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História Numbers - jikook - Capítulo dois


Escrita por: Sakuyira

Notas do Autor


Desculpa a demora, estava muito ocupada. Boa leitura!

Ps: para quem ficou em dúvida de como Jimin ficou com a marca e os olhos cor-de-rosa, aí está.

Capítulo 3 - Capítulo dois


Fanfic / Fanfiction Numbers - jikook - Capítulo dois

Jimin estava desesperado, prestes a ter uma crise de pânico pelo que havia acabado de acontecer. Tinha mesmo matado uma pessoa de modo tão... horrendo? Mas como? O que era aquilo? Aquela sensação... aquele sentimento poderoso, o calor intenso que corria por suas veias junto do sangue rapidamente bombeado por seu coração.

A taquicardia a mil, a respiração irregular. A marca ainda estava lá, seus olhos ainda brilhavam na escuridão de uma noite que parecia nunca ter fim. Não para Jimin, que acabara de cometer um crime sem sequer saber como.

Então, seguindo um instinto natural de sobrevivência, ele correu. Correu para longe daquele cadáver e daquela rua, correu para casa, no conforto de seu solitário lar, o único lugar no mundo que se sentia protegido, sem saber que sua amada segurança não passava de uma ilusão, uma piada de mal gosto, amarga.

E, no entanto, sequer teve a oportunidade de chegar lá, pois uma repentina onda de cansaço e dor atravessou sua cabeça em sintomas semelhantes à náuseas. Seus passos se tornaram mais pesados e cansativos, e infelizmente teve de parar a corrida para apoiar as mãos nos joelhos, enquanto soltava lufadas pesadas de ar.

Sua visão ficou turva outra vez e se tornou apenas um borrão, não conseguia distinguir uma casa da outra e foi então que deu-se conta de que estava perdido. Perdido, sozinho e com dor. Sem rumo, apenas desejando se sentar encolhido em um canto e chorar em meio a toda aquela confusão, uma confusão da qual não procurou, que não queria, jamais.

A pressão caindo, as pernas fraquejando e o corpo desfalecendo. Não soube explicar exatamente o que aconteceu, Jimin simplesmente foi ao chão, com os últimos resquícios de consciência se esvaindo até enfim apagar.

Poucas horas mais tarde, em um sono profundo e miserável de sonhos, Jimin foi acordado por uma forte queimação no pulso, como se alguém estivesse pressionando um ferro quente contra sua derme, a ponto de causar uma dor agonizante. Por pouco não gritou, aquela terrível sensação passou segundos depois de seu despertar.

Abrindo os olhos, atônito, tomado por uma letargia incomum, ele notou que ainda era noite. Devia ser madrugada, as noites em Marte costumavam ser longas.

Se levantou aos poucos, sentindo-se completamente dolorido por ter desmaiado e dormido por um tempo no chão duro e nada confortável. Ao menos ninguém deve ter passado por ali durante esse período, temia ser atacado novamente, e desta vez estaria indefeso e vulnerável.

Perdido.

Olhou a sua volta, retomando de fato sua consciência e, com ela, as memórias do recente acontecimento. O peso que sentiu ao perceber de fato que era um assassino, que matou alguém, que tirou uma vida deste mundo.

A culpa era sempre um sentimento desprezível, doloroso, pesava no fundo da sua subconsciência e, quando você menos espera, ela está lá novamente para perturbá-lo. Mesmo que, teoricamente, tenha agido em legítima defesa, isso não diminuía a gravidade do incidente.

Homicídio era um crime imperdoável, como explicaria aos homens da lei que não tinha feito aquilo de propósito? Como acreditariam nele se, a única testemunha presente durante o acidente, queria abusar dele? Iria ser condenado...

Sua vida acabou naquele momento, não havia mais nada que pudesse ser feito.

Quis mais do que nunca chorar.

— Não, não, não — balançou a cabeça várias vezes em negação. — Eu não quis fazer aquilo...

A primeira lágrima escorreu lentamente por sua bochecha, enquanto buscava forças para afastar as lembranças do corpo morto diante de si. Jimin nunca faria aquilo propositalmente, matar alguém era um crime imperdoável não somente para as autoridades, como também para si próprio.

Quando enfim caiu na realidade e moveu-se em direção à sua humilde residência, sentiu um ardor na região do pulso, o mesmo de antes, que o obrigou a despertar. Só então deu-se conta da estranha marca em sua derme, parecia até uma tatuagem, uma que, sem dúvidas, não se lembrava de ter feito antes.

Era um número, em romano, XII.

Suspirou. Ao que tudo indica, aquelas bizarrices não iriam parar por ali. Sequer sabia dizer ao certo o que aquele número poderia significar, ainda mais marcado em sua pele. Não era nenhum estúpido e tinha suas próprias suposições, mas no momento, sua cabeça estava cheia demais para pensar nisto e nas consequências que poderia gerar.

