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História O Acordo - Capítulo XXV - O Verdadeiro Motivo


Escrita por: JamileMiyaakemi

Notas do Autor


Olá meus lindos!!
Desculpem pela demora. Tive uma semana péssima e isso acabou me fazendo ficar lenta com a escrita e as ideias. Também demorei pois fiquei confusa como faria a reconciliação do casal... Os comentários foram bem interessantes quanto ao que Sasuke iria fazer.
Desde já peço desculpas caso o capítulo não esteja mt bom (tanto pela minha confusão quanto pela minha semana) e caso tenha erros de português. Eu corrigi, mas vai que algo tenha passado...
Bom, não tomarei muito tempo de vocês.
Divirtam-se e boa leitura. ;*

Capítulo 25 - Capítulo XXV - O Verdadeiro Motivo


Fanfic / Fanfiction O Acordo - Capítulo XXV - O Verdadeiro Motivo

Fanfic O Acordo

Capítulo XXV - O Verdadeiro Motivo

By Miyaakemi

 

 

“Ele falou da boca pra fora.

Ela ouviu do coração pra dentro.”

(Instagram @relatizou)

 

Seu corpo pesava absurdamente e dor de cabeça chegava a latejar de tão forte. Suspirou lavando o rosto e ignorando o espelho. Não precisava que ele comprovasse a indubitável certeza de que sua cara devia estar péssima – resultado da noite desastrosa e mal dormida.

Após Naruto chegar em casa e lhe garantir que não havia batido no moreno, ela então começou a se preparar para dormir. Naruto chegou às 22h. Mas ela, perdida na maldição de refletir sobre a vida ao encostar a cabeça no travesseiro, só foi vencida pelo esgotamento – mental e emocional – depois das 2h da madrugada. E agora, às 7h15, ela já saía do banho para escolher sua roupa e ir para o trabalho.

Ignorando seu alerta interno, ela olhou-se no espelho. Porém não mais do que necessário para passar uma base, corretivo e um batom leve para tentar camuflar as coisas. De roupa, ignorou todos os seus vestidos e saltos. Estava sem cabeça para se arrumar. Pegou uma calça de cintura alta, uma camiseta preta com decote V. Pôs um conjunto de brinco e colar vermelho, para sair do básico, e pegou sapatilhas da mesma cor. Pegou suas chaves do carro, carteira, agenda, celular e fones de ouvido colocando de qualquer jeito na bolsa transversal preta pequena.

Decidindo por deixar os cabelos soltos – pôs se prendesse seu rosto ficaria mais em evidência – saiu do quarto descendo as escadas, rumo à sala.

-Bom dia, minha flor. – sua mãe a saudou, sentada na mesa do café.

Sorrindo fraco, deu-lhe beijo na bochecha e também na do pai. Um peteleco no pescoço do irmão, em forma de cumprimento, antes de sentar-se ao seu lado.

-Bom dia, senhorita Sakura.

A empregada May, sorriu para ela enquanto depositava a garrafa térmica de café no centro da mesa.

-Bom dia, May. Tem neosaldina?

-Acredito que sim, senhorita.

-Traga um comprimido para mim ou de qualquer outra coisa para dor de cabeça, por favor?

-Claro. Volto num estante.

-Obrigada.

Sakura inclinou-se, pegando a garrafa térmica. Minato arqueou a sobrancelha, quando a filha encheu mais da metade do copo de suco com café, ao invés de usar a xícara.

-Querida, cafeína tende a piorar dor de cabeça. Ainda mais nessa quantidade. – falou Kushina.

-Preciso ficar acordada, mãe. Tenho muita coisa para fazer hoje e não posso deixar uma noite mal dormida me atrapalhar. – explicou.

-Tendo pesadelos com o bicho papão de novo, maninha? – Naruto implicou, sem perceber que jogou sal na ferida recém-aberta.

-Não... Fui só eu, mesmo. – olhou-o séria antes de voltar a mexer o café adoçado. – Eu, sendo uma idiota por passar a noite chorando pelo maior idiota de todos. – completou amarga.

May voltou com o comprimido e um copo de água. O clima tenso no ar, não passou despercebido pela empregada que, portanto, rapidamente se retirou da sala.

Sakura tomou a neosaldina e comeu o pedaço de um pão para ajudar o remédio a não entalar na garganta. Minato passou a folha do jornal, mas não o lia de fato. Kushina bebeu um pouco de seu leite, molhando os lábios para dizer algo.

