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História O ânimo que me habita - Frente a frente - parte 1


Escrita por: kakaulitzz

Capítulo 81 - Frente a frente - parte 1


Fanfic / Fanfiction O ânimo que me habita - Frente a frente - parte 1

YURI 

Ergui meus olhos, deparando-me com seu semblante apreensivo e um tanto zangado. E eu rapidamente me encontrei nas exatas mesmas condições, uma vez que era Victor quem estava diante de mim agora. 

- A gente tem que conversar – ele já dizia firme e com suas expressões nada amigáveis assim que o vi. 

- Não. 

Tentei fechar a porta, mas ele a barrou e logo insistiu: 

- Yuri, não vou embora até entender o que está rolando.  

- Eu, se fosse você, voltava para casa – discretamente, olhei para ambos os lados do corredor a fim de verificar se estávamos sozinhos. Eu não deveria ser visto com Victor, principalmente por uma certa mulher. E mesmo não havendo mais ninguém ali, achei melhor não arriscar e convencê-lo a ir – Diana não vai gostar de saber que você está aqui.  

- Ela sabe – falou impaciente. 

- O QUE?! – arregalei os olhos e praticamente surtei – Po-por que contou a ela que viria aqui?! 

- Não contei. Ela deduziu sozinha. 

- Então por que veio mesmo assim, droga?! – enraivecido, tentei empurrá-lo para longe a fim de fechar a porta novamente, mas Victor mal saiu do lugar – Diana deve estar vindo para cá atrás de você! Tem que ir embora agora! 

Desconfiado e com uma das sobrancelhas arqueadas, questionou: 

- E qual o motivo?  

- Ela vai ficar muito brava se nos ver juntos!  

- Ah, igual aconteceu no supermercado? 

Eu já estava morrendo de medo. Um encontro, por mais breve que fosse, entre mim e Victor era tudo o que Diana não queria. Precisava despistá-lo daqui o mais rápido possível, embora isto não estivesse sendo nada fácil. Afinal, Victor parecia estar estranhando demais meu comportamento desde o incidente do mercado, e aparentemente não descansaria sem suas respostas. Contudo, Diana já tinha conhecimento que Victor estava aqui. E o que me restava, portanto, era mentir para ele:  

- Não sei do que está falando. 

- Como não, Yuri?! – se exaltou, me observando perplexo – Nem parece o Yuri que conheço. Você se reprimiu todo diante dela e fugiu! Você nunca foi assim! O que aconteceu com você?! 

Victor me enchia de questões das quais nem estava prestando tanta atenção. Entretanto, minha visão estava extremamente concentrada no elevador e na porta das escadas de incêndio que havia ao lado, cauteloso se alguém aparecesse, como Diana, Joe, ou alguém subordinado a eles. Inconscientemente, passei a roer as unhas em ansiedade de me pegarem a desobedecendo. 

- O que te assustou tanto, Yuri? 

- Bem... – ainda mirando o corredor ao invés de seus olhos azuis cheios de dúvida, tentei escapar de suas perguntas. Mas estava tão nervoso que não era capaz em pensar em desculpas muito convincentes – É que... Diana é tão feia que levei um susto.  

 - Yuri, pare de graça! Estou falando sério! Aliás, por que está olhando tanto para os lados? – ele segurou meu rosto com ambas as mãos e o virou em direção a ele – Olhe para mim! Para mim, Yuri... 

Não soube interpretar tão facilmente as expressões de Victor naquele momento. Senti como se minha alma estivesse espelhada no rosto dele, uma vez que seu desespero diante o incerto era evidente. E concomitantemente, havia traços de raiva e de preocupação banhados na impaciência em entender as razões pelas quais andava me comportando tão esquisito ultimamente. Porém, para que ele pudesse voltar para casa em breve, tentei inserir um ponto final na sua insistência.  

- Yuri, o que houve? Por que agiu daquele jeito? Você e Diana se falaram pelas minhas costas, não é? – ele retirou suas mãos de mim – Eu sei que alguma coisa aconteceu entre os vocês. Ficou bem óbvio depois de...  

