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História O Assistente do Senhor Kim - Nineteen


Escrita por: sealott

Notas do Autor


+400favs <3 muito obrigada
Esse capítulo é mais como uma "ponte" para a próxima parte da história, então ele não tem muitos acontecimentos (só uma cena especial rs) e sim pensamentos do Jungkook sobre o passado do Taehyung;
Talvez eu comece a demorar um pouco mais para atualizar a fic, porque essa parte da hist eu ainda preciso elaborar um pouco melhor e não quero correr com a fic e cagar tudo;
(o lemon vai vir gente se acalma fksdposd)

ah, e muito obrigada também por todo do apoio que vcs me deram pelo capítulo passado <3 vcs são uns amores, de verdade! eu não sabia se tinha ficado tudo isso, mas ao menos o capítulo cumpriu o papel de mostrar o quanto o Taehyung sofreu por coisas das quais ele não tinha controle e do quanto ele se culpa por elas

Capítulo 19 - Nineteen


Fanfic / Fanfiction O Assistente do Senhor Kim - Nineteen

Taehyung estava casando demais para sequer andar sozinho. A carga emocional que havia enfrentado era tanta, que se apoiou em Jungkook para caminhar até a rua, e, consequentemente, até o táxi que o mais novo havia chamado. O Kim fugiu do seu passado por muito tempo, guardando mais e mais dor, e contá-lo em voz alta apenas descarregou tudo de uma só vez. Descrever as cenas da mãe sendo espancada, do suicídio de Jeonghan, de quando encontrou sua mãe caída no chão da cozinha... Eram coisas pesadas demais para se falar ou simplesmente pensar. 

Quando contou tudo ao mais novo, pensou que ele agiria diferente. Não achava que este o odiaria, não; Jungkook tinha um coração bom demais para isso. Seu receio, no entanto, era de que o mais novo sentisse medo de ficar com ele, ou de começar a gostar dele. O Kim achava que, talvez, Jungkook ficasse com medo de passar pelo mesmo que Jeonghan; amar, e não ser amado de volta. 

O que, para o escritor, não iria acontecer jamais. Sentia por Jungkook algo novo e completamente diferente de tudo o que já havia sentido por alguém. Não queria definir um nome para aquele sentimento — não ainda —, mas não era o mesmo que sentia por Yoongi, ou que sentiu um dia por Jeonghan. 

Quando Jungkook falou aquelas palavras, que gostava muito dele e que tudo o que queria era vê-lo feliz, o Kim se sentiu acolhido; aceito. Talvez até mesmo um pouco perdoado por uma entidade maior. Não era como quando Yoongi dizia que tudo ia ficar bem, e então ele lembrava do enterro de Jeonghan e de sua mãe, sabendo que jamais os veria novamente, e que talvez as palavras do amigo fossem apenas uma mentira consoladora. Quando contou seu passado a Jungkook e foi abraçado por ele, mesmo não ouvindo o típico "tudo vai ficar bem", sentia que podia conquistar isso; que as coisas, definitivamente, poderiam ficar bem. Poderia, com o apoio dele, tentar ser feliz novamente. 

 

[...] 

 

Apesar de ser fisicamente forte, não lhe restavam energias suficientes para carregar Taehyung nas costas. Por conta disso, demoraram o dobro do tempo para caminhar até o elevador, e esperar este chegar ao 22º andar do hotel. 

Caminharam pelo corredor e então pararam em frente a porta de número 219; o quarto de Taehyung. Pediu ao loiro pela chave, e o mesmo a encontrou segundos depois, entregando-lhe com as mãos um pouco trêmulas. Jungkook estava preocupado com ele. Taehyung precisava descansar, e não era apenas fisicamente. 

