<Marina>
Andava solitária por aquela rua, deixando aquela visão de lado e me concentrando no que eu iria fazer, "já sei! Vou comprar meu lanche!" Pensei.
Mas antes que eu pudesse racionar sobre o que eram aqueles passos rápidos a "explodir" as poças d'água, senti um corpo me envolver... Um cheiro conhecido invadiu minhas narinas....
João- Marina quando foi que voltou?! -Senti sua voz pouco rouca e embargada em meu ouvido.
Ele me soltou e então eu virei pra ele, minha sorte é que a fina garoa disfarçou minhas lágrimas.
Marina- O-oi... Carlos -Disse tentando disfarçar minha voz embargada.
J- Porque não falou comigo mais cedo?
M- Hã? Aaah, talvez porq-(A-interompida, não é ero de dijitação, kkkk, é t do de proprósito!)
J- Eu te chamei
Marina já assumindo uma postura mais calma ou tentando- E foi?
J- Foi
M-E foi, foi?
J- Hahahaha, por um minuto pensei qu- Para de falar e percebe a situação dos dois- O que é que você veio fazer na chuva?
M- Ahm, comprar o lanche
J- E esse pacote nas suas mãos?
Marina olha para o pacote.
M-Aaahhm, é que... bem eu não disse que o lanche que eu vou comprar é pra mim -Diz logo abrindo um sorriso por pensar na desculpa perfeita
João ficou com cara de ponto de interrogação mental.
J- Então pra quem é? -Pergunta transpassando uma ponta de ciúme
M- Aaah isso, há há -Digo sacando o lance do João, me viro e começo a andar de novo. João me segue encostadinho em meus ombros.
J- O que é? Pra quem?
*A tal da Angelina e o Guilherme ficam a olhar os dois sumirem na descida da rua em pé no portão*
Nós continuamos descendo a rua.
J- Você não vai me contar?
M- Que menino curioso, Jesus...
Viro a cabeça e vejo ele me olhar com a expressão de curiosidade mais fofa do mundo.
M- Hahaha, tá eu conto, essa pessoa é alta, bem branca, tem olhos de jabuticaba, uuuuh, lindos, maravilhos, tem ombros largos que é uma beleza, sarado, hahaha - Rio ao ver a cara de espanto dele- E tem uma bunda bem apalpável! -Vejo a abertura de seus olhos se abrirem mais ainda. E eu me contive para não me estourar de dar risadas.
Continuando a descer já estavamos quase no final da rua.
M- Não vai dizer nada?
Vejo uma expressão tristonha tomar o lugar da surpresa.
M- Não se preocupa não, você conhece.
J- É o Guilherme? -Diz com voz séria, já tinhamos chegado ao pequeno comércio ao final da rua da escola.
M- Não! Louco!... Fica aqui na porta que eu vou comprar o lanche.
*João observa Marina no balcão do nem tão pequeno restaurante lanchonte, depois olha pra fora*
M- Moça, eu vou querer um mousse de limão com frutas para dois -Enfatizo-, pra viagem, dois sonhos e um espeto de camarão, esses dois últimos é pra consumir agora mesmo, viu? -Digo educadamente enquanto a moça anota os pedidos mentalmente.
~~
J- O que é isso?
Diz com os olhos em minhas mais novas aquisições.
M- Hum
Dou um sorriso enquanto descubro a comida em cima de uma mesa perto da porta
J- O que...?
Diz maravilhado, sentando-se, eu também me sento.
J- Não acredito, você...
M- Pois é, não me esqueci do que combinamos quando eu fui embora... Aquele nosso desejo de comer o sonho lendário da lanchorante perto do colégio São Domingos de Gusmão
J- Você também comprou meu doce favorito, mousse de limão!
M- Com frutas! E não se esqueça do espeto de camarão -Digo mostrando o espeto- E adivinha o que tem na minha quentinha?
J- Não, não, eu não acredito! -M e J- Ensopado de bacalhau
Retiro a quentinha da minha sacola, e João respira fundo sentindo o cheiro do ensopado quando eu tirei a tampa.
J- Posso comer?
M- Hã, hã, lembra da outra parte do combinado?
