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História Num dia de Primavera... - POV'S


Escrita por: Kooki_ie

Capítulo 8 - POV'S


Fanfic / Fanfiction Num dia de Primavera... - POV'S

--------------------Katherine--------------------

– Mãe! - falou chegando mais perto, talvez para me dar um abraço, desviei. – Aconteceu alguma coisa?

Ela me olhava com uma interrogação no rosto, como se não tivesse se passado nada de importante hoje, como se ela não soubesse.

– Sente, precisamos realmente conversar.

– Ahm... tá bom. - então se sentou na beira da cama.

– Não precisa mais fingir que não sabe.

– Que não sei o quê? - franziu a testa.

– O acidente, a causa do acidente.

– Sei sim, o detetive Ji Soo disse que foi por conta de um animal.

– Você acha mesmo que foi isso!?

– Porquê não? A senhora acha que foi sabotagem?

– S/N! Pelo amor de Deus!

– Então...

– Foi você! Foi você que causou tudo isso! - interrompi.

– Mãe! A culpa não foi minha! Eu não arranjei a droga da festa!

– Tem razão, tem toda razão. A preparação da festa não foi sua culpa.

– Então... - interrompi.

– Mas se você não tivesse nascido não precisaríamos fazer essa festa!

– Mãe!

– Não me chame de mãe nunca mais! Eu não queria ter tido você como filha!

– Deveria ter pensado nisso antes de ter engravidado de mim no Colégio!

Sem pensar me aproximei dela, e dei um tapa no seu rosto. Ela nunca tinha me respondido assim, não sabia o que fazer e essa foi a primeira coisa que me veio na cabeça. Ela colocou a mão no rosto, onde estava a marca vermelha, depois olhou pra mim.

– Não é só você que não queria que isso não tivesse acontecido, também não é só você que acha que 'eu' é quem deveria ter ido, não eles. Também penso assim.

Ela se levantou e saiu do quarto, olhei pelo corredor e a vi entrar no quarto do Max batendo a porta. Não podia fazer nada, era ela, ela é a culpada e não eu, ela quem os matou, e eu nunca a perdoarei por isso.

-------------------------Yoongi-------------------------

Não vi a S/N o dia inteiro, já era quase 15:00h e nenhum sinal dela, mas também, ela tinha me ligado mais cedo e eu não atendi, não queria falar com ela, talvez tivesse ficado com raiva. Mas agora eu queria vê-la, sou idiota ou o quê?

Pensei em passar na casa dela pra conversar ou até ir pra algum lugar, mas ela devia estar ocupada arrumando a casa. Aaa, S/N, por que você me deixa assim?

Tinha alguns trabalhos do Colégio pra entregar amanhã mas não estava a fim de fazer nenhum, então resolvi jogar um pouco. Coloquei os fones de ouvido e fui para a garagem tirar a sexta de basquete, jogar me acalmava.

Depois de um tempo jogando, já exausto, decidi ligar pra S/N. Já estava escuro, talvez ela estivesse livre agora.

– Al-ô? - ela soluçava, parecia estar chorando, muito.

– S/N aconteceu alguma coisa? Você está bem? Onde você está? Tô indo na sua casa agora me espera aí! - enfiei o celular de volta no bolso e corri para o carro.

O que será que tinha acontecido? Será que ela tinha se machucado ou algo assim? Ou eu estava criando tempestade num copo d'água?

Cheguei lá o mais rápido que pude, estacionei o carro e bati na porta, despois de um tempo a S/N abre. Ela estava com o rosto inchado, os olhos vermelhos, parecia cansada. Não soube ao certo o que fazer, então fiz a primeira coisa que me ocorreu. Puxei-a para perto e lhe dei um abraço, ela retribuiu, enrolando os braços em volta do meu pescoço. Parecia que não iria me soltar, continuo com um braço em volta da sua cintura e com o outro fecho a porta. Por fim ela me solta e vamos até o sofá, ela volta a chorar.

– O que aconteceu? Por que você está assim? - coloco uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.