Fechou os olhos por um momento, engolindo todas as dores e incômodos, afogando-os no fundo de sua mente, feito um barco perdido em um oceano vasto, inexplorado e escuro. Caminhou pela calçada de concreto, completamente solitário, como este mesmo barco, desamparado e sem rumo. Por sorte, não estava tão distante de sua casa e conseguiu chegar logo.

Passou pela porta de entrada e, da porta, seguiu direto para seu quarto. Não perdeu tempo desperdiçando água em um banho que provavelmente duraria horas, e somente permitiu-se jogar-se em sua cama revestida por alguns colchonetes e um lençol branco simples.

Devido a exaustão tanto física quanto mental, pegar no sono foi fácil e rápido.

[...]

As batidas firmes na porta ecoou por todos os cômodos de sua casa, assim como puxou-lhe de repente para longe do mundo dos sonhos. Seu despertar, desta vez, não doeu, mas suas feridas ainda não estavam completamente cicatrizadas. Sabe-se lá quanto tempo levaria para superar todo o ocorrido traumático e não pensar mais nele.

Saiu de sua cama meio zonzo e caminhou até seu banheiro, onde penteou os fios rosados e reluzentes, escovou os dentes e lavou a cara para diminuir o inchaço de sono. Sua roupa era a mesma de ontem, e chegou a cogitar vestir outra coisa antes de ir atender a porta, isso se a pessoa que o aguardava não tivesse depositado mais algumas batidas sobre ela.

Decidiu não testar a paciência de quem quer que fosse e saiu de seu quarto, passando pelo curto corredor que antecede a porta para finalmente abri-la, se deparando com alguém que não gostaria de ver tão cedo. Era uma oficial, uma mulher da lei.

— Bom dia! — saudou Jimin, sorrindo simpático, e sentindo um medo genuíno de ser pego em sua atuação e teatro improvisado. Suas feições nem tremiam de tanta tensão.

— Uh, na verdade, são duas da tarde agora— diz a mulher uniformizada, fazendo-o engolir a seco. — Então, boa tarde, senhor Park.

— Boa tarde — se corrigiu, mesmo sem mais necessidade.

— Eu poderia tomar um pouco do seu tempo? — sua pergunta soou mais como uma ordem e, sendo ela uma autoridade, era melhor não desobedecer. — Sou a oficial Leena Cartier, é um prazer conhecê-lo.

— Sim, claro — respondeu. Estava ferrado, estava muito, muito ferrado.

Não teve nem tempo para digerir toda aquela situação e já teria de lidar com as leis rigorosas de Nova; poderia ter todos os argumentos de defesa do mundo, e ainda assim era quase certo qual seria o seu destino. Odiava muito tudo isso, e odiava ainda mais o fato de querer tanto viver, quase desesperadamente, como um instinto antes adormecido.

— O Governador deseja vê-lo o mais rápido possível, é de suma importância que me acompanhe até o arranha-céu principal — a estranha gentileza usada ao dizer aquelas palavras, fez Jimin sentir um aperto em seu âmago.

— Oh sim — aceitou, tentando disfarçar seu nervosismo. — Bem, neste caso, é melhor irmos agora mesmo.

O Governador queria vê-lo. A porra do Governador de Marte. Não estava só ferrado, estava morto, afundado na merda, sem nenhuma saída.

A oficial acenou com a cabeça após receber sua resposta e pediu silenciosamente que Jimin a seguisse até a nave mediana estacionada frente a sua residência. Ah, ele nunca havia visto uma de perto. Podia vê-las de longe, sobrevoando os prédios principais, que era privado à alta sociedade, cientistas e membros do conselho da união marciana.

A tecnologia havia alcançado outro patamar após deixarem a Terra. Quem diria que em pleno 2047 eles já teriam veículos voadores, movidos pela energia magnética gerada pelos propulsores onde, anteriormente, teria sido rodas? Parecia coisa de filme.

— Você parece impressionado — ouviu a voz feminina ao seu lado, a mulher também parecia apreciar aquela belezura de máquina. — Não te julgo, é um dos modelos mais recentes. Bonito, não?

Ela não sorriu, mas Jimin pôde ver uma leve curvatura sobre seus lábios. Sentiu-se até mais confortável com a presença feminina, parecia ser mais gentil do que sua imaginação fértil foi capaz de formular sobre os oficiais da lei. Esperava que o Governador fosse amigável também.

Embora estivesse mais a vontade com a mulher, assim que entrou na nave, só faltou ter um colapso nervoso e vomitar a pouca porção de comida que havia em seu estômago. Seu medo parecia mais palpável agora, chegava a ser pavoroso até para si mesmo.