-Sakura... – começou, mas não pode terminar.

-Quer dizer, porque eu me sujeitei a isso? Entende? Ele foi um babaca e eu passei a noite chorando como se a culpa tivesse sido minha pelo o quê aconteceu. Mais que droga! Eu não fiz nada! – ela começou a desabafar com a família, sem perceber. Colocando para fora tudo o que estava remoendo desde o dia anterior. – E tem mais! – levantou o dedo. – Quem me garante que ele vai mesmo vir falar comigo? Porque, obviamente, ele tem que me pedir desculpas. Mas, nós estamos falando de quem? De quem? Do Sasuke! – respondeu sua própria pergunta com deboche ao pronunciar o nome do moreno. – O cara que nem é homem o suficiente para falar para a família que não se sentia pronto para assumir a empresa! O cara que simplesmente fugiu por um ano! Um ano! Abandonando todos para trás! – Sakura pegou outro pão, cortando-o com violência enquanto prosseguia. – O cara que fugiu de mim, com a desculpa de ter que investigar a filial dos Estados Unidos! Por favor, né? – quem sofria agora era a manteiga. – Aquele... Ameba! – vociferou. – Eu devia saber! Eu devia saber onde estava me metendo! E agora... – riu pelo nariz, irônica. – E agora quem vai ser a idiota, a retardada, serei eu. Porque ainda acredito que ele vá me pedir desculpas! Que não... Que ele não vai fugir.... Que ele virá atrás de mim! – largou a faca e, sem notar, apertou o pão deformando-o e esmigalhando entre os dedos. – Aquele imbecil! – gritou a última parte, respirando ofegante.

E só então se deu conta. Se deu conta de que desabafara tudo o que queria e ainda arruinou seu primeiro prato do café da manhã. Ela engoliu em seco. Largou a comida no prato, pegou um guardanapo passando a limpar as mãos e se recostou na cadeira, cansada e perdida.

Os pais a observavam, aturdidos. Kushina olhou para o marido numa pergunta silenciosa sobre o que fazer, porém Minato não a encarou de volta. Sua face assumiu uma expressão preocupada fazendo a esposa voltar a olhar para filha e ser tomada pela mesma expressão. Sakura chorava. Ela não chegava a soluçar, mas a intensidade e o olhar perdido confirmavam quanta dor ela estava sentindo.

Naruto riu nasalmente.

-De todas as coisas que já disse na vida, essa foi, com certeza, a com mais baboseiras. Meus ouvidos chegam a doer. – ele a olhou de canto, irritado.

-Naruto! – bronqueou a ruiva.

-É verdade, mãe. – a mulher se empertigou na cadeira, pronto para interrompê-lo, mas foi impedida pelo marido que segurou sua mão e maneou com a cabeça. – Para começar, você, mais do que ninguém, deve saber o quanto foi difícil para Sasuke a época antes de ir embora para a Europa. Aposto que ele lhe contou. Ele teve a empresa jogada nas costas, sem opção de dizer sim ou não enquanto Itachi seguia seus sonhos. Ele teve toda a pressão familiar, nacional e mundial sobre ele como o futuro e promissor novo CEO da empresa. Eu não percebi na época, mas não foi difícil para eu entender depois porque meu melhor amigo fez o que fez. – o loiro mantinha o cenho franzido em raiva e seriedade. – Segundo, nós dois – apontou com o dedo de um para o outro. – sabemos bem qual foi o principal motivo dele ter ido para os Estados Unidos. Você o afastou! – acusou. – Tanto que se não fosse por Itachi, quase que ele não volta. – Sakura engoliu em seco.

-Do que vocês estão falando? - Kushina perguntou perdida, porém fora ignorada.

-E te digo só mais uma coisa. Responda para você mesma. Você acha, acha mesmo que o Sasuke vai fugir? Depois de tudo o que ele fez para provar que te amava e que você podia confiar nele... Você tem certeza, absoluta, que ele não virá atrás de você? Se sua resposta for sim, então me desculpe irmã, mas você estava namorando por seis meses com um estranho. – cuspiu as palavras enquanto a rosada sentia a dor da verdade começar a se instalar.

Sakura o olhava com os olhos arregalados. As lágrimas já haviam parado de rolar e ela sentia como se tivesse levando um soco na boca do estômago e um tapa na cara.

