19:50
A ruiva andava tranquilamente pelas calçadas escuras daquele bairro, tendo apenas seu rosto iluminado pelas numerosas placas dos clubes ali estabelecidos. Ao se aproximar da boate conhecida, cumprimentou um dos seguranças e teve seu acesso liberado antes dos jovens que esperavam animadamente o rompimento da fita. Não demorou muito para que o dono do lugar aparecesse ao seu lado e segurasse-a pelos cabelos, encostando os lábios nos seus de forma atrevida, eufórica.
— Olá, minha joia! Viu quantas pessoas estão aguardando lá fora? A noite será fantástica! Fico feliz por ter vindo. — Exclamou ao soltá-la, fazendo-a encarar os resquícios de um pó branco em seu nariz, o qual tinha completa certeza de ser cocaína.
— E você já começou a se chapar cedo, hm? Nos vemos mais tarde. — Passou a mão em seu próprio septo, indicando ao homem aquela evidência e caminhando em direção ao bar logo em seguida.
— Uau, se eu não fosse comprometida, adoraria ter uma hora com você. — Hyuna disse em voz alta enquanto secava os copos sobre o balcão, começando a arrumá-los.
— Podemos esquecer essa primeira parte hoje. Onde está a Gayoon? — Tiffany deu-lhe uma piscadela e pegou o copo que ela estava na mão, fazendo a bargirl gargalhar junto com ela.
— Deve chegar daqui a pouco. E então, por que está tão animada hoje? Esses olhos brilhantes são novidades para mim. — Serviu-lhe um pouco de conhaque, vendo-a absorvê-lo em um único gole, pigarreando logo após devido à sensação quente em sua garganta.
— Assim que fecharmos a boate pela manhã, acertarei as contas com Thunder. A partir de amanhã, não trabalharei mais aqui. Tenho outros planos agora. Então, hoje é meu último dia e quero aproveitá-lo ao máximo! — A mulher colocou o objeto de vidro no balcão com firmeza, dando-lhe um sorriso.
— Sentirei saudades, ruivinha. Queria muito fazer o mesmo, porém, ainda preciso pagar muitas contas. Boa sorte. — A funcionária fez um bico, passando a mão em seu rosto a fim de disfarçar a emoção.
— Sairei antes que ambas comecemos a chorar. Te vejo mais tarde, Myeona. — Tiffany deu-lhe as costas e decidiu andar até a entrada da boate, deixando que algumas lágrimas rolassem em seu rosto alvo durante o curto trajeto; sentiria saudades das amizades que fizera ali, contudo, refletiu rapidamente e percebeu que ainda poderia tê-las fora daquele ambiente. Não tratava-se de uma despedida definitiva no fim das contas.
— Ei, Tiffany! Alguém está esperando-a lá fora. Um segurança disse que já acertou o pagamento com Thunder e seu empregador não pode entrar na boate, parece-me ser gente importante. — Um dos rapazes que bloqueava a entrada tocou-lhe os ombros, vendo-a assentir após alguns segundos e acompanha-lo até o outro lado da rua.
— É aquele carro preto, não é? Pois bem, se Thunder perguntar por mim, diga que já voltarei. — Apontou para o veículo, observando um homem de terno sair do mesmo e abrir a porta do carona, claramente à sua espera. Não seria a primeira vez que atenderia alguma personalidade, portanto, não estava temerosa.
Tiffany fez questão de andar com passos firmes até o local e o som de seus saltos batendo contra o concreto da calçada tornou-se uma sedutora melodia em seus tímpanos. Fizera questão de estar impecável naquela noite e seu esforço foi percebido assim que ela adentrou na limousine, sentando-se no confortável banco de couro bege e cruzando as pernas, fazendo o senhor de cabelos cinzentos encarar suas coxas expostas pelo curto vestido preto.
— Soube que era a melhor dessa espelunca. — O homem exclamou, estendendo suas mãos e tocando suas pernas, fazendo-a morder os lábios ao ter seu sexo tocado sobre a calcinha. Finalmente encarou-o, reconhecendo seu rosto em poucos segundos.
— Fico honrada, Senador. — Segurou-lhe a mão que a acariciava, guiando-a para afastar a peça e finalmente friccionar sua região íntima, já umedecida. Ao passo em que o segurança fechou a porta do veículo e os dois permaneceram a sós, a ruiva desfez de seus sapatos e sorriu para o político, o qual apressadamente removia o cinco e abaixava a calça social com a mão livre; ansioso para penetrar a mais nova.
