Combinei com Heitor de ir até sua casa na sexta-feira, sendo que ainda era terça e o advogado iria cobrar a porcaria do café a semana inteira. Não dava para esperar tudo isso. Mas para a minha sorte, Dr. Eduardo avisou logo de manhã que teria um compromisso às quatorze e provavelmente não voltaria para o escritório aquela tarde.
Eu, cão sem dono, sabia me virar sozinho e dessa vez, arranjei um jeito de fazer as coisas darem certo. Assim que o chefe se despediu, dei um tempo para que ele se afastasse do prédio, então fui ao banheiro, troquei a camisa social por uma que deixava meus músculos bem desenhados. Ajeitei os cabelos, os curtos fios de barba que começavam a crescer, após uma semana da barbeação, e segui para o apartamento de Heitor.
Não sei por que, mas eu cismei com esse garoto e não ia sossegar enquanto não o tivesse em meus braços.
Tudo estava silencioso naquele prédio, era uma tarde pacata no bairro. Bati na porta algumas vezes, até ver a sombra dos pés se aproximando. Ele provavelmente me olhava pelo olho mágico e eu torci para encontrá-lo sozinho em casa.
— Oi, Rapha! — Cumprimentou surpreso, ao finalmente abrir a porta, com o gato ranzinza nos braços.
— Heitorzinho! — Sorri animado em vê-lo. — Atrapalho?
Perguntei por ter a leve impressão de que o arranquei de um sono. Ele usava roupas que nunca imaginei vê-lo usando, pelo visto, em seu guarda-roupas não tinha só peças sociais e aparentemente caras, mas também blusão de moletom e calças jeans escuras. Mesmo de meia e chinelo, conseguia estar bonito.
— Imagina, de forma alguma! Entra! — Sempre muito educado, deu-me passagem e fechou a porta atrás de mim. — Ahm… Pensei que tivesse combinado com você de vir sexta!
É, mas eu pedi “amanhã” e “amanhã”, consequentemente, é hoje. Por isso eu vim.
— Ah, sim! Mas acontece que sexta eu tenho outro compromisso e não dá pra desmarcar… Além disso, eu não posso ficar a semana inteira dando café frio pro doutor, sabe como é, né? — Pensei que enrolei, mas pela cara ele sabia muito bem perceber uma mentira no ar.
O sorriso em seu rosto era quase uma gargalhada de deboche, o que me fez sentir um pouco de vergonha, mas não ia voltar atrás. Poxa, me diga, por que ele tinha que ser tão esperto? Por que não podia simplesmente cair na minha lábia e se deitar comigo? Tudo seria muito mais fácil.
— Sei como é… E como sabia que eu estava em casa? — Desconfiou, ainda com um leve sorriso.
— Adivinhei! — Dei de ombros, com minha inevitável safadeza no olhar.
— Entendi! Então, vamos pra cozinha, Sr. Adivinho? — Brincou e foi caminhando, largando o bichano que passou correndo por cima do meu pé, direto para o sofá. — Pode deixar sua mochila ali no sofá...
O segui até o espaço atrás da mureta que separava a cozinha da sala, parei ao lado da geladeira e o assisti se abaixar de forma estratégica para pegar a caneca de alumínio no armário de panelas. De cócoras, o blusão enroscou no cós das calças e me permitiu ver aquele bumbum bem empinado no jeans, ainda que as roupas fossem tão despretensiosas, suas curvas ficavam bem visíveis naquela posição.
Logo imaginei-o testando a força das pernas num tipo de agachamento, não direi qual.
Levantou-se com a caneca na mão e caminhou até a pia, ajeitando o blusão de forma que cobrisse um bumbum tão bonito, entendo que talvez a intenção não fosse mostrar. Entregou-me o recipiente e indicou que eu colocasse embaixo da torneira.
— Primeiro você põe a água. — Abriu a torneira, enchendo até a metade. — Como é só para ele, não precisa pôr muita água, talvez um copo já seja o suficiente! Lembre-se que à tarde, você tem que fazer outro, porque fica com gosto ruim!
— Certo!
Ligou o fogo e eu pus a água para ferver, ele todo prestativo em me ensinar, como foi quando me treinou no trabalho. Ensinou-me a dosar a quantidade de pó no coador, depois o açúcar, e o café já estava pronto, muito simples e prático. Na mesa já posta, perguntei onde estavam todos.