J- O quê?
M- Antes de eu ir embora você disse que iria comer mousse de limão com ensopado de bacalhau com hashii se eu voltasse ou não fosse embora... -Digo pegado os hashiis que estavam no pacote. João ficou me olhando com uma cara de criança que teve o pirulito tirado da boca.
Pensei que ele ia dizer algo como: você não pode me livrar dessa não?, mas ele ficou quieto, pegou os hashiis e começou a comer
M- Você ainda quer saber pra quem eu estou comprando o lanche?
João disse de boca cheia na zueira- Te amo
M- Hahahaha, eu sei
Então eu pego um sonho e molho metade no ensopado, com cuidado guio o sonho para a boca de João, o mesmo morde o sonho, e pegando o outro sonho ele faz o mesmo e me dá, eu mordo.
Foi um breve intervalo agradável, mas logo nós tivemos que voltar pra escola.
~~
Chegando no colégio novamente somos recepcionadas por Guilherme.
Guilherme- E aí, tá bonita viu Marininha.
M- Ah, oi Guilherme...
Gui- Que empolgação em me ver
Eu entrei depressa na sala, não tava com vontade de ouvir as piadas bestas dele.
~~~~~~
No pátio.
J- Quer companhia pra ir pra casa?
M- Na verdade quero sim
Fomos embora dando as costas ao Guilherme e a talarica que pulou em cima do João, mas é claro que meu acompanhante não se deu conta da presença deles
~~
J- Mas você está perdida ou quer ir pra minha casa, por que é a direção que estamos indo
Chegamos em frente da casa dele na orla da periferia, de frente pro mar.
Então eu paro e me viro pra ele.
M- Na verdade, eu e minha irmã optamos por escolher com calma onde iriamos morar, então minha irmã entrou em contato com sua avó e nós estamos morando no segundo andar
João com cara de loading- Putz, e eu nem me toquei do porque tinha um caminhão de mudança na frente de casa quando fui tirar o lixo, hahaha -eu também rio, então ele para e fala de um jeitinho mais malicioso, enroucando a voz, no meu pescoço- Isso significa que você vai dormir pertinho de mim, é? Cuidado, por que eu tenho a chave...
Aquilo me fez arrepiar violentamente, acho que ele não percebeu. Entrei no jogo e lhe disse ao pé da orelha:
M- Digo o mesmo a você, sabe que eu não durmo sem minha gata, Lili
J- Droga! -Diz se dando por derrotado.
Entramos em casa.
J- VÓ, por que não me avisou que as novas inquilinas eram a Linda e a Marina?
Dona Elsa- Você não perguntou, e não grita comigo seu mau educado, eu aqui lavando a louça e você já se sentando no sofá, seu muleque! Vai ajudar a Marina a arrumar as coisas da mudança enquanto eu vou terminar a janta, vá!
Sem oportunidades de discussão os dois sobem, dando de cara com Linda carregando uma caixa, eu logo pego a caixa.
M- Linda você sabe que não pode pegar peso!
Linda- Ah, Marina leva essa caixa pro seu quarto vai, obrigada, e oi pra tu Juanzito.
J- É, oi... Lindalva.
Linda ameaçou jogar uma chinela nele mas quando ela jogou ele já tinha entrado no meu quarto.
Coloco a caixa no chão.
M- Me ajuda aaaa... regular aquele chuveiro, por favor...
J- Claro
Ele foi pro banheiro enquanto eu tentava organizar os livros na estante, e é claro que havia várias roupas e CD's espalhados pelo chão. E lá do banheiro mesmo ele começou:
J- Sabe... Sabe uma coisa que eu queria ter te perguntado quando estavamos debaixo daquela garoa?
M- O quê?
Me virei para ir até a cama mas escorreguei em um CD, e felizmente João brotou na porta e eu bati meu tronco com o dele. Felizmente não caimos no chão, mas nossos rostos ficaram muito perto, e como no susto ele havia me segurado, me vi em seus braços, seus olhos olhavam para os meus e vez ou outra ele alternava dos meus olhos para a boca e eu fazia o mesmo.
J- Como vai você?
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