Os olhos da mulher fecharam-se por alguns minutos, buscando entregar-se à sua natural essência, seus desejos, ao prazer insaciável e sem arrependimentos. Voltaria a fazê-los de presa e cair nas armadilhas de sua própria mente; o grande paradoxo que guiava sua vida.
20:10
— Estão atrasadas. — A loira encarou o relógio em seu pulso, voltando a observar a face do casal à sua porta.
— Sabe como é, muito trânsito! — Yuri deu de ombros, dando-lhe um beijo no rosto e adentrando em seu apartamento.
— Sei. — Arqueou a sobrancelha ao ver os cabelos de Jessica um tanto quanto bagunçados, supondo que ambas haviam se divertido no caminho e soltando uma risadinha para a médica, que corou e passou por ela às pressas.
— Esse whisky ainda está aqui? O que houve com a Taeyeon que eu conhecia? — A morena serviu-se da garrafa sobre a estante e sentou-se no sofá da sala, começando a saborear o líquido.
— Decidiu descansar o fígado! Esperem aí, irei calçar os sapatos! E por favor, não transem no meu sofá. — Berrou enquanto dirigia-se para seu quarto, notando Jessica sentar-se no colo de sua amada antes de chegar ao cômodo.
— Eu não estava pensando nisso, mas já que ela comentou... — A empresária selou seus lábios aos dela, que repreendeu-a com um olhar.
— Você está muito saidinha. — Tirou o copo de suas mãos e bebericou o restante do whisky, colocando o copo sobre a mesinha de centro logo depois.
— Ufa, pensei que vocês já teriam destruído meu estofado. — Taeyeon disparou com sarcasmo ao retornar, divertindo-se ao vê-las rolarem os olhos.
— Você não passou nem 1 minuto fora, não tinha como. Ele não escapará da próxima vez. — Yuri levantou-se e deu alguns tapinhas em seu ombro.
— Yah! Vamos logo! — Jessica chamou a atenção das duas, que se entreolharam e seguiram-na em direção à saída.
Enquanto dirigiam-se até o estacionamento do edifício, a mais velha tirou o celular dos bolsos e decidiu fazer uma ligação para Tiffany a fim de desejar-lhe uma boa noite e de certa forma, tentar descobrir sobre o que ela queria conversar no dia seguinte. Pela sua experiência em relacionamentos, acreditava que mensagens como aquelas indicavam algum problema e, devido a isso, estava preocupada e ao mesmo tempo curiosa; a possibilidade de ser dispensada passou-lhe pela cabeça, causando-lhe uma mistura de sentimentos. Sem perceber, acabara dando um soco na parede reforçada do elevador, causando um forte som e assustando as duas mulheres ao seu lado.
— Está tudo bem. — Forçou um sorriso, desligando a chamada ao ver que já havia caído em caixa postal.
20:30
Ao voltar para o clube, desta vez aberto e consequentemente barulhento, Tiffany aproximou-se do bar e pediu uma dose dupla de vodca para Hyuna, a qual virou a garrafa e encheu os copos transparentes sem hesitação. Seus olhos curiosos fixaram-se na prostituta e observou-a beber tudo de uma só vez, retornando para a pista com passos rápidos e respiração acelerada; estava inebriante, atônita. Ou seria descontrolada (?).
Sem o menor pudor, a ruiva encarou os homens e mulheres que dançavam na pista e encostou seu corpo ao de uma mulher, esfregando-se e posicionando as mãos dela em sua cintura. Após poucos sussurros e sorrisos provocantes, segurou-a pela mão e levou-a até um dos quartos no primeiro andar, empurrando-a para a cama e sentando-se sobre ela; a cliente tocou-lhe entre as pernas, esfregando seus dedos e sentindo sua lubrificação escorrer em sua pele. Sem demoras, a mais nova jogou seu corpo suado e febril sobre o dela e colocou sua mão sob a calcinha, movimentando os próprios quadris em sinal de ansiedade, nervosa por não ter nada dentro de si e aliviada assim que começara a ser saciada, fazendo-a reduzir o ato. Seu rosto encostou-se no pescoço da garota e ela fincou suas unhas no lençol da cama, fechando os olhos e sorrindo ao sentir sua agonia começando a esvair-se.
Temporariamente.