— Sarah está fazendo hora extra no trabalho, só volta às oito! — Tomou um gole do café, meio sério. — Jonathan não dá notícias desde o almoço de domingo. Ele disse que só ia acompanhar o Felipe e já voltava… Até agora!
Ou seja, com um pouco de sorte, eu teria a tarde toda com ele, até a hora de ir para a faculdade. Ele entrava na aula às dezenove e agora eram quinze, eu tinha pouco tempo para agir, então precisava ser rápido e esperto.
Não, calma… Meu, ele está preocupado com um amigo e eu estou aqui, pensando em transar. Como sou egoísta.
— Ele tá pegando esse menino aí, o Felipe? — Perguntei casualmente, Heitor pensou um pouco.
— Diz ele que não, mas não sei, né?
— Ah, ele deve ter ficado na casa do Felipe… — Imaginei o mais provável de acontecer.
— Você acha que eu devo me preocupar? — Pediu minha opinião, mexendo no celular, provavelmente em busca de alguma mensagem do amigo.
Aliás, desde que me atendeu, notei certa chateação em seu olhar, talvez mágoa. Parecia incomodado com algo e eu descobriria o que era.
— Não, ele sabe se virar! — Tranquilizei-o, mesmo não tendo certeza de nada. — Você tem algum filme legal aí pra gente ver?
— Que não seja “O diabo veste Prada”? Tenho! — Zombou e eu ri.
Dessa vez, a escolha foi melhor, “O segredo de Brokeback Mountain”. Eu já havia visto uma vez, mas fiz-me de inocente para ver o que ele estava querendo com aquela sugestão. Apagou as luzes, fechou a cortina para manter a sala escura e sentou-se ao meu lado no sofá, com a tigela de pipoca nas mãos.
Pouco daquela pipoca eu aguentei comer, estava começando a me sentir tenso perto dele. Nunca fui tímido nem tive problemas com ansiedade, porém, com toda essa dificuldade que estava tendo em finalmente chegar ao meu objetivo, qualquer contato mais próximo com meu “crush” era motivo de tensão. Digo, não sei bem se era isso que me deixava apreensivo, ou era simplesmente por estar perto dele e me sentir cada vez mais envolvido, mais apaixonado.
É como eu disse, Heitor era diferente de mim e de tudo o que eu estava habituado. Ele não dependia em nada de mim, não tinha pressa, não era mandão nem ciumento, não omitia suas verdades nem tinha medo de ser sincero, me deixava mais livre do que eu costumava ser e assim se mostrava superior, de certa forma.
Não dominá-lo completamente me deixava assustado.
Estava disposto a fugir dali antes que eu começasse a expor meu lado sentimental e parecer um idiota, mas quando pensei em me levantar, ele deitou a cabeça no meu ombro e se aconchegou em mim como se eu fosse o travesseiro mais macio do mundo. Droga.
— Esse filme está me dando um soninho... — Resmungou meigo, e eu não sabia o que fazer com tanto contato repentino.
A cena de sexo entrou. Aqueles dois homens gostosos, se pegando selvagemente, o ativo dominando. Se eu sofresse com rosácea, estaria todo vermelho agora, e ele que tinha o costume de corar as bochechas, assistia ao filme com total naturalidade. Devia ser muito mais experiente que eu, era meses mais velho, mas sempre lidou com a sexualidade de forma diferente a minha.
Não aguentei, apenas segurei seu rosto e beijei sua boca com todo o desejo que tinha guardado em mim. Minha mão livre foi parar em sua cintura, as dele, envolveram meu pescoço apaixonadamente, retribuindo ao carinho da mesma forma. Quando soltei do beijo e juntei minhas forças para abrir os olhos, vi seu sorriso angelical enfeitando o rosto, o que me deu partida para repetir.
Meu coração batia tão acelerado que até me assustava, sua língua ia e vinha conduzindo a minha num ritmo próprio. Às vezes fazendo leves sucções no meu lábio, as vezes dando mordiscadas, parecia querer provocar meu lado selvagem e de fato conseguia.
Subi com as mãos por baixo de seu moletom, tocando uma barriga quentinha coberta por uma fina camada de pelos lisos e macios, agarrei seus quadris e o puxei para mais perto, sentindo-o suspirar mais forte contra meu rosto. Suas mãos, que passeavam pelas minhas costas, subiram para a nuca e ali me tocaram suavemente, mas de forma certeira em me deixar todo arrepiado.
