Acordei sozinha entre os lençóis da cama de Sasuke. Abri apenas um filete de meus olhos buscando-o pelo quarto, mas não o encontrei. Me espreguicei preguiçosamente imaginando que o mesmo estaria no banho. Observei com calma seu quarto à luz do dia, observando as paredes escuras e móveis da mesma cor. Não haviam muitos objetos pessoais nas estantes, além de livros em sua maioria.
Era um quarto simples, mas requintado e aconchegante. Poderia dormir lá mais vezes com certeza. Até porque, de fato, a cama de Sasuke era enorme e extremamente confortável. E por mais que a minha fosse considerada de um bom tamanho, a do Uchiha provavelmente fora feita com alguma medida especial. Alonguei todos os meus músculos no colchão macio e discretamente fechei os olhos e me aproximei de seu travesseiro, sentindo seu cheiro já tão conhecido e adorado por mim.
Me ajeitei na cama, me lembrando de alguns flashes da noite anterior após analisar meticulosamente a lingerie vermelha que escolhi especialmente para ele espalhada pelo chão.
Arrepiei por completo ao me lembrar de seus olhos tão negros e embaçados de desejo, desejo por mim. Com certeza era algo que fazia muito bem ao meu ego e senti vontade de surpreendê-lo de outras formas cada vez mais somente para vê-lo perder o controle novamente.
Balancei a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos devassos, pois ainda estava levemente dolorida da noite anterior e um novo round não seria a melhor das opções naquele momento.
Estiquei meu braço e peguei meu celular para checar se tinha alguma ligação ou mensagem perdida, mas nada. Me preparei para levantar e ir até a cozinha em busca de um copo d’água, mas assim que levei um dos pés ao chão, me surpreendi com o Uchiha entrando no quarto com uma pequena bandeja em mãos.
Sua feição era indecifrável, austera e eu diria até mesmo um pouco encabulada caso o mesmo não escondesse seus sentimentos tão bem.
- Bom dia. – Sussurrou me dando um beijo no topo da cabeça e colocando a bandeja sobre mim. – Eu não sabia o que você gostava, então eu trouxe um pouco de tudo. – Explicou e sentou-se ao meu lado na cama.
Fiquei longos minutos maravilhada, apenas observando as frutas, sucos, café, torradas e panquecas a minha frente. Olhei para Sasuke e o mesmo apenas me deu um meio sorriso antes de pegar uma xícara fumegante e levar aos lábios.
- Noite de filme e comida oriental, e agora café da manhã na cama. Você me mima demais, Uchiha. – Brinquei dando-lhe um beijo demorado e carinhoso.
- Hum. Não se acostume. – Resmungou e logo em seguida deu um sorriso cínico enquanto bebericava mais do líquido negro.
Tomamos o café da manhã sem pressa, conversando uma coisa ou outra e falando sobre nossos planos para o final de semana.
Sasuke disse que havia recebido uma ligação do pai há poucos minutos atrás e precisaria ajuda-lo com alguma coisa relacionada à rede de hospitais. Senti uma pequena pontada de tristeza, pois desejava mais do que tudo passar o dia ao seu lado naquela cama, mas guardei minhas vontades para mim mesma.
Porém, o moreno pareceu perceber minha insatisfação e se aproximou mais ainda de meu corpo, de uma maneira extremamente perigosa para meus sentidos ainda entorpecidos.
- Eu vou te compensar por isso. – Ciciou, afastando meus cabelos e beijando meu pescoço lentamente.
- Uhum. – Saiu como um fraco gemido enquanto deixava seus lábios brincarem em minha pele.
Resmunguei no mesmo segundo em que Sasuke se afastou e voltou a tomar seu café, me olhando travesso e vencedor, sabendo que eu já estava completamente entregue a ele com tão pouco. Bufei e balancei a cabeça, me permitindo sorrir antes de bebericar o resto do suco.
Após terminarmos todas as delícias que Sasuke havia nos preparado, levei as coisas até a cozinha e as lavei como forma de agradecimento pelo gesto carinhoso. Jamais imaginaria que ele pudesse ser assim, tão gentil e afetuoso. Me perguntava se outras mulheres já chegaram a conhece-lo dessa forma ou se eu era a primeira.
