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História O amor não está perdido - O começo de tudo (...)


Escrita por: _s_urvival

Notas do Autor


Essa história é de autoria minha, resolvi escrever sobre tais assuntos, dando esperança para as pessoas que acham que tudo está perdido, tal como o amor. Confesso que sempre fui muito clichê e gostei muito da escrita, de ler, e de observar tais fanfics, resolvi escrever a minha! espero mesmo que gostem. ♡

Capítulo 1 - O começo de tudo (...)


Fanfic / Fanfiction O amor não está perdido - O começo de tudo (...)

O relógio batia 11:30 da manhã, os ponteiros estavam realmente certos me empurrando para fora da cama, o dia começaria cedo hoje e pra falar bem a verdade, eu não estava nem um tanto quanto empolgada, os dias estavam passando rápido demais nesse último mês, o trabalho engolia todo o meu tempo livre ultimamente, o corpo implorava por descanso, mas como deixaria tudo pro alto assim? Todos precisavam do meu auxílio naquela empresa. Eu tomava conta da contabilidade e rh, fora o que eu tinha que resolver por fora, viagens, negociações, a empresa era tanto como rígida, meu avô com muito descaso a comprou quando estava muito doente, ele sabia que cedo ou mais tarde ele não iria aguentar, então, ele queria deixar algo para todos nós, ele não apostava muito que ia crescer tanto como cresceu hoje. Meus pais não queriam tomar posse disso, nem minha avó, eu era a única neta, então, ele colocou tudo em minha mão, mas, não podia me virar sozinha, contratei algumas pessoas e tudo foi acontecendo. Trabalhamos com o designer de interior, na verdade, desde bem pequena sonhava com isso, e por mais que cobre todo meu tempo agora, eu não ligo tanto, eu amo o que eu faço. Além de decoração, estrutura e tudo que um designer faz, nós fazemos móveis decorativos, e muitas outras coisas, o que sempre deu lucro. 

Levantei da cama com pressa, já que meus pensamentos tinham ido longe de mais, a preguiça exalava, mas, pra ser sincera, eu não faltava e não chegava atrasada nem sequer um dia. Fui em direção ao banheiro, arrastando o chinelo no piso de madeira, tirando-os ao entrar, o piso gelado entrava em minha pele, com um sinal de que eu estava no mundo real. A voz de Sofia repetia ao som alto " você precisa acordar para vida, Lauren.  Ou acha mesmo que as coisas caíram do céu até suas mãos? ". Isso me fez acordar de uma transe e novamente de um pensamento contínuo, batalhei tanto esses últimos anos, e querendo ou não, eu gostava do que eu fazia. Sofia era minha melhor amiga, a conheci na faculdade, onde terminava meu último ano, e por via do destino ela apareceu, em meio a multidão ela foi o que mais me mostrou destaque, me cedendo ajuda, eu lembro perfeitamente daquele momento. 

Remember 

- Lauren, venha até aqui

 Catarine gritava um pouco distante de mim, olhei para trás e sem muita empolgação fui até ela com cara de quem não estava muito afim.

 - Será que você pode parar de gritar as pessoas e ir até elas quando você mesma quer falar algo por interesse seu? 

Ela me olhava profundamente, e entendeu que o meu tom rude tinha um motivo.

 - Eu só ia dizer que, bom...

As palavras sumiam de sua boca quando tentava terminar a frase, Catarine era uma mulher com qualidades ótimas, e era tanto quanto linda, tinha a pele morena, cabelos longos e bem ondulados, seus olhos castanhos destacavam sua face e dava a ela um tom de mais seriedade. Uma vez sem querer meio que querendo, nós nos esbarremos e bom, acabou em um longo beijo. Mas só ficou nisso, não tocamos mais no assunto, ela diz ser hétero também, mas me pergunto o por que dela ter me dado um beijo, mas, quando ela dizia que a praia dela era homem mesmo, não facilitava pro meu lado. O único defeito que eu odiava nela, era que ela achava que tinha o poder em suas mãos, e que podia, fazer o que queria, e não era bem assim, pra mim não. 

