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História O Assistente do Senhor Kim - Seventeen


Escrita por: sealott

Notas do Autor


Estou muito ansiosa, então assim que terminei de escrever esse capítulo, vim postar kkk
Se tiverem interesse, pesquisem a música tão mencionada na parte final do capítulo, ela diz muito sobre a cena e toda a relação Taekook
Espero que gostem <3

Capítulo 17 - Seventeen


Fanfic / Fanfiction O Assistente do Senhor Kim - Seventeen

Algumas horas após decolarem, chegaram à tão famosa Hong Kong. A primeira coisa que Jungkook fez assim que colocou os pés no local, foi procurar por uma loja dentro do aeroporto onde pudesse comprar um chip com acesso à Internet. Havia prometido que enviaria mensagens para Jimin durante todos os dias da viagem, e se considerava um homem de muita palavra. 

Taehyung acompanhou o assistente, e achou engraçado quando o mesmo tentou falar em inglês com o atendente da loja. Como viu que se continuasse daquele jeito jamais iriam para o hotel, ele mesmo usou seu chinês enferrujado para realizar a compra. 

Jungkook, até então, não sabia que Taehyung falava outra língua além do coreano; imagina quantas coisas ainda tinha para descobrir sobre o escritor? 

 

Pegaram um táxi e foram rumo ao hotel. Jungkook olhava a cidade pela janela do veículo, e ficava maravilhado com a modernidade e o número de letreiros em neon, estes que não estavam ligados pelo fato de ainda haver a luz do sol. Daria um jeito de, ao menos uma vez, fazer Taehyung andar pela cidade a noite com ele. 

Quando chegaram ao hotel, o Kim se direcionou até a recepcionista — que por sorte falava coreano — e conversou com a mesma por alguns minutos, e então ele e Jungkook foram para o elevador. Os dois se hospedaram no 22º andar, e para a infelicidade de Jungkook, em quartos separados. Taehyung passaria suas noites no quarto 219, quase em frente ao do assistente, que havia ficado com o 213. 

Assim que entrou no seu quarto temporário, Jungkook deixou para lá a infelicidade por não dividir um com Taehyung, e passou a admirar o lugar. Havia uma cama de casal, que aparentemente era muito macia; uma televisão gigante; também havia uma janela de vidro, que como na casa de Taehyung, ocupava do chão até o teto da parede. Jungkook andou até ela, e ao abrir a cortina, seu sorriso murchou um pouco. Havia um outro prédio tampando a sua visão. Só conseguia ver ao canto esquerdo alguns letreiros neon que deviam ter sido acesos há pouco tempo. 

Sentiu o celular vibrar no bolso da jaqueta, e ficou satisfeito pelo chip temporário estar funcionando. Pegou o aparelho, vendo em sua tela uma mensagem do Kim. Sorriu bobo. 

 

TaeKim: A reunião com a editora é só amanhã à tarde. 

TaeKim: Você pode pedir o que quiser pelo serviço de quarto e comer o que quiser, não se preocupe com o dinheiro. 

 

Suspirou. Sabia que aquilo era apenas gentileza do escritor, mas por que ele estava sempre achando que Jungkook só pensava em dinheiro? 

 

JKook: Quer jantar comigo? 

JKook: Eu já estava pronto para ir, mas pensei que talvez você também estivesse com fome, então... 

 

Segurava o celular ainda aberto no aplicativo de conversa com a mão direita, enquanto roía as unhas da esquerda. Tremia um pouco em nervosismo. Quando convidou o Kim para sair com ele pela primeira vez, não via aquilo como um encontro, mas agora que gostava dele não conseguia ver o novo convite de outra forma. 

 

Taehyung estava digitando... 

Digitando... 

 

— Mas que droga, Tae, responde de uma vez! — gritou sozinho e fechou os olhos, tentando manter a calma. 

O celular vibrou novamente, e Jungkook desbloqueou a tela, esta que havia escurecido sozinha. 