O mais novo abriu a porta, dando passagem para o Kim, que deu alguns passos curtos e sentou na cama. Jungkook deu uma olhada geral no quarto de hotel, percebendo que era minimamente diferente do seu. Olhou para a janela, e então lembrou que o quarto do escritor ficava no lado oposto do prédio. Curioso, puxou as cortinas, e deu de cara com a visão privilegiada de Hong Kong. Seus olhos brilharam em admiração ao ver a cidade iluminada lá do alto. Virou-se para trás animado, querendo chamar Taehyung para desfrutar da mesma vista que ele, mas encontrou o loiro de cabeça baixa. 

— Tae, está tudo bem? — Sabia que não estava, mas era como uma pergunta automática, como se pedisse para Taehyung sempre lhe contar o que o incomodava, para que assim pudesse tentar ajudá-lo. 

— Estou sim, eu só... preciso tomar um banho. — Levantou da cama, e passou a dar outros passos lentos em direção ao banheiro. O Kim estava alheio a tudo, pensativo não apenas sobre o seu passado, mas também sobre o seu presente ao lado do assistente. 

Taehyung deu um pequeno tropeço, e Jungkook correu até ele, mostrando completa preocupação. O mais novo o via como algo frágil, que poderia cair e quebrar a qualquer momento, e queria estar ali para segurá-lo antes que isso acontecesse. 

— Eu vou te ajudar — disse o moreno, livre de malícia, e o mais velho lhe olhou um pouco curioso, com um bico formado nos lábios. 

Apoiou Taehyung em si e o levou até o banheiro, ajudando-o a sentar na ponta da grande banheira, mesmo quando este insistiu que não estava tão cansado assim e que poderia andar sozinho. Jungkook viu que a banheira ficava em frente a uma outra enorme janela, e então ficou, mais uma vez, cheio de admiração. Por um momento, sentiu um pouco de receio pela exposição que aquilo poderia causar, e então lembrou que a janela era espelhada do lado de fora do edifício. 

Tinha milhares de pensamentos em sua cabeça, e todos esses voaram para longe ao olhar para o escritor, que continuava sentado ali, esperando para ver o que ele ia fazer. 

— O que eu tenho que fazer? — perguntou o mais novo, tendo coragem de enfrentar o que havia submetido para si mesmo. 

— Primeiro, enche ela de água — disse o Kim, esperando que Jungkook fizesse aquele passo, e então começou a jogar alguns produtos dentro da banheira. O mais novo o encarou, curioso sobre o que ele estava fazendo. — É para fazer espuma. — Explicou. 

 

Passaram-se alguns minutos, e Taehyung apenas observava Jungkook brincar — feito uma criança — com a espuma de banho. O mais velho sorriu, encantado. Quando foi que ele passou a gostar tanto daquele garoto bobo? E, afinal, por que não tinha feito isso antes? 

Tossiu encenado, e o mais novo se libertou do seu transe causado pela espuma de coloração lilás. O mais velho clicou em um botão ao lado da banheira, e então algumas luzes dentro da mesma se acenderam. Ele já havia percebido o quanto Jungkook ficava fascinado por aquele tipo de coisa, e queria continuar a deixá-lo assim. Era muito fofo. 

— Já pode ir para o seu quarto. Obrigado, Kookie. — Sorriu, esperando que o mais novo saísse do banheiro, mas este continuou parado no mesmo lugar. Jungkook olhou para os lados algumas vezes e coçou a nuca, envergonhado. 

— Eu disse que ia te ajudar... a tomar o seu banho — falou, e o escritor ficou surpreso. — Você consegue tirar as roupas sozinho? 

— S-Sim... — Continuava de olhos minimamente arregalados, em surpresa. Não imaginava que Jungkook fosse tão longe. Até poucas semanas atrás, o mais novo sequer tinha a iniciativa de beijá-lo. 

— Tudo bem... Me avise quando terminar. — Virou-se, querendo dar um pouco de privacidade para Taehyung. A verdade é que ele tinha um pouco – ou muito – receio em ver o Kim sem as suas roupas. Sentia um desejo carnal inexplicável por ele, mas também sentia coisas maiores do que isso. Taehyung não estava bem, e Jungkook queria apenas cuidar dele. O mais novo não tinha segundas intenções. 

