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História Novembro - Preciso mudar!


Escrita por: Caroli_cunha

Notas do Autor


Oioioi, meus linduus!
E aí, preparados para ver se esse shipp realmente aconteceu?
Então, boa leitura <3

Capítulo 57 - Preciso mudar!


Fanfic / Fanfiction Novembro - Preciso mudar!

Deixei o carro no estacionamento e subi com Heitor pelas escadas até o quinto andar. Quando já estava com as pernas bambas, pois nunca gostei de malhar essa parte na academia, paramos em frente a porta de madeira branca, onde ele começou a fuçar os bolsos procurando as chaves. Olhou para mim e sorriu.

— Não repare, por favor! — Pediu, como se eu estivesse lá pela casa e não por ele.

Abriu a porta e me deixou entrar primeiro. De início, fui recebido pelo aroma agradável de baunilha, não como uma sobremesa, mas sim um perfume, cheirinho de casa limpa mesmo.

O apartamento era pequeno, devia ter dois quartos no máximo, na sala, a televisão estava ligada, o que eu achei estranho. Heitor trancou a porta, deixando as chaves na fechadura e já foi juntando os pratos sujos sobre o balcão da cozinha americana, pegando um casaco jeans que estava caído ao lado da porta e o pendurando nos pinos da parede. Tirou aquele casaco que usava e o pendurou também, depois fez o mesmo com a mochila.

— Senta, fica à vontade! — Disse para mim, olhando rapidamente em volta para ver se não havia mais nada que eu não deveria ver.

— Obrigado! — Pedi licença ao gato que descansava sobre o sofá e me sentei ao lado, olhando para a novela que passava na tv.

O bichano, adulto de pelos negros e olhos verdes, levantou a cabeça e ficou me olhando de forma nada amigável, como se me estranhasse. Ao lado do móvel de mdf que sustentava a televisão, notei um narguilé vazio, o qual não imaginei ser de Heitor. Afinal, se ele fumasse, eu teria percebido, ou ele mesmo mencionaria. Esperei que o mesmo se sentasse comigo no sofá, mas ele foi andando devagar até o corredor.

— Sarah? — Chamou próximo ao corredor dos quartos, não sendo atendido. — Jonathan?

Ninguém respondeu (para a minha alegria), então ele apagou a luz do corredor e veio se sentar comigo. Não que eu ficasse reparando na casa, mas achei-a muito interessante, dava para ter boas noções de que tipo de pessoa ele era, só de olhar em volta.

Veja, o sofá de camurça me fazia imaginá-lo adormecendo sem querer, enquanto assistia a tv após um dia cansativo de trabalho/estudo. Sem procurar, achei três velas aromáticas, uma delas acesa, que espalhava seu aroma vanilado pelo ambiente, o que me faz pensar que seja uma pessoa ligada em fragrâncias e goste de cheiros adocicados. Na parede do sofá, um pôster da cantora Madonna quando bem jovem: bicha velha.

Gosta tanto de gatos, que tem um de estimação e outro em escultura na estante. A quantidade de livros alinhados e empilhados ali, fazia da sala quase uma biblioteca.

— Esse povo deixa a televisão ligada e saem, nem se importam... Ah, deixa eu te apresentar! Esse aqui é meu gato, o Bartolomeu! — Foi até a lateral do sofá e pegou o bichinho nos braços, recebendo tanto carinho quanto dava. — Estava com saudade do papai, é?

O gatinho miou como se respondesse, virando a cabeça para receber um carinho no pescoço. Heitor o trouxe para perto de mim e o mesmo simplesmente pulou de seus braços e fugiu, só para não me “conhecer”. Gatos nunca foram meus fãs e eu sempre preferi cachorros, então...

— Ai, ele é meio arisco com quem não conhece... — Disfarçou a vergonha, e eu apenas ri. —Quer alguma coisa, Rapha? Um copo d’água, um chá... Eu fiz um brownie ontem, nem sei se está gostoso. Quer comer um pedacinho?

Não era bem isso que eu queria que ele oferecesse, mas tudo bem.

— Eu aceito! — Vamos ver se cozinha tanto quanto beija bem.

Ele foi até a cozinha, enquanto abria a geladeira, distraído, eu tomei a liberdade de ver quais filmes ele tinha na estante. Abaixado, fui pegando as caixinhas dos DVDs e lendo os títulos. Encontrei anime, drama, shows de cantoras pop e um filme adulto escondido entre os outros.

— Nossa, você curte pornô hétero? — Perguntei direto, ele veio até a sala com o prato e um copo de suco, sorriu.

— É do Jonathan, o rapaz que está morando aqui com a gente, como eu já te disse!

— Hmm, do Jonathan… Obrigado! — Peguei o prato e o copo e fui me sentar.