 

TaeKim: Quero!! Vou apenas tomar um banho antes. 

TaeKim: Encontro você no corredor em vinte minutos. 

 

[...] 

 

— Você já experimentou comida chinesa? — perguntou Taehyung, enquanto apertava os botões do elevador. 

— Não, eu acho... É bom? 

— Eu não gosto muito, para falar a verdade. 

Permaneceram em silêncio até o elevador chegar ao térreo, onde a porta se abriu e passaram a andar. Jungkook, como de costume, apenas seguia o escritor. O Kim contou que já havia visitado Hong Kong duas ou três vezes, então sabia ótimos restaurantes onde eles poderiam comer durante aqueles quatro dias. 

 

Estava começando a anoitecer, e os dois optaram por comer no McDonald's. Não era algo chique ou caro, mas eles gostavam, e isso que importava. Enquanto comiam, Jungkook não parava de pensar se Taehyung também via aquilo como um encontro. Achava que não, afinal, os dois teriam que comer uma hora ou outra, e fazer isso juntos era o esperado. 

— Você tem reunião apenas amanhã? — perguntou o mais novo, enquanto bebia sua Coca-Cola gelada. 

— Mm... — Taehyung engoliu a comida, e então voltou a falar. — Não. Tenho uma depois de amanhã também. 

— Entendo. — Voltou a beber o seu refrigerante, enquanto morria de vontade de perguntar ao Kim se eles sairiam juntos durante a viagem. Queria muito ouvir um "sim", mas temia tanto um "não", que acabou não perguntando. 

 

[...] 

 

Ao contrário do que havia pensado Jungkook, as reuniões não eram lá tão curtas assim. Almoçou com o Kim e só recebeu uma mensagem dele perto da noite, avisando que havia acabado de voltar para o hotel e estava cansado demais para ir jantar. Um pouco desanimado, Jungkook foi sozinho até uma loja de conveniência, e comprou um pote com macarrão instantâneo. 

Sobravam ainda três dias de estadia em Hong Kong, apesar de que iriam embora na tarde do último dia. Jungkook tinha tantas ideias de como se divertir ao lado do Kim, mas nenhuma delas envolvia Hong Kong. Pesquisou muito na Internet, mas nada parecia chegar aos pés do que ele queria para o escritor. Não queria algo caro, mas queria algo que fascinasse o escritor tanto quanto ele fascinava a si. 

Dormiu cedo, esperando que a reunião do dia seguinte não fosse tão longa e exaustiva quanto aquela havia sido. 

 

[...] 

 

— Se hoje é a última reunião, significa que você vai estar livre amanhã, certo? — perguntou Jungkook, fingindo não ter muito interesse. Havia pensado mil vezes antes de perguntar aquilo, então estava um nervoso. 

— Na teoria sim, mas esse pessoal da editora é meio doido. Ontem eu deveria ter voltado para o hotel três horas antes, mas eles me enviaram uma mensagem pedindo para eu retornar. 

— Oh... — Jungkook ficou surpreso com a ação do escritor. Ele era bastante profissional. 

Continuaram almoçando tranquilamente, enquanto Jungkook tentava criar a mesma coragem de antes e convidar Taehyung para sair com ele quando estivesse livre. 

— Hm... Você quer sair comigo hoje de noite? Ou talvez amanhã...? — perguntou, e Taehyung sorriu doce, assentindo com a cabeça. Jungkook sentiu seu coração derreter. Estava mesmo apaixonado pelo escritor. 

— Eu não sei sobre hoje à noite, mas amanhã está marcado, ok? — O loiro perguntou, e Jungkook confirmou. — Eu vou no banheiro, já volto. 

Taehyung se levantou da mesa, e Jungkook permaneceu com seus olhos grudados nele, observando-o caminhar até longe. Pegou seu celular, querendo assim utilizar dos seus minutos livres para pesquisar algum lugar legal para levar o escritor, mas percebeu estar sem sinal. Por coincidência, viu o celular de Taehyung vibrar em cima da mesa. Ele obviamente tinha sinal. 

