei os olhos ficando de frente para ela.

—Filho, larga essa mochila, vamos conversar!—pediu papai, injuriado.

—Está?! Hein…”mamãe”?!—caçoei, e no mesmo instante levei um tapa na cara.

Parei, com a mão no rosto. Aquilo doeu, ardeu, queimou muito. Mas não tanto quanto o ódio que eu fiquei.

Abri os olhos lentamente, deixando que minha lágrima escorresse amarga de um dos olhos,e encontrando sua expressão sobre mim. Ela chorava ofegante, calada, trêmula, esperava na defensiva a minha reação, ainda com a palma avermelhada erguida.

Com o maxilar trancado e os dentes a mostra, eu deslizei a mão sobre o rosto ardido, como se o limpasse com asco, ofegante também. E apenas lhe respondi.

—Eu não vou ficar aqui, apanhando de quem eu nem conheço!—neguei enfurecido, e quando virei as costas, ouvi a resposta para todo aquele supercontrole em uma única frase.

—Filho meu não vai ser gay!—gritou ela, em ponto de explodir.

Olhei para trás só mais uma vez, e respondi.

—Então, eu não sou mais seu filho!

E saí. Deixei pra trás os senhores que juraram querer o melhor para mim, e segui sem rumo.

Fui caminhando até o ponto de ônibus, sozinho naquelas ruas tão escuras e desertas, me molhando todo sob a chuva fria daquela noite angustiante. Sentei-me no banco do ponto de ônibus e chorei, chorei muito, de raiva, tristeza, desgosto e até medo do que seria de mim agora. Sem memória, abandonado, sem família ou pais para me “defender” de tudo, tendo convulsões a toda hora. Na carteira, míseros sem reais e um cartão de crédito, o qual eu nem sabia a senha.

Um ônibus apareceu na esquina e eu fiz sinal, entrei, paguei a passagem e segui para lugar algum, que deu na porta do apartamento de Spencer, quase três da manhã.

Bati na porta, uma, duas, três vezes, até ele vir atender. De pijama moletom, com o cachorro de guarda-costas, uma cara de sono e insatisfação, ele abriu. Quando me viu, ficou surpreso.

—Rapha?!—e o tão temido impulso veio.

Larguei a mochila no chão e o agarrei num beijo desesperado.



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