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História Novembro - Conselheiro


Escrita por: Caroli_cunha

Notas do Autor


Oioioioi,meus linduus!
Gente, desculpem por estar demorando tanto a atualizar os capítulos :( ENEM está chegando, e dessa vez vai hein? kkk
Tô estudando muito e trabalhando bastante também (já não se fazem mais empregos de segunda a sexta assim não, minha gente!)
Maasss... Vocês sabem o quanto eu amo contar histórias e o quanto é importante pra mim, receber os comentários de vocês meus amores ♥ Então, por favor, não desistam de mim eu juro que vai valer a pena ler até o final da história, okay?
Sem mais chororôs, boa leitura!

Capítulo 45 - Conselheiro


Queria ter o peito cabeludo igual ao do meu avô.

Depois da nossa última briga que acabou numa noite pra lá de selvagem, diferente do que imaginei, Spencer não passou a me tratar de forma diferente. Tudo continuou como antes, ou pior, quanto mais eu bancava o “machão”, mais ele me enxergava como o trouxa. Quanto mais autoritário eu agia, mais ele testava meus limites. Parecia ter perdido o encanto que tinha por mim desde bem novinho, eu já não era mais o garoto mais bonito da escola, o que todas queriam, mas só ele teve, eu não era mais o respeitado, adorado, cobiçado. Não, agora eu era o semi-inválido que só sabe gritar e espernear como criança. Dessa vez, eu era o descontrolado.

Certa tarde de sábado, estávamos Renee e eu jogando GTA na sala, Spencer tinha o dia de folga no trabalho, mas preferia andar com as amigas por aí do que curtir o namorado. Se é que estava com elas, nunca se sabe.

Já que Renee era a pessoa a qual eu mais confiava em me abrir, já que nunca me julgava e sempre tinha algo confortante para dizer, comentei com ele sobre como andava meu relacionamento. Á princípio, ele ficou calado, só me ouvindo e as vezes, eu tinha a impressão de que nem estava entendendo o que eu dizia. Até que eu terminei, e ele se manifestou:

— Rapha, você não acha que está sendo duro demais com ele? — Todas as esperanças que eu tinha em seus conselhos, morreram ali.

— Por que diz isso?

— Poxa, Raphael! Ele é jovem, assim como você, ele também tem direito de sair com as amigas, de querer ficar sozinho um tempo, de não concordar com você cem por cento das vezes... — Eu soltei um riso intrigado, vendo-o juntar os cabelos lisos num coque bem no alto da cabeça.

— Renee, você ouviu a parte em que eu contava como a gente transou sexta-feira?! — Perguntei empolgado, e ele assentiu com cara de pouco caso. — Cara, eu me senti um daqueles atores, sabe? Pra mim, a gente estava num filme, daqueles bem hardcore!

— Sim, e no outro dia, você esperava que ele estivesse como uma gatinha manhosa com você… — Deduziu, num tom medíocre que me fez ter vergonha de mim mesmo, por realmente pensar assim. Tudo se clareou diante dos meus olhos como uma fantasia babaca que criei.

Percebi mais um ponto onde eu consigo ser absurdamente mais inocente que Spencer, por incrível que pareça.

Me recostei no sofá, desanimado e ele riu.

— Raphael, você está confundindo seu namorado com uma dessas cocotinhas que viviam no seu pé! Ele é um homem, o sexo é importante, mas não quer dizer que ele se entregará por inteiro a você só porque o fez ver estrelas ontem à noite!

— Que?! Acha então que ele não me ama?! — Meu coração foi a mil, só de pensar.

— Provavelmente ele ama, pra te aguentar tanto! — Caçoou como de costume. — Ele deve amar sim, mas não só pelo sexo... Entenda que não pode se garantir só por isso! E sim, ele vai continuar te zoando enquanto perceber que você se irrita! Ele vai sim, continuar te fazendo ciúme com esse professor, vai continuar usando aqueles shortinhos; principalmente por saber que eles te causam certa confusão entre sentir atração e odiá-los; as tardes das garotas safadinhas vão ocorrer com muita frequência na sua casa e ele vai ter sempre algo a esconder, mesmo que não tenha realmente, só pra te ver com a pulga atrás da orelha! E sabe por que? Porque isso diverte ele, muito mais do que os seus passeios de casal, Rapha!