Pegou o celular depressa, afinal, usar a Internet do mesmo por cinco minutinhos não faria mal a ninguém. Deslizou o dedo pela tela, desbloqueando assim o celular que não possuía senha. 

"4 mensagens novas"

Clicou nas mensagens mais recentes, e ficou instantaneamente com raiva ao ver de quem eram. 

 

PGum: Soube que levou seu assistente para uma viagem. 

PGum: Você não presta mesmo, seu filho da puta. 

PGum: Mas não é como se isso fosse uma novidade. 

 

Queria acabar com a existência de Bogum. Ele não havia entendido seu recado amigável, então deveria receber um aviso mais claro. Talvez deixá-lo com um olho roxo resolvesse algo. 

Abriu a outra mensagem, sendo esta de outro contato. 

 

Hotel Golden: Senhor Kim, aquele mesmo homem está aqui novamente. 

 

"Que homem?", perguntou-se Jungkook. Subiu mais um pouco a tela, querendo assim ler as mensagens mais antigas, de alguns dias atrás. 

 

Hotel Golden: Senhor Kim, há um homem aqui no hotel querendo visitar o seu apartamento. 

Hotel Golden: Ele diz ser o seu namorado. Devemos permitir que ele suba? 

TaeKim: Sim, podem permitir. 

Hotel Golden: Ele está subindo. 

 

 

"Ele diz ser o seu namorado." 

 

Antes estava com raiva, e agora podia sentir seu coração quebrando-se como se fosse constituído de vidro. Sentia seu corpo inteiro se desmanchar em angústia. Era algo inimaginável, que ele nunca havia sentido antes. Não soube qual reação ter. Não soube o que fazer. Sentia-se sujo e usado, mesmo sem entender nada; mesmo sem entender o porquê. O que sabia era que Taehyung estava traindo outra pessoa com ele. 

Bloqueou a tela do celular novamente, e pegou uma caneta que estava guardada no bolso da sua jaqueta de couro. Escreveu em um dos guardanapos um recado, e então saiu dali. 

 

"Estou com dor de cabeça, senhor Kim. Desculpe não poder ficar. Vou voltar para o quarto do hotel." 

 

O clima, que antes se assemelhava ao seu humor, já não parecia mais o mesmo. Fazia-se um dia ensolarado, mas em sua visão as coisas já não tinham mais cor. Todos os pontos que antes o fascinavam por ali, já não tinham importância. Caminhava sem rumo pela rua, sem ao menos tentar lembrar qual era o caminho até o hotel. Poderia ter descoberto tudo aquilo há semanas atrás, caso houvesse pegado aquele maldito cartão dourado e ido checar o apartamento com seus próprios olhos. 

Imaginou então um apartamento bonito, com fotos de Taehyung e seu namorado desconhecido espalhadas pelos porta-retratos. Estava quase chorando enquanto caminhava pela rua movimentada, e sentia pura vergonha de si mesmo. Vergonha por ter sido usado; vergonha por não estar verdadeiramente com raiva do escritor; vergonha por continuar gostando dele. 

Então era esse o motivo do mesmo nunca comentar sobre namoros ou relacionamentos; ele já estava em um. Talvez em um relacionamento decadente, mas estava. Estava, durante todos aqueles beijos, compromissado com alguém. Existia uma outra pessoa que também acreditava ser a única para Taehyung. 

Avistou, ainda de olhos marejados, um parque há duas quadras de distância. Sentiu-se melhor por meio segundo, afinal, amava parques. Continuou caminhando até ele, e quando chegou, sentou-se em um lugar qualquer da grama. 

Não queria chorar. Não queria ser fraco. Jungkook não queria ser como as garotas dos animes, que choram porque não tem seus sentimentos correspondidos. Sabia que Taehyung tinha seus problemas, e acima de tudo, queria vê-lo bem. Tinha seu amor próprio, mas já não era guiado apenas por ele. Agora era guiado também pelos sentimentos que alimentou pelo escritor. 