Torcia para que a segunda opção fosse a correta.
Assim que o Uchiha saiu do banho e já começava a se arrumar para encontrar o patriarca, meu telefone tocou e eu o atendi em sua frente, enquanto ambos já nos vestíamos para sair.
- Oi, mãe. Sim, tudo bem e vocês? Almoço? Amanhã? Ok, contem comigo. Até.
Desliguei o aparelho e coloquei de volta na mesa de cabeceira enquanto ajeitava meu vestido ao corpo.
- Vai almoçar com seus pais amanhã? – Sasuke perguntou me abraçando por trás e acomodando seu rosto perto do meu.
- Sim, por que? Quer ir? – Perguntei irônica imaginando que Sasuke não tinha a menor pretensão de conhecer meus pais tão cedo, ou sequer conhece-los de verdade em algum momento devido a personalidade ciumenta de Kizashi Haruno.
- Hum. Se você estiver disposta, eu não me importaria de conhecer seus pais. – Ronronou beijando-me do pescoço ao ombro e eu estremeci por completo pelo rastro de fogo deixando em minha pele.
Me virei ainda assustada por sua resposta, e perguntei desconfiada:
- Está falando sério? Você quer mesmo passar o domingo com meus pais te interrogando?
- Não seja irritante. Não deve ser tão ruim assim. – Deu de ombros e voltou a se vestir.
- Ok. – Respondi ainda desacreditada que Sasuke realmente iria almoçar com meus pais no dia seguinte. – Vou avisá-los, então.
- Certo. – Ele respondeu.
Trocamos mais alguns beijos e carícias e se não fosse pelo seu horário apertado, provavelmente nossas roupas já estariam no chão mais uma vez, mesmo que meu corpo já estivesse pedindo descanso. Porém, ambos sabíamos que Fugaku não era o tipo de homem paciente e um atraso para o patriarca era inadmissível.
Talvez, só talvez, se não tivéssemos acordado tão tarde naquele sábado, pudéssemos aproveitar mais da companhia um do outro. Mas, infelizmente, esse não era o caso e nosso café da manhã foi praticamente na hora do almoço.
Sasuke me deixou em casa e rumou até a mansão dos pais, onde passaria o resto do dia trancafiado com o Uchiha mais velho em seu escritório.
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Levantei naquele domingo sentindo uma ansiedade se apossando de meu corpo. Em poucas horas eu estaria em uma mesa com meus pais e Sasuke, e isso me era extremamente preocupante. Afinal, seria a primeira vez que eu levo um homem para conhecer meus pais oficialmente. E como diabos eu deveria apresenta-lo?
Liguei para minha mãe no dia anterior e contei que o Uchiha nos acompanharia. Claro que a mesma ficou totalmente eufórica e acredito que já esteja preparando nosso casório e decidindo o nome de nossos filhos. Ai, Kami, esse almoço tinha tudo para ser um desastre. Até porque, de acordo com dona Mebuki, meu pai estava uma bola de nervos ao saber que Sasuke me acompanharia.
Já podia até mesmo imaginar suas ameaças e questionamentos, mas agora não poderíamos mais voltar atrás e eu tinha que encarar aquela situação. Por que fui abrir minha boca? Eu definitivamente precisava aprender a não brincar com coisas tão sérias.
Sasuke me buscou no horário combinado e nos cumprimentamos com um beijo cheio de saudades. Sim, saudades. Mesmo ficando apenas um dia longe um do outro, todo o meu corpo e coração pedia pelo Uchiha como uma abstinência pela droga mais viciante que existe.
Rumamos para nosso destino final e meu nervosismo era nítido, já que só me faltava roer as unhas. Sasuke volta e meia ria de minha tensão e eu o olhava incrédula, visto que para mim, ele é quem mais deveria estar angustiado. Mas não, nada parecia abalar sua tranquilidade.
