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História 3 - O Abismo Chama - JAMES


Escrita por: SnowRedfox

Capítulo 6 - JAMES


- ...não podemos deixar os campistas se recuperarem.

  Entrei pela porta e encontro em uma saleta pequena aquele que chamam de "Imperador", o homem usava uma máscara de ferro que cobria até seus olhos deixando apenas sua boca de fora. Uma pequena coroa de louros de bronze se prendia a sua máscara. O mesmo parecia o líder dos mascarados assim como Abismo.   

 Ao seu lado estava a Dama Sombria, ela parecia nervosa como se soubesse que algo ia acontecer. 

  Os dois param de conversar quando me vêem. Estou algemado e atrás de mim o Carrasco sorria. 

  - Ora, ora, ora. Não queria atrapalhar o encontro dos pombinhos, mas...temos diversão. 

  A Dama muda o peso de um pé para outro, sinal que está desconfortável.

  - Eu sei, vim chamá-lo.  - Ela aponta para o Imperador.  

Carrasco não espera muito e me puxa, levando-me em direção a uma ala da fortaleza em que tudo parecia se mesclar mais drasticamente com a natureza.   

Musgo estava nas paredes e dominava escombros de torres tombadas ali. Aquele castelo em sí deveria ser um colírio para os olhos em seu auge, mas hoje não passa de ruínas. 

  Logo chegamos em um local fechado do castelo, uma área redonda repleta de janelas até o topo onde era tampada por um teto que mais parecia uma peneira por conta dos inúmeros buracos no mesmo. Vinhas e musgos também dominam aquele lugar.  

No chão as pedras estão lascadas e há pequenos blocos espalhados. 

  Do outro lado se encontrava seis dos mascarados, apenas olhando sem suas máscaras. 

  "O que Hades eles querem aqui?" Penso. "Por que eu estou aqui? Sempre que se reúnem assim é para discutir algo."  

Agora, entrando pela portinhola ao lado da que eu entrei, vem o prisioneiro que vi outro dia e o mesmo estava sendo escoltado pelo cara da máscara branca.  

Fecho a mão em punho e lembro da missão que fiz na Espanha e de meu amigo morrer por causa daquele bastardo. Sinto o sangue subir para meu rosto, quero agora acabar com ele, peço aos deuses.  

Mas então algo diferente aconteceu, minhas algemas foram soltas. Eu estou livre e encaro minha mão, não com incredulidade, mas com cautela.  

O outro prisioneiro também tem as algemas removidas e nós dois fomos empurrados para o centro daquele local em ruínas.  

- Bom, nos divirtam! - Disse aquele que chama de "Peste". 

  Um homem alto com sotaque londrino, cabelos castanhos claros e seu rosto se torcia em um sorriso maroto. Ele me lança uma espada. 

 Fazia dois anos que não segurava a arma em meu pulso, a sensação nostálgica e o peso da arma é tão familiar que me faz arrepiar.  

O jovem a minha frente não recebe espadas, ele fica apenas encarando os nossos captores com raiva e seus olhos estão brilhando em um tom avermelhado intenso.  

- Lutem! - grita Carrasco, mas não nos movemos.

  - Ele disse para lutarem! - A Dama agora me encara fortemente e sinto minha mão mover por conta própria. 

 "Telecinese?" Pensei. Não havia outra resposta para aquilo.  

A espada parte pra cima do garoto e eu não consigo soltar seu cabo, então meu corpo se move.   

O rapaz a minha frente usava apenas calça jeans preta e tênis all star assim como eu.

 Seus cabelos compridos chegavam na altura dos ombros e estavam molhados a frente do rosto mas os olhos vermelhos eram nítidos.  

Ele desvia da primeira estocada da espada e na segunda vejo ele sacar pequenas barras de chamas que saem de seus pulsos e logo as mesmas viram duas espadas negras.

  - Oh! Que interessante. - O homem que chamam de Pesadelo diz cruzando os braços.  

 E então lutamos. 

  Ataco com fortes estocadas verticais, mas o rapaz é rápido, ele gira as espadas e tenho que lutar para desviar das lâminas que dançam perigosamente perto da minha garganta. A aura que esse rapaz emana é bem assassina e ele foca muito em meu pescoço, é difícil desviar de duas espadas com apenas uma. 

 - Ei, calma...não vou matá-lo. - Ele diz baixinho, mas como estamos perto só eu escuto. 

  Vejo seus olhos irem em direção aos mascarados e voltarem a me encarar. Demora um instante mas então percebo a burrice que ele ia fazer. 

  - Você não...   

Tarde de mais, o rapaz saiu em disparada. Um instante ele estava parado na minha frente e no outro, em uma explosão de velocidade, adiantou-se até ficar uns dez metros dos nossos captores, parou subitamente e lançou a espada que estava em sua mão esquerda.