Interrompi, afirmando com firmeza:  

- Victor, realmente não sei sobre o que está falando. Não houve NADA entre sua mulher e eu. Nada, ouviu? – e por fim, minha ficha caiu em relação a um fato inegável e decidi jogar a real. E com um certo rancor em minha voz, continuei: – E mesmo se tivesse acontecido alguma coisa, adiantaria contar para você, Victor? Você não ia confiar em mim mesmo... Seria igualzinho a outra vez.  

Eu já estava sentindo a fervura da ira da nossa última briga restaurar-se em nossas veias. Sua boca entortou conforme continha sua raiva, e meu olhos se acirravam sem arrependimento algum de ter exposto a mais pura verdade sobre sua falta de confiança em mim. Victor não acreditou quando lhe disse sobre o caso que Diana e Yakov têm juntos. Acha mesmo que acreditaria que o anjo da sua esposa me sequestrou por alguns minutos e me ameaçou daquele jeito?  

E em resposta, se manifestou um tanto rude contra a provocação: 

- Eu não vim aqui para falar do escândalo que você desnecessariamente fez na festa do meu pai. Vim ver se você está bem.  

- Eu estou ótimo – fingi naturalidade – Pronto! Já pode ir.  

Cismando que aquilo era só mais uma desculpa, como de fato era, ele revirou os olhos já puto. E perseverante como nunca havia presenciado antes, se apoiou na madeira que revestia toda a entrada onde se encaixava a porta e impedindo que ela fosse fechada, uma vez que havia seu corpo como obstáculo. Cruzou os braços e aguardou, como se não tivesse achado nenhuma graça no meu sarcasmo e estivesse esperando ansiosamente eu dizer a verdade. E depois da cara de merda que fiz em troca, disse já completamente desgastado:  

- Não vai embora mesmo?  

- Não até conversarmos como dois adultos – negou mantendo a cabeça erguida.  

Ele não voltaria enquanto não tivesse a tal conversa que tanto desejava. Ele me encurralou de uma forma a obrigar que as coisas se seguissem do seu jeito, me deixando sem opções. Afinal, nem fechar a porta na cara dele eu poderia mais, pois já estava praticamente quase dentro do meu apartamento. E seria melhor que seu diálogo que tanto almejava acontecesse aqui dentro, e não no meio do corredor dando sopa. Que saco, Victor.  

- Vai, entra.  

Abri espaço emburrado e ele entrou um tanto irritado por precisar ter sido tão insistente. Dei uma última olhada lá fora e, uma vez sem ninguém, enfim tranquei a porta novamente. E ainda ambos em pé ao lado dela, já o abordei: 

- Me diz logo sobre o que quer tanto falar e vê se dá o fora. 

- Mas... Yuri, não vai nem me convidar para sentar? 

- Não preciso. Sua visita será breve. 

Seu estresse e revolta vieram à tona. Como não tenho um sofá para receber visitas, a passos largos me abandonou na sala onde estávamos e foi direto a cozinha. E sozinho, trouxe duas cadeiras do cômodo até a sala de estar, carregando uma em cada braço. Colocou-as novamente ao chão, uma de frente para a outra, dispostas como se fosse um interrogatório. O que deu nele hoje? Que direito acha que tem de entrar e ficar mexendo nas minhas coisas? Eu nem queria que estivesse aqui em primeiro lugar! 

- Sente-se – ordenou enquanto se acomodava em uma delas.   

- Não.  

- Sente, Yuri! – foi mais ríspido dessa vez. 

- Você não manda em mim, cara.  

- Meu Deus do céu, Yuri! Não estou tentando mandar em você! Quero tentar consertar as coisas! Custa você colaborar um pouco? 

- Por que está tão irritadinho assim, hein?! 

- Por que estou irritado?! – apoiou sua mão em seu peito, gritando como se fosse óbvio seus motivos e gargalhando irônico logo em seguida – Há, há, há! Ora, bolas! Po-por que será, né?  

- Hã, ficou louco – sussurrei para mim mesmo. E Victor, não percebendo, continuou: 

- Quer saber por que estou tão irritado? Então, vamos lá! Tópico número um – ou seja, as causas eram tantas que até decidiu numerá-las – Por que raios deixou Chris beijar você?! 

Foi quando me espantei. 

- Como sabe disso? Espere, como entrou no prédio?! 

- Não importa. Quando saí do elevador, já vi vocês se atarracando como dois... Grrr – sem saber se expressar em palavras, ele grunhiu enquanto agarrava seus próprios cabelos – E então, me escondi atrás das escadas de emergência, para saber até onde essa palhaçada iria dar. E pela fresta da porta, eu vi tudo.  