Chegamos até a casa de meus pais e minha mãe não se limitou em apenas me dar um abraço forte, fazendo o mesmo com Sasuke logo em seguida. Pude ver que ele ficou um pouco sem jeito, mas retribuiu o gesto da forma mais polida que seu temperamento recatado permitia.
Meu pai o fitou minuciosamente dos pés à cabeça com seu olhar mais tenebroso. Sasuke se manteve imponente como se Kizashi não o intimidasse, e não posso negar que o achei ainda mais sexy naquele momento.
Trocaram um aperto de mão forte e meu pai o levou até a sala de estar para conversarem enquanto tomavam uma bebida. Minha mãe, por sua vez, pediu para que eu a ajudasse a finalizar o almoço e colocar a mesa.
Mesmo apreensiva, fiz o que a mesma me pediu e deixei que os homens da casa se entendessem. Mas claro que, como toda boa curiosa, deixei os ouvidos bem atentos na parede de gesso que separava a sala da cozinha.
- Sakura, o que está fazendo? – Minha mãe sussurrou perto de mim.
- Shh, eu quero ouvir. – Admiti com o ouvido colado na parede.
- Ô menina, chega pro lado. – Mebuki disse me empurrando com seu quadril e imitando minha posição. E logo estávamos nós duas atentas a conversa daqueles dois.
- Então, Sasuke. Irei direto ao ponto, pois não sou homem de enrolação. Quais são suas intenções com a minha filha, rapaz? – A voz de meu pai era baixa pela distância, mas percebia-se o tom sério e rigoroso.
- As melhores, senhor. – Sasuke respondeu no mesmo instante, sem se mostrar afetado pela pergunta.
- É a primeira vez que Sakura nos apresenta alguém, isso quer dizer que estão juntos? Em um relacionamento sério e verdadeiro?
- Se Sakura assim quiser, é o que desejo. – Admitiu com a voz grave e sincera.
Nesse segundo, meu sangue gelou e minha mãe dava pequenos pulinhos ao meu lado segurando meus ombros. Pedi para que ficasse quieta enquanto sentia que meu coração explodiria dentro do meu peito e desmaiaria pela falta de ar.
Então esses eram seus planos afinal? Ou apenas estava falando o que meu pai gostaria de ouvir? Sasuke tem se mostrado bem dedicado em relação a nós dois nas últimas semanas e eu não poderia reclamar de absolutamente nada. Estava completamente feliz e satisfeita de como as coisas entre nós estavam caminhando.
- Certo. Mas se fizer qualquer coisa à minha menina, eu vou te mostrar o que aprendi nos meus anos de fuzileiro naval. E te garanto, filho, você não irá gostar.
- Não há com o que se preocupar, senhor. – Sasuke garantiu ainda com seu tom austero e achei que seria melhor parar aquela conversa por alí, antes que meu pai começasse a perder ainda mais as estribeiras.
Com um sorriso cúmplice, pedi para minha mãe chama-los para o almoço e a mesma me respondeu com uma piscadela nem um pouco discreta. Ri da animação exagerada que minha mãe não fazia questão de esconder e levei o que ainda faltava para a mesa. Sentamo-nos todos e Dona Mebuki não deixou Sasuke um segundo sequer em paz. Ela fazia diversas perguntas sobre si, sua vida, família e o que lhe viesse à mente.
O Uchiha a respondia de forma direta e polida, sempre com uma educação impecável. Quando meus pais se serviram pela segunda vez, aproveitei o momento para olhar Sasuke e o oferecer um sorriso gentil e de puro agradecimento. Levei minha mão até sua perna e fiz um leve carinho como uma forma de conforto e apoio.
Ele, por sua vez, observou meus pais e vendo que os mesmos não estavam prestando atenção em nós, me olhou com um repuxar de lábios e apertou minha mão por baixo da sua.
Passamos boas horas conversando e claro que, como forma de vingança, Sasuke pediu para que minha mãe lhe contasse minhas maiores gafes de quando mais nova. Dona Mebuki ficou radiante ao falar cada vergonha que passei em minha adolescência com direito à diversos álbuns de foto com meus mais vergonhosos momentos.