21:15
— Eu disse que era a outra rua, Yul. — Jessica murmurou, começando a ficar impaciente com sua esposa ao volante.
— Já passamos três vezes pelo Rio Han, quer dizer, desde que eu comecei a contar... — Taeyeon encostou as costas no banco de trás, ciente de que a viagem demoraria ainda mais.
— O retorno fica logo ali, só precisamos nos livrar desse engarrafamento primeiro. Deve ter acontecido algum acidente, raramente tem congestionamento por aqui. — A morena disparou enquanto observava os carros à sua frente ainda parados.
— Ótimo. — A neurologista novamente retrucou, encostando o cotovelo na porta do carro.
A fim de distrair-se, a mais velha novamente pegou seu celular, desta vez enviando uma mensagem de texto para a amada. Embora não quisesse parecer insistente, a esta altura já não teria como consertar tal imagem, visto que havia tentado contatá-la mais quatro vezes em menos de uma hora e meia. Percebendo a inquietude de sua amiga, Jessica virou o rosto e encontrou-a novamente presa ao telefone, estendendo o braço e tomando-o de suas mãos.
— Para sua segurança. Antes que faça alguma besteira. — Guardou-o no porta-luvas do veículo, fazendo-a franzir o cenho e bufar logo em seguida.
— Sica me contou que está namorando. Quando conheceremos a sortuda? — Yuri indagou, tentando parecer simpática; desde que soubera do envolvimento da loira com sua prima e a posterior agressão a ela, não depositava muita confiança na fisioterapeuta. Se não fosse por Jessica, teria perdido a cabeça e dado-lhe uma boa surra ao descobrir o que acontecera com sua querida Vivian.
— Em breve. Não estamos namorando oficialmente, mas sinto que ela também gosta de mim e nos damos bem dessa forma. — A mulher respondeu-a, acuada. Pudera vê-la semicerrando os olhos pelo espelho.
— Isso já é um começo. — Jessica interviu, tocando no rosto de sua cônjuge e dando-lhe um beijo na bochecha ao perceber sua inquietude.
21:20
Seus longos cabelos vermelhos já encontravam-se úmidos de suor quando saíra do pequeno quarto, contudo, sua disposição contrastava-se com aquela aparência fadigada. Ao ver Gayoon passar pelo corredor com uma bebida em mãos, abordou-a, com a voz trêmula.
— Me dá um pouco disso. — Pegou a garrafa sorrateiramente, bebendo um líquido de sabor estranho ao seu paladar, porém, suficiente para matar-lhe a sede.
— Ah, você não deixou nada! — A morena tirou o objeto de suas mãos e, ao ver que estava vazio, jogou-o no chão, quebrando o vidro em mil pedaços e caindo na gargalhada junto com a mais velha. Ambas com o teor alcóolico exagerado.
— Para onde vai agora, hm? — Tiffany abraçou-a, mordendo-lhe o pescoço ao passo em que apertava um de seus seios, sentindo-a trêmula.
— Tenho clientes no quarto 15. Venha comigo, será divertido. — Gayoon desvencilhou-se daqueles toques e segurou a mão da outra, levando-a até o cômodo em questão.
Quando a mais nova abriu a porta e adentrou com Tiffany, a ruiva mordeu os lábios e sentiu suas mãos tornarem-se frias juntamente com o tremor de suas pernas; sem perceber, sua lubrificação começara a escorrer naquele local e o deslizar das gotas tornava-se fácil em sua epiderme suada. Haviam três garotas sobre a cama, esperando-as completamente nuas.
— Você trouxe uma amiga para nossa festa! Qual é o seu nome? — Uma delas levantou-se e andou em sua direção, deslizando a língua pela sua bochecha.
— Tiffany. À seu dispor. — Sorriu, virando o rosto e capturando seus lábios em um beijo.
22:00
As mãos da mais nova apertavam-lhe as coxas enquanto sua língua percorria-lhe o sexo, movimentando-se de forma rude e chocando-se contra aquela pele sensível; succionava-lhe devagar apesar dos quadris nervosos da outra avançarem em sua direção, ordenando-a para algo ainda mais intenso. A ruiva empurrou a cabeça da garota contra seu íntimo fortemente, soltando um gemido alto quando seu desejo fora atendido e a pequena explorou-lhe com mais destreza, fazendo-a sentir a aspereza da ponta de sua língua em contato com seu clitóris, enrijecendo-o ao máximo. Suas pernas tornaram-se fracas ao estar próxima do ápice e em poucos segundos, derreteu-se na boca da jovem prostituta, vendo-a levantar-se e limpar o que restou com os próprios lábios.