– O pa-pai e o M-ax morre-ram. - ela gaguejava.

– Hã? Como assim morreram? Como isso aconteceu?

– On-tem, eles tive-ram um aci-dente de carro enqua-nto esta-vam vin-do para a fes-ta. - ela volta a chorar ainda mais.

– Por favor não chore, odeio te ver assim. - tento acalmá-la.

– Co-mo posso não cho-rar se foi tudo minha cul-pa? Se não fosse esse meu aniversário estúpido eles nunca teriam morrido. EU ME DOEIO YOONGI! É TUDO CULPA MINHA! EU QUERO MORRER! - ela começou a gritar enquanto chorava, estava com ódio, ódio de si mesma.

– EI, OLHA PRA MIM! - segurei seu rosto com as duas mãos – NUNCA MAIS DIGA ISSO DE NOVO, VOCÊ ME ENTENDEU? - concordou com a cabeça, soltei seu rosto – Nada disso é culpa sua, isso acontece, é normal as pessoas que cuidam de nós partirem, eu sei bem o que é isso, você me ajudou a não desistir também, e por favor não diga que se odeia, você não sabe o quanto me dói quando você fala isso, quando você fala isso eu perco a vontade de viver, eu não me imagino em um mundo que você não esteja, então por favor, fique comigo. - lágrimas escorriam pelo seu rosto, mas ela parecia mais calma, lhe deu outro abraço, só então percebi que ela estava molhada.

– Porque está tão molhada? Isso não foram lágrimas certo? - ela não responde, apenas me abraça de novo e eu retribuo – Vem, você precisa de um banho. - me afasto e estendo a mão, ela aceita.

Fomos até o andar de cima, para o seu quarto, ela pegou uma roupa e entrou hesitante no banheiro.

– Eu vou te esperar aqui na porta, ok? (*porta do quarto, não do banheiro)

Por fim ela entra. Fico ali parado em meio ao silêncio. Ela estava sozinha antes?, Por que ela estava molhada? - essas eram as únicas perguntas que me vinham na cabeça. Então, a S/N abre a porta e sai do banheiro.

– Onde está sua mãe?

– Ela deve estar no quarto dela. - ela prende o cabelo.

– Você tem certeza que ela está aqui? - estava muito calmo pra ter mais alguém na casa – Você já deveria ter ido procurar ela.

– Não se preocupe eu vou procurar ela. - ela passa por mim e vai para o corredor.

Ela para em frente em uma porta e bate algumas vezes, mas não é correspondida, fico ao seu lado, ela abre a porta mas não tem ninguém, não tem nada.

– Onde será que ela está S/N? - ela não respondeu, apenas ficou ali parada – S/N?

– Ela não voltou...

– O quê?

– A mamãe ainda não chegou, ela ainda não voltou pra casa.

– Tem alguma ideia de onde ela possa estar? - ela parecia preocupada.

– Não, não tenho a menor ideia.

– Liga pra saber onde ela tá.

– Isso... onde eu deixei meu celular?

– Acho que no quarto, deixa que eu pego.

– Tá.

Corri para o quarto a procura do celular, estava jogado na cama, peguei-o e percebi que tinha um casaco na cadeira da penteadeira, parecia ser do time de futebol do Colégio, mas onde a S/N tinha conseguido um? Até onde eu sei ela não é nem uma das líderes de torcida. Me aproximei para pegá-lo, mas a S/N estava me chamando no andar de baixo.

– Yoongi!? Encontrou o celular!? Porquê tá demorando tanto!?

– Encontrei! Já vou descer!

Corri escada a baixo, e lá estava ela, batucando com os dedos no balcão da cozinha, parecia estar pensando em alguma coisa, ou em alguém.

– Aqui está, toma.

– Obrigada.

Ela abriu a tela e discou o número uma, duas, três vezes, mas ninguém atendia, eu percebi a preocupação aumentar cada vez mais no seu rosto.

Ela não parava quieta, começou a circular pela sala, roendo as unhas enquanto contornava a poltrona, encarando o nada e depois o chão, perdida nos seus pensamentos. Detestava vê-la assim, precisava fazê-la pensar em outra coisa.

