História O amor obscuro - Cap. 04

James Rodríguez:

Cheiro de álcool, garrafas pelos lados,  roupas espalhadas, o cenário está de destruição total. Minha cabeça está a ponto de explodir e tudo o que quero é tomar um bom banho. 

Levanto-me apressadamente e entro no box, ligo o chuveiro e sinto como se água estivesse massageando meu corpo até que toco em meu pescoço que está um pouco dolorido em um certo ponto. 

Olho no espelho e me deparo com uma intensa marca roxa. Parece que andei fazendo coisas bêbado, mas com sería? 

Quando termino de fazer minha higiene, tento dar um jeito na bagunça que encontra-se no local e quando levo meus olhos ao cabide, encontro um blazer preto. 

— Cris. — Digo para mim mesmo, e tudo parece começar a ligar os pontos. 

Cristiano. Blazer. Eu. Bebado. Pelado na cama. Marca roxa. 

— Não pode ser, pode?

É como se meu cérebro tivesse perdido o seu ciclo e meu coração tivesse descontrolado, palpitando desenfreadamente. 

Eu preciso saber de sua boca, eu não terei medo, eu sou um homem e homens enfrentam seus medos, mesmo que esse medo seja algo que mude totalmente o que sou e o que vou ser. 

Visto uma roupa descente e me dirijo à suíte do português que me faz ter ataques de nervosismo apenas com um olhar. 

Toco a campainha e aguardo inquieto, sinto como se tivesse mil borboletas em minha barriga e finalmente a porta se abre. Ele está  com uma toalha entrelaçada em sua cintura, seu corpo está gotejando água, parece-me que a pouco saiu do banho.

Algo que realmente não entendo, por muitas vezes já vi esse homem completamente pelado, por quê ainda fico balanceado com ele assim? Será que isso é amor? Estou apaixonado por ele? Não é apenas desejo então? 

— Bom dia, James. — Diz ele, com uma incrível voz rouca. 

— Bom dia, Cris! 

— Cris? — Ele franze as sombrancelhas. 

Cris? Não acredito que falei isso. 

— Éh, não gostou? 

Ele sorri de canto e fala:

— Gostei, só estranhei porque você nunca me chamou assim antes. Melhor entrar. — Ele abre passagem.

Assim que adentro, posso sentir um aroma diferente, que talvez eu não teria percebido se não tivesse gostando dele.

Sento-me em uma poltrona e o fito diretamente, é incrível como ele não se sente intimidado com os meus olhares, que percorrem toda a extensão de seu corpo molhado.

— Você está horrível. — Diz ele, sentando-se sobre a cama.

— Você acha que eu não sei. — Ele sorri.— Eu deveria saber que não devo beber muito.— Ele sorri. 

— Marca roxa legal — ironoza ele.

Essa é a hora? Sim, eu vim com esse propósito e irei fazê-lo a todo custo.

— Também achei isso, mas gostaria muito mais de saber quem é o responsável por isto. — Digo, com certa rigidez na fala. — Você tem alguma idéia?

— Jura que você não lembra? — Assinto com a cabeça. — Quer que eu te faça lembrar?

— É o que eu quero.

Rapidamente ele se levanta e me puxa para os seus braços, os braços do homem que eu gosto. Meu rosto cora violentamente e está tão perto do dele que posso sentir sua respiração pesar.

— O blazer, eu já sabia. — Digo.

— Eu sei.

Ele gruda seus lábios nos meus, algo tão inesperado e ao mesmo tempo tão marcante. Meu corpo vibra instantaneamente quando nossas línguas se encontram, a excitação é tão louca que chego a ficar na ponta dos pés. Mas é como se eu já houvesse sentido aquilo antes, é como se aqueles lábios já tivessem sidos meus antes e é quando um mine filme roda em minha mente, de nós dois, eu e Cris na cama. A lembrança faz um grande efeito em mim, que entrelaço automaticamente minhas pernas em seu quadril e suas mãos me seguram forte pelo meu traseiro.

Ele me leva até a cama e me deita suavemente, ficando sobre mim e as lembranças da noite passada retornam. Ele leva seus lábios ate o meu pescoço, tocando no mesmo lugar e meus pelos começam a se enrijecer. Meu corpo treme quando sinto sua ereção na minha. Sinto-me dominado por ele e cheio de algo que não sinto a muito tempo, prazer.

— Cris, eu sempre gostei de você. — Assumo sobre seus ouvidos.

— Eu sei, colombiano.

Encosto meus lábios nele e o sinto arfar, eu também quero deixar minha marca nele, também quero deixar claro pra mim mesmo que o tive, mesmo que por uma vez.

Ele me beija uma vez mais e se afasta.

— O que houve? Estou fazendo errado? — Inquiri. 

— Não é isso, você é bom... De mais. Só que temos que ir devagar, você está indo com pressa demais. — Argumenta ele. 

— Eu tenho medo de não te ter de novo.

— Agora é diferente. Eu sei que você gosta de mim e você  sabe que eu gosto de você, e eu estou aqui. 

— Posso te beijar novamente? — Pergunto. 

Ele sorri e fala:

— Claro que pode. 

Engatinho pela cama e sento em seu colo, beijando-o profundamente, como uma criança saciando sua vontade em seu doce favorito. 

— Quer ir a praia? — Pergunta ele. 

— Quero. 

— Te vejo lá embaixo daqui à vinte minutos. 

— Okay. 

***

Cristiano Ronaldo:

Assim que ele saiu, trarei de por uma roupa de praia, a mais sexy possível, quero enlouquecê-lo, assim como ele me enlouqueceu ainda a pouco. 

Quando estou prestes a sair, sinto meu celular vibrar e o nome Álvaro estampando a tela. 

— Oi! 

— Oi, eu te liguei porque estou com muita saudades sua, dos seus toques, seus beijos... 

— Também estou com saudades, gatinho. 

— Quando você volta? 

— Amanhã. 

— Eu posso te esperar naquele nosso cantinho especial? 

— Pode. 

— Vou preparar uma surpresa. 

— Okay, tenho que desligar, agente se ver. 

— Tchau, meu amor. 

Desligo e paro por um instante, eu estava tão focado no garoto que acabei esquecendo de Álvaro, meu amante. Espero não ter que lidar com brigas, pois se Álvaro descobrir que tenho outro e que ainda por cima é do Real Madrid, ele com certeza não vai deixar barato.