 - Você não ia dizer nada, como sempre

Me virei com um pouco de dificuldade, por mais que ela fosse daquele jeito dela que aparentemente me irritava, eu gostava de estar com ela, sai andando devagar e deixei ela parada com cara de quem acabou de levar um soco na cara e não sabia como reagir. Aquela tarde estava ótima até eu me encontrar com Catarine, o sol brilhava e brincava com as sombras em árvores e paredes mais altas. Era sexta-feira e como de costume, ia para casa de Dulce, minha avó materna. Estava a alguns metros longe do portão de saída, enquanto andava e ouvia música pelos fones de ouvido, com um pouco de distração, fui surpreendida com uma pedra que estava logo a frente, tropecei e em seguida cai, foi tão rápido que não fui capaz de me salvar do tombo. Enquanto tentava levantar não acreditando muito que tinha caído, uma mão tocou a ponta do meu ombro me fazendo virar automaticamente.

 - Me dê sua mão, vou te ajudar.

A voz doce era capaz de acalmar meus neuros, uma mulher com mais ou menos 1,55 de altura me dava sua mão, eu chegava a rir mentalmente da situação, já que eu dava duas dela, ela tinha a pele bem esbranquecida, cabelos médios com um franja meio jogada, seus olhos eram claros, e me faziam enxergar tanta coisa.  Rapidamente peguei em sua mão e levantei com dificuldade, felizmente não tinha nenhuma fratura que me fizesse correr pro hospital ou colocar um curativo, era só uns arranhões.

 - É... Nem sei como te agradecer. 

Ela me olhou e soltou uma risada bem rápida.

 - Ora, se eu não tivesse passado por aqui agora, você ficaria plantada nessas pedras até não sei que horas.

A olhei e dei uma risadinha não muito entusiasmada, como ela sabia que eu era desligada daquele jeito se nem me conhecia? 

 - Não posso negar que sou um pouco desastrada, e quase sempre mudo de planeta com pensamentos intensos.

Fomos andando até o portão de saída, conversamos sobre algumas coisas, a única coisa que eu sabia, era que ela tinha 22 anos e que trabalhava em uma escola de dança. Antes que ela pudesse ir embora e me dar um breve "adeus" eu a chamei atenção, perguntando se ela queria me acompanhar até minha avó, de início ela soltou uma piadinha, dizendo que eu estava paquerando ela e que era pra ir com calma, nem deu pra segurar a risada nasal que eu dei depois de ter escutado aquilo, disse que não tinha nada haver, e que não estava interessada nela, depois de tanto insistir ela me acompanhou. Passamos a tarde juntas na casa de minha avó, comemos doces e assistimos " o impossível ", meu filme preferido. Nossa tarde era rodeada de risadas, histórias e dava grandes indícios de que íamos ser boas amigas. 

POV Camila

A tarde estava cheia de grandes surpresas, eu não parava um segundo naquela sala, enquanto ensinava os passos de jazz para as meninas, pensava em como seria quando eu tivesse em casa mais tarde. Eu sentia falta de tanta coisa, principalmente da minha mãe, faz quase um ano que ela viajou pra Alemanha e quase nunca nos falamos, ela estava distante de todos, a ausência dela me desmontava todos os dias, eu sentia falta do carinho, demonstração de afeto, e dos doces de abóbora, ah, aqueles doces. Sempre que chegava em casa lembrava de como ela me fazia falta, papai ainda estava em Chicago, sempre está presente em minha vida, mas se ele não tivesse recebido um cargo muito bom aqui, ele teria ido embora também, o que não iria me ajudar em nada. 

Minha vida as vezes era uma bagunça, eu morava sozinha, e meu pai morava com meu irmão mais novo, Jhon. As vezes ia para casa dos meus avós passar um tempo lá, eu era bem caseira e na verdade, só saía com a ajuda de um empurrão, e sempre que eu ia pra balada, barzinho ou essas coisas, Normani que me puxava, até que eu gostava quando ela fazia isso, eu me divertia tanto e no outro dia estava esgotada sem arrependimentos por ter me divertido muito na noite anterior. Normani era minha prima, ela veio pra cá faz pouco tempo também, veio de Boston, ela queria viver a vida dela sem ser impedida de nada, minha tia cobrava o que não tinha tanto direito, já que ela era independente o suficiente pra se virar sozinha veio morar pra cá. Eu não falava muito com ela, mas depois que pude a conhecer mais, vi o quanto era incrível passar a maior parte do meu tempo ao lado dela, rindo, me divertindo e saindo para os mil lugares em que ela me levava. Eu trabalhava em uma escola de dança, dava aula de jazz, tinha dois grupos e 1 turno e meio. A escola Perini Maison existe em dois países, era bem grande e conhecida pela população, as pessoas não paravam de se inscrever, o que nos dava orgulho e força de vontade para abrir mais escolas. Eu sempre tive vontade de dar aula de alguma dança, eu enquanto criança sempre inventada coreografias, dançava em frente ao espelho de mamãe, e me sentia uma grande dançarina. Conforme passou os anos, entrei em alguns institutos de dança, fazia aula em dois turnos, me aprofundei muito, e era aquilo mesmo que eu queria. Depois de terminar a faculdade e fazer variados cursos, decidi abrir o meu próprio negócio. Construí uma escola com a ajuda dos meus pais e o salário que eu ganhava em meu antigo emprego me ajudou muito também. Conquistei meu espaço e meus alunos, o nome cresceu, e tudo deu muito lucro, o que me fez abrir mas duas em Chicago, e uma na Irlanda. Era um nome bastante conhecido e procurado por muitas pessoas. Eu dava tudo de mim, sempre foi o meu maior orgulho. 

