História Nunca mais serei a mesma - Chewie

Hailee POV

 

Procurei pela Camila em todos os cantos possíveis e nada de encontrar, perguntei para as meninas e também não tinham visto ela em nenhum lugar. Fui pro banheiro e liguei pra ela, como sou burra igual uma tábua, esqueci que o celular dela está dentro da minha bolsa, menos mal, pelo menos sei que ela não foi embora sem se despedir da gente.

 

— Olá Henrique, não é? — perguntei pro garoto do bar e assentiu — Viu a Camila passar por aqui?

— Sim senhorita, ela passou umas instruções pra gente e foi lá pra cima no karaokê — ele respondeu me oferecendo um sorriso simpático

 

Subi até o camarote e parei na porta do karaoke, estava encostada e coloquei apenas parte da minha cabeça pra dentro. Camila parecia tão concentrada conversando com um poster da Britney Spears.

"Me sinto tão agradecida por você me contar parte da sua história, te acho incrivel. Mas como pode estar tudo desabando lá fora e estarmos aqui dentro conversando sobre as nossas vidas?" parou e começou a sacudir a cabeça "Só não te acho tão misteriosa quando a outra ali" seu dedo apontou para um quadro da Monalisa que estava em outra parede "Ela é caladona, mas também entendi sobre a vida dela... é claro"

Dei algumas batidas na porta e ela se virou pra mim assustada.

 

— Camila? — chamei seu nome e ela colocou uma das mãos no peito

— CÉUS! De onde me conhece? Eles já chegaram? — sorriu — Como se chama?

— Hailee Caribe Steinfeld — estendi a mão e ela apertou — Está tendo uma festa lá fora, tá afim de ir?

 

Percebi as pupilas dela mais que dilatadas, não sabia como lidar, mas não vou deixar ela trancada aqui em cima.

 

— Preciso de algo pra me refrescar, minha boca está seca — respondeu — No entanto, estou no meio de uma viagem.

 

Depois de muito tentar, consegui trazer ela para a parte de baixo e peguei algumas garrafas de água. Não sei se é impressão minha ou se ela está voltando ao normal.

 

— Minha nave bateu lá fora, aqui é bem estranho — respirou fundo — Parece o fundo do oceano, ao mesmo tempo parece uma galaxia quando vejo as estrelas colidindo com o seu rosto.

— É bom ou ruim? — estava morrendo de curiosidade, também queria um desse, seja lá o que for

— É perfeito, não me sentia viva há anos, minha vida era bem vazia. Seu rosto é bonito, delicado e macio. Você é bem alta, estou em... Pandora? — me encarou confusa

— Acha que sou um avatar? Vejamos, não sou azul

 

Sempre converso com a Mila, mas essa conversa, pelo amor... É a melhor que já tivemos. Ela é uma graça

 

(...)

 

— Gostei desse som, vamos dançar — saímos de perto do bar, indo até a pista de dança

 

Ela já estava quase normal, se bem que nunca achei essa menina normal, é sempre louca.

 

— Aqui está bom? — perguntei e ela assentiu

— Olha só, achou — Verônica falou se aproximando — Ela está bem? — balancei a cabeça positivamente — Mila, essa música é pra você — vero falou puxando ela — Hailee — fez um gesto para eu me abaixar e colocou a boca perto da minha orelha — Camila tá louca de droga e alucinando, chapadíssima, e eu não estou diferente, comprei uma bala só que a minha só serve pra me deixar agitada. Quer uma? — neguei — Então tá, só tenha paciência. Nunca vi ela animada desse jeito, olha que já saímos juntas para algumas festas.

— Hailee Steinfeld, você pode me levar para um lugar? Não é tão longe e como sabe, minha nave quebrou — Camila pediu

— Onde é? — prendi o riso

— Planet Green Eyes — sorriu ao responder e balançou a cabeça como se tentasse afastar algo — Esquece, acabei de descobrir que o planeta foi explorado por outra pessoa.

— Tá bom então — ri da carinha que ela fez

A música da Tove Lo invadia o ambiente e tornava o que qualquer pessoa falasse inaudível. Porém, é uma boa música e as meninas se divertiam bastante dançando.