Senti que a pressão de seus lábios contra os meus foi diminuindo, ele estava se levantando devagar e me puxava pelas mãos a segui-lo. Fui caminhando e o beijando, passamos pelo corredor, entramos por uma das portas, eu sem entender nada, até ele cair sentado sobre a cama comigo em sua frente. Estávamos em seu quarto, de porta fechada.
Com as duas mãos, começou a abrir minhas calças, calmo, mas decidido. Ajudei-o a puxar a peça junto da cueca, me despindo até os joelhos e libertando minha ereção, bem próxima de seu rosto. Senti meu sangue se espalhar energicamente pelo meu corpo todo quando uma de suas mãos desceu pelo caminho de pelos da minha barriga à pélvis, tomando meu membro firmemente em suas mãos e o massageando devagar.
Seus olhos subiram pesadamente até os meus e, com aquele olhar, ele pedia permissão para me dar prazer. Minha glande não estava tão longe de seus lábios, assim não demorou muito para estrar entre eles, a língua se fazendo presente em leves beijos que faziam meu membro pulsar forte de desejo. Seus olhos estavam presos aos meus quando ele me abocanhou com gosto, depois se fecharam para manter a concentração em me deixar quase fora de mim, querendo o rasgar ao meio.
Passei a mão por sua nuca e o acompanhei nos movimentos que fazia com a cabeça, puxando-o cada vez para mais perto. Heitor me chupava como se eu fosse um delicioso sorvete de creme, respirava pesado, os olhos fechados, o cenho franzido numa expressão de enorme satisfação que me fazia pensar que, talvez, ele também me quisesse desde o começo. Ou apenas viu e gostou na hora.
Com pressa, arranquei sua roupa de cima e ele voltou a lamber meu órgão, querendo se prolongar naquela carícia, mas eu já estava quase subindo pelas paredes e não suportaria esperar mais. Então, o empurrei pelos ombros e o joguei sobre a cama, submisso, ele caiu de braços acima da cabeça, o peito alvo subindo e descendo rápido numa respiração ofegante, vulnerável às minhas vontades.
Agora eu podia conhecer seu íntimo, encontrei uma tatuagem nas costelas, uma sereia nadando, os cabelos em movimento dentro d’água ocultavam seus seios e rosto, uma figura mística e sensual. Na parte de trás do braço, um pouco antes do cotovelo, uma balança simples. Nas costas, um dente-de-leão soltando suas pétalas ao vento. Mais tarde, eu perguntaria os significados, pois agora eu tinha algo melhor a fazer.
Já que finalmente tinha a chance, eu daria o meu máximo para levá-lo à loucura.
Devagar, ajoelhei-me sobre o colchão entre suas pernas e elas logo se enroscaram ao redor da minha cintura, nossos olhares ligados, ambos inundados de desejo um pelo outro. Fui beijando aquela pele macia e perfumada com seu cheiro natural e suave, o cheiro que me fez cair naquela paixão tentadora por si. Subi pelo peito, marcando o pescoço com chupões, mordiscando a orelha até encontrar seus lábios novamente. Ali, nos perdíamos em beijos cheios de volúpia, tirando as roupas um do outro.
Peguei minha carteira no bolso das calças e a soltei sobre a cama, voltando a beijá-lo. Era quase impossível me manter longe daquela boca. Enquanto pegava a camisinha na carteira, ele não parava de me encher de beijos pelo peito, pescoço, queixo, não hesitava em demonstrar o quanto meu físico o atraía. Imagina como estava meu ego uma hora dessas...
Vesti o preservativo e voltei a beijar seu corpo todo, abocanhei os mamilos e me demorei um pouco neles, seu membro dava sinais de que estava gostando muito, porém os lábios só permitiam que arfadas fossem ouvidas e nada mais.
Levantei-me nos joelhos, agarrei seus quadris e o rolei com certa brutalidade, deixando-o de bruços e aquele bumbum só faltou me pedir para entrar, dando uma leve rebolada como se estivesse se ajeitando na cama para me receber.
Lubrifiquei o quanto pude, beijei, mordi, apertei aqueles glúteos até não aguentar mais. Bastava de esperar, enfim meu momento havia chegado. Com seu corpo em chamas, entre as minhas pernas, brinquei com meu membro ao redor de sua entrada e fui penetrando devagar até me sentir todo dentro de si.