Finalmente terminei a minha última aula do dia de hoje, estava exausta e tinha que descansar um pouco, sai da Perini e fui direto ao estacionamento, dei longos passos e meu chaveiro deu um som batendo em minha perna direita, o que me fez sorrir por lembrar que mamãe tinha me dado aquele chaveiro, era uma boneca bailarina, tinha um tom preto com rosa claro, me fazia lembrar toda vez que eu pegava minha bolsa pra ir a escola dar aula. 

Pov Lana 

Embora eu tivesse muita chance de virar uma artista de sucesso onde todos tivessem conhecimento, eu ainda não estava preparada para o sucesso, digo, para palcos imensos onde todos olhariam pra mim como grande artista, era gratificante claro, saber atuar e ganhar o público. Mas o medo as vezes te ajuda a desistir daquilo que você mais quer, por mais que aquilo te levasse para algo muito bom, muitas vezes não sabemos se vai dar certo ou não. Eu não facilitava pro meu lado em questão do esforço, trabalhava bastante pra mantê tudo em dia, as aulas eram aprofundadas, e pra mim se não tivesse ficado ótimo, eu tentaria quantas vezes fosse preciso, eu acho, que se você quer ganhar um mérito de algum esforço feito por você, você tem que ter força de vontade e acreditar que ser capaz é fácil. Eu não tinha problema em ficar dentro do palco, ensaiando por horas sozinha, não ligava quantas vezes eu repetia a música e o tom agudo da voz até acertar, eu queria sempre mais, por que eu acreditava muito em mim. Sabe quando você tem um sonho e você não desiste? Você se esforça e não para de tentar, eu sempre fui assim. Quando você quer algo, você não pode simplesmente fechar seus olhos e deixar esse sonho passar. Moro em Los Angeles desde bem pequena, mas sempre vou pra Chicago passar uma temporada, vi apresentações de artistas, apresentações de peças de teatro, sempre fui muito vinculada com tudo isso, por isso hoje tomo como inspiração várias coisas. Moro com a Valentina, uma amiga de muitos tempos atrás, sempre tínhamos planos disso um dia e hoje está tudo tão bem que nem parece que foi difícil chegar até aqui, minha vida era corrida, eu quase não parava em casa, se eu não estava no teatro, eu estava resolvendo os problemas da casa de vovó, que desde que se ela se foi, só tem chegado cartas de contas que ela não havia pago, o único momento na qual tinha um pouco de sossego, era quando eu estava com Camila, uma das minhas amigas quando eu estava na faculdade, mas, ela era diferente, ela era o destaque de todas as outras meninas, na verdade, ela sempre me chamou atenção, eu sempre procurei saber se era recíproco, mas, até hoje...não consegui desvende-lá. Camila tinha 1,60, era morena, tinha belos olhos e cilios gigantes, seu corpo tinha curvas perfeitas, e seu jeito...ah, é o melhor. Ela me cala sem ao menos dizer nada, me transforma em mil pedaços de sentimentos, eu não sei descrever o quanto ela me faz bem. 

Remember

 - Camila, me espera

Eu andava correndo atrás dela, depois dela ter pego meu colar de pérolas, sempre que estávamos juntas, ela fazia algo pra me tirar do sério, mas, ao mesmo tempo que ela fazia isso, ela me deixava louca, louca de vontade de beija-lá e não solta-lá mais.
 - Você acha que vai ser fácil? Me alcança

Ela dizia rindo da minha cara, eu já estava toda soada de tanto correr, minhas bochechas rosadas dava realmente um aspecto que eu não aguentava mais correr atrás daquele colar. Me joguei na grama, e quando ela viu que eu não iria mais correr atrás dela, ela veio até onde eu estava e se jogou no meu corpo.