Renee nunca namorou, nunca o vi atraído por alguém, a vida toda me fez acreditar que é assexual (embora eu duvide que isso exista, perdoem minha ignorância, mas se existe algo melhor que sexo com certeza ainda não foi experimentado pela humanidade). No entanto, conseguia ser tão sensato que chegava a me fazer acreditar que já havia vivido anos de relacionamentos com diversos tipos de pessoas, pois parecia entender muito bem do assunto. Toda vez que eu lhe dizia isso, ele respondia com modéstia:

— Não sou inteligente, é apenas meu espírito antigo e desconstruído!

— Argh, eu não consigo controlar! Estou sempre com ciúme, e isso para ele é piada! Renee, ele ri da minha cara, ele ri na cara do perigo! — Ele riu, assentindo em compreensão.

— De tão acomodado que está! Veja, para algumas pessoas, ter um namorado que mais se parece um pitbull, é assustador. Para outras, é motivo de orgulho, algo a se exibir... pro Spencer é bobagem, palhaçada. Principalmente agora que descobriu a lei que o protege, vai usar contra você o quanto quiser, está adorando te fazer de marionete, você não tem escolha mesmo! Entendeu?

— E o que eu faço para ele voltar a me respeitar, então?! Me dá uma luz! — Ele pensou um pouco.

— Mude a estratégia, pare de dar corda!

— Como?! — Para mim, não fazia sentido.

— Simples, quando ele fizer esses joguinhos, finge que concorda. Se ele falar de um homem qualquer, não grite, finja que admira também. Faça tudo ao contrário do que faria, se normalmente você ficaria nervoso, finja que não liga, que está tudo bem. Se antes era agressivo, seja pacífico, dê mais carinho a ele, pergunte como foi seu dia, ofereça uma massagem... Afinal, quando você estava sem memória, agia totalmente ao contrário e mesmo antes de ele saber sobre o acidente, já te respeitava muito mais do que agora! Aposto que ele vai querer saber o que mudou, aí você fala que só está tentando melhorar!

— Hmm... — Tentei me imaginar sem meu ciúme, sabia que iria ser difícil, mas eu faria de tudo para recuperar minha vida de antes. — E quanto aos shortinhos?

— Quando ele vestir para te provocar, fala que ele ficou lindo. Aliás, fale sempre que ele está lindo, ele vai gostar! — Sorriu com certa ternura, pelo visto era o único que não queria me incentivar a terminar o namoro.

— Renee, você... Acha que ele seria capaz de me trocar por... qualquer outro cara? —Perguntei baixinho, pois já estava tão doente com essa ideia que tinha até medo de falar muito alto e o universo me ouvir e castigar.

Renee ficou me olhando sério, franziu o cenho com pouca importância. Provavelmente já havia decifrado meu estado, sabia que aquele era meu maior medo, maior até de simplesmente terminar o namoro, era ser trocado. Isso eu não suportaria.

— Não acho. Por qualquer cara, não. Acho que depois de cinco anos, se ele está contigo ainda, é porque realmente quer estar. Mas é sempre bom lembrar a pessoa amada, os motivos pelos quais você foi escolhido por ela... — Deu uma piscadinha.

— Renee... Você é um gênio! — Eu disse satisfeito e ele sorriu.

(...)

Durante a semana, recebi a visita de Flávio, assim do nada. Era estranho porque ele quase não tinha tempo para a família, os estudos lhe exigiam muito, ele estudava em universidade federal onde as médias são altíssimas para matérias tão complexas, além de serem em período integral. Porém, nesse dia, ele não teria aulas durante duas horas, então resolveu passar em casa e aguardar até a próxima aula.

