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História Nowhere - Anestesia 137


Escrita por: ginanaWDT e park_isa_BR

Notas do Autor


Achei que essa fic tinha sido um flop total (e na verdade ela foi um pouco kkkkk), mas como eu tenho uma leitora que gostou muito da fanfic, pensei que seria injusto se eu não trouxesse a história até o fim. Essa é pra você Selina <3

Capítulo 3 - Anestesia 137


Eu não estava muito afim de beber, até mesmo porque eu já tinha bebido algumas taças de champanhe no casamento de Genevieve e estava bem "alegrinha". Mas quando Cassy chegou com um líquido roxo fluorescente, o medo daquilo me dar um braço a mais por conta da radiação foi maior do que o de ficar bêbada.

- Para de frescura! Ele é uma delícia. Receita própria. - Cassy deu um gole e depois fez uma careta por conta do álcool. - E não é você quem diz que não se pode julgar um livro pela capa?

Hesitei antes de pegar o copo estendido em minha direção, mas quem eu queria enganar? Eu precisava de algo que me fizesse alegre, coisa que Rick não vinha fazendo há muito tempo. Bebi meio copo de uma vez, dane-se o sabor, eu só precisava ficar louca.

Depois do quarto copo minha visão estava um pouco embaçada. Com certeza aquela bebida era feita com Césio 137. Por outro lado, meu corpo inteiro se sentia bem. Era como se eu estivesse anestesiada, nada no mundo poderia me atingir a partir de agora. Eu era livre, como nunca tinha sido antes. De repente os padrões da sociedade não importavam, porque eu não me importava se estava sendo aceita ou não. Parando para pensar, por que antes eu me importava mesmo? Aquelas pessoas nem se importam comigo, elas me traem na primeira oportunidade que tem. Elas apenas fingem ser pessoas boas, justamente por causa dessa convenção social, as pessoas não são assim de verdade.

- Pensei que tinha chamado uma gata para dançar e não um filósofo idoso.

- O que? - Foi como se eu despertasse. Antes eu estava no balcão com Cassy, virando um copo atrás do outro, e de repente eu estou no meio da pista de dança com um homem desconhecido. - Você ouviu o que eu falei?

- Ouvi. - Essa única palavra bastou para que eu gargalhasse, por alguma razão eu tinha achado toda aquela situação extremamente engraçada. Mas acho que o homem desconhecido não pensou o mesmo, já que eu o vi se afastar e ir atrás de uma nova garota para ele ficar em cima como um abutre na carniça.

Espera... Enquanto Cassy? Onde ela estava?

Fui em direção ao balcão, mas ela não estava lá. Tentei procurar na pista de dança, mas aquele lugar estava tão lotado que não conseguia nem andar direito, e digamos que Cassy seja uma garota bem espaçosa e que goste de se movimentar, ainda mais quando seu intuito é dançar. Eu já estava perdendo as esperanças quando a vi

- Cassy! Eu estava procurando você.

- Ah, oi doçura! Como foi com o David?

- Quem é David?

- O cara que te chamou para dançar. Não vai me dizer que...

- Cassy, o que você me fez tomar? Parece até que eu tive um apagão.

- Pensei que fosse isso o que você queria, apagar as memórias.

-Não era como se eu quisesse apagar as memórias, queria apenas me esquecer dos problemas. Não dar em cima de um cara que eu nunca vi e depois simplesmente me esquecer disso.

- Ei, doçura... - Cassy segurou meus braços delicadamente. - Estamos aqui para nos divertirmos, tá legal? Beijar seres desconhecidos faz parte da aventura.

Cassy sorriu, convencida de que era uma espécie de novo guru por conta de seus conselhos brilhantes, quando na verdade... Eu meio que já sabia disso. Sabia disso quando aceitei vir para esse lugar, e sabia disso quando liguei para Cassy. Eu não só sabia, como queria isso.

- Então será que podemos apenas nos desligar da realidade e se jogar na noite? - Cassy jogou a cabeça para trás, gritando, ao mesmo tempo que a música eletrônica aumentou o volume e todos os corpos dos jovens inconsequentes que estavam ao nosso redor pularam querendo ter o máximo de adrenalina possível em suas veias.

De repente, tive uma vontade gritante de fazer a mesma coisa.

Queria que meus problemas fossem chacoalhados e energizados até o limite, para que pudessem ser despejados pelo chão da boate. Desaparecendo paulatinamente da minha cabeça. Da minha vida... pelo menos por uma noite.