A Uzumaki virou para frente, assim como o irmão que voltou a comer calmamente, e o silêncio predominou outra vez. Minato permanecia com o olhar tranquilo, mas por dentro... De um lado estava feliz com a fala do filho mais velho, do outro estava preocupado com a filha mais nova e a carga que ela estava recebendo logo de manhã. Olhou para a esposa e viu que ela estava tanto assustada quanto surpresa com o que acontecia naquela manhã simples de quinta-feira.

-Eu... Eu vou... – A jovem mulher empurrou a cadeira, pegando sua bolsa no chão. – Eu vou trabalhar. Tchau.

-Tenha um bom dia, filha. – o pai acenou com a cabeça.

-Vá com Deus, querida. Cuidado com o trânsito. – disse a mãe, como em todas as manhãs.

Sakura não respondeu e todos ouviram o baque da porta da cozinha que dava acesso à garagem.

-Vou sair também. – Naruto disse depois de uns 10 minutos. – Tenho uma visita a uma casa agora de manhã. – deu um beijo na mãe, um aperto no ombro do pai e seguiu para a garagem também.

-Você entendeu alguma coisa do que aconteceu aqui? – Kushina ainda encontrava-se atônita com tudo.

Minato riu, brevemente.

-Os dois se entendem do jeito deles. – argumentou. Não que ajudasse a explicar o que a ruiva não conseguia compreender. – Ela vai ficar bem. – continuou. – Não se preocupe.

-A tá! – rebateu. – Falar é fácil.

O loiro pegou a mão dela, dando alguns beijos carinhosos num gesto de consolo.

-Sasuke me prometeu que vai concertar as coisas. Só temos que esperar...

-Mas querido... – suspirou. – Eu te falei ontem. Sakura é muito teimosa e... E se ela se prender na mágoa e acabar não o aceitando de volta? E se... – apoiou a cabeça na mão.

-Ficar pensando no que pode ou não acontecer não irá ajudar em nada. – ele acariciou a mão da mulher. – Eu sei como a Sakura é, querida. Mas também sei como o Sasuke é. Acredite. Ele não vai desistir ou deixar que ela desista dos dois tão fácil assim.

 

********

 

O relógio de sua sala marcava, pontualmente, 18h. Ela perdeu a conta de quantas vezes checara seu celular em busca de alguma notificação de mensagem ou chamada perdida. E sua vigilância se intensificou principalmente após o almoço. Pois ela e Sasuke tinham combinado de almoçar juntos, mas ela, obviamente, não foi ao encontro dele. E mesmo assim, nada. Nem uma notificação. Nem uma mensagem, gravação na caixa postal, ligação... Nada!

Abriu a conversa do Whatsapp no nome dele para ver se ele estava online, mas não. A legenda dizia que a última vez que ele entrara no aplicativo foi quando a avisou que estava saindo do trabalho no dia anterior.

Suspirou cansada mentalmente e confusa. Naruto tinha razão. Ela já sabia antes mesmo do irmão abrir seus olhos, que Sasuke não fugiria. Mas a raiva, a frustração e a mágoa fizeram-na soltar palavras aleatórias. Não premeditadas. Literalmente, seguindo a expressão "da boca para fora".

Se Sasuke, de fato, não iria fugir então o que estava fazendo-o demorar tanto a ir atrás dela? Não conseguia entender. Queria tanto acabar com aquilo... Com a angústia crescente e a tristeza afogadora. Mas sabia, e sabia muito bem, que ela não podia ir atrás do moreno. Ele estava errado. Portanto, ele que deveria vir até ela. E se, porém ele não achasse que errara, aí mesmo que a coisa complicaria. Porque como ela poderia permanecer num relacionamento em que o outro nem consegue reconhecer seu próprio erro?

Será que era orgulho? Não... Não era do feitio dele. Ela o viu passar por cima de seu ego e orgulho sem problemas em questões da empresa que relatou a ela. Funcionários que por vezes tinha ideias melhores que a dele, o CEO. Contudo, Sakura não era uma empresa. Ela era uma pessoa. Uma pessoa que o amava e que o moreno dizia que também a amava.

A cada minuto sua cabeça se embolava cada vez mais nas suas teorias do por que da demora de Sasuke em procurá-la. E isso não era bom. Seu dia, tirando o atendimento à alguns pacientes marcados, estava sendo completamente improdutivo de tanto que não parava de pensar no Uchiha.

Para seu alívio, ou não, o telefone tocou exigindo sua atenção.

-Diga.

-Doutora Uzumaki?

-Sim. – respondeu massageando a região entre as sobrancelhas.