Comecei a comer e ele ficou observando, sentado no braço do sofá. O brownie estava gostoso, o suco era desses de soja, sabor maçã, o que eu acho um pouco perigoso para o organismo masculino, devido ao estrogênio. Sei lá, vai que... né?

Deixei o prato e o copo sobre a mesa de centro e o puxei pelos punhos, colocando-o quase no meu colo, beijando sua boca antes que ele inventasse algo para fazer que nos deixasse distantes.

Suas mãos envolveram minha nuca num toque tão suave, mas que me deixou todo arrepiado e eu estreitei o abraço ao redor de sua cintura. Os lábios se soltaram, mas os corpos continuaram juntos, ele olhou em meus olhos com um sorriso satisfeito.

— Nossa… — Eu murmurei, coçando a nuca, sem acreditar que realmente estávamos nos beijando.

— O que foi? — Perguntou sorrindo.

— Eu esperei por esse momento desde que te conheci, sabia?

Ele ficou me olhando, surpreso e contente, apesar de parecer um pouco relutante ao meu romantismo. Tanto que nem soube o que dizer.

Na verdade, eram muitas mudanças repentinas. Num dia, eu mandava mensagens chorando para Spencer, implorando para ele voltar para casa e prometendo uma mudança que não tinha intenção real em fazer. No outro, já estava trabalhando num escritório, de roupas sociais, cabelos bem cortados e beijando outra boca. Ou melhor, beijando um homem que em nada me lembra uma garota e gostando da sensação áspera da barba recém cortada roçando em meu rosto, como sempre temi gostar de sentir um dia.

O abracei mais forte, pedindo mais daqueles lábios e recebendo um carinho na orelha que foi acendendo o fogo dentro de mim e eu fui o tomando num beijo mais sedento, puxando sua nuca para mais perto e sugando sua língua como se a quisesse para mim. Era muita saudade, muita paixão, muito tempo sem um carinho. Muito tesão para ficar guardado.

Desci com a mão por suas costas, passando por sua coxa grossa, escondida nas calças sociais, a puxando para cima da minha enquanto a outra ficava dobrada sobre o sofá. Soltei da perna e passei a mão sobre seu peito, sentindo seu coração batendo acelerado, as respirações pesadas contra nossos rostos num beijo quente.

Fui o empurrando até deitá-lo no sofá. Até que ele se livrou dos meus apertos e me olhou ofegante.

— V-vamos… Vamos assistir um filme? — Convidou-me por notar que eu não o largaria mais.

— Filme? Que filme, pra que? — Fui sincero, enquanto ele saía de baixo do meu corpo, se ajeitando no sofá. As bochechas vermelhas feito um pimentão.

— É que…

Hesitou em falar e eu logo imaginei mil motivos para não querer estar comigo aquela noite. Esperei que ele viesse com aquela desculpa de que estávamos indo rápido demais, ou que seus amigos poderiam chegar de repente, ou que era perigoso para meu carro lá fora, qualquer coisa. Pensei até que ele iria confessar que tinha um namorado. Porém, o que ele realmente disse foi a última coisa que esperei.

— É que eu gosto de assistir filme quando está chovendo, eu tenho um muito legal aqui, vou te mostrar!

E foi pegar o dvd, empolgado com algo tão banal. Ou será que até mesmo assistir um filme repetido era melhor do que ficar comigo?

Ajeitei-me no sofá e fiquei calado, vendo-o ligar o aparelho de dvd e pôr o filme. Mas eu não queria assistir nada, talvez assisti-lo tirando a roupa, peça por peça, mas isso com certeza não envolvia a televisão. Não era possível ele não ter percebido. Será que fui muito subjetivo quando me convidei para entrar? Será que apenas eu estava apaixonado? Será que ele não sentia nada mesmo por mim? Pois, era o que parecia.

Perdi a paciência e o peguei pela cintura, puxando-o e o fazendo cair sobre o sofá. Virei seu rosto com certa brutalidade, que havia evitado usar até agora e ataquei seus lábios num beijo faminto. Talvez ele gostasse de uma pegada mais forte e teve uma impressão errada de que eu fosse mais calmo, então eu estava lá para mostrar a ele quem eu sou.

Beijando sua boca, fui descendo com a mão pelo seu corpo e não hesitei em metê-la em seu glúteo, o apalpando forte enquanto a outra mão puxava sua nuca num beijo sedento. Senti-lo indefeso em meus braços era o que eu realmente gostava e almejei poder provar desde que fomos tomar aquele café juntos, no dia em que nos conhecemos.

Quando o ar faltou em seus pulmões, ele desviou o rosto do meu e eu desci beijando seu pescoço, sua nuca, seu queixo, retomando seus lábios. Tirei rapidamente o blazer, que me atrapalhava a mover os braços, algo crescia dentro de mim, como um fogo, uma euforia, uma vontade louca de fazer sexo com ele ali mesmo no sofá.