Mesmo que quisesse apagá-los e então dizer com todas as palavras "eu não gosto do Kim Taehyung", não tinha como; seria mentira. Sentimentos como os que sentia não sumiam da noite para o dia, e não sumiriam nunca se ele continuasse ao lado dele. Não podia, de uma hora para a outra, decidir ir embora de Hong Kong ou se demitir. Estava preso ao Kim por mais algum tempo. 

Respirou fundo, e tentou pensar logicamente, como alguém maduro. Poderia resolver tudo isso conversando com o escritor; poderia perguntar a ele sobre o tal namorado, e então levar um fora de uma vez. Era o caminho mais fácil a seguir, mas não sabia se teria coragem de vê-lo novamente. Abriu as fotos do seu celular e encontrou algumas dele perdidas em meio às suas, e então começou a chorar. Sempre soube ser um fracassado, mas nunca pensou que se sentiria tão mal por gostar de alguém. 

 

[...] 

 

Já no hotel, pensou em ignorar as mensagens do Kim, estas que avisaram que ele conseguiu sair mais cedo da reunião. Ficou com medo deste bater em sua porta e exigir explicações ou continuar perguntando sobre a sua dor de cabeça, então respondeu qualquer coisa, apenas para afastá-lo de si. 

 

JKook: Continuo com dor, então vou dormir. 

 

Chorou durante a tarde inteira, até que não lhe restaram mais lágrimas. Mesmo gostando muito do Kim, chegava a sentir ânsia apenas por pensar em se aproximar dele novamente. Queria beijá-lo, queria abraçá-lo, e sentia nojo de si mesmo por ainda desejar isso. 

De repente, sentiu como se uma lâmpada houvesse aceso em cima de sua cabeça. Alcançou com pressa o celular em cima da cama, e viu que ainda não havia sinal. Abriu o aplicativo de mensagens, e fez algo que jamais havia pensado que iria fazer. 

 

JKook: Jimin-hyung, eu preciso da sua ajuda. 

JKook: Não pergunte nada, apenas faça o que estou pedindo, por favor. 

JKook: Vá até o apartamento do senhor Kim. A chave reserva está ao lado do abajur do meu quarto. 

JKook: Encontre um cartão dourado que está guardado na gaveta da mesa de centro da sala dele. 

JKook: Esse cartão dourado é o passe para a chave de um outro apartamento do Kim, que fica no bairro de Hongdae. 

JKook: Vá até este apartamento, por favor. 

 

Não sabia quando Jimin receberia as mensagens, mas torceu para que fosse logo, ou então ele mesmo iria até lá. 

 

[...] 

 

Passou por cima das sensações ruins e do seu orgulho, e foi almoçar com o loiro. Taehyung demonstrava muita preocupação, mas Jungkook não ligou. Se forçou a não se importar. Disse apenas que ficou com muita dor de cabeça no dia anterior, e então mudou de assunto. Iria passar aquele dia ao lado dele, e quando voltasse a Seoul no dia seguinte, decidiria o que fazer. Fingiria, por algumas horas, que nada de errado havia acontecido. 

 

Não fez quaisquer planos para os dois. Deixou o Kim no controle, e ele parecia entusiasmado com suas próprias ideias de diversão. Levou Jungkook até o parque que este havia visitado sozinho no dia anterior, e o mais novo quase chorou por um momento, pois as lembranças vieram como um baque. Lembrou-se de tudo o que sentiu, de tudo o que recordou sobre quando estava ao lado do escritor. Não é como se tivesse esquecido — parecia que jamais iria deixar de sentir aquela dor —, mas ficar ao lado do loiro melhorava as coisas; diminuía um pouco dos sentimentos ruins. 

Não devia, mas era isso que acontecia! 

 

— Jungkook, aconteceu algo? — perguntou o Kim, entristecido. Gostava muito do assistente, e não tinha como não perceber que este estava distante. Que estava ignorando-o. 