A oficial moveu agilmente seus dedos contra o painel de controle, ligando a aeronave e ajustando os propulsores magnéticos, fazendo-a dar um breve solavanco que pegou Jimin desprevenido e quase o jogou contra a janela frontal.

— Opa, desculpa. Deveria ter avisado sobre isso — ela deu uma risadinha, ainda mexendo no painel, concluindo os últimos ajustes antes de agarrar a espécime de volante e manobrar o veículo.

Conforme a velocidade crescia, a altura aumentava. Agora, eles sobrevoavam os "céus" de Nova. Usar tal termo era um pouco irônico, tendo em mente que, presos dentro daquela cúpula, era impossível estar literalmente nos céus.

Mas o que realmente estava matando o rosado neste momento, era sua curiosidade. Por que diabos o Governador queria conversar com ele? Era algum ritual esquisito antes de ser condenado à morte? Ou seria jogado do alto daquele arranha-céu?

O que o deixava mais curioso ainda, era o motivo de tamanha cortesia, sendo que jurou que seria condenado, a não ser que o assunto não fosse exatamente este. Quem sabe venha a ganhar alguma promoção para começar a trabalhar no centro? Seria ótimo receber mais do que a miséria com a qual estava familiarizado, só teria menos tempo de visitar as crianças do orfanato.

Aos poucos, foram aproximando-se dos grandes prédios e do arranha-céu principal. Ele era conhecido deste modo por ser o mais alto dentre todos os outros e também o mais restringido; a entrada daquele prédio era permitido somente aos membros do conselho, oficiais e os tão famigerados Numbers.

Estranhou o fato da entrada do prédio ser no alto, julgou ser ali entre o quinto ou sexto andar, onde havia uma grande abertura para a circulação de outras naves de diferentes modelos e estruturas. Foi lá onde a oficial entrou com ele e estacionou sua aeronave, desligando-a e permitindo sua saída.

A mulher o chamou e o acompanhou até um elevador privado, esquivando-se de oficiais curiosos demais para desviar o olhar de Jimin e suas madeixas púrpuras durante o percurso.

— Idiotas... — resmungou, entrando na caixa de metal junto do Park e apertando o botão do andar desejado, fazendo-a se mover prédio acima.

Parecia uma eternidade para subir ou, ao menos para Jimin e todo o seu nervosismo, curiosidade, medo e dúvidas. Quando as portas enfim se abriram e pôde ver o grande escritório do Governador de Marte, questionou-se mentalmente se ainda não dava tempo de se jogar por alguma janela.

— Senhor, Park está aqui — a mulher da lei anunciou sua chegada.

Jimin olhou discretamente os arredores da sala, atentando-se nos detalhes mais minuciosos; só ali dentro tinha mais tecnologia e luxo do que pensou que veria em toda sua vida, impressionante o modo como, mesmo depois de trocar de planeta, as diferenças absurdas entre as classes sociais permaneciam as mesmas. E não deixou de reparar na poltrona próxima a parede envidraçada, composta de grandes janelas, ou no corpo que descansava sobre ela.

— Obrigado Oficial Cartier, pode voltar aos seus devidos afazeres — agradeceu e ordenou.

— Certo — se reverenciou, mesmo sabendo que o homem se quer a via e voltou para o elevador.

Um silêncio matador tomou posse do ambiente, o único barulho presente era da música clássica tocada ao fundo, por uma vitrola vintage. Como diabos ele conseguiu uma preciosidade daquelas? Não fazia a mínima ideia. Felizmente, aquela tortura não perpetuou por muito mais tempo, e o poderoso homem levantou-se de seu lugar e andou em direção ao menor, cortando o espaço entre eles.

— Park Jimin... quem diria, uh — sorriu com escárnio, parando frente ao rosado. — Achou mesmo que não ficaria sabendo daquilo? — Jimin sabia que não, mas no fundo desejou que sim, e que continuasse vivendo sua vida normalmente. — Ora, pobrezinho. Nesse lugar eu sou quase um deus, pensei que fosse óbvio.

— Uh? Daquilo o quê? — tentou muito não transparecer sua tensão e temor, porém, nada parecia funcionar na presença daquele poderoso homem.

— Não se faça de ingênuo — riu. — Eu definitivamente não me importo com a morte daquele homem, era apenas uma escória, não merecia viver — passou a mão pelos cabelos louros e encaracolados, dando de ombros. — Mas, sabe, estou curioso. Pensei que já soubesse quem... melhor, o que você é.

— O que eu sou..? Como assim? — questionou confuso, piscando os olhos diversas vezes.

—Você é um original da Terra, Jimin — diz, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Um sobrevivente, um mutante, um mistério científico. Você é um Number.


Notas Finais


Até a próxima! Vou tentar não demorar desta vez.


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