História O Acordo - Capítulo 19

Após a noite na cabana, senti que nossa relação estava, de certa forma, ainda mais íntima. Se é que isso era possível. Passamos a semana separados pela enorme quantidade de trabalho e não pude negar a enorme saudade que senti do Uchiha durante aqueles dias.

Porém, dormimos juntos na noite de sexta-feira e sábado chegou rapidamente, assim como a festa de Itachi, que completaria 33 anos no domingo daquele final de semana.

Depois de enrolarmos nas cobertas quase que o sábado inteiro, eu finalmente consegui convencer Sasuke de que não poderíamos faltar ao aniversário do seu próprio irmão, até porque era uma festa surpresa em que o mesmo havia participado da organização. Ou quase isso.

Como o moreno havia ficado responsável por levar o Uchiha mais velho até a tal boate, eu combinei que o encontraria lá junto de Naruto e Hinata. Com isso, combinei com a Hyuga de nos encontrarmos em frente ao local e adentramos os três juntos à festa.

Estava completamente lotada, e então realmente percebi que Sasuke não havia sido nem um pouco modesto sobre a quantidade de amigos que o irmão mais velho tinha. Mas, também, Itachi é realmente uma pessoa divertida e bem-humorada, e aquele mar de gente não deveria me surpreender tanto no final das contas.

A música tocava baixa e o ambiente só não era completamente escuro por conta das luzes coloridas que varriam o salão. Logo após a entrada, haviam balões prateados, faixas e até mesmo um bolo com o rosto do aniversariante com uma careta engraçada.

Tayuya, claro, estava lá também. Mas interagia apenas com poucas pessoas, e claro que eu só a cumprimentei com um aceno de cabeça para não ser mal educada. Afinal, Itachi ainda era seu namorado, eu gostando ou não.

- Onde será que eles estão? – Naruto perguntou impaciente e no mesmo instante meu celular vibrou.

Uma mensagem de Sasuke informava que ambos estavam na rua da boate e que já deveríamos estar a postos para a surpresa.

Pedi para que o DJ avisasse no microfone e todos nos organizamos em frente à enorme faixa escrita “Feliz Aniversário, Itachi Uchiha!”.

A porta se abriu e confetes prata e vermelho foram lançados em um Itachi completamente surpreso e feliz. Seu sorriso preenchia seu rosto e percebi que ele não sabia quem agradecer primeiro.

Provavelmente pela proximidade, o Uchiha mais velho agarrou o caçula pela cintura e o levantou em um abraço apertado. Sasuke, que não esperava a ação exagerada do irmão, apenas bateu em suas costas e o mandou soltá-lo de forma emburrada, me fazendo rir de seu desconforto com o gesto de carinhoso em público.

Tayuya se aproximou de ambos e o namorado a agradeceu com um beijo na testa, o que me fez estranhar a mudança repentina na forma de interagir com as pessoas queridas. Em seguida, os dois irmãos vieram até nós e nos cumprimentaram. Sasuke beijou-me de forma delicada e ágil, provavelmente pelo pequeno público que nos rodeava.

Itachi, por sua vez, nos agradeceu pela presença e aproveitou o momento para me dar um abraço capaz de tirar meus pés do chão, assim como havia feito com o irmão. Sasuke fechou a cara e me puxou para mais perto, fazendo todos nós rirmos com seu jeito ciumento e possessivo.

De acordo com Itachi, ele era igualzinho quando criança, principalmente quando se tratava de um tal dinossauro de pelúcia. O Uchiha mais novo o repreendeu pelo comentário e mais uma onda de risadas veio à tona. Beijei a bochecha de Sasuke como uma forma de suavizar suas expressões sérias e carrancudas e, para a minha sorte, parece ter tido efeito, pois ele já não aparentava ligar pelos minutos anteriores.

Itachi pediu licença e vi que o mesmo havia ido cumprimentar o resto do pessoal, começando por aquele ruivo que o recebeu de braços abertos e um cochicho em seu ouvido. Logo em seguida, o aniversariante subiu no pequeno palco onde o DJ se encontrava e a música parou subtamente.

- Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a todos por essa surpresa maravilhosa. Vocês são incríveis! – Urrou animado e todos batemos palmas enquanto alguns gritos ecoavam no local. – Mas, agora, é hora de se divertir sem pensar no amanhã! DJ, solta o som! – Pediu e as batidas da música transformaram o lugar numa verdadeira festa.