— Não aconteceu nada, senhor Kim. 

Continuaram andando pelo parque em silêncio. Antes o mais velho apontava para todos os lugares e explicava sobre eles à Jungkook, mas este sequer prestava atenção. 

 

 

— Quer comer alguma coisa? Eu conheço uma padaria que tem uns bo- 

— Não quero. 

 

 

— Está com sede? Podemos comprar um refr- 

— Não. 

 

 

— O que acha de irmos até o parque de diversõ- 

— Tanto faz. 

 

Taehyung cansou; não aguentava mais o descaso de Jungkook. Parou de caminhar em meio à rua quase deserta, levou sua mão ao pulso do moreno, e o puxou para um beco vazio. Queria confrontá-lo. 

— O que deu em você?! 

— Nad- 

O loiro o interrompeu. — Por que está agindo assim comigo? Eu não sou idiota, Jungkook. Sei que aconteceu algo. 

— Por que liga tanto?! — Agora o mais novo se irritou, e retirou bruscamente seu pulso do aperto da mão grande de Taehyung. — Apenas esqueça isso. — Deu meia volta, preparando-se para retornar até a rua onde estavam caminhando há pouco, e foi puxado pelo mais velho novamente, ficando então de frente a ele. 

Taehyung encarou o moreno que estava irritado, e pôde ver a tristeza nos olhos escuros de que tanto gostava. Havia, definitivamente, acontecido algo. 

— Jungkook, eu gosto muito de você, então me diz o que está acontecendo, por favor. — Pegou na outra mão de Jungkook, e o puxou mais para perto de si. 

— Ah, você gosta muito de mim? Isso para você é gostar?! — "Não chora, Jungkook", repetia para si mesmo. Já havia se humilhado o suficiente. — Ficar me beijando por aí enquanto namora alguém é gostar?! 

Taehyung estreitou os olhos, confuso. 

— Do que você está falando? Bateu a cabeça em algum lugar? — Taehyung era o mais perdido da história toda. Não fazia ideia do que o mais novo estava falando. — Eu não namoro ninguém, Jungkook! 

O moreno não sabia se havia sentido mais dor ao ouvir aquilo por ser uma mentira, ou pelo fato de nunca ter existido nada definido entre ele e o escritor. Até ali pensava que era assim que queria, mas ao ouvir aquilo da boca dele, tinha certeza de que não era. 

— Eu vi a mensagem no seu celular, Taehyung! Aquele hotel-sei-lá-o-que avisou que seu namorado queria subir para o seu apartamento. Vai dizer que também estou enganado sobre isso? 

— Você está! — Suspirou fundo, e levou as mãos grandes até os ombros do mais novo. — Olha, Kookie... — "O apelido...", refletiu Jungkook. — Eu juro que não namoro ninguém. Você é a única pessoa para mim agora. Confia em mim, por favor — disse em um tom extremamente sincero, e Jungkook desviou o olhar. Sabia que se olhasse naqueles olhos castanhos, cederia. 

— Taehyung, eu- 

— Confia em mim. Eu vou explicar tudo isso quando estiver pronto... Eu juro pra você que vou, Jungkook. — Levou os dedos longos até o queixo do moreno, e obrigou este a olhá-lo. 

Os olhinhos que sempre transmitiam alegria, agora estavam marejados. Mesmo que não quisesse, Jungkook confiava nele; confiava até demais. 

Beijou a boca vermelhinha do mais novo, que retribuiu o ósculo com afeto e dor. Taehyung se sentiu um monstro por fazê-lo chorar, por fazê-lo se sentir triste assim. 

Mas, o que além disso poderia sentir sobre si mesmo? Isso era tudo o que ele era. 

Um monstro. 

 

[...] 

 

Haviam, por hora, resolvido as coisas. Jungkook, por mais que não quisesse confiar nas palavras do mais velho, havia feito isso. Acreditou nele com todo o seu coração. 