Aos poucos meu objetivo era alcançado. Fui perdendo a racionalidade e me enturmei ao meio de todas as pessoas se esfregando e dançando.

Dois homens na minha frente beijavam-se fervorosamente, suas mãos passeavam por cada canto de seus corpos. Mais ao lado, vi três pessoas na mesma situação e senti uma necessidade enorme de, quem sabe, me juntar a eles. Quero esquecer o Rick por essa noite. Não quero que ele ouse dar um passo nos meus pensamentos.

Não sei há quanto tempo eu estava dançando, mas foi tempo o suficiente para eu perder a Cassy de vista. De novo.

Tentei me esquecer da minha amiga por um momento, até porque ela era uma adulta e não precisava de alguém cuidando dela o tempo inteiro. Porém, não demorou muito para que minhas pernas começassem a fraquejar e que minha boca ficasse seca. Precisava de água ou daquelas bebidas alucinantes da Cassy, quaisquer que fossem. Mas para isso precisaria encontrá-la.

Me desvencilhei do mar de corpos, tentando focar o máximo que conseguisse na procura da minha amiga e suas habilidades de barman, mas ela foi mais rápida do que eu nesse quesito.

- Ai, doçura, eu estava te procurando! Você tem que me contar os segredos desse seu poder de evaporar. - Ela estava rindo descontroladamente. Cassy estava definitivamente mais bêbada do que eu.

- Eu vim te procurar porque preciso dessas suas bebidas de Chernobyl de novo. Pulei tanto que acho que estou ficando sóbria.

Mais uma risada escandalosa.

- O que seria de você sem mim, hein? - Sem me deixar responder, pela terceira vez na noite, ela me puxou pelo braço em direção ao bar. Porém não conseguimos terminar nosso trajeto.

Senti uma estranha sensação de refrescância na região nos meus seios. Era úmido, gelado e grudento, como se... Ah não, alguém derrubou bebidas em mim. Meu pior pesadelo em festas estava se realizando diante dos meus olhos, sem que eu pudesse evitar.

Levantei meu olhos pela mulhara de músculos à minha frente, pronta para falar todas as repugnâncias que viessem em minha mente, contudo travei assim que encontrei os olhos castanhos amadeirados fixados em mim com certo desespero e preocupação.

- Meu Deus, moça. Sinto muito. Onde é que eu estava com a cabeça? Sou um monstro desastrado.

- É... Sem problemas, eu... Eu... Fui eu quem... Não foi nada... - Dou um sorriso sem graça. Queria parecer confiante, mas tudo o que fiz foi parecer uma adolescente bobinha.

O homem desconhecido enfim olhou nos meus olhos e foi como se milhões de borboletas flutuassem no meu estômago. Respiro fundo tentando falar uma frase sem gaguejar.

- Eu quis dizer para você não se preocupar com isso, nesse calor seca em segundos.

O sujeito sorri e... Como ele é lindo! Sem querer ser exagerada, mas por um momento pensei que sairiam fleches de luz daqueles dentes perfeitamente brancos e alinhados. Com essa arcada dentária, ele seria o sonho de qualquer dentista.

- Tive uma ideia brilhante, garotas. - Pela primeira vez no nosso encontro desastroso, o homem de sorriso perfeito olhou para Cassy, que observava o momento com um olhar apaixonado. Com razão, qualquer mulher em plena consciência cairia de amor por aquele homem maravilhoso. - Meu amigo está dando uma festa na área V.I.P.. O que acham de irem como minhas convidas?

Hesitei. Não me sentia confortável para uma festa privada nesse momento. Ainda mais quando o convite veio de um desconhecido.

Antes mesmo que pudesse negar o convite, Cassy se sobrepõe a mim:

- Mas é claro que aceitamos. Como negar um convite feito por um homem como você? Impossível. - O desconhecido pareceu ficar meio envergonhado, porém logo se recompôs e nos orientou para uma sala.

Passamos por dois brutamontes vestidos de smoking preto e com óculos escuros. Estava me sentindo dentro de um filme. Quais eram as chances de aquilo acontecer na vida real?

E então assim que adentrei aquela porta, luzes piscaram, aromas invadiram as minhas narinas, pessoas que ostentavam só pelos acessórios que usavam, tudo pareceu se voltar para mim. Senti que nada seria o mesmo daqui em diante. Nada.



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