- Vamos dançar, doçura!! – Naruto brandou, puxando Hinata pelo pulso até a pista de dança.

- Na-naruto, e-espera! - A Hyuga me olhou com súplica, como se pedisse para que eu a salvasse, mas tudo o que pude fazer fora dar um aceno com a mão e desejar uma boa sorte.

Observei o casal chegar até o meio do salão e o loiro começava a dançar o passo do cotonete, tirando de mim uma gargalhada pela cena cômica logo a minha frente. Hinata, por sua vez, estava com as bochechas completamente coradas, mas não demorou para entrar na dança bizarra do marido e ambos pareciam se divertir bastante juntos.

Olhei para Sasuke ao meu lado, que observava a cena com um sorriso debochado, provavelmente se divertindo tanto quanto eu. Quando seus olhos se viraram para mim, rimos de forma cúmplice.

- Vamos beber alguma coisa? – Se aproximou e sussurrou em meu ouvido para que eu o escutasse, visto que o som realmente estava muito alto.

Concordei com a cabeça e respondi:

- Quem sabe assim eu também não consigo te arrastar para a pista de dança. – Dei uma piscadela, me divertindo com sua feição séria.

- Isso não vai acontecer. – Afirmou convicto e me guiou com a mão em minhas costas até o bar.

O salão era grande e na parte de cima havia um tipo de mezanino, onde eu conseguia enxergar alguns sofás e pufs, provavelmente para que as pessoas pudessem descansar e conversar melhor longe das enormes caixas de som que batiam incessavelmente as batidas eletrônicas.

Pude avistar a cabelereira negra e comprida de Itachi, presa como de costume em um rabo de cavalo frouxo. Ele conversava com um ruivo que após cerrar melhor os olhos, percebi ser o Sasori do dia do coquetel.

Observei mais uma vez a pista de dança e vi o casal Uzumaki ainda dançando, enquanto Tayuya parecia fazer o mesmo em uma roda de amigas. Um garçom as oferecia alguns shots e só pude ver a ruiva virar pelo menos uns três antes que a bandeja ficasse completamente vazia.

- O que está pensando? – Uma voz próxima me despertou.

- Na verdade só estava vendo como essa boate é legal. Gostei bastante da decoração, e a  música é muito boa também. – Admiti com um sorriso gentil, ignorando o fato de que Tayuya provavelmente não sobreviveria àquela noite se continuasse naquele ritmo com as bebidas.

- Hum. Só é barulhento demais. – Sasuke respondeu sem muita emoção e eu concordei.

Por mais que eu gostasse de sair de vez em quando com Ino e Temari, a verdade é que minha versão Sakura Haruno caseira prevaleceria sempre, e só a ideia de me enfiar debaixo de um cobertor com Sasuke ao meu lado era incrivelmente mais atraente do que estar naquela festa.

- O que acha de irmos lá pra cima? Parece ser mais calmo. – Sugeri e o mesmo apenas entrelaçou nossas mãos até a escada que nos levaria ao mezanino.

O andar de cima estava bem mais vazio, visto que a maioria das pessoas estavam dançando como se não houvesse amanhã, exatamente como Itachi ordenou. Víamos somente alguns casais sentados nos sofás vermelhos espalhados e alguns grupos de amigos conversando e beliscando algo na grande mesa de petiscos.

Sentamo-nos em um pequeno sofá de dois lugares, que nos dava uma boa visão à pista de dança e ao resto da boate. O som ainda era alto, mas ao menos não precisávamos gritar para sermos ouvidos.

- Será que seu irmão gostou da surpresa? – Perguntei puxando algum assunto enquanto bebia meu drink e buscava Naruto e Hinata no meio do mar de gente.

- Tsc... – Estalou a língua e deu um pequeno sorriso. – Itachi gosta de tudo o que envolve bebida, música e companhia.

- Então foi uma boa escolha de festa surpresa. – Respondi divertida, vendo o Uchiha mais velho aparecer ao lado do DJ e dançar de forma esquisita, como se fosse uma cobra em meio a uma convulsão. – Ele parece mesmo estar se divertindo. – Disse com um sorriso divertido ao apontar para Itachi com o queixo.

Sasuke concordou e em seguida ficamos em um silêncio confortável, apenas rindo de vez em quando de alguma alma dançante e completamente vergonhosa, seja pela falta de jeito ou excesso de álcool nas veias.

Vi que o mesmo havia terminado sua dose de whisky, observando se teria algum bar na parte de cima.