Entretanto, eu não contei com a masculinidade de Heitor, que me segurou forte pelos braços e me impediu de chegar perto novamente. Seus olhos profundos encararam os meus numa expressão que nunca esperei ver em seu rosto doce de menino inocente. Estava espantado em me ver ir com tanta sede ao pote.

— Nossa, Rapha… Calma! — Soltou um riso sem graça, se levantando do sofá e ajeitando a roupa. — Eu hein...

— O que foi, bebê? Senta aqui! — Chamei, pegando sua mão, que agora era relutante à minha

— Sei lá, você ficou estranho de repente... — Coçou o braço num gesto tímido, sem jeito. — Olha, eu pus um filme pra gente assistir juntos...

Olhei para a tv, onde passava aquele filme “O diabo veste Prada”, o qual tentei três vezes assistir mas tive sono e desisti. Voltei-me para Heitor, que me encarava com certa preocupação. Ele não era como Spencer, não havia gostado de ser tocado daquela maneira tão bruta, devia estar me achando um tarado louco descontrolado. Suspirei e respondi com sinceridade.

— Eu não quero assistir filme nenhum, Heitor!

— Tudo bem, a gente não assiste! — Compreendeu, desligando a televisão. — Me diz, o que você espera que a gente faça?

Perguntou, não na inocência, mas numa forma de me fazer confessar quais eram meus planos para aquela noite chuvosa de sexta-feira.

— Olha... Na verdade, eu pensei que você já tivesse entendido o que eu queria desde o começo! — Levantei do sofá e me aproximei dele, sendo seguido atentamente por seus olhos desconfiados. — Heitor, eu gosto muito de você! Não percebe?

— Que bom, eu fico feliz que você goste de mim, eu também gosto de você! — Segurou minhas mãos delicadamente.

— Então?

— Mas nem tudo precisa acontecer tão de repente! A gente está se conhecendo, hoje é que nos beijamos pela primeira vez!

— Sim, e foi maravilhoso, não foi? — Tentei convencê-lo de qualquer maneira.

— Sim! Mas vamos com calma... — Suspirei desanimado, dando-lhe um beijo rápido. — Rapha, eu não quero que tudo aconteça num piscar de olhos, nem que eu seja seu prazer só de uma noite, entendeu?

— Ué, mas eu não ia desaparecer! Por que “só por uma noite”?! — Não adiantava querer dobrá-lo, ele não era bobo.

— Eu saquei qual era a sua desde o momento em que me perguntou o que eu faria nas férias, no elevador! — Riu da minha cara de safado. — Um homem bonito como você, espera conseguir o que quiser só pagando um jantar, o que provavelmente tem dado certo! Mas não pense que eu vou cair na sua lábia, eu conheço seu tipo!

— Opa, aí você está generalizando! — Ele sorriu, revirando os olhos.

— Vai dizer que o jantar foi por acaso?

Não, na verdade foi só um pretexto para o ter comigo a noite toda. Uma pena eu ter usado tal tática com uma pessoa tão esperta. Ele pegou meu blazer e me entregou, com um leve sorriso nos lábios, de quem ainda tem carinho por mim, mas está decidido a não ceder.

— Desculpa, Heitor! Eu... Acho que me precipitei! — Reconheci, chateado. Ele assentiu.

— Acho melhor você ir pra sua casa, já está tarde e você deve estar cansado, assim como eu!

Enxotado mais uma vez, fui caminhando até a porta, a qual ele abriu gentilmente e eu saí. Antes de descer as escadas, olhei envergonhado para ele, que mantinha aquela mesma expressão amigável.

— Espero que não tenha ficado chateado comigo... Não quero que pense que eu sou um cafajeste qualquer! — Implorei aos céus para não ter estragado tudo. Mas ele negou com a cabeça.

— Eu não irei pensar isso, fique tranquilo! — Apoiou a cabeça na porta, de um jeito meigo. — Boa noite, Rapha!

— Até mais, Heitor!

Desci as escadas e ele fechou a porta.

Devo dizer que estava me sentindo envergonhado. Pela primeira vez alguém se negava a avançar as coisas comigo e o motivo me deixava ainda mais intrigado. Mas eu já devia ter imaginado, uma pessoa tão especial como ele não seria tão fácil de conquistar quanto pensei. Digamos que era um nível diferente dos padrões que eu era acostumado. Não que ele fosse melhor que ninguém, apenas se impôs de forma inusitada e eu achei isso o máximo. Sim, eu estava contrariado, mas não desanimado. Pelo contrário, agora estava mais apaixonado ainda por ele.

Argh, mais uma vez estraguei tudo com esse meu machismo inútil.



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