- Você cansa muito rápido, Lana Bonfim 

Eu gargalhei e ela fez o mesmo, revirei os olhos e apertei sua cintura.

- Me devolve o colar, Camila

Disse em um tom sério. Ela automaticamente jogou o colar entre minha blusa de moletom e a que eu usava por baixo, me olhava seria também, segurando o riso. Depois de ter pego o colar na mão, puxei Camila pra mais perto de mim, envolvendo ela em meus braços. O dia estava lindo, dava pra ver o sol brilhar em cada canto daquele parque gigantesco. As flores voavam e dava uma perfeita sintonia, de que o dia estava iluminado e com boas energias. As crianças pulavam e brincavam de cirandinha, se eu pudesse voltaria no tempo, ser criança é tão bom, eles não tem que se preocupar se vão acordar cedo para ir ao trabalho, não precisam se preocupar com conta pra pagar, relacionamento, negócios. Respirei fundo e Camila me olhou, mas, me olhou diferente dessa vez, ela olhava no fundo dos meus olhos, como se quisesse falar algo, mas ela nunca dizia nada, então voltei a pensar, curtir a brisa do vento passar pelo rosto e esperar que ela fosse falar algo aquele dia.

- Eu gosto de voc...bom, quer dizer, como amiga

Camila disse de repente, engasgada, quase não saía as palavras de sua boca.

- Eu também gosto da sua amizade, Camila.

Disse rapidamente, e o desespero me corroeu por dentro, eu gostava de Camila, mas como amiga não, eu queria mais que isso, eu queria mais que qualquer coisa que ela fosse minha, mas eu sempre tive paciência, na verdade, se ela parasse de me alimentar com falsas esperanças, eu cairia na real e veria as coisas de outra forma, mas é inevitável não gostar dela, sentir que ela estava por perto era maravilhoso, me dava uma tranqüilidade que eu não tinha no resto dos dia no trabalho.

Camila sempre demonstrou o quanto eu a fazia bem, mas nunca tomou iniciativa de nada, e eu muito menos, eu não dava tanto indícios de que o que eu sentia por ela era mais do que uma amizade de faculdade. Tudo acontece no seu tempo, eu acredito que as pessoas importantes que estão dentro do nosso ciclo de vida vão ter uma história pra contar conosco.

POV Lauren

Depois de tanto pensar, eu finalmente estava na empresa, hoje o dia seria prolongado, eu tinha muita coisa pra fazer, por mais que designer fosse algo de estética, e que as pessoas só procuravam se queriam e não por obrigação, tinha sempre uma fila de espera, o que sempre me surpreendia. Sentei na cadeira preta com bordas pratas que vovô tinha me concedido, fiquei com ela pra poder lembrar dele todos os dias em que eu viesse para empresa, ele sempre fez de tudo por mim, eu não posso dizer que ele foi injusto demais por ter ido cedo, por ter ido embora, por ter soltado a minha mão. Tudo é tão difícil e muitas vezes não sei a explicação de algo que acontece, por que coisas ruins acontecem com pessoas boas? Essa era a pergunta que sempre se repetia muitas vezes na minha cabeça, tudo acontece de repente, somos surpreendidos com tanta coisa na vida, e na realidade, a vida é a única coisa que pode nos derrubar. Temos que ser forte o tempo inteiro, lutar pelos nossos direitos e conseguir um espaço aqui, ficar firmes com os pés no chão e ir atrás dos nossos direitos. Nascemos, estudamos e escolhemos uma carreira pra ser seguida, no final, tudo isso se perde, viramos um ponto pequeno.

Depois de tanto ver as papeladas e agendar negócios com os clientes por telefone, eu estava quase terminando tudo, eu estava feliz com o resultado nos últimos três meses, muitas pessoas interessadas na decoração e nos móveis de compra. Recolhi os papéis na mesa e guardei tudo no seu lugar, dando um livramento para mesa de vidro, me levantei e fui até o corredor, pegando um copo pequeno e me servindo com um pouco de café. Aproveitei pra pensar no que estava me perturbando, os meus pensamentos sempre vão longe demais, só assim eu chego na conclusão que eu quero, dessa vez eu estava pega pensando em como eu era fria a ponto de não querer ninguém, digo, alguém pra ter um relacionamento. 