 

Spend my days locked in a haze
(Gasto os meus dias presa nessa névoa)

Tryin to forget you babe, I fall back down
(Tentando te esquecer,  caio novamente)

Got to stay high all my life to forget I'm missing you
(Tenho que ficar chapada por toda a minha vida pra esquecer que sinto sua falta)

 

Standing in my play pretend
(Mantenho meu jogo de fingimento)

Where the fun ain't got no end
(Aonde diversão não tem fim)

Can't go home alone again
(Não posso ir para casa sozinha novamente)

Need someone to numb the pain
(Preciso de alguém para anestesiar a dor)

Staying in my play pretend
(Mantenho meu jogo de fingimento)

Where the fun ain't got no end
(Aonde diversão não tem fim)

Can't go home alone again
(Não posso ir para casa sozinha novamente)

Need someone to numb the pain
(Preciso de alguém para anestesiar a dor)

 

You're gone and I got to stay high
(Você se foi e eu tenho que ficar chapada)

All the time to keep you off my mind
(O tempo todo para te tirar da minha mente)

High all the time to keep you off my mind
(Chapada o tempo inteiro para te tirar da minha mente)

 

 

Camila POV

 

 

Batidas na porta me fizeram acordar, não tinha nem força para abrir os olhos e minha cabeça latejava. Só piorou a minha situação com as batidas, que mais pareciam marteladas. Ouvi pela terceira vez a mulher gritar "serviço de quarto" e levantei da cama. Minha nossa, vi toda a minha roupa espalhada pelo chão, onde diabos me meti? Catei pelo quarto um roupão e me enrolei nele. Assim que abro a porta, encontro Verônica com uma cara pior que a minha.

 

— Porra, pensei que tinham transado até morrer! — falou jogando uma sacola pra mim com algumas coisas dentro — Tudo necessário para ficar limpinha, tive que ir varrer as redondezas pra consegui achar isso, pelo menos agradeça.

— Valeu, Vero. Pode me dizer quem dormiu comigo? — perguntei e ela olhou para mim como se fosse óbvio — É a Micaela? — negou

 

Empurrei ela pra fora do quarto e saí também, fechando a porta em seguida.

 

— Meu senhor, nem lembro como vim parar aqui. Onde estamos? — já estava ficando nervosa e a Vero pra ajudar, só fazia rir

— Calma, Mila. A gente tá no hotel Boulan que fica mais ou menos uns 10 minutos de distância de onde você mora. — respondeu de forma serena — Vai lá acordar a Hailee e pega leve com ela da próxima vez, eu ouvi tudo e nem estava no mesmo quarto — riu — Pelo menos morreu a história dos 16 dias.

 

Não sei qual é a merda que uso, mas toda vez fico com a Hailee, se bem que ela não se importa e me trata normal. Tomei um banho, vesti minha roupa e chamei Hailee que se levantou e foi direto pro banheiro. O apartamento até que tem uma vista boa pra praia. 
Ainda estou tentando acreditar que já são quase 17hrs, não sei nem desde que horas estou dormindo mas liguei para a Keana avisando que estou viva e passo bem.

 

— Hailz? Desculpa — abaixei a cabeça e ouvi a risada dela

— Fiz porque quis, foi bom, não precisa se desculpar. Segue tudo normal entre nós duas, Mila. A propósito, Lauren te ligou e muito. — falou apontando pro meu celular.

— É, eu vi. O que posso fazer? — ergui uma sobrancelha

— Liga de volta, pode ser importante.

— A menina que passou a manhã transando comigo está sugerindo que eu ligue para minha ex? Que mundo insano — sorri e ela me encarou séria — Droga

— Somos amigas, sei o que é melhor pra você

 

Ligação ON

— O que você quer?

Lauren: Pode vim aqui em casa agora?

— Terminamos, lembra? T E R M I N A M O S!

Ela desabou no choro.

Lauren: Chewie não está bem, ele tá passando muito mal

—  Tá, espera aí na frente. Vou passar na sua casa.

Ligação OFF

 

— O cachorro tá doente, sabe onde tem uma clinica pet 24/7? — perguntei

— Sei, não sei se você lembra, mas vim de carro. Precisa de carona? — assenti — Vou levar logo todo mundo.

 

Fizemos o checkout dos quartos e corremos para o estacionamento. Hailee é lenta pra dirigir e me ofereci, não poderia ficar demorando muito pra ir pra clinica. 