 

— Deu, já pode se virar. — Jungkook ouviu e então se virou, vendo Taehyung já dentro da banheira. 

O loiro tinha a água cobrindo até a altura do seu peitoral, e olhava curioso para Jungkook. O mais novo se aproximou dele, e então se ajoelhou em cima da plataforma que existia em volta da banheira.Tirou a ducha manual do seu suporte na parede, e então a ligou, fazendo a água fluir levemente pelos furos do metal. 

Levou a mesma até os cabelos de Taehyung, e começou a molhá-los. A cena podia ser semelhante a que imaginara tempos atrás, quando desejava ajudá-lo a pintar os fios dourados, mas era muito diferente. Era calmo, simbólico. 

Pediu que o Kim segurasse a ducha de metal por alguns instantes, e então começou a passar shampoo pelos cabelos loiros. O escritor fechou os olhos, aproveitando da sensação boa; não apenas de ter alguém lavando seus cabelos, como também a de ter Jungkook ao seu lado. 

O mais novo pegou a ducha novamente, e voltou a molhar os cabelos do escritor, tirando todo o produto que havia passado ali. 

— Vou buscar um roupão para você — disse o moreno, e então saiu do banheiro, voltando minutos depois com um roupão em mãos. 

Colocou a peça ao lado da banheira, e se preparou para deixar Taehyung a sós. Não queria ir embora nunca, mas não sabia se o loiro queria mantê-lo ali. 

 

— Vem tomar um banho comigo — disse o escritor, e Jungkook o encarou, desconcertado. O Kim tinha certeza do que queria, e não desviou o contato visual um segundo sequer. 

 

Jungkook não falou nada, apenas se virou de costas e respirou fundo. Tirou o casaco que estava vestindo, e o jogou no chão. Taehyung não deixava de olhá-lo por nenhum momento, deslumbrado. Jungkook era tão diferente de tudo o que ele já havia conhecido... Poderia imaginar que o assistente pediria para que ele repetisse, envergonhado; que negaria, ou que simplesmente aceitaria e pediria para que ele olhasse para o outro lado, mas não aquilo. 

O mais novo apenas aceitou aquele convite, e passou a se despir em frente ao Kim. Quando o escritor o viu retirar a blusa, passou a olhar para outro lado. Não queria tornar aquele banho algo sexual. Sequer sabia se Jungkook tinha vontade de, algum dia, ter um envolvimento desse tipo consigo. 

Sentia muito desejo pelo mais novo, e estaria mentindo se disse que nunca havia se tocado pensando nele — fazia isso o tempo todo — mas aquele banho era livre de segundas intenções. Foi apenas uma vontade que surgiu em si de tomar banho junto do mais novo. 

Ouviu o som da movimentação na água, e então pôde ver de relance as pernas malhadas de Jungkook afundarem-se dentro da banheira. Ele estava em sua frente, sentado no outro extremo da banheira funda. O mais velho tirou a ducha do suporte novamente, e então se moveu até estar sentado ao lado do moreno. Jungkook, até então, estava com receio de acabar vendo o corpo nu de Taehyung, mas nessa hora percebeu que a banheira tinha espumas demais, e elas impediam que isso acontecesse. 

Taehyung passou a lavar o cabelo do mais novo, retribuindo pelo gesto — que, em sua visão, era carinhoso — que ele havia feito em si minutos antes. 

O mais velho voltou ao mesmo lugar que estava antes, na outra ponta da banheira, e continuou a olhar para Jungkook, curioso. Seria difícil dizer sobre o que; estava curioso sobre tudo. Não entendia como alguém conseguia, ao mesmo tempo, ter um rosto tão infantil e um corpo tão másculo, mas via essa exata combinação em sua frente. 