Fiquei um tanto abismado pela astúcia de Victor. Desde quando ele é espertinho assim? O danado se escondeu e me espionou! E ainda teve a audácia de me cobrar satisfações: 

- Vamos! – berrou, enquanto eu ainda tentava processar o que houve – Não vai se explicar? Por que deixou que Christophe beijasse você, YURI?! 

- Quer falar de Chris? Tá! – perdi a paciência e a compostura – Você foi um escroto com ele lá no supermercado! Ele só estava tentando me ajudar.  

- Não mude de assunto – persistiu – Poxa, Yuri. Eu vim correndo para cá extremamente preocupado com você – aparentava estar tão indignado que passou a gaguejar – E-e-eu não merecia ter presenciado vocês se beijando, depois de tudo... 

Bati palmas, cortando sua fala tão sentimentalista.  

- Você realmente é um mestre quando o assunto é bancar a vítima, não? Olhe, não precisava ter visto. Era só não ter vindo aqui, ou ter dado meia volta e ter ido embora, como já devia ter feito faz tempo – e logo já o provoquei ainda mais – E quer saber? Se soubesse que estava assistindo, teria o beijado mais.  

Impetuoso, Victor levantou-se da cadeira com certa brutalidade. Dei alguns passos para trás, embora ele não tivesse avançado em mim. Afoito e confuso, deixou claro para mim que se tratava de ciúmes. E eu não estava ligando que estivesse sofrendo com isso. Não chegava nem aos pés de tudo que passei nessas últimas semanas. Chocado, andou em pequenos círculos por um momento, passando suas mãos em seu rosto numa tentativa fracassada de autocontrole.  

- Por que, Yuri? Ahn?! Por que faria uma coisa dessas comigo? 

- Você já me trocou por outra pessoa, lembra? Tenho o direito de fazer a mesma coisa se me der na telha! Então por que não faria? 

- PORQUE DISSE A CHRIS QUE AINDA ME AMA! 

Surpreso pelo que expôs, me aquietei. Meus olhos se arregalaram enquanto observavam as expressões de Victor desmoronarem junto com as minhas. Assim como eu, respirava com dificuldade. Ambos aguardávamos o outro se manifestar primeiro, engolindo em seco pelo constrangimento. E depois de um embaraçoso minuto, perguntei em baixo tom:  

- Você ouviu tudo também, é? 

Concordou com a cabeça e se justificou timidamente: 

- Dava para escutar de onde estava.  

Suspirei fundo. Caramba, que situação. De cabeça baixa, busquei “corrigir” o que Victor havia ouvido: 

- Bem, eu... Não disse exatamente que ainda sinto isso por você.  

- Mas... – começou, um tanto esperançoso – Depois de tudo que falou para Chris, foi o que deixou a entender. 

Quem estava tentando enganar? Nem eu mesmo admito que não o amo, como faria Victor acreditar? Derrotado ao descobrir que não dava mais para contrariar o que ele escutara às escondidas, decidi somente ser honesto, mesmo que isso implicaria num tom de tristeza em minha voz:  

- Victor, é claro que ainda eu amo você. Não deixaria de sentir isso de uma hora para outra, isso leva tempo. Mas não quero gostar de você. Estou dando o meu máximo para que isso aconteça logo. Você não faz mais bem para mim... 

Seus ombros caíram pelo peso da decepção. Abalado e com uma energia pesada emanando de si, apenas retrucou cabisbaixo e trêmulo:  

- É uma pena... É uma pena, porque... – rapidamente seus olhos marejaram – Porque eu toparia, sabe, tentar de novo, fazer as pazes e... 

- Pare – supliquei completamente abatido.  

- O que? 

- Pare de falar... 

Senti meu cérebro implorando por uma pausa dessa discussão toda. Ouvir Victor tagarelando me atordoa, me desestabiliza e ativa gatilhos que não quero acordar. Como pode ter PENA por algo que ele mesmo é responsável? Se ele quisesse, já estaria divorciado e comigo em um relacionamento sem grandes problemas, simples assim. Por que com ele tudo tem que ser tão confuso e complicado? Por que parece ficar mudando de opinião toda vez, ora tombando para meu lado, ora para o lado de Diana? O que o impede de se decidir de uma vez?! Não entendo o que ele quer de verdade! Por que ele tem que ser assim? Por não pode ser gentil comigo como Christophe é? 