- Quer pegar outro? Eu te espero aqui. – Falei olhando seu copo vazio.

O mesmo entortou a face e o vi observando minuciosamente a pista de dança por alguns segundos, como se procurasse algo ou alguém.

- Ok, volto logo. Não saia daqui. – Ordenou e logo saiu.

Não demorou muito para que o moreno retornasse, sendo seguido por Naruto e Hinata, que alegavam estar extremamente cheio e quente lá embaixo pela quantidade de pessoas se remexendo incessavelmente.

Porém, para a nossa infelicidade, logo fomos interrompidos por uma Tayuya mais pra lá do que pra cá.

- Sasuke, querido, eu preciso da sua ajuda. – Disse manhosa e arrastada tocando o ombro do Uchiha de uma maneira nem um pouco discreta.

- O que quer, Tayuya? – Perguntou impaciente e claramente desconfortável com o toque da mulher.

- As velas do bolo estão numa estante muito em cima em uma salinha perto da cozinha e nenhum dos garçons é alto o suficiente para pegá-las. – Disse com um tom triste.

- Por que não pede pro Itachi? – Sugeri desejando matá-la com os olhos.

- Por que é surpresa, oras. Preciso das velas pro parabéns. – Explicou como se fosse óbvio e em seguida juntou as mãos em súplica. – Por favor, cunhadinho! – Implorou quase tropeçando nos próprios pés.

- Tá. - Resmungou. - Vamos logo. - Disse se levantando e estendendo a mão para que eu o acompanhasse.

Mas assim que me levantei, a mão de Hinata puxou meu pulso e logo vi que a mesma estava mais branca que o normal, com gotículas de suor em sua testa. 

- Hinata? Está passando mal? – Perguntei me abaixando preocupada até a morena, que assentiu e mostrou-se tonta no momento em que tentou levantar.

- Você bebeu com o estômago vazio, doçura? – Naruto perguntou tenso e eu imeditamente olhei para os três que nos observavam.

Hinata assentiu angustiada. Ao que parecia, sua pressão havia caído, o que é de se esperar quando se bebe sem comer nada, além de que a pista de dança estava lotada e quente.

- Eu vou levá-la até o banheiro para lavar seu rosto e molhar sua nuca. Sasuke, ajude a Tayuya. E Naruto, arranje um copo d’água e um pouco de sal! – Mandei e todos assentiram, até mesmo o Uchiha, que apesar de não se mostrar contente com o ocorrido, nada disse.

Corri meus olhos até achar o banheiro mais próximo e rapidamente levei a morena até lá. Segurei seus cabelos joguei água fria em seu pescoço e em seguida em seu rosto, vendo que a mesma já se sentia um pouco melhor conforme respirava devagar.

Ouvi algumas batidas na porta e a voz do Uzumaki preocupada do outro lado. Pedi para que o mesmo entrasse, visto que não haviam outras mulheres no recinto além de nós duas, e o mesmo estendeu o copo d’água para a esposa.

- Querida, está melhor? – Perguntou aproximando-se ainda mais dela para acariciar-lhe o braço.

- Sim, querido. Obrigada. – Respondeu sem graça e levantou o rosto com um sorriso tímido.

- Vou te levar pra casa. Sakura-chan, pode avisar ao Sasuke e Itachi por favor?

- Claro, não se preocupe. Apenas cuide dela. –  Pedi e o loiro assentiu.

Ajudei Naruto a levar Hinata até a saída, onde um taxi já esperava pelos dois. Ambos me agradeceram e, em seguida, rumei direto para onde deveria ser os fundos da boate, em busca de onde Sasuke supostamente estaria.

Os garçons estavam na correria e por isso nem tive a chance de perguntar qual das portas levava para onde eu desejava ir. Estava em um corredor escuro e a visão era dificultada. Com isso, abri a primeira porta que vi torcendo para que fosse a pequena sala em que as velas e o bolo estariam guardados.

- Humm, eu senti tanto a sua falta, meu amor. - Uma voz grossa disse baixinha enquanto gemidos se faziam presentes naquele pequeno espaço.

Travei no lugar e prendi a respiração de imediato, percebendo que minha presença ainda não havia sido notada. O cômodo estava completamente escuro e eu sequer sabia quem era o casal que provavelmente fazia muito mais do que simples beijos.

Dei um passo para trás a fim de ir embora antes de ouvir mais alguma coisa constrangedora.