Por que amar é tão difícil pra mim? Por que se entregar é tão difícil pra mim? O que tem de errado nisso? É tudo tão bonito, mais será que é como nos filmes e novelas? Claro que não. As vezes fico pensando em ter um relacionamento, mas o medo mora junto comigo sempre, principalmente quando estou prestes a tomar uma decisão difícil, muitas vezes preferimos ficar sozinhos, aproveitando cada segundo da nossa vida, mas será que compartilhar tudo com alguém não valeria a pena? Fazer parte de uma história, sonhar sem precisar acordar, fazer planos e construir tudo com alguém?

As pessoas deveriam dar essa oportunidade pra si, quando você se magoa, você pensa que vai ser infeliz com qualquer pessoa que aparecer, que não vai dar certo por que anteriormente você se machucou, mas, acredito que não seja assim. Lembro quando estava na fazenda de meu avô e que peguei um livro por curiosidade e comecei a virar as páginas, era velhos ditados, com poemas românticos e algumas outras coisas. Dizia também sobre o amor não correspondido, e quem gosta disso? Reciprocidade é algo que todos deveriam ter uns pelos outros, mas é claro que não é fácil desse jeito, que temos os nossos sentimentos e que não sentimos algo tão forte por qualquer pessoa. Devemos tomar decisões pensadas, e se certificar que antes de ferir um coração, devemos pensar que não estamos dentro dele.
“Aprendi que não tem orgulho que dure quando o amor é verdadeiro, que não tem ciúme que um beijo não cure, e não a saudade maior do que aquela que a gente sente pelo que nunca se teve.” Lembro dessa parte do livro como se eu tivesse lido ontem, essas palavras purificam minha alma, e me dão vários sinais. Por que por mais que você deleta várias coisas da sua cabeça, a noite, quando você está deitado em seu travesseiro tudo vem de uma vez, te fazendo sentir dores terríveis dentro de você, e por mais que você negue, e tente fugir, você não consegue. Devemos perceber realmente, quem esta do nosso lado a todo instante, sabe aquela pessoa que por mais que você esteja errada vai te dar um puxão de orelha mas logo em seguida um abraço apertado? Que vai dizer que “tudo vai ficar bem” quando você precisar de consolo e palavras dóceis, aquela pessoa que vai te pegar no colo e te colocar no topo daquele muro enorme que você pensou que não ia alcançar, a pessoa que por mais que você tenha mil e um defeitos, vai te fazer enxergar que pra ela, você é perfeita. O amor é você querer estar com a pessoa independente de qualquer coisa e ocasião, é você largar seu dia em casa deitado, levantar e correr atrás da tal.

 - Está pensando demais hein, Lauren, o que deu em você?

Pulei de susto, e quase que cai da cadeira, realmente estava em transe, não pensava em mais nada, estava há dias tentando chegar a conclusão do que era o “amor”, e a cada dia que passava tudo ficava mais complexo e difícil de entender. 

 - Precisava me dar esse susto, Sofia? Não teve graça.

Ela me olhou com cara de deboche, e sabia exatamente o que eu estava pensando quando ela me viu parada na cadeira, parecendo uma estátua.

- Você só vai saber, se sentir, entendeu? Você pode pensar durante muitas horas, pode pesquisar, e pode perguntar pra quem for preciso, da mesma forma que você sente alguma dor quando cai de joelhos no chão, você vai sentir como é amar, ninguém pode sentir isso por você, as pessoas tem sentimentos diferenciados umas das outras, nada vai ser comparado ou igual ao que você sente, ou quer sentir
Sofia sempre fazia de tudo pra me acalmar com suas palavras, era ela que sempre solucionava tudo, eu sempre tentava chegar em alguma conclusão, mas a realidade é que, sem os conselhos dela eu jamais tomaria alguma decisão. E é como ralar o joelho, se eu e outra pessoa estamos juntas, andando, e eu automaticamente caio, eu é quem vou me machucar, ela não vai sentir a minha dor, ninguém sente a dor de alguém, a não ser você mesma.

- Isso é verdade, mas, não estou preparada pra isso, Sofia.

Ela suspirou sem muita paciência, se aproximou de mim me dando um leve beijo na testa, me aliviando de pensamentos contínuos e me deixando em paz com a presença dela, era o que ela mais fazia quando eu estava passando por essas fases decisórias da minha vida. 