– Você vai fazer um buraco no chão. - me aproximei.

– Ela não me atende Yoongi, e se tiver acontecido alguma coisa com ela também? - cruzou os braços e parou de repente na minha frente, como se a ideia tivesse acabado de passar pela sua cabeça.

– Ninguém tem tanta má sorte assim S/N, ela está bem. - tentei acalmá-la, foi em vão.

– E porque ela não me atende? Eu não vejo ela desde que eu saí da delegacia hoje cedo! - voltou a circular a poltrona.

– Ei, ela tá bem. - coloquei as mãos nos seus ombros, fazendo-a parar de andar.

– É só que... - seu corpo relaxou e vi seus olhos lacrimejarem.

– Ei, não fica assim. - lhe abracei – Não gosto de te ver chorando, eu fico sem saber o que fazer. - enxuguei suas lágrimas e beijei o alto da sua cabeça, então uma ideia me ocorreu – Talvez o celular esteja descarregado.

– Assim como o seu hoje de manhã? - disse se afastando.

– É... - não podia dizer que não atendi porquê não quis, ela iria me matar.

– Ou o seu telefone fixo? - cruzou os braços.

– Eu tava ocupado tá legal?

– E não pôde retornar?

– Eu não tava com cabeça pra falar com ninguém, tá bom?

– Você nunca tem cabeça pra nada. - disse se afastando.

– Vai me dar sermão agora? Eu sou o mais velho aqui sabia!? - levantei uma sobrancelha e ela sorriu descruzando os braços.

– Eu tô brincando.

– Mas a final de contas, porque você me ligou?

– Não sei direito, talvez uma companhia ou uma carona.

– Humm, e com quem foi que você pegou uma carona?

– Hã... ninguém em especial. - era mentira, ela hesitava em falar quando mentia, mas não liguei pra isso, deveria ter um motivo pra ela não querer me contar.

– E esse "alguém" tem a ver com o fato de você estar toda molhada mais cedo?

– E pra quê você quer saber? - se afastou um pouco mais.

– Então a resposta é "sim".

– Não - virou-se pra mim, – eu entrei em baixo do chuveiro quando cheguei.

– Com roupa? - acho que essa foi uma das piores desculpas que ela já me disse na vida.

– Sim, eu precisava me molhar, então você me ligou e eu não tive tempo de me trocar. - se aproximou de novo.

– Humm, vou fingir que acredito. - cruzei os braços e corei o rosto, fingindo raiva.

– Ah, qual é? - me empurrou – Não acredita em mim? - sorri, é claro que eu não acreditava.

– Eu só...

Fui interrompido pela batida da porta da frente, a S/N se sobressaltou de susto, era a Sra. Henry, a mãe da S/N. Ela olhou pra S/N com um olhar frio, parecia com raiva, ódio. Jogou a bolsa no sofá e passou reto por nós em direção a escada sem falar nada.

– Mãe onde...

– NÃO!

– O quê?

– Não fale comigo!

– Mas eu...

– Eu já disse pra se calar S/N! - jogou um olhar frio pra S/N E depois voltou a subir as escadas. Eu não sabia o que fazer, nunca tinha visto a Sra. Henry daquele jeito, e minha voz saiu involuntariamente.

– Uau. - ela se virou pra mim, tão confusa quanto eu – A sua mãe deve ter tido um dia difícil hoje.

– Acho que sim, vou tentar falar com ela.

– Bom, então... é... acho que eu vou indo. - disse já indo até a porta, eu é que não iria ficar pra ver, imagina se tem uma briga, o que eu ia fazer?

– E vai me deixar falar com ela sozinha?

– A mãe é sua, não minha.

– Yoongi!

– É brincadeira, mas acho que eu não posso ajudar muito nisso.

– É... você tem razão..

– Qualquer coisa me liga, tá? - coloquei a mão em seu ombro – Dessa vez eu atendo, certeza. - sorri.

– Tá. - abri a porta e sai.