Ficamos conversando na sala, ele aceitou almoçar comigo e aproveitou para me parabenizar pela coragem de aguentar ficar vários dias sem ver carne na minha frente, em respeito ao Spencer. Apesar de tudo, eu não achava estar fazendo grande coisa, vivia bem sendo vegetariano sem opção, nunca foi algo que me incomodou realmente.

Conversamos sobre várias coisas normais do dia-a-dia, ele me contou alguns “perrengues” que passava na faculdade, mas eu queria mesmo era saber do paradeiro do tal professor, então não hesitei em tocar no assunto.

Desconfortável, ele desconversou um pouco, mas eu insisti (sabem como sou), então ele abriu o jogo.

— Depois que eu descobri que ele é casado, fiquei sem falar com ele durante umas duas semanas. — Eu me espantei.

— E ele, correu atrás?!

— Sim, demais! Rapha, onde eu ia, ele estava lá! Aí eu saía, e ele ficava me mandando mensagem, perguntando aonde eu estava, por que fugi dele, etc... — Para Flávio, aquilo era chato, mas eu ia adorar se fosse comigo.

— E quando você voltou a falar com ele? Digo... Vocês voltaram a se falar?

— Voltamos, depois dessas duas semanas que te falei! Foi assim, eu havia trocado de turma em anatomia, agora tenho aulas com o mestre Pedro Basov, que a gente nunca na vida pode chama-lo de “Pedro”, a menos que queira ser lembrado por ele! — Comentou com os olhos arregalados, me fazendo entender que tal professor fosse o “carrasco”.

— E ele é bom?

— Bom em dar bronca e humilhar os alunos, que foi o que ele fez comigo esses dias! — Contou com uma carinha tão inocente que me deu até dó. Flávio nunca soube lidar com broncas, os pais nunca precisaram fazer como era o caso de mamãe e papai, que viviam com os cabelos em pé por minha causa. — Por causa desse professor, eu quase repeti o semestre, isso porque eu era o melhor aluno da turma nessa matéria, modéstia à parte!

— Nossa, sério?! — Desacreditei, ele ajeitou os óculos no rosto e jogou os cabelos bem cortados para trás.

— Argh, sim, você nem sabe da metade! Ele aplicou uma prova logo na semana em que eu mudei de turma, e por incrível que pareça, eu não sabia nada! Tentei pedir ajuda pra ele, o que foi total bobagem da minha parte porque agora ele lembra de mim como o burro que o chama pelo primeiro nome!

— Meu Deus! — Eu ri em me imaginar na pele dele, coitado. — Mas, e aí como foi na prova? Você tirou zero?

— Não, tá maluco?! Imagine, a prova era para daqui dois dias, e eu não sabia de nada, como te falei... O que eu fiz foi passar duas noites inteiras estudando, bebendo energético e chorando, quase tive uma parada cardíaca por causa disso, é muito perigoso, hein?! — Ele falava sério, e eu não parava de rir. — Por fim, no dia da prova, meia hora antes, meu amigo que está mais avançado que eu, me mandou pelo WhatsApp a maioria das respostas pra eu DECORAR! Decorar, Raphael, em meia hora... Para uma prova prática!

— Meu, por que esse cara não te ajudou antes?! Meia hora não dá pra nada!

— Porque nesse mundo nada é fácil! — Riu comigo. — Enfim, consegui atingir a média por meio ponto! — Contou aliviado, mas ainda assim decepcionado consigo mesmo. Eu o aplaudi, realmente admirado por tal capacidade que eu nunca teria.

— Ou seja, ninguém é como o professor Anderson! — Dei uma cutucada, ele riu contrariado.

— Cala a boca, Raphael! Então como eu dizia, por ser de outra turma agora, eu não precisava ver o Anderson se não quisesse, já que o Basov dá aula no outro bloco do campus, em outro prédio, muito longe! Só que ele queria me ver, de forma que ficava perambulando pelo bloco onde eu estudo, pra ver se me encontrava... Acredita?

— Ai que da hora! E funcionou? — Ele riu de meu entusiasmo.