O Kim tinha curiosidade em como alguém conseguia ser tão natural, e ao mesmo tempo tão excepcional. 

Jungkook teve paciência com Taehyung, mesmo quando este lhe tratou mal; teve confiança nele, mesmo quando tudo à sua volta tentava provar o contrário do que ele havia dito. O assistente já não era mais uma pessoa qualquer em sua vida, e provava isso dia após dia. 

Não haviam palavras que definissem o papel que Jeon estava fazendo, só sabia que ao pensar nele, sentia uma vontade incontrolável de sorrir. De dar partida em seu carro, e ir buscá-lo para viajar para qualquer lugar. De pegar em sua mão, e levá-lo para fazer algo que o fizesse sorrir também. 

 

O mais novo, por alguns minutos, distanciou-se do Jeon Jungkook acanhado que era. Esse não era todo o seu eu, e queria dar a chance de seus outros lados conhecerem o homem por quem ele estava apaixonado. Queria dar uma oportunidade ao Jeon Jungkook que queria beijar Taehyung naquela banheira, e assim fez. 

Inclinou-se na banheira, e parou apenas quando tinha seu corpo quase encostado ao de Taehyung, que tinha seus joelhos dobrados em frente ao tronco. 

Beijou levemente a boca do loiro, tendo certo em sua mente que aquilo não era um simples beijo. Com Taehyung, nunca foram simples beijos. Desde aquele evento em que o acompanhou, sua visão sobre o escritor foi mudando gradativamente, mas seus beijos, desde o primeiro, já tinham algo de especial. 

Não se comparavam aos de agora, é claro, mas Taehyung sempre lhe provocou coisas estranhas no peito. Agora, mesmo estando bastante nervoso por estar apenas de cueca — sim, porque ele não havia tirado todas as peças de roupa —  dentro da banheira com o loiro, sentia uma certa calma. Porque, de certa forma, aquilo não era apenas um banho juntos; era algo muito maior. 

Era completamente confuso e ambíguo; suas mãos tremiam, e seu coração palpitava forte no peito, mas o beijo era calmo e as línguas se moviam em perfeita harmonia. Mesmo nervoso, sentia-se em completa paz. 

E Taehyung também se sentia exatamente assim. 

Depois de anos, sentia-se em paz. 

 

— Eu quero tocar você. — Segredou Jungkook, cortando o beijo. O loiro o encarou nos olhos, e então sorriu. 

— Então toque. 

 

Taehyung afastou as pernas, dando espaço para que Jungkook se colocasse entre elas. Os dois corações batiam descontroladamente rápido, mas eles tentaram manter a calma. Jungkook não estava sendo pervertido, e Taehyung sabia disso. Ele, realmente, só queria tocar o corpo do outro. Era fascinado pelo escritor; o via como um tesouro raro que teve a sorte de encontrar, e agora tinha de ter todo o cuidado do mundo para não perder.

Levou suas mãos ao peitoral de Taehyung, passando delicadamente a ponta dos dedos pela pele amorenada, e olhando com atenção para todos os detalhes do escritor. O mais velho achou aquilo fofo — e também se sentiu extremamente especial —, e começou a rir, sendo acompanhado pelo mais novo, que ria de nervoso.

Taehyung se assemelhava a um anjo aos olhos de Jungkook.

 

O mais novo buscou um pano ao lado da banheira e o mergulhou na água, levando-o até o braço esquerdo de Taehyung, começando a realmente dar um banho no mais velho. Enquanto passava o pano pelo peitoral do Kim, seus sentidos adultos começaram a aflorar-se. Não queria que aquilo tivesse algum teor sexual, mas era inevitável não sentir nada numa situação como aquela. 

Jungkook começou a ficar tenso, com medo de que o mais velho achasse que, desde o início, só havia se oferecido para aquilo por ser um pervertido, e o mais velho notou sua inquietação. Os dois se sentiam igualmente nervosos com a situação, afinal, ambos tinham desejo pelo outro. 