Inflei as bochechas e tentei esconder aquelas fotografias em algum lugar, mas minha mãe não me permitiu tal façanha, me fazendo sentar ao lado de Sasuke enquanto o mesmo folheava o álbum puído.
Minhas bochechas estavam gravemente coradas e meu pai ousou perguntar se eu havia tomado Sol nos últimos dias para estar tão vermelha. Dei-lhe a língua e o mesmo riu sabendo o que sua provocação faria comigo.
Cansado de reviver o passado, meu pai aproveitou que estávamos entretidos com as fotos e pegou seu costumeiro jornal para ler as notícias.
- A matéria sobre a economia do país da página 4 está bem interessante. – Sasuke comentou e meu pai abaixou o papel para fita-lo.
- Lê jornal, filho? Achei que as pessoas da sua idade só liam pela internet. – Questionou curioso.
- É um velho hábito que peguei com meu pai. Leio o jornal todos os dias.
Vendo que ambos começavam a conversar sobre o assunto e a tal matéria, minha mãe me chamou para fazermos um café enquanto isso. Assenti rapidamente e me levantei para acompanha-la.
- Acho que deu tudo certo. – Ela cochichou em meu ouvido e eu concordei com um sorriso bobo nos lábios.
- Espero que sim. – Falei mantendo um olho nos dois que pareciam bastante entrosados um com o outro.
Preparamos o café e levamos até a sala, onde ambos começavam a falar sobre esportes. Sabia que Sasuke não era muito fã do assunto, mas conversava com meu pai demonstrando bastante interesse e naquele momento cogitei a hipótese dele estar apenas interagindo para satisfazer meu velho de alguma forma.
- É bom poder conversar sobre esses assuntos com alguém, Sasuke. Sempre quisemos dar um irmãozinho para Sakura, mas por conta do meu trabalho acabamos desistindo da ideia. – Admitiu colocando a mão sobre o ombro do Uchiha.
Sasuke apenas assentiu e deu um sorriso torto em concordância. Pelo visto, o Uchiha havia conquistado o coração do meu ex-fuzileiro naval favorito. E claro que isso me deixava extremamente feliz e aliviada em diversos aspectos.
Após o café, levantei-me para me despedir de meus pais e Sasuke fez o mesmo.
Minha mãe, claro, não o deixou ir sem um abraço apertado, fazendo-o prometer que os visitaria novamente. O Uchiha, de forma educada, agradeceu o almoço e confirmou que voltaria a revê-los em breve.
Extendeu a mão para meu pai, mas o mesmo o puxou para um abraço típico de sogro e genro. Também disse para que assistissem algum jogo juntos qualquer dia e Sasuke concordou.
É, o Uchiha havia mesmo conquistado o coração daquele grandalhão. O que eu achava ótimo, por sinal, já que meu pai sempre sofreu por conviver com duas mulheres e sonhava em ter um filho com o qual pudesse compartilhar seus momentos de virilidade.
Abracei meu pai na ponta dos pés e me despedi com um beijo estalado na bochecha.
- Ele parece ser um bom garoto. Não o deixe escapar. – Falou baixinho apenas para que eu ouvisse e segurei uma gargalhada ao ver que de fato meu pai o havia aprovado e já se encontrava até mesmo apegado ao Uchiha.
Assenti com a cabeça rindo boba e sacudindo a cabeça. Entrei com Sasuke em seu Volvo e assim que partimos pude ouvir sua voz ecoando no carro.
- Acho que não preciso me preocupar com um sogro assassino no final das contas. – Brincou, mas pude sentir a tensão se esvair em seu tom e um alívio se apossar de seus ombros.
- Quem diria, não é mesmo?! Mas não me surpreende que meus pais tenham gostado de você. – Respondi sincera e o mesmo alternou os orbes negros entre a estrada e meus olhos.
- Por que? – Perguntou direto.
- Porque eu também gosto. – Admiti baixinho e sorri olhando para meus dedos que se remexiam em meu colo.
A mão de Sasuke pegou a minha de forma delicada e a levou até seus lábios, depositando um beijo cálido e aquecendo meu coração por completo.
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