Entrei no carro, a Sra. Henry estacionou atrás de mim, por mais um pouco o carro dela teria encostado no meu. Fiquei um tempo dentro do carro pensando se a S/N estaria bem, e se fiz a coisa certa em deixá-la sozinha. Ah qual é Yoongi!? É a mãe dela, não é como se fosse aquele carinha do bar, o Hoseok. Ela ficará bem. Liguei o carro e dei a partida, sai rápido dali, mas a S/N continuava na minha cabeça.

...

Cheguei em casa, tomei um banho e vesti o meu pijama (uma blusa branca e um short), estava mais cansado do que quando terminei de jogar mais cedo. Sentei no sofá e encarei a tela da televisão, talvez a notícia do acidente tivesse passado quando eu estava jogando. Eu sabia como a S/N estava se sentindo, eu só não sabia como ajuda-la. Mas de uma coisa eu tinha certeza, que eu iria fazer qualquer coisa por ela.

Pensei em o que poderia fazê-la se sentir melhor, mas nada vinha na minha cabeça. Fui na cozinha pegar um pouco de uísque, talvez me ajudasse a pensa, mas, foi em vão; não tanto em vão porque tive uma desculpa pra beber, mas mesmo assim não consegui pensar em nada.

Amanhã seria o funeral e a S/N estaria cansada, acabada. Possivelmente sem cabeça pra nada e pra ninguém. Mas mesmo que ela não quisesse eu vou estar lá, vou ficar do lado dela, vou dar minhas forças, vou dar o melhor de mim.

Antes que eu percebesse tinha bebido quase toda a garrafa, fui pro quarto, se continuasse assim ficaria com uma puta ressaca amanhã e não poderia ajudar a S/N.

...

Acordei com dor de cabeça, olhei no celular, havia uma mensagem do Jimin que dizia "cuide da S/N enquanto eu não chego, vou me atrasar, não a deixe sozinha, ou eu vou tirar satisfações com você" e logo depois "funeral às 16:00h". Não sabia se ele estava brincando, ele não falava comigo, mas ele com certeza não iria brincar com isso mas, como ele já sabia?

Minha cabeça dava pontadas, mas precisava me apressar, já eram quase 15:00h e eu ainda tinha que me arrumar antes de ir pra lá.

Enquanto tomava banho eu pensava na S/N. Deixei ela sozinha ontem, e a mãe dela não parecia bem. Será que elas iriam juntas ao funeral? Decidi passar na casa dela antes de ir, talvez precisasse de ajuda, de novo.

...

Cheguei na casa da S/N às 15:43h, estacionei o carro e saí. Estava tudo calmo, as janelas e as portas estavam fechadas, como se ninguém estivesse em casa. Mesmo assim me aproximei da porta da frente e, quando pensei em tocar a campainha meu celular começa a tocar, era a S/N.

– Yoongi...?

– Eu mesmo. - me encostei no capô do carro pra falar com ela.

– Eu preciso de...

– Ajuda?

– Sim, eu não tenho como...

– Ir ao funeral?

– Sim, eu... Peraí! Como sabe o que eu ia falar? - sorri comigo mesmo.

–Eu sou um gênio lembra?

– Ata.

–Vai querer a carona ou não?

– Como sabe que eu ia pedir pra você me levar?

– Imaginei que isso pudesse acontecer, já que sua mãe anda tão ocupada, é por isso que eu tô aqui do lado de fora da sua casa.

– Ah, eu...

– Vem logo que eu tô derretendo aqui fora. - olhei para a janela do andar de cima, onde eu achava que pudesse ser o seu quarto, e lá estava ela, também olhando pra mim.

– Tá, tá bom, já tô saindo. - desliguei.

Coloquei o celular no bolso e cruzei os braços à sua espera. Ela sumiu depressa da janela, parecia apressada, ou talvez, eu a tivesse deixado apressada. Saiu e trancou a porta, caminhava em minha direção escondendo o rosto, desviando o olhar quando percebia que eu a encarava, olhando para os próprios pés ou arrumando o cabelo que não estava nem um pouco bagunçado. S/N, ela é tão fofa assim, mesmo toda de preto.