 A mesma girou no ar umas seis vezes na direção da líder dos mascarados. Abismo apenas vira um pouco a cabeça e a lâmina negra se crava na pedra. Um fino corte sangra em sua bochecha.  

O rapaz sorri e com a mesma explosão de velocidade ele se aproxima da mulher mas é interrompido por um punho que voa até seu rosto e então é lançado para trás. O Guardião, usando sua máscara branca, não parecia nada feliz, depois de atingir o garoto de olhos vermelhos, saca seu arco e mira no rapaz. 

  O semideus limpa o sangue de sua boca com as costas da mão e sorrindo olha para Abismo, a mesma encara ele sem o seu sorriso irônico. O rapaz dá um passo a frente mas é interrompido pois todos ali presentes estavam em torno dele segurando suas armas perto de seu corpo. 


 O rapaz sorri o que torna a cena mais bizarra. Tenho que concordar que ele é corajoso, mas isso é suicídio.   

- Parem! - Abismo grita. 

  - Minha senhora? - pergunta Carrasco a encarando com seus olhos negros.  

- Elesa, não podemos tolerar isso. - Guardião fala, a tensão do arco no limite.

  - Levem ambos os prisioneiros as masmorras. - A voz de Elesa está firme e seria.  

Todos abaixaram as armas e até mesmo o semideus de olhos vermelhos. Suas espadas viraram chamas e voltaram até seus pulsos, uma arma dada pelos deuses.

                 -----//----- 

  Fomos postos em masmorras separadas, mas dois dias depois do ocorrido na Gaiola, estou de volta dividindo minha nada luxuosa masmorra com aquele rapaz.

  - Tá querendo morrer? - Pergunto.

  - Eu dei um basta susto neles né? - Ele ri alto. 

  Meus braços doem por ficarem esticados, não sinto mas o sangue neles e as correntes que o prendiam estava machucando.  

- Aquilo foi burrice, poderia ter sido morto. 

  - Não me matariam, sou importante para eles por algum motivo. - O jovem levanta bruscamente a cabeça e o cabelo que antes cobria seu rosto vai para trás deixando sua face a mostra. 

  - Eu...Eu conheço você. - Digo. - Já nos vimos no acampamento antes? 

  O rapaz a minha frente ri, seus olhos continuam no tom vermelho e foi aí que eu o reconheci. 

  Sinto um peso no estômago assim que lembro. Claro, como poderia esquecer esse olhar arrogante? 

  - Alex...filho de Hades.  

- Ah, sim, sou eu. Desculpe mas não me lembro de você. - Ele ergue uma sobrancelha e fica de pé para tirar a pressão dos braços esticados.

  - Sou James Flint, filho de Ares...  

O rapaz abre a boca e vi de novo aquele moleque de antes. 

  - Você desapareceu, eu lembro, foi dias depois da missão com Ethan e Skye. - Ele sorri de leve e seus olhos perdem o tom avermelhado voltando a cor escura. 

  - É, me enganaram e eu acabei aqui. - Me levanto também. - Eu ia encontrar minha namorada, Molly, filha de Deméter. 

 - Sim, eu lembro dela... - Seu tom de voz mudou, está um pouco mais tenso e sério. 

  - Como ela está? Estou aqui há dois anos e droga...Ela deve querer me matar. - Rio baixinho mas ele me encara sério.  

- Me desculpe, cara. Ela foi encontrada morta no punho de Zeus.  

O meu mundo desmoronou, encaro ele e sinto que não está brincando, minhas mãos formigam e sinto ódio, agarro as correntes. Não quero acreditar naquilo, minha visão embaça. 

  - Desculpe, não sabia como te contar mas é verdade, eu senti sua alma no Hades na época. - Alex encara o chão. - Meus pêsames.

  Olho para o teto e vejo as correntes se perderem na escuridão, eu tento puxa-las mas nada de soltar. O som de metal ecoando no vasto silêncio da cela. 

  Horas se passam até que enfim eu me acalme. Alex não diz uma única palavra, estava nesse momento ajoelhado novamente.  

 Eu faço o mesmo e fecho os olhos, momentos nossos vêm até mim, seu sorriso e o jeito como ajeitava os óculos quando o mesmo escorregava em seu nariz. Sua expressão levemente estressada.  

Eu encarava agora o cordão que sempre carregava, um cristal enrolado por vinhas.

 Foi Molly que o fez para mim antes de ter ido naquela missão estúpida. Ela o fez para comemorar nosso aniversário de namoro e agora...eu não posso nem ao menos agradecer. 

  Tento não chorar mas é difícil, estou chateado, indignado e tudo mais. Só quero morrer logo.



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