- Eu não aguento mais isso, eu só quero ficar com você. - Mas a sorte não estava do meu lado no momento, pois a voz que proferiu a seguinte frase era mais familiar do que eu gostaria.

- Itachi? – Perguntei num susto levando a mão à boca e me repreendendo mentalmente pela fala.

- Sa-sakura? – O Uchiha mais velho perguntou quase que engasgando. – P-por favor, me deixa explicar. – Implorou fechando a porta atrás de mim e ascendendo a luz.

- Sasori? Mas o que... – Tentei perguntar, mas a surpresa era grande demais para que outras palavras saíssem.

- Sasori, podemos... nos falar depois? Preciso conversar com a Sakura. – Itachi pediu e o ruivo assentiu, claramente chateado e envergonhado por alguém ter interrompido o momento à dois, e saindo do cômodo sem dizer mais nada.

Franzi o cenho, colocando algumas coisas em ordem na minha cabeça e me lembrando instantaneamente de quando conheci o Sasori no coquetel e o mesmo parecia dar algum tipo de indireta. Os pedaços do quebra-cabeça começavam a se juntar em minha mente e a cada vez que eu me lembrava de como Itachi parecia infeliz com Tayuya ou evitava qualquer contato mais íntimo ou carinhoso com ela, mais as coisas faziam sentido.

O moreno me olhava sério, provavelmente tentando pensar nas melhores palavras para começar as explicações. Porém, eu me adiantei.

- Desde quando? – Perguntei, mas Itachi permaneceu calado. – Desde quando você sabe? – Repeti mais firme e o mesmo suspirou fundo de forma derrotada.

- Desde sempre...

- E por que escondeu isso de todos? Dos seus pais, de Sasuke? Por que está junto de alguém que não ama e nem seria capaz de amar? – Questionei andando de um lado para o outro, gesticulando com as mãos e imaginando a loucura que era aquilo tudo.

- Sakura, me escute! – Itachi brandou, segurando-me pelos ombros e me fitando sério. – Ninguém pode saber, entende? Meu pai nunca aceitaria, e eu não posso perder a minha família. Eles são tudo pra mim! – Seu olhos eram de pura vergonha, medo, desespero.

Itachi parecia um menino assustado que lutava contra seus próprios demônios e tudo o que pude fazer fora abraçá-lo forte enquanto o sentia rígido pela confissão.

- Itachi, você não precisa ter medo ou vergonha. Eu, seu irmão e sua família, todos nós te amamos por quem você é. Sua opção sexual jamais mudaria isso, você precisa se aceitar e buscar sua própria felicidade. – Sussurrei em seu ouvido acariciando os cabelos lisos.

- Eu não aguento mais isso, Sakura. Eu... eu amo o Sasori. Mas como posso decepcionar meu pai dessa forma? Ele não é capaz de entender. A cabeça do meu pai é... fechada demais. – Preguejou a última parte e meus braços o apertaram ainda mais forte.

- Se você ama o Sasori, deve ficar com ele, querido. Eu estou aqui pra te apoiar, vamos passar por isso juntos, ok? É a sua vida que está em jogo, e você não pode pensar apenas no que seu pai ou qualquer outra pessoa quer, além de você mesmo.

- Você não entende, Sakura. Tudo foi um grande mal entendido que se transformou nessa confusão em que me encontro, e eu não sei como sair dessa bola de neve. – Murmurou.

- Então me explique e daremos um jeito. – Me afastei para olhá-lo e acariciei seu rosto abatido e contorcido numa careta.  Peguei sua mão e o levei para sentar-se em uns pufs no canto do cômodo. Ao que tudo indicava, estávamos em uma pequena sala onde guardavam acessórios e móveis de pequeno porte para eventos.

- Eu sempre soube que mulheres não me interessavam. – Suspirou fundo buscando forças para continuar. – Mas foi somente quando conheci Sasori há 5 anos atrás que me apaixonei pela primeira vez. Nós tivemos um caso por quase 2 anos até que um dia meu pai nos surpreendeu com uma visita inesperada em meu apartamento. – Esfregou o rosto cansado com as mãos. -  Eu estava saindo do banho quando o vi abrindo a porta de meu quarto e pulei em sua frente para que ele não visse quem dormia em minha cama.

Levei minha mão à boca, nervosa pela história e toda a tensão que Itachi deveria ter sentido naquele momento. Contar aos pais extremamente tradicionais que é homossexual pode ser uma tarefa difícil, mas ser descoberto daquela maneira deve ser realmente desesperador.