-Lau, você sabe que estou aqui, e que fique bem claro que não estou te pressionando, mas, quando estiver preparada pra se entregar pra alguém, faça isso, eu estarei do seu lado para qualquer decisão que você tomar

Sofia me abordou com um beijo profundo na bochecha, me fazendo relaxar. Eu realmente não tinha pressa, mas sim curiosidade, curiosidade pra saber como era amar alguém, como era compartilhar a vida com outra pessoa, como ter uma certa intimidade, dividir seu mundo, e ser totalmente de alguém, logo eu que nunca pensei nessas possibilidades, hoje penso tanto.

-Obrigada sofi, nem sei o que seria de mim sem tuas palavras de grande conforto

-O que você acha de darmos uma volta? Ás 20h tenho que passar na Perini, você aproveita e conhece um pouco de lá, tem danças incríveis,  o espaço é grandioso, eu não poderia ter escolhido lugar melhor para trabalhar, além de ficar pela manhã lá, levo Clara para a aula de tarde,  o que me da um alívio por estar em um dos lugares que eu mais amo ficar.

Sofia tinha um jeito tão diferente de todas, ela era ótima em todos os sentidos, e eu amava a parceria dela, ela sempre fazia de tudo pra me deixar bem. Clara era a irmã mais nova dela, uma graça, sempre que Sofia falava dela seus olhos brilhavam de alegria, a irmã mais nova era adotada, elas tinham um laço imenso, era tão bonito a relação que as duas tinham uma com a outra. 

- Claro, vejo falar muito bem dessa escola de dança, preciso realmente conhecer

Me levantei da cadeira, calcei minha alpargata rapidamente, peguei minha bolsa e fui a caminho da porta da saída, puxando Sofia pela mão. O dia estava lindo em Chicago, o sol batia fraco e o vento era bem leve, o frio estava na mesma intensidade de sempre, fomos em direção ao carro, e partimos da empresa.

Depois de uma manhã corrida com Sofia, depois de ter passado em vários lugares, estávamos na frente da Perini, uma grande escola de dança, a entrada era toda espelhada, em sua volta tinha vasos grandes com flores bem floridas, o cheiro vinha de encontro conosco dando uma liberdade única, era realmente um lugar bem bonito, com uma visão ótima, realmente, parecia ótimo, como nos jornais e revistas. Entramos de pressa, nos cadastramos e entramos pra conhecer o ambiente, as luzes eram bem fortes iluminando toda a visão da escola, tinham meninas com 13/14 anos correndo para todo o lado, e as pequenininhas também, que andavam animadas de mão dadas com suas mães. De longe eu escutava o som de uma música leve vindo de uma sala, com uma grande porta marrom, o corredor não era tão iluminado, mas tudo tinha um aroma tão bom.

Me aproximei por curiosidade, fitando os olhos pela janela de vidro, depois de observar por alguns minutos, observei que as alunas estavam fazendo uma coreografia de Kenichi Ebina , vou confessar que achei um pouco confuso, as meninas se movimentavam para todo o lado, fazendo expressões em intervalos paralisados, elas davam alguns passos de Sia, e quando chegava essa hora, eu me encantava com a leveza que seus braços davam as voltas pelo seu rosto, as pernas esticadas se submetiam fazendo passos longos e intensos de Jazz, era tudo muito encantador. Depois de minutos observando aquela coreografia, e ter como finalização, decidi encontrar Sofia. Sai de lá as pressas, imagine só se viesse um professor e tivesse como observação que eu estava vendo tudo, depois de andar alguns corredores encontrei Sofia, ela estava conversando com uma mulher com a altura média, pele morena, e cabelo longo, tinha belos olhos e um sorriso amadurecido.

-Sofia, desculpa, tive que vir te procurar, estava andando pelos corredores e fui surpreendida com uma coreografia ótima, e acabei te perdendo de vista

Ela gargalhou sem antes eu terminar a frase, eu confesso que fiquei sem graça,  aliás , além de eu ter atrapalhado a conversa das duas, eu estava na frente de uma mulher muito bonita que eu nunca tinha visto na minha vida.

-Tudo bem Lau, deixa eu te apresentar, essa aqui é Camila Lozen.

Camila me cedeu sua mão com leveza para se apresentar, eu fiz o mesmo gesto agradecendo sua simpatia, dei um sorriso de canto e voltei para a posição em que eu estava.