— Agora eu entendo o porquê da Hyuna gostar tanto de você. — Murmurou, segurando a frágil porta do banheiro em que estavam na tentativa de equilibrar-se.
— Thunder deve estar sentindo nossa falta, eu irei primeiro e depois de algum tempo, você vai. — Gayoon beijou-lhe a bochecha e saiu do cubículo, seguindo para a danceteria enquanto ela terminava de se recompor.
Após certificar-se de que estava sozinha ali, Tiffany destrancou a cabine e andou até o lavatório, refrescando-se ao lavar o rosto. Embora estivesse um pouco tonta, deparou-se com sua imagem no espelho e conseguiu se ver mesmo com leves distorções; estava radiante como nos velhos tempos. A partir do momento em que deixou-se levar pelo distúrbio, sua mente embaralhou-se e selecionou suas próprias prioridades. Não era necessário consultá-la sobre.
As ordens para aumentar seu ritmo cardíaco, acelerar sua respiração e estimular suas glândulas e órgãos sexuais foram dadas. Estava excitada novamente.
22:10
A música alta rapidamente incomodou os ouvidos sensíveis de Taeyeon, deixando-a agoniada quando a frequência do som fora sentida pelo seu corpo leve. Jessica rapidamente a puxou pelo braço e elas passaram pelo segurança da boate, entrando no estabelecimento e andando pelo corredor.
— Estou ficando velha demais para isso. — Ela murmurou para Yuri, a qual deu-lhe um tapinha encorajador nas costas.
As três seguiram até o bar e sentaram-se, observando o movimento dos jovens na pista e das acompanhantes ao lado de homens e mulheres, sentados em grandes sofás. Hyuna apareceu e arregalou os olhos ao reconhecer Yuri, a qual deu-lhe uma piscadela e pediu-lhe três coquetéis.
— E então, onde está a garota? — A loira perguntou após degustar sua bebida, encarando o casal.
— Deve estar com algum cliente. Ei, mocinha. — Jessica fez um gesto com o indicador para a bargirl se aproximar e sussurrou algo no ouvido dela, sendo respondida da mesma forma.
— Ela veio hoje. Está pensando em contratá-la, querida? — Completou enquanto observava alguns cantos do local à procura da mulher.
— Talvez. Se a Taeyeon quiser algo com ela hoje, eu pago. — A morena disparou, gargalhando.
— Pois guarde o seu dinheiro. — A fisioterapeuta exclamou, sem hesitar.
As luzes da boate mudaram e a médica conseguira enxergar uma mulher de cabelos vermelhos ali próximo, sentada no colo de uma garota. Semicerrou os olhos e, apesar da baixa iluminação naquele canto, tinha certeza de que era ela; seu corpo e trejeitos ficaram marcados em sua memória.
— Venham, vocês duas! — Saiu andando às pressas e passou pela pista de dança, sendo acompanhada pelas outras.
Yuri se colocou ao seu lado e, ao se aproximarem mais, perceberam que a prostituta estava beijando uma possível cliente. Taeyeon, que estava atrás do casal, teve seu campo de visão limitado e não conseguira acompanhar aquela cena; esperou Jessica aproximar-se e tocar nos ombros da ruiva, sussurrando algo em seu ouvido que a fizera levantar-se. Como não estava muito interessada na companhia daquele tipo de garota, decidiu desviar o olhar para o globo de espelhos, tentando se mostrar desinteressada.
Entretanto, sua amiga puxou-lhe pela mão e quando retornou seu olhar para o que estava acontecendo, seu corpo enrijeceu e ela tornou-se estática, tendo os olhos arregalados e os punhos cerrados instantaneamente. Devido ao susto, tivera a sensação de algo cortar-lhe fluxo de ar pela laringe por alguns segundos, deixando-a com o rosto pálido. Por mais que sua respiração tivesse voltado logo após, continuou a sentir-se sufocada, asfixiada pela imagem daquela mulher à sua frente.
— Oh meu deus....Taeyeon... — A ruiva balbuciou, com lágrimas nos olhos e lábios trêmulos.
Aquele fora o gatilho para seu coração retomar o controle, porém, era tarde demais. Só restaram-lhe os pedaços.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.