-Aqui é a Akira, da recepção. – falou a funcionária recém-contratada.

-Oi Akira. Fale. Algum paciente chegou para ser atendido? – perguntou aérea, pois sua agenda de atendimento já havia sido encerrada há tempos.

-Na verdade, não doutora. Nós estamos com um problema aqui embaixo na entrada.

-Que tipo de problema? – ficou mais atenta.

-Não sei explicar exatamente o que é... É melhor a senhorita vir ver pessoalmente.

Sakura franziu o cenho, confusa.

-Estou descendo. – avisou desligando o aparelho.

Suspirou, pela milésima vez, cansada. O que poderia ser àquela hora?

Independente do que fosse, estava completamente sem cabeça ou paciência para ser a "faz-tudo" desta vez – mesmo que esta fosse claramente sua função como diretora do Hospital Senju.

Pegou o elevador e encostou-se contra a parede metálica. Apoiando-se apenas o suficiente para ainda se manter de pé. A porta abriu em algum andar, mas ela permaneceu de olhos fechados para, quem sabe assim, deixar claro que não desejava ser incomodada.

-Sakura! Oi! – mas é claro, que existiam exceções. Como por exemplo, quando era uma das suas melhores amigas que falava com você.

-Oi, Tenten. – forçou um sorriso.

A morena riu brevemente.

-Você está com cara de quem foi atropelada por uma manada de elefantes. Dia cheio?

-Dia... Noite... – deu de ombros. – Tudo uma bosta. – sorriu. Era melhor do que acabar chorando de novo.

Encontrar graça nas coisas mais tristes ou sem motivo algum, fora algo que ela descobriu que a ajudava de alguma forma. Afinal, é como diz o ditado: melhor rir do que chorar.

-Sei como é. Também tenho dias assim. Mas sabe o que me ajuda a melhorar?

-O quê? – questionou tentando controlar o desespero na voz. Precisava muito de uma solução para seu problema.

-Neji. – o sorriso da Mitsashi se alargou enquanto o de Sakura morreu. – Estar com Neji... Sentir seu amor e apoio... O carinho, as palavras, o cuidado... Sempre que algo me abate, eu corro para ele. Sei que isso me faz ser, de certa forma, dependente dele, mas é que nos braços dele encontro meu refugio. E se ainda sim, eu não puder estar com ele, eu penso nele. Porque é no meu amor por ele, e por tudo o que vivemos que consigo achar forças para continuar.

A Uzumaki começou a refazer o rabo de cavalo – uma vez que isso lhe permitia abaixar ligeiramente a cabeça e esconder sua expressão facial – enquanto ambas saíam do elevador seguindo pelo corredor de paredes brancas.

Tudo o que a amiga dissera era lindo e verdadeiro. Ela sentia a mesma coisa em relação ao Sasuke. E não só por quem ele era ou pelo amor que ambos sentiam, mas também pela história que construíram. Por todos os segredos e medos confessados. Por todas as promessas ditas e realizadas.

Antes de o moreno aparecer, Sakura tinha uma vida agradável. Mas quando o conheceu, quando começou a sentir coisas por ele é que realmente notou que algo lhe faltava. Faltava-lhe o amor. O amor do tipo de um homem para com uma mulher. Um amor que lhe aquece, lhe preenche e o faz sentir ainda mais especial e valioso. E como as coisas haviam sido difíceis para chegarem até ali. Para trilharem juntos e descobrirem tudo o que sabiam atualmente um sobre o outro.

Mas agora... Estava tão magoada... Tão chateada... E o que mais lhe incomodava era que pudesse perder seu porto seguro de vez. Tudo o que Tenten dissera se aplicava aos dois, mas naquele momento, Sakura não poderia correr até ele. Não poderia encontrar forças a partir do amor deles, pois o amor que sentia pelo moreno e a forma como as coisas aconteceram só contribuía ainda mais para a ardência da ferida aberta.

-O que será que está acontecendo ali? – a morena de cabelos chocolate trouxe a mente da amiga de volta para a realidade.

Vários funcionários, principalmente enfermeiras, estavam parados no balcão da recepção olhando na direção da entrada do hospital. Eles esticavam o pescoço e logo se viravam para cochichar uns com os outros.

A diretora do Hospital Senju apressou seus passos até Akira.

-O que houve, Akira?

-Doutora Uzumaki, há um caminhão parado aqui na entrada. E o motorista disse que recebeu ordens para sair somente após falar com a senhorita.