– O que foi? - perguntou parando do meu lado.

– Nada. - abri a porta de passageiros para ela antes que eu percebesse, como um ato involuntário do meu corpo.

– Então estava me encarando por nada? - ela é insistente nesse tipo de coisa, tenho que admitir.

– É que você tá muito linda. - fechei sua porta e contornei o carro, imaginando que ela já estivesse corada, de novo, e quando entrei no carro ela escondeu o rosto virando para janela, eu tinha acertado.

– Você fica corada com tudo. - sorri enquanto ligava o carro, ela não deve ter percebido, ainda bem.

– Não tô acostumada com você me elogiando. - era verdade, por mais que eu quisesse falar com ela, a maioria das vezes, eu não conseguia, não conseguia olhar pra ela e dizer como ela é maravilhosa, mas eu precisava mudar esse cenário se quisesse me aproximar, se eu quisesse que ela sentisse o mesmo que eu sinto por ela.

– Então deveria se acostumar, porque foi verdade. - olhei pelo espelho retrovisor quando dei a partida, ela estava tentando esconder o rosto, parecia envergonhada mas, estava sorrindo, isso me deixou feliz.

...

Ela não falou nada durante um tempo, talvez não soubesse o que falar ou apenas não queria. Ela parecia triste, o rosto impassível mas, ainda sim triste, como eu, e isso me doía, não gostava de vê-la assim.

– Como você tá? - perguntei quando paramos no sinal, ela pareceu não entender – Quero dizer, com isso tudo.

– Acho que bem. - forçou um sorriso.

– Acha?

– Eu não sei... em um momento eles estavam aqui e no outro não estavam mais, eu só não sei. - ela gaguejava e gesticulava de um jeito bobo, não sabia o que estava passando pela sua cabeça, seus pensamentos estavam bagunçados, como os meus.

– Tudo bem, você me ajudou a superar isso naquele dia, agora é a minha vez. Eu vou estar aqui pra o que você precisar, tá bom? - ela precisava saber que, em qualquer momento, poderia contar comigo.

– Você é demais sabia? - sorriu com o canto dos lábios, fiz o mesmo.

– É, eu sei. - o sinal abriu.

...

Não demoramos muito pra chegar lá. Apesar de ainda ser cedo já haviam muitas pessoas no local. A S/N apertou forte minha mão antes de começar a andar, eu apenas a segui sem falar nada, não tinha o que dizer. Então quando ela os vê começa a chorar de novo, instantaneamente eu lhe dou um abraço apertado, que ela retribui me apertando ainda mais.

– Vai ficar tudo bem S/N. - sussurro no seu ouvido tentando acalmá-la.

Ela me solta e vai até eles, fico observando-a beijar delicadamente seus rostos, como se eles estivessem dormindo e ela não os quisesse acordar. Depois ela simplesmente se afasta e começa a caminhar, percebi que queria ficar sozinha e eu não a culpava por isso, mas, em uma fração de segundos a perdi de vista. Onde ela estava?

...

Depois de procurar por entre as pessoas a encontro um pouco distante, e quando penso em me aproximar, o Jimin aparece. Eles conversam por um tempo antes dele começar a falar no celular e a S/N ficar sozinha. Que ironia, achei que ele tinha dito pra não deixá-la sozinha. Mas, ela estava um pouco longe e essa era minha chance de tirá-la dali, com certeza ela precisava sair dali.

– Você tá bem? - parei na sua frente.

– Não totalmente bem, mas, melhor. Preciso tomar um ar. - sorri comigo mesmo.

– Vem comigo. - segurei sua mão para guiá-la, tinha encontrado o lugar perfeito pra descansar enquanto a estava procurando.

Nos sentamos em algumas cadeiras distribuídas embaixo de uma grande árvore, o sol estava indo embora e o céu escurecia, uma brisa morna soprava em nossos rostos.