Voltaram a passear por Hong Kong, agora tentando esquecer a recente discussão. Era a última noite que passariam ali, e Taehyung queria torná-la especial. Era a mais pura verdade que não namorava ninguém. Há tempos a única boca que tocou a sua foi a de Jungkook, e queria que as coisas continuassem assim. Não queria mais ninguém além dele. 

Taehyung verificou o horário em seu relógio de pulso, e então levou sua mão ao pulso de Jungkook, voltando a puxá-lo para onde queria ir. Para alguns aquilo poderia ser considerado um costume rude, mas Jungkook não ligava. Gostava de acompanhá-lo, e vê-lo empolgado para ir em algum lugar aquecia o seu coraçãozinho apaixonado. 

Tentou acompanhar os passos rápidos do loiro, e então começou a rir ao vê-lo tropeçar nos próprios pés. 

— Kookie, já está na hora! — gritou ele, apressado. 

— Na hora do que, seu maluco?! 

— Da sinfonia das luzes! 

"Sinfonia das luzes?", perguntava-se o mais novo, enquanto corria com o escritor em direção ao porto. 

 

Ao chegarem lá, o Kim procurou apressado por algo dentro da bolsa preta que estava carregando. Tirou de lá dois bilhetes, e então voltou a segurar o pulso do mais novo, correndo com ele em volta das grades que cercavam o porto. 

Correram até uma passarela de madeira, a qual tinha barcos por todos os lados. 

— Ali! Vem! — gritou o loiro, apontando para um barco que ficava há alguns metros a direita. 

Correu mais rápido, ainda puxando consigo o mais novo, que não entendia nada, mas não conseguia parar de rir. Já era noite, e então Jungkook percebeu como as horas passavam rápido quando estava tudo bem entre ele e o escritor. 

Subiram as escadas até o barco com pressa, e Taehyung entregou os bilhetes até um homem de terno, este que não falou nada, apenas se curvou e abriu a porta para eles. 

O barco era luxuoso, mas não de modo exagerado. Continuou seguindo Taehyung, que abriu uma porta de vidro espelhado onde dava passagem para a parte exterior do barco, esta que não tinha qualquer cobertura. Havia apenas uma mesa circular ao fundo, onde Taehyung puxou a cadeira e disse para Jungkook sentar. 

— Eu quase me matei para reservar isso pra gente... — Começou o mais velho, abrindo o vinho e despejando nas duas taças que estavam em cima da mesa. — Gostou? 

— S-Sim... — respondeu, envergonhado pela atitude do mais velho. Todas as coisas que ele fazia demonstravam que ele se importava, e isso confundia tudo. — O que é a tal da "sinfonia das luzes" que você falou? — perguntou, cortando um pedaço da comida que havia em seu prato, e em seguida comendo-a; tinha um gosto muito bom. 

— Você já vai ver. — Olhou seu relógio de pulso novamente. — Faltam quinze minutos. 

Continuaram comendo, até que se sentiram satisfeitos e permaneceram apenas tomando vinho. 

 

 

 

— Vai começar agora — disse o Kim, levantando-se da mesa e pegando na mão de Jungkook. O mais novo também se levantou, e então Taehyung levou suas mãos aos olhos dele, tampando assim a sua visão. O mais velho o guiou até a proa — a ponta do barco —, e então o ajudou a se apoiar nas grades brancas. 

— Cinco, quatro, três, dois... — Contou regressivamente, e por um imperceptível erro na contagem, a música começou a tocar. Retirou suas mãos dos olhos do moreno, que ao abri-los ficou encantado. Estava olhando diretamente para os prédios iluminados de Hong Kong, onde estava acontecendo o festival de luzes. 