— É... Ele conseguiu um minuto de atenção! Aí falou que queria conversar melhor, marcamos um jantar, porque ele não tem vida social durante o dia e nos fins de semana eu tenho outros compromissos, e conversamos. — Esperei ele continuar contando, mas parou como se a história acabasse ali. Que raiva que eu tinha desse mistério.

— Hm, e daí?!

— Daí... — Pensou um pouco, acanhado em se abrir. — Ele falou que sente muito, que não pensou que um simples jantar poderia acabar daquela forma, mas que não está arrependido e sim ainda mais apaixonado por mim... E... Um monte de outras coisas! — Soltou um riso em suspiro, relaxando os ombros como se ficasse tenso só de pensar.

— Apaixonado, é? E você acreditou?

— Eu não sei... Acho difícil alguém como ele se apaixonar por mim, mesmo tendo uma esposa. — Menosprezou a si mesmo para engrandecer alguém tão canalha.

— Nossa, mas qual o problema, por que não?! Você é um menino tão inteligente, bonito, anda sempre bem vestido, até demais, eu diria... Além de que é jovem, difícil não conseguir atenção, hein?! — Fui sincero, ele suspirou desanimado e apoiou o rosto na mão, como uma criança.

— Quem me dera fosse tudo verdade, Rapha!

— E a esposa dele?

— Ele disse umas coisas sobre ela, que eu não quero repetir porque acho muito feio... — Eu ri, tentando imaginar o que fosse, e ele inchou as bochechas com vergonha. — E disse que eles não dormem mais juntos, que os dois não tem mais relações.

— E você acredita? — Para mim, isso é conversa de cafajeste, mas quem sou eu para falar.

— N-não sei... Pra falar a verdade, eu estou confuso, eu... queria que isso não tivesse acontecido! Eu podia não ter... Nossa cara, eles têm um monte de filhos, ainda moram juntos, ela tem uma doença gravíssima... — Cobriu o rosto com as mãos, bufando. — Não sei como me enfiei nessa situação, Rapha! Se meus pais sonharem com isso, é até capaz de me deserdarem!

— Flavinho, deixa eu te falar uma coisa! Se você estiver arrependido e não quiser confusão pra sua cabeça, esquece esse cara! Vai viver sua vida, você ainda é muito jovem, tem tudo pela frente, diferente dele que já estabilizou e já não tem mais condições de ficar saltando de galho em galho! — Ele ficou me olhando atento. — Eu sei, é muito gostoso essa sensação de perigo, de mistério, todo esse jogo de sedução que vocês estão vivendo, eu já brinquei assim com uma amiga da minha mãe quando eu era mais novo! Mas como seu primo mais velho, tenho que te aconselhar... Homem casado só vai te dar dor de cabeça, principalmente nesse caso, que você nunca será prioridade na vida dele, quando o cara trabalha muito, tem filhos, esposa, uma casa pra sustentar... Vai por mim, não é tão legal quanto parece!

Ele ficou calado, cabisbaixo, pensando no próprio problema, onde a solução era nítida para mim. Porém, Flávio era inocente, inexperiente, não tinha a malícia que eu tinha, não era difícil de convencer.

Ele então, pegou a mochila do chão, abriu o bolso da frente e ficou fuçando até achar o que queria. Tirou uma corrente de prata, fina e discreta e me entregou.

— Ele me deu essa pulseira, queria me dar um anel mas descobriu que eu tenho alergias nas mãos. — Enquanto falava, eu analisava o adorno. Parecia ser algo de tão boa qualidade, mas ao mesmo tempo, uma forma de cegá-lo para a realidade.

— E isso aqui não irrita sua pele da mesma forma? — Desdenhei, lhe devolvendo. Ele pegou e ficou a observando, sem a raiva que deveria ter no olhar.

— Eu não tenho alergias nos punhos...

Já entendi, ele não queria realmente dar um basta nessa situação, muito menos seguir meus conselhos. O que me preocupava muito, mas já diz o ditado “cada cabeça, sua sentença”.



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