Felizmente, Victor acatou meu pedido e ficou em silêncio. A ansiedade me nocauteou tão forte que precisei me sentar. Me acomodei na cadeira mais próxima a mim, apoiando minha cabeça em minhas mãos e meus cotovelos em meus joelhos. Não queria olhar para a cara dele depois de insinuar que gostaria que voltássemos com a palhaçada de sermos amantes. Retornar tudo como era antes, se dividindo ente mim e ela, seria uma atitude ridícula.  

Agarrei meus cabelos, desejando que a memória recente dessa conversa se esvaísse com os puxões que dava em cada mecha. Não sabia nem o que pensar mais, como se meus pensamentos me pedissem um basta! Estava enlouquecendo. 

- Você ainda vai me deixar maluco, Victor. 

Comecei a ficar ofegante e suando frio. Me esforcei para inspirar e expirar com calma do jeito que Christophe me ensinou, mas estava sendo quase impossível hoje. Victor, ao perceber minha instabilidade, por sorte respeitou meu tempo e minha necessidade de ficar quieto por um momento. Ainda calado, sentou-se na sua cadeira, aguardando que eu me reestabelecesse.  

Ainda cobria meu rosto com as mãos, empenhando-me para que nenhum resquício de choro se escapasse. Além disso, também não queria olhar para ele ainda, ou quem sabe nunca mais. Que bom que ele parou de gritar, de me cobrar respostas e de me pressionar, embora acredite que ainda estivesse furioso no fundo e apenas estivesse esperando uma oportunidade para berrar comigo outra vez. 

E enquanto permanecia ali, encolhido em meu assento e buscando me tranquilizar, um som irritante e repetitivo me desconcentrava. Por mais que ainda não estivesse preparado para encarar Victor novamente, recolho parte dos meus dedos ainda espalmados em minha face, permitindo que meus olhos se abrissem a fim de entender que barulho era aquele. E quando minhas pálpebras se afastaram, noto uma das pernas de Victor balançando para cima e para baixo em impaciência, sendo que o contato repetitivo de seu calcanhar no chão provocava o ruído que me chamara a atenção. Subi o olhar e vi que suas costas cansadas se apoiavam no encosto da cadeira. Seus braços estavam parcialmente cruzados, sendo que uma de suas mãos estava próximo a sua boca. Ele mordia um de seus dedos, como se fosse uma forma de conter algum sentimento que precisava se extravasar. Seu nariz estava avermelhando, assim como seus olhos cheio de lágrimas.  

Sem entender o que estava havendo com ele, ergui minha postura, atitude que o fez olhar para mim. E ao notar que agora estaria disposto a ouvir mais o que teria a dizer: 

- Você fala em ficar maluco, né? – limpou as gotas salgadas que escorriam em sua pele com rapidez e penteou sua franja para trás. Com um intenso sofrimento e fraquejando com a voz, contou: – Eu já fiquei meio maluco de tanta falta que senti de você.  Eu não sei nem mais o que estou fazendo... 


Notas Finais


Olá!
Bem, esse capítulo não está completo. Porém, estou com dificuldades para terminá-lo, então decidi dividir em parte 1 e 2, sendo que a parte 1 é este capítulo, que foi o que eu consegui terminar de escrever, e a parte 2, capitulo que vem, é o resto dessa parte que não conseguir terminar de escrever ainda. Acho que assim vai ser até melhor, pq ai posso entender pelos comentários o que vcs estão entendendo e interpretando do que ta rolando. Inclusive pq demorei um tempão para escrever, e to com medo de ter esquecido de ter explicado alguma coisa. Qualquer furo de roteiro me avisem pelo amor de jesus haha
Agradeço já de antemão TODAS as mensagens fofíssimas de vocês de apoio. Eu estava muito assustada com esse ano (ainda to na real haha, mas até que ta dando mais ou menos certo) mas as mensagens de vocês me ajudaram muito a me por para cima e a incentivar as fazer as coisas que tenho que fazer.
Eu espero que esse capitulo seja proveitoso e que tenha valido a pena a espera por ele.
Grande abraço.


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