— Eu não gosto da música que toca, então eu trouxe meus fones de ouvido — disse o Kim, rindo enquanto conectava os fios ao aparelho celular. Levou um dos lados do fone ao ouvido direito de Jungkook, que continuava olhando para a vista dos prédios sem sequer piscar, e colocou o outro fone no seu ouvido esquerdo. Tocou o braço de Jungkook, que saiu do transe, e então pesquisou pelas músicas do seu celular. Sabia exatamente qual queria ouvir com o assistente; deu play em "Wicked Game" do Chris Isaak, e então colocou o celular de volta em seu bolso. Sentiu as mãos de Jungkook circularem o seu pescoço, e, como se fosse automático, levou suas mãos até a cintura dele. 

Jungkook reconheceu a música; era uma de suas favoritas.

E, se aquilo significava algo, o mundo de Taehyung estava em chamas e Jungkook era o único capaz de salvá-lo.

Começaram a dar passos cegos para os lados, afinal, nenhum dos dois sabia dançar. Encararam-se por alguns segundos, e pararam com os passos mal encenados de dança. Talvez fossem as luzes de Hong Kong, mas Taehyung jamais havia visto tanto brilho nos olhos de Jungkook. Tudo ali se assemelhava a noite do primeiro beijo dos dois, mas era tão diferente... 

Nunca havia pensado que conheceria alguém como Jeon Jungkook.

O assistente era tudo o que mais queria e jamais havia pedido ou sonhado que teria a chance de ter em sua vida, pois acreditava que já não merecia mais nada de bom em sua vida.

E, por mais que tivesse tentado tanto não se apaixonar, aconteceu tão naturalmente que não foi capaz de impedir.

 

Viu então o moreno fechar os olhos, e fechou os seus também, poucos segundos depois sentindo os lábios dele colados aos seus. Era indescritível; sem sentido; intenso. Não sabia como havia chegado àquele ponto, mas não queria de forma alguma voltar ao tempo em que não conhecia Jungkook. Queria estar com ele, independente da hora, do dia, do lugar. Queria deixar de machucá-lo. Sabia que Jungkook havia confiado nele, mas também tinha total noção de que ele estava profundamente magoado consigo, pensando que talvez ele estivesse esse tempo todo enganando-o.

Durante o beijo, conseguiu ouvir a música claramente, e então flashes condizentes com a letra dela vieram a sua cabeça. A sensação de gostar de alguém e ter esse alguém gostando de si...

Não queria, por nada no mundo, perder Jungkook. 

  

O moreno sentiu seu celular vibrar no bolso traseiro da calça, mas ignorou isso até que se separaram do beijo para recuperar o fôlego. Jungkook desviou seu olhar para baixo, pegando sem pressa o celular, e vendo que Jimin havia lhe enviado alguma mensagem. Digitou a senha, e então verificou o que seu melhor amigo queria lhe dizer. 

 

Jiminnie: Não sei qual era a sua intenção, mas fiz o que você pediu. 

Jiminnie: Subi até o andar do apartamento dele em Hongdae. 

Jiminnie: Bogum estava estrando lá quando cheguei. 

 

Jungkook, mais uma vez, ficou sem reação. Havia esquecido essa história por algumas horas, e, de repente, tudo voltou. Toda a confusão estava consigo novamente. Levantou o rosto para confrontar Taehyung de uma vez por todas sobre aquilo, mas paralisou assim que o viu. 

 

O loiro estava chorando. 

Estou pronto para contar tudo a você. 


Notas Finais


Talvez não tenha ficado tuuudo isso, mas eu até que gostei;
A sinfonia das luzes existe, então caso tenham interesse, pesquisem por "A Symphony of Lights";
Talvez amanhã eu corrija algumas coisinhas no cap, mas é basicamente isso aí;
O próximo capítulo é aquele com 12k de palavras, mas eu acho que vou adicionar mais coisas à ele, então talvez demore um ou dois dias além do normal para sair (farei o meu melhor!)

Muito obrigada por acompanharem até aqui <3 se encontrar qualquer erro no capítulo, me avise, por favorzinho
Caso queira me enviar uma pergunta ou algum recadinho: https://curiouscat.me/sealott


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