-E que mal te pergunte, você estava assistindo a qual coreografia?

E automaticamente veio a vermelhidão, pensei em muita coisa, principalmente em uma:  e se ela fosse professora daquele grupo de dança? E se eu atrapalhei alguma coisa? Respondi com grande empolgação mesmo assim.

-Sala 24 bc

Ela me olhou com curiosidade no mesmo instante, arregalando uma de suas sobrancelhas, e não dizia nada além de se expressar.

-Essa é a minha sala, o que você estava fazendo por lá?

Depois da pergunta que ela me fez, com um grande tom arrogante, eu não soube segurar a cara de tacho que eu fiz após ter escutado aquilo, ora, o que eu estava fazendo lá? Conhecendo? Assistindo? É o que as pessoas fazem quando elas vem visitar aqui, ou qualquer outro local.

-Estava distraída pelos corredores, e o som da música fez com que eu alcançasse da onde vinha, e eu fui a diante, quando cheguei lá, confesso que fiquei bem surpreendida, eu não consegui sair de lá, meus olhos estavam intactos em cada passo que elas davam, o esforço, o mérito de dançar tão bem como se fosse a última vez

Ela olhou surpresa, mas, ao mesmo tempo com uma expressão enjoada

-É contra as normas, você não podia ter ficado lá, na próxima vez que vier na Perini, saiba em qual corredor parar, agora se me dar licença, tenho muita coisa pra fazer.

Ela saiu rapidamente, me deixando plantada em frente a Sofia, eu não tinha cor, e pra ser sincera, nem expressão, ela realmente foi bem arrogante, como ela podia ter dito isso? Ela não tinha direito de nada aqui, muito menos de aumentar a voz pra mim. Sai do local no mesmo instante, meus olhos queimavam e eu não tinha mais como pensar em nada, Sofia toda atrapalhada me acompanhou, tentando entender como tudo aquilo podia ter acontecido em menos de 3 minutos de conversa com Camila. Fui direto para o carro, colocando os cintos e saindo da Perini, eu não piso mais o pé nesse lugar, onde já se viu, como ela me trata desse jeito? É como se eu tivesse me tornado um bicho.

Depois de ter chego em casa e ter tomado um belo de um banho, me recolhi sem precisão, eu estava sentindo uma angústia forte, na verdade, será que o motivo era tão grande? Por que pra uns pode parecer bobeira, as pessoas se acham no direito de humilhar o próximo e se achar superior. Imagine que você vai conhecer um lugar e é surpreendida com grosseria? Depois de ter me virado muitas vezes na cama, desisti de tentar chegar a uma conclusão, fiquei por minutos tentando entender o que tinha acontecido, como alguém podia ser tão rude quanto aquela mulher? 

Bufei em tom alto e parei de pensar mais uma vez, depois de ficar inquieta assistido o noticiário que passava na tv, resolvi me desligar e tentar entrar em um sono profundo. Com grande esforço fechei meus olhos e parei de pensar no que tanto me atormentava.
Depois de finalmente estar quase pegando no sono, recebo sons do meu celular vibrando alto em cima da pratileia do dvd, nem preciso dizer que fiquei furiosa, mesmo assim levantei de pressa rezando que fosse algo importante por ter atrapalhado meu sono, peguei o aparelho na mão, e tomei um susto quando vejo uma mensagem esquisita da tal professora de jazz da Perini, minhas mãos tremiam sem parar, eu não tive controle e nem expressão.

- COMO PODE? DEPOIS DE TER ME TRATADO COM GROSSERIA, ELA AINDA SE ACHA NO DIREITO DE MANDAR MENSAGEM?

Dizia em voz alta, e Rita que trabalhava em casa, não aguentava mais meus gritos estéricos desde a hora em que eu cheguei.

"Queria te pedir desculpas pela grosseria, Lauren, não foi a minha intenção, aliás, nem te conheço pra ter sido rude daquela maneira, até mais". Depois de ter lido três vezes seguidas e não ter acreditado na cara de pau dela, apaguei a mensagem, jogando o celular pra longe, tenho certeza que Sofia quem passou meu número pra essa professora, além de grossa é invasiva. Bufei por mais duas vezes e me joguei na cama, me deixando relaxar por minutos, até pegar no sono e apagar.                         