Olhei para a S/N que estava encostada na cadeira de olhos fechados, parecia estar dormindo, eu precisava ir ao banheiro (a bebida estava fazendo efeito agora) mas não queria acordá-la. Puxei delicadamente minha mão debaixo da sua para não despertá-la, mas instantaneamente ela abriu os olhos.

– Onde você vai? - falou assustada quando segurou me braço – Não vai embora ainda, por favor.

– Eu só vou ao banheiro.

– Ahhh, vou com você. - ela se levanta depressa e acabo pensando errado, ela percebe – Até a porta Yoongi. - ela balança a cabeça meio envergonhada, isso me fez sorrir.

Ela segurou minha mão e andamos a procura do banheiro. A cerimônia já tinha acabado e muitas pessoas já tinham ido embora, então não foi difícil chegar até o outro lado do espaço. Depois de um tempo percorrendo os corredores, finalmente encontramos o banheiro, mais um pouco e não dava tempo.

– Vou te esperar aqui. - disse se escorando na parede ao lado da porta.

– Tá bom, não vou demorar. - abri a porta e entrei.

...

Fechei o zíper da calça e lavei as mãos, não tinha mais ninguém no banheiro além de mim, e possivelmente a S/N também estava sozinha no corredor. Fechei a torneira e sequei as mãos, quando estava prestes a sair ouço vozes abafadas do outro lado da porta, parecia uma discussão.

"Nem tente mentir pra mim garota!"

"O que foi que eu fiz?"

Pareciam ser a Lauren e a S/N e, quando pensei em sair para parar com aquela palhaçada, um assunto me fez parar.

"Você dormiu com meu namorado noite retrasada!"

Hesitei com a mão na fechadura, refleti um pouco, pensando se tinha escutado direito. Então me lembrei do casaco do time de futebol, não era da S/N, mas do Jimin, ele sim era do time de futebol, isso explicava o porque de estar lá, ele deve ter esquecido.

"E pra completar, passou o dia com ele ontem na praia!"

Ontem na praia? Então era por isso que ela estava molhada. Era por isso que ela não queria me contar, ela sabia que eu ficaria com raiva. Ela tinha me ligado antes, se eu tivesse atendido ela teria passado o dia 'comigo'. Uma raiva tomou conta de mim, mas eu não sabia se era raiva da S/N, do Jimin ou de mim mesmo. Saio dos meus pensamentos e escuto alguém caminhando pelo corredor, deduzi que seria a Lauren, então abri a porta, a S/N estava se levantando do chão.

– Oxi.

– Ah! Você foi rápido! - forçou um sorriso enquanto ajeitava a bolsa.

– É, eu disse que seria rápido... - fechei a porta.

– Ah! Foi mesmo.

– Tá tudo bem? - me aproximei.

– Oi?

– Aconteceu alguma coisa? Você tá estranha, ao menos, mais que o normal.

– Não, não aconteceu nada. Porque acha que aconteceu alguma coisa? - ela estava mentindo, de novo.

– Certeza? - a encarei e ela pareceu envergonhada.

– Tenho Yoongi.

– Tá bom então.

...

– Tem certeza que é nessa rua? - perguntei já impaciente, fazia uns 20 minutos que estávamos no carro rodando pelas ruas.

– Tenho. - respondeu firme.

– Você disse isso 3 vezes depois que passamos pela mesma rua.

– Dessa vez é de certeza. - tudo estava escuro, não conseguia vê-la, apenas escutava sua voz.

– Tá mas, afinal de contas, onde você tá me levando? - pergunta que eu me fazia desde que saímos do funeral.

– Nós vamos na... Aqui! Para! - estacionei de vez em uma vaga, quase batendo no carro da frente.

– Uma sorveteria? - examinei o local pela janela do vidro fazendo uma careta.

– Sim, eu preciso de sorvete.

– A noite?

– Nunca é tarde pra um sorvete. - saímos do carro.

Assim que entramos viramos o centro das atenções, claro que sim, éramos os únicos de preto. Não era novidade pra mim, mas a S/N parecia meio envergonhada. Era impressão minha ou ela se envergonhava com tudo?