 

 

Cheguei na frente da casa da Lauren e buzinei, como ela não saía, tive que ir até a porta e apertar a campainha impacientemente. Até que ela abriu a porta com o doguinho no colo e aproveitei para pegar ele. O bichinho estava tão fraquinho que nem tinha forças para abanar o rabo.

 

— O que ele tem? — Vero perguntou

— Tá vomitando muito, fica chorando e não quer levantar pra nada — Lauren respondeu com a voz falha

— Ele vai ficar bem, não é Chewie? — acariciei seus pelos enquanto ele chorava

 

Hailee que dirigiu dessa vez, no passageiro estava India e na parte de trás do carro estava Vero, Lauren e eu. A clinica era absurdamente perto, acho que chegamos em menos de 10 minutos, bem menos. Deixei que Lauren entrasse no consultório com o cachorro, afinal ela que sabe o problema que o bichinho está. E parece que foram horas que eles passaram dentro daquela sala, minha curiosidade é enorme, acabei entrando para ver o que tinha acontecido. Nada demais, a dra estava tirando um pouco de sangue para exames e avisou que o problema era intoxicação alimentar, agora iria passar os remédios e um soro. 

Fico imaginando, já estou toda nervosa com um cachorro passando mal, imagina quando Dylan nascer. É bem capaz que eu enlouqueça com idas simples ao hospital. 

 

— Qual o nome dele? — a veterinaria perguntou

— Chewie Jauregui — Lauren respondeu

— É Cabello, Chewie Cabello — me meti

— Jauregui ou Cabello? — talvez a dra estivesse ficando louca — Vou escrever os dois na ficha. Pronto — anotou — Chewie Jauregui Cabello

 

Bufei e saí da sala, não suporto ser contrariada.

 

— Qual o motivo dessa cara emburrada? — Hailee perguntou rindo

— A veterinaria surda, esse é o problema... onde está a Vero? — até olhei ao redor procurando por ela

— Teve que ir, ela tem um encontro daqui a pouco e India também foi embora. Vai demorar aqui?

— Não, ele só vai tomar medicação, coisa de meia hora. Se quiser pode ir embora, te agradeço muito por ter feito esse favor de motorista — fiz carinho na coxa dela

 

(...)

 

Todos os procedimentos já haviam sido feitos, agora poderiamos ir embora pra casa. Espero que Taylor não invente de dar comida de novo pro meu filho ou eu mato ela.

 

— Vou pra casa logo, preciso dormir. Se não for incomodo, você pode deixar o cachorro na casa dele? — perguntei para Hailee

— Sem problemas, não quer voltar comigo? Te deixo lá no apartamento — balancei a cabeça — Certo, vou abastecer e já volto, diz pra Lauren me esperar no estacionamento

— Obrigada pela noite, Hailz — falei no ouvido dela 

 

Ela assentiu e saiu da clinica. Também segui para o lado de fora, o posto de gasolina é do outro lado da rua, fiquei passeando com o cachorro no colo, agora ele já está bem esperto.

 

— Para de me evitar — ouvi Lauren falando

— Ouviu algo, Chewie? Devo estar com muitos problemas na cabeça, pois acho que ouvi — brinquei com o cachorro — Mamãe ainda tá loucona

— Deixa de ser infantil! — continuou falando e ignorei ela

— I have never hear a silence quite so loud — começei a cantarolar passeando com o cachorro — I walk in the room and u don't make a sound, make a sound — parece até que ele entendia — You're good at making me feel small. If it doesn't hurt me, why do I still cry? — ele já está com os olhinhos fechados  — If it didn't kill me, then I'm half alive, half alive —  Ceús, sou boa em fazer cachorro dormir — How did we get so far gone? I should know by now. You should know by now. We should know by now. Something's gotta give, something's gotta break

 

Vi o carro da Hailee se aproximando e fiz um sinal para ela não parar tão perto, ou o Chewie se assustaria com o barulho.

 

— Pegue o cachorro, e vê se cuida direito dele — ordenei entregando de volta para Lauren 

 

Inútil pedir para que ela tomasse cuidado, ele abriu os olhos assim que saiu dos meus braços. Me aproximei da janela do motorista e dei um selinho na Hailz. 

— Tchau Hailee, tchau Chewie. — falei colocando a cabeça pra dentro