Acordando pela manhã com o relógio despertando sem parar, me levantei assustada, olhando ao redor do quarto e tentando entender o que tinha acontecido a noite passada, ao pisar os meus pés no chão, senti uma pontada forte na cabeça, coloquei minhas mãos sobre ela massageando, as vezes nós pensamos que se dormimos no outro dia vamos esquecer de situações ruins que aconteceram na noite passada, mas parece que volta com mais força e nos da mais raiva. Depois de tanto pensar, me levantei pegando um copo d'água que estava na cabeceira, tomei com precisão, indo em direção ao banheiro, eu precisava de um banho gelado, eu precisava acordar pra realidade novamente.

Depois de ter passado quase meia hora em baixo da água gelada, puxei a toalha me secando, hoje o dia seria longo, o meu voo para Boston estava marcado para 15h30, eu tinha algumas horas. Hoje eu tinha que fazer uma viagem para resolver alguns problemas e revender os móveis da designerstyle. Enquanto eu escolhia uma roupa e ao mesmo tempo arrumava a mala, ouvi meu celular tocando, e o som vinha diretamente do chão. Olhando sem acreditar, peguei rapidamente na mão, a que ponto eu cheguei pra ter que jogar ele no chão?
Sofia estava me ligando desesperada, já eram 15 ligações perdidas e mensagens descontroladas.

- Oi sof...

Sem que eu pudesse prolongar a conversa, ela me cortou na hora.

- Lauren, como você faz isso comigo? Você some, não atende minhas ligações, não responde minhas mensagens, você quer que eu enfarte?

Segurei o riso até onde eu consegui, confesso que por mais que fosse engraçado aquele jeito todo preocupado e entusiasmado dela, eu sabia que ela estava bem nervosa, suspirei duas vezes antes de responde-lá.

- Eu estou bem, Sofia, não se preocupa comigo, eu sei me virar 

- Sério? Não parece, e antes que você desligue na minha cara, eu queria te perguntar uma coisa, e depois disso, continuar puxando suas orelhas pelo seu sumiço de ontem pra hoje

É claro que ao mesmo tempo que eu queria saber o que era, eu não queria também...

-Sim senhora, fique á vontade para perguntar o que quiser

Sofia não parava de bufar pelo outro lado da linha, confesso que fiquei um pouco nervosa pelas expressões que ela fazia

-Bom, sabe o que é....lauren...eu passei seu núm....

Na hora eu gelei, eu não acredito que ela fez isso, então foi ela quem passou meu número para Camila? por que ela fez isso? com qual intuito? As pessoas deveriam pensar antes de tomar certas decisões, será que elas não pensam nas consequências? 

- O QUE? VOCÊ PASSOU MEU NÚMERO PRA ELA? DEPOIS DO QUE EU OUVI VOCÊ AINDA TEVE CORAGEM DE FAZER ISSO?

Sofia suspirava de nervoso, parecia até que ela não sabia de uma resposta, o que era muito confuso pra mim, já que ela tinha a resposta sempre na ponta da língua.

- Lauren, eu sei que invadi tua privacidade, mas quando ela me disse que queria se desculpar, eu não pude negar, e eu realmente acho que isso não tem nada haver

Respirei fundo com calma, eu não sabia o que dizer, será mesmo que eu deveria considerar isso e parar de ser tão tola há ponto de não aceitar suas desculpas?

- Tudo bem Sofia, preciso pensar em tudo, não vou correr atrás de ninguém e nem aceitar nada agora, eu preciso desligar, tenho muita coisa pra resolver

Em seguida ela desligou o telefone sem dizer mais nada, peguei no celular abrindo as mensagens arquivadas, e estava lá, a mensagem de Camila, me pedindo desculpas pelo o ocorrido, mas,  não tenho tempo pra pensar nisso agora. Terminei de me arrumar, pegando minha mala escorrendo ela pelo chão do quarto, coloquei de qualquer jeito o celular dentro da bolsa e caminhei para a porta, saindo rapidamente.

Palavras vinham e voltavam na minha cabeça enquanto eu ia para o aeroporto, eu queria deixar pra lá, mas eu sei que não consigo, eu sei que cedo ou mais tarde eu posso me arrepender e correr atrás, pra que todo esse rancor por algo tão bobo assim? Respirei fundo pegando meu celular na bolsa...
 


Notas Finais


Eu espero que tenham gostado do primeiro de muitos que virão! opiniões, elogios, reclamações construtivas sempre será bom para mim, beijos!


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