– Sempre passo por isso. Agora vai pegar uma mesa antes que não sobre nenhuma, eu vou comprar os sorvetes.

– Tá bem.

Ela sumiu por entre as mesas e cadeiras, e eu fui para a fila. Porque uma sorveteria? Haviam tantos lugares pra sair à noite, mas ela deveria ter um motivo, ela sempre tinha um motivo.

Chegou minha vez, pedi dois sorvetes grandes, do primeiro sabor que eu vi, minha cabeça ainda doía e eu não estava afim de demorar pra escolher um sabor.

Procurei a S/N, ela estava na última mesa da sorveteria, sozinha, longe das outras pessoas, escrevendo alguma coisa no vidro. Sentei do seu lado lhe entregando o sorvete.

– Como você sabia?

– Como eu sabia o quê?

– Que esse é o meu sabor preferido.

– Não sabia.

– Você lê mesmo minha mente não é?

– Eu faço o que posso.

– Então o que eu estou pensando agora gênio?

– Não sei, mas sei que você não queria que o coração estivesse partido

– Oi?

– O coração. É o seu coração não é?

– Bom... - me inclinei em sua direção e desenhei a outra metade no vidro.

– Pronto. - ela olhou o vidro – A outra metade é o meu.

– O quê?

– Meu coração está pela metade desde aquele dia, o seu também ficou assim agora. Eu vou estar aqui, cuidando de você, nós vamos completar um ao outro. - ela sorriu.

– Só você mesmo, Min Yoongi, pra me fazer sentir boba.

– Tá aí uma coisa. Você não é nada boba, a não ser pelo sorvete no seu rosto. - dou uma colherada enquanto ela olha o seu reflexo no vidro.

– Mas eu não tô com sorvete no rosto.

– Não? Deixa eu corrigir isso. - peguei um pouco de sorvete e passei no seu nariz.

– Yoongi! - protestou surpresa.

– Agora você parece boba, mas de um jeito lindo. - falei enquanto ela se limpava.

...

Chegamos na casa da S/N às 20:30h, estacionei o carro na entrada mas, não saímos, apenas ficamos ali no escuro. Um silêncio percorreu o espaço, era bom, infelizmente a minha cabeça ainda doía, mais então me lembrei que hoje é segunda, e que não fomos ao Colégio.

– Isso é incrível.

– O quê? - me virei para olhá-la.

– A senhorita certinha, a S/N, faltou o Colégio hoje.

– Ah! Você também faltou. - falou meio indignada.

– É, mas eu não sou novidade. - sorrimos.

Ficamos um tempo ali, olhando um para o outro sem falar nada, apenas encarando seus olhos no escuro.

– Yoongi.

– Eu.

– Yoongi eu... - ela hesitou.

Observei seu rosto iluminado pela luz fraca da entrada, ela é linda, coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da orelha, senti uma vontade grande de beijá-la de novo, mas não era a ocasião certa, então me contive.

– Tudo bem, não diga nada, apenas entre e descanse, você teve um longo dia hoje. - apesar de dizer isso eu não queria que ela saísse, não queria ficar sozinho. – Te vejo amanhã?

– Te vejo amanhã. - ela sorriu e saiu.

Fiquei observando-a entrar em casa, só então liguei o carro e saí, iria pra casa.

...

Joguei o terno no cesto de roupas sujas e entrei no banheiro, encarei meu reflexo por um tempo no espelho. Já não sabia se a dor de cabeça era por conta da bebida (já que eu sempre bebo e não é comum me dar dor de cabeça) ou se era por conta da S/N. Por mais que eu tentasse, não conseguia tirá-la da cabeça. Como alguém conseguia me fazer derreter só com uma expressão facial? Como ela conseguia me deixar assim? Decidi que apesar de ser doloroso era isso o que eu queria, era a S/N. Eu iria lutar por ela, iria fazer qualquer coisa para tê-la, porque me dei conta de uma coisa que antes não tinha certeza. Eu a amo.



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