-O quê? Um caminhão? Mas que absurdo! Ele vai atrapalhar o fluxo dos pacientes que chegam e das ambulâncias! – ela disse, irritada.

Ora, onde já se viu isso! A rosada seguiu a passos pesados para fora, passando pelas portas automáticas dando de frente com o tal caminhão de porte pequeno. O motorista usava um boné verde e permanecia com a cabeça abaixada, mexendo tranquilamente no celular.

-Ei! Você é o motorista?

-Sim, senhorita.

-Mas o que significa isso? Tire isso já da frente do meu hospital! – esbravejou.

Tenten se aproximou para tentar fazer com que a amiga se acalmasse.

-Desculpe, mas eu só posso sair depois que falar com Sakura Uzumaki.

-Bom, sou eu mesma. O que quer? – respondeu com as mãos na cintura.

-Sakura... – Tenten tentou chama-la, porém foi interrompida.

O motorista colocou o celular no bolso e socou a lateral do caminhão três vezes. Ele abriu a traseira do veículo e uma rampa foi abaixada. Logo, vários homens com o mesmo boné verde e uniforme começaram a descer. Porém, a surpresa era que cada um dos quinze homens que saiam carregavam um jarro com buquê de flores nas mãos. Eles caminhavam até a mulher, cercando-a e depositando os jarros no chão ao seu redor antes de voltarem ao caminhão e trazerem mais flores.

Sakura arregalou os olhos e ficou muda diante da cena. Rosas Vermelhas, Margaridas, Girassóis, Orquídeas, Tulipas, Hortênsias, Copo de Leite, Lírios Azuis e Laranjas, Açucena, Gardênia, Pétala de Vidro, Camelia, Azaleia, Gerbera e outras que ela nem sabia o nome ou a existência. Quando terminaram, a Uzumaki estava cercada por três rodas de flores de todos os tipos e cores.

Ela olhava em volta embasbacada e emocionada pelo gesto. Mas o que tudo aquilo significava?

Parecendo ouvir seus pensamentos, o motorista aproximou-se e, do lado de fora da roda, estendeu-lhe um buquê feito de Sakuras junto com um envelope azul.

 

“Neste exato momento, você não deve saber se quer me matar ou me beijar. Provavelmente, a primeira opção.

As flores são lindas, mas não tanto quanto você. Contudo, estou tentando montar na minha mente a imagem da mulher mais linda do mundo cercada por uma imensidão de flores coloridas que estão lhe arrancando um belo sorriso.”

 

Sakura sorriu, mas logo mordeu o lábio inferior como se não devesse ter feito isso.

 

“Esta é só uma pequena parte do meu pedido de desculpas. E eu espero, sincera e encarecidamente, que você não só aceite como também colabore.

Quero que vá para casa e se arrume. Esteja pronta às 19h30 e aguarde por novas instruções. Por favor... Aceite!

Do seu, Sasuke Uchiha.

p.s.: Tive que entregar meu celular à Hana para não te ligar antes e acabar estragando a surpresa. Meu dia foi péssimo sem você.”

 

-Sakura? – Tenten chamou-a.

A Uzumaki mantinha um sorriso bobo no rosto e uma lágrima fugitiva foi secada rapidamente.

-Sasuke... Isso é coisa do Sasuke. – ela revirou os olhos fingindo tédio. A morena riu.

-Nossa! Ele caprichou desta vez, hein. – sorriu, cúmplice.

-Senhorita Uzumaki?

-Sim? – ela voltou-se para o motorista.

-Fui a instruído a pergunta-la se deseja ficar com as flores?

-Com... Com todas elas? – indagou espantada.

-Sim. Se seu desejo for ficar com elas, levaremos ao seu endereço. Se não for, levaremos de volta para a floricultura Yamanaka.

Foi só então que ela leu o logotipo no boné. Era da floricultura dos pais de Ino.

-Hã... – olhou em volta. – Eu não sei... – riu sem graça. – Pode leva-las para minha casa, por favor.

O funcionário acenou em concordância e logo os homens vieram recolhendo os buquês.

-Vai levar todas? – a Mitsashi ficou assustada.

-Estou doida para ver a cara da minha mãe. – sorriu sapeca voltando para dentro do hospital, indo pegar suas coisas.

 

*******

 

Kushina estava na sala lendo um livro quando ouviu a campainha tocar. Levantou-se e então ouviu a porta da cozinha sendo fechada.