O mesmo parecia estar relembrando a história e apertei seu joelho como forma de apoio e incentivo para que o mesmo continuasse.

- Meu pai viu o cabelo vermelho e deduziu que era alguma mulher. E como qualquer homem orgulhoso, me perguntou de quem se tratava. – Levou as mãos até os cabelos repuxando-os de forma nervosa. – Eu disse que era a Tayuya e o mesmo ficou tão feliz... tão... orgulhoso por eu estar tendo algum envolvimento com a filha de um de seus melhores amigos.

- Kami... – Sussurrei. – Mas... então Tayuya sabe da verdade? – Perguntei curiosa.

- Não. – Disse baixinho. – Ela não sabe, nunca disse nada a ela. 

- Então... como? Vocês dois... – Tentei formular a pergunta, mas Itachi continuou.

- Conhecemos Tayuya desde adolescentes. Ela sempre teve uma... queda pelo Sasuke. – Riu sem humor. – Ele nunca se interessou por ela, e acredito que quando comecei a lhe dar certa atenção para dar continuidade à minha mentira, a mesma se aproveitou para tentar despertar algum tipo de ciúmes no meu irmão. Ou talvez só esteja interessada no status que é estar com um Uchiha, não sei. Nunca conversamos muito sobre sentimentos ou qualquer coisa do tipo, apenas... deixamos ser o que é. Nossos pais aprovam e insistem em dizer como é bom esse laço entre as nossas famílias. Acabamos apenas deixando ficar como está. - Deu de ombros de forma cansada. 

- Então você começou um relacionamento com ela e ainda pretendia leva-la para os Estados Unidos com você? Iria se casar e ter filhos com uma pessoa que nem mesmo gosta apenas por medo de decepcionar seu pai? – Questionei sem acreditar que ele sacrificaria tanto de si por sua família.

- Inicialmente eu pretendia apenas namorá-la por alguns meses e depois terminar, somente para sustentar minha história que cada vez mais parecia uma bola de neve ainda maior. Mas... comecei a pensar que talvez, só talvez, eu pudesse mudar e ser motivo de orgulho para meu pai. Tayuya parecia disposta a me... agradar também. - Comentou e corei entendendo ao que ele se referia. - Além disso, ela me acompanhava nos lugares, estava sempre presente e de vez em quando conseguimos ter bons momentos, ainda que sejam tão raros. 

- Itachi... – Sussurrei seu nome pegando em suas mãos e juntando-as nas minhas.

- Eu tentei amá-la, Sakura. Eu juro que tentei. Eu queria me apaixonar por ela tanto, mas tanto... que eu pensava que só de querer eu conseguiria. Afastei Sasori de mim e aceitei meu destino. Acreditei cegamente que com o tempo e convívio, eu conseguiria amá-la, ser um marido de verdade, deixar todos felizes,  mas os meses foram passando... e eu não... não fui capaz. E hoje, eu bebi mais do que devia e quando vi Sasori e eu só... não consegui evitar. Eu queria apenas uma noite, uma noite sem me preocupar em me esconder ou fingir ser algo que não sou. – Vi as lágrimas se formarem em seus olhos escuros e todo o meu coração se encheu de pena e angústia.

- Itachi, me desculpe. – Levei uma de minhas mãos até seu rosto e o obriguei a me olhar. – Eu não vou deixar que você cometa essa loucura. Você precisa se aceitar e ser forte. Não será fácil, mas você irá contar aos seus pais e  Sasuke. Estarei do seu lado quando isso acontecer e você irá agora mesmo atrás de Sasori, pois ele é o seu caminho para a felicidade e eu não permitirei que você o afaste novamente, me entendeu?

Itachi me olhava com os olhos arregalados, completamente confuso conforme digeria minhas palavras. Sua feição se tornou ainda mais cansada e o mesmo deu um sorriso triste.

- Meu irmãozinho tolo escolheu bem, Sakura. Você é uma ótima cunhada. – Disse com um tom aliviado e brincalhão e eu apenas sorri para si, enquanto limpava minhas próprias lágimas que sequer havia percebido que estavam caindo.

- Estamos juntos nessa. Agora, a primeira coisa que precisamos fazer é contar ao Sasuke, ele poderá nos ajudar na hora de contar aos seus pais, ok? – Perguntei carinhosa e o mesmo concordou.

- Vamos. – Pediu e rumamos até onde Sasuke e Tayuya estariam.