E quão maravilhosa era a sensação apertada e quente de suas entranhas me envolvendo. Eu mal queria mexer, com receio de perder aquela sensação que devia ser a melhor que eu poderia sentir naquela tarde, mas estava enganado. Melhor mesmo ficou quando, lentamente, comecei a mover os quadris, saindo quase que por completo e voltando totalmente para dentro.
Eu mal ouvia o que se passava no ambiente, tudo em minha mente se resumia àquele calor insaciável e prazeroso que era transar com meu colega de trabalho. Quando voltei à realidade, notei que somente eu soltava gemidos e falava sacanagem naquele quarto, Heitor exprimia apenas suspiros e isso quase me deixou intrigado.
Tudo bem, eu sabia fazer mais do que isso. Puxei sua perna e a dobrei, aumentando a fluência da penetração. Assim ficou ainda melhor, céus. Acelerei os movimentos, sua mão deslizava pela coxa como se me mostrasse que tipo de carinho queria que eu fizesse e não o privei disso, apalpando aquela coxa grossa e peluda, não resistindo em estapear aquele grande bumbum até deixa-lo avermelhado, o que não era difícil pois sua pele marcava muito fácil.
Seus suspiros e arfadas denotavam estar sentindo algo, mas não o prazer que eu sentia e queria lhe devolver na mesma proporção. Talvez o rosto mostrasse algo mais, porém estava enfiado contra o travesseiro e eu não podia vê-lo. Resolvi mudar isso.
Virei seu corpo de frente para mim, encaixando-me entre suas pernas e voltando a penetrar enquanto o beijava com fome. A adrenalina corria pelas minhas veias, eu queria mais, queria vê-lo gemer meu nome, deixá-lo louco a ponto de largar palavras sujas daquela boca tão limpinha. Era assim que eu me sentia homem, assim que me sentia realmente vivo.
Minhas estocadas agora eram cada vez mais intensas, eu sentia meu membro tocar seu corpo de forma tão profunda e macia, ao mesmo tempo que suas contrações tentavam me impedir de entrar, o que tornava tudo ainda mais gostoso. Seu membro, quase tão bem agraciado quanto o meu, pulsava liberando seu mel em minha mão que o masturbava lascivamente. Agora sim, podia ver o prazer retorcendo seu rosto, os olhos revirando na tentativa de se manterem abertos, o lábio preso violentamente entre os dentes, quase não contendo os gritos que a garganta pulsava de vontade de liberar, mas tinha de se contentar com míseros gemidos contidos. Aquela visão me divertia.
Apoiei suas pernas em meus ombros, ficando livre para entrar e sair como quisesse. Quando estava quase pegando a maior velocidade, diminui para um ritmo lento, saindo até quase romper o contato, ameaçando realmente o fazer e o vi balançar a cabeça como se me implorasse para não parar agora. As mãos, que antes agarravam o lençol, seguraram rapidamente as minhas coxas, as apertando em agonia. Entrei de uma vez e ele não suportou mais disfarçar, largando finalmente um gemido alto e cheio de prazer. Sorri em tesão e o vi perder aquele semblante endurecido de deleite e reluta e sorrir, de forma tão safada que mal lhe cabia na face.
Aquele Heitor sob mim nem se parecia com o que me atendeu com total simpatia e inocência em minha primeira visita ao escritório Teller, no entanto, sua calma me impedia de usar minha típica violência, apesar de estarmos tomados pelo tesão. Se eu ia com mais força, ele tocava discretamente minha barriga e eu entendia aquilo como um alerta de que estava sendo mais incômodo do que prazeroso, e melhorava sem que perdêssemos o foco.
Cansado, porém não satisfeito, deixei que suas pernas envolvessem minha cintura e deitei-me sobre seu corpo, ele tomou meus lábios num beijo faminto. Meus quadris eram arremetidos com o nível perfeito de força e precisão, causando tanto gozo quanto eu podia esperar. Entretanto, diferente do que eu conhecia como prazer, Heitor se calou por um instante, fechou os olhos e agarrou-me pelos glúteos me induzindo a ir mais fundo, espremeu os lábios e jogou a cabeça para trás em entrega ao mais puro orgasmo. Sem gritos, sem incomodar os vizinhos, apenas soltando gemidos aliviados e relaxando completamente os músculos.
Atingi meu ápice logo em seguida, lotando a camisinha após tanto tempo de espera. Olhei-o nos olhos, ambos recuperando o ar, ele sorria relaxado para mim, que o beijei e abracei. De tão cansado, acabei pegando no sono.
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