-Naruto? – inclinou a cabeça, mas voltou-se para a porta da frente e abriu-a.

Um jarro de rosas vermelhas estava a sua frente.

-Com licença. – o homem falou e a ruiva deu-lhe passagem enquanto seguia-o com o olhar.

-Encontrem um móvel e deixem em cima. No chão também... Em todos os lugares. – Sakura falou animada.

A senhora Uzumaki olhou para a porta e viu que vários homens estavam entrando com buquês em jarros com flores de diferentes tipos, cores e tamanhos.

-Meu Kami! – ofegou. – Mas o que...? – ela foi até o vidro da janela e viu a traseira do caminhão aberta com ainda mais flores que eram trazidas. – Sakura! – chamou a filha que instruía os funcionários. – O que é tudo isso?

A rosada aproximou-se dela saltitante, carregando um buquê de Sakuras num dos braços e jogou-se nos braços da mais velha.

-Não é maravilhoso? – perguntou sorrindo boba, novamente.

Sasuke não estava por perto, então não havia problemas em demonstrar que ele já havia amolecido seu coração em 50%.

-Sim... – concordou aérea ainda observando sua sala de estar virar um jardim. – Estou confusa...

-Sasuke. – Sakura disse num suspiro, apaixonado. – Aquele Uchiha trapaceiro! Mandou entregar todas na porta do hospital.

-Sério? Que lindo... – Kushina também suspirou, romântica.

-Vou me arrumar. – avisou, virando-se. – Cuida de tudo para mim? – subiu as escadas sem esperar por resposta.

Já em seu quarto, deixou o buquê em seu criado mudo e seguiu para o banho. Após, nervosa, passou a vasculhar seu guarda-roupa de forma agitada. Como deveria se vestir? Arrasando? Casual? Como se não se importasse? Abatida? Não sabia. Não sabia nem para onde iria... Grunhiu com impaciência. Ele podia ter sido específico!

Foi ao quarto e jogou-se na cama, ainda de toalha. Virou a cabeça, observando seu buquê de Sakuras e suspirou tampando os olhos com o antebraço. Não sabia o que vestir, não sabia para onde iria... A ansiedade e o nervosismo se misturavam em seu estômago causando um grande desconforto.

-Sakura? – sua mãe bateu na porta, entrando. – Ué! Você não disse que tinha que se arrumar? – apoiou as mãos na cintura ficando de frente para a filha.

-Arrumar? – resmungou. – Como eu posso me arrumar se eu nem sei para onde vou! Sasuke e suas manias de fazer surpresas... Eu detesto surpresas!

-Você adora surpresas! – Kushina riu. – O problema é que sempre fica ansiosa por elas e é disso você não gosta.

Sakura deu de ombros.

-Dá no mesmo.

-Vou te ajudar. Vem. – estendeu a mão para ela e ambas foram ao closet.

No final, Sakura usava um vestido jeans, frente única e rodado que demarcava sua cintura. Calçou um salto branco médio e pegou uma bolsa de renda transversal. Mesmo sua mãe insistindo ela não carregou na maquiagem. Passou o básico, com um batom vinho nos lábios que espalhou para não ficar muito forte. Por fim, colocou a bijuteria dourada e passou a mão pelos fios rosa, ainda molhados do banho.

-Linda. – sorriu. – E agora? – a mãe perguntou.

-Não sei... No bilhete ele apenas dizia para eu ficar pronta e esperar por novas instruções. – mordeu os lábios, pensativa.

-Bom, então vamos esperar lá embaixo. – Kushina sugeriu e ambas se dirigiram para a sala.

-Cheguei! – Naruto entrou num rompante, gritando.

-Garoto! Isso é coisa que se faça! – a mãe brigou, pelo susto que levara.

-Desculpa, mãe. É que estou atrasado. – olhou no relógio de pulso. – Você já está... Uau! Arrasou, hein maninha. – piscou cúmplice.

-Obrigada. – riu.

-Então? Está pronta?

-Hã?

-Eu vou levar você. Está pronta né?

-Ah, sim! Estou.

-Ótimo! Porque estamos atrasados. – disse puxando a irmã para fora da casa.

-Divirta-se! – Kushina acenou da porta da sala.

Ambos entraram no carro do loiro e puseram os cintos de segurança.

-Toma. – Naruto estendeu-lhe uma venda.

-O quê? Para que isso?

-Para você colocar. – respondeu enquanto ligava o motor.

-Não vou colocar isso. Vai amassar meu cabelo. – rebateu.

-Sakura, eu já estou atrasado. E não posso seguir até o nosso destino ao menos que você esteja vendada. Ou seja, quanto mais demorarmos, mais chances eu tenho do Sasuke arrancar minhas tripas depois! Colabora comigo e coloca logo isso. Anda! – empurrou a faixa para ela de novo.

-Nossa! Como você é dramático! – rolou os olhos, obedecendo-o.

O trajeto com o carro teria sido bem rápido se Naruto não tivesse feito o caminho mais logo para despistar a irmã, como o amigo pediu. Logo em seu destino final, o loiro ajudou-a a sair do carro guiando-a pela calçada.

-Devagar... Levanta um pouco o pé, tem uma elevação aqui.

-Isso é ridículo! Me deixa tirar isso! Você vai acabar fazendo com que eu caia e torça o tornozelo.

-Para quê você colocou um salto desse tamanho, para começar? – resmungou.

-Idiota! – bateu com a bolsa em sua barriga. – Salto alto é lindo. E me deixa linda também. E pare de reclamar! Não é você que não está vendo nada.

-Ufa! Chegamos.

A Uzumaki sentiu o irmão tirar-lhe a venda, mas não teve tempo de olhar ao redor, pois logo fora empurrada para uma porta que ele abriu. Ela ouviu um sino familiar, mas sua atenção fora tomada completamente quando o local saiu da escuridão total.

Inúmeras luzes em forma de pisca-pisca branco ascenderam iluminando o local que ela reconheceu ser o Ichiruka. Havia flores ali também, porém não tantas quantos as que recebeu, e uma mesa para dois no centro. Olhou em volta, encantada. As luzes, as flores... E de algum lugar uma música começou a tocar.

 

 

I'm so in love with you

Eu sou tão apaixonado por você

And I hope you know

E eu espero que você saiba

Darling, your love is more than worth its weight in gold

Querida, seu amor é mais do que vale em ouro

We've come so far my dear

Nós viemos tão longe, meu bem

Look how we've grown

Olhe o quando crescemos

And I wanna stay with you

E eu quero ficar com você

Until we're grey and old

Até que fiquemos grisalhos e velhos

Just say you won't let go

Apenas diga que você não vai embora

Just say you won't let go

Apenas diga que você não vai embora

 

 

E então, Sasuke surgiu. Vestindo uma camisa branca social, jeans escuro e sapatos pretos. A camisa tinha alguns botões abertos como ela gostava e apesar estar lindo e parecer tão confiante, ela notou o quão nervoso ele também estava.

Ele tinha as mãos no bolso traseiro da calça, mas seus ombros permaneciam tensos. Ela respirou fundo e não soube como agir em seguida. Estava sem palavras com toda a surpresa. As flores, o Ichiruka... Mas ainda sim, não era suficiente. Ela precisava do mais importante: Que ele falasse.

-Você está linda. – ele disse e ela sorriu de canto abaixando a cabeça por um momento.

-Obrigada.

-Obrigado por ter vindo.

Ela deu de ombros.

-Queria saber o que você tinha para me dizer.

-Nossa... Tantas coisas. – riu brevemente.

-Bom. Eu estou aqui. – incentivou que ele prosseguisse.

Sasuke respirou fundo.

-Eu... Eu... Nem sei por onde começar. Quer dizer eu fiquei ensaiando as palavras na minha cabeça o dia todo e...

-Apenas... Diga. – pediu. Era quase palpável sua ansiedade.

-Tá... Eu... Eu fiquei com tanta raiva ontem quando te vi com aquele cara. – Sakura fechou a expressão já se preparando para uma nova acusação. – Tanta que nem me liguei no que estava fazendo ou dizendo. E depois que você foi embora. Putz... Doeu tanto. – a rosada firmou os pés no lugar o máximo que pode para não correr até ele e declarar que também sofreu. – E foi só naquele instante que comecei a me dar conta do que aconteceu. Eu confesso que tive um pouco de ajuda do meu pai, também.

-Seu pai? – perguntou surpresa.

Apesar de já ter se passado um tempo desde a volta para casa, Sasuke e Fugaku ainda não tinha um relacionamento mais íntimo de pai e filho.

-Sim. – respondeu levemente orgulhoso. – Foi tão bom conversar com ele e expor as coisas... Mas o melhor foi que ele me ajudou a ver o verdadeiro motivo de tudo. Da forma como eu reagi, o que falei para você... – o moreno aproximou-se alguns passos. – Eu fui tão babaca. Tão estúpido. E eu sei que o que vou te dizer agora não justifica, mas espero que ajude você a me compreender.

-Está me deixando nervosa... – ela disse. Afinal de contas o que o moreno tinha descoberto? O que era a ponto de ser necessário que seu sogro precisasse ajuda-lo?

-Desculpa. – respirou fundo. – Sakura, eu fiz o que fiz porque tive medo. – revelou num fio de voz.

-O quê? 

-Eu tive medo de te perder. – sua voz falhou e a Uzumaki deu um passo para se aproximar, mas ele estendeu a mão, impedindo-a. – Quer dizer, depois de tudo o que passamos... Você começou a fazer terapia e a cuidar cada vez mais de si mesma, se tornando ainda mais incrível... E eu pensei: “Ela vai se tocar, sabe? Ela em algum momento vai se tocar de que não precisa de mim. Que, se eu vacilar ou se ela se cansar, simplesmente poderá ir. Ela vai achar outro cara que a fará feliz e eu ficarei para trás.”.

Ela o encarou surpresa e assustada.

-Sasuke...

-E aí, eu te vi conversando com outro cara e todo o meu medo se transformou em raiva, porque eu achei que já estava te perdendo. E te acusei de, indiretamente, estar mesmo me deixando. Mas então você me deu aquele tapa no rosto e eu acordei. E percebi que não só tinha sido idiota, mas que também tinha te feito ir embora como eu temia. – ele mordeu o lábio, segurando a emoção.

Sakura segurou um soluço na garganta e sua boca tremeu quando começou a falar:

-Você fez uma cena. Me acusou de estar sendo oferecida na frente de todo o shopping! – algumas lágrimas fugiram, mas ela as secou rapidamente. – E ainda achou que eu deixaria você? Sasuke! – bronqueou, passando a mão na testa, incrédula. – Nada do que eu sempre te falei, nossos momentos juntos... Nunca significaram nada para você? Como pôde achar que eu te deixaria?

-Mas você deixou...

-Você me obrigou a fazer aquilo! – vociferou. – Você me humilhou. Jogou nosso relacionamento na lama porque não confiou que meu amor por você é mais forte do que qualquer outra coisa! – deu um passo para frente. – Eu não estou com você por gratidão por ter me ajudado, ou porque não achei ninguém melhor. Eu estou com você porque te amo. Ouviu, droga?! Eu te amo, Sasuke Uchiha!

-Eu também te amo. – aproximou-se mais dela. – Demais! Tanto que sequer pensar em te perder... A possibilidade de ver você indo embora, ainda que as chances fossem mínimas, me enlouqueceu. Porque eu não sei, sinceramente, como poderia viver sem você. Desde o primeiro dia em que nos conhecemos, aqui, – apontou ao redor. – eu já sabia que de alguma forma você mudaria a minha vida. E agora... Depois de tudo? – negou com a cabeça. – Eu simplesmente não podia, não posso, correr o risco de ter perder. Eu me recuso.

Sakura deixou mais algumas lágrimas fugirem.

-Você é tão idiota...

-Sou. Mas sou o idiota que te ama. – acariciou lhe a bochecha. – E vou concertar isso. – Sasuke se afastou dela e começou a abaixar.

-O que...?

-Shiii... – ele se ajoelhou por completo. – Sakura Uzumaki...

 

 

"(...) – falei tão baixo contra sua boca como se contasse um segredo – E é porque te amo que não aceito me despedir de você."

(Fanfic Depois da Chuva - Oneshot; Autor: MrsFox13)


Notas Finais


Inspirações: -> O título da capítulo, veio porque me lembrei desta fanfic aqui (embora ela não tenha a ver com o tema da minha): https://spiritfanfics.com/historia/fanfiction-naruto-the-motive-true-5389322
-> A decoração do Ichiruka é baseada neste episódio da série Baby Daddy: https://www.youtube.com/watch?v=O4D9j_1oYOQ
-> A música: Say You Won't Let Go - James Arthur

Vocês provavelmente querem me matar agora, rsrsrsrs Mas os desafio a adivinharem o que Sasuke irá dizer. ;)
Gostaram? Não?
Bom, de qualquer forma, vejo vocês nos comentários ou nos próximos capítulos.
beijuuuuu

p.s.: Obrigada àqueles que continuam me acompanhando e, aos leitores novos, sejam todos bem vindos!! <3


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