— Calma, Kookie — disse o loiro, tentando acalmar o mais novo, e então lhe deu um beijo casto na boca, deixando-o um pouco menos tenso. — Já terminamos o nosso banho. 

Taehyung viu que Jungkook estava tenso por conta dos anseios do seu corpo. Queria transar com o mais novo, mas também tinha noção de que não daquele jeito. Não achava que o lugar era algo tão importante — até porque estavam em um lugar maravilhoso —, mas sabia que aquele não era o momento certo. Havia sido uma noite pesada, e mesmo desejando ter o corpo de Jungkook tanto quanto ele desejava o seu, queria que fosse mais especial; que não fosse como um presente após uma noite cheia de lembranças ruins sobre o seu passado. 

Taehyung já estava em completa paz ao lado de Jungkook, e não precisava de mais nada, não naquela noite. 

No momento em que Taehyung saiu da banheira, Jungkook tentou focar sua visão na enorme cidade iluminada. O vidro da janela refletia um pouco, então foi impossível não ver o corpo nu de Taehyung de costas. Aquela era a imagem mais pecaminosa que ele já tinha visto. Sentiu uma fisgada em seu baixo ventre, mas se forçou a ignorar. 

 

Assim que Taehyung saiu do banheiro, Jungkook esperou que ele lhe trouxesse outro roupão e uma cueca limpa. Iria finalmente dormir, para viajar até Seoul no dia seguinte. 

Quando abriu a porta do banheiro, deu de cara com Taehyung deitado na cama, sem camisa e com o corpo coberto por um lençol fino. Aproximou-se dele, que tinha os olhos fechados, e lhe deu um beijo na testa. Via o Kim como alguém frágil, mas quando parava para pensar em tudo o que ele passou, tinha certeza de que o escritor era a pessoa mais forte que ele conhecia. 

Jungkook desligou as luzes e caminhou até a janela, pensando se deveria fechá-la ou não. Agora o quarto era iluminado apenas pelas luzes que vinham de fora do edifício. Ouviu um som atrás de si e se virou, vendo, ainda que no escuro, Taehyung sentado na cama, com o lençol cobrindo seu abdômen. Via tão pouco do corpo alheio, e já ficava tão atônito... 

 

— Dorme comigo essa noite? — perguntou Taehyung, ansioso por uma resposta. 

Mesmo que no escuro, viu Jungkook sorrir e abrir o roupão, ficando quase que completamente pelado em frente àquela enorme janela. O mais novo caminhou até a cama e se deitou ao lado do Kim, envolvendo seus braços em volta deste, abraçando-o por trás cuidadosamente. 

Taehyung finalmente pode descansar, sentindo-se seguro sobre seus sentimentos, e protegido por Jungkook. 

 

[...] 

 

Jungkook não conseguiu dormir quase nada durante a noite. Passou o tempo todo relembrando coisas que afetavam Taehyung, e assimilando-as ao passado do mesmo. 

Lembrou-se primeiro do evento em que o acompanhou, aquele onde viu Bogum pela primeira vez. 

 

— Li que vai publicar um romance novo esse ano — disse Bogum, enquanto sorria sacana. — É verdade? 

— Sim — respondeu o escritor. 

— Vai seguir o mesmo rumo dos outros que você já publicou? 

— Como assim? — Taehyung estava confuso, e ao perguntar, Bogum abriu um sorriso maior do que já tinha. Ele parecia querer ver o circo pegar fogo. 

— Vai publicar mais algum romance inspirado em um relacionamento seu que falhou? Ou vai me deixar de fora dessa vez? 

— Vou ao banheiro, com licença — disse o escritor, abandonando a mesa com pressa. 

 

Agora entendia o porquê aquilo havia deixado o escritor tão abalado. Spring Day tinha uma pequena menção a Bogum com o nome de outro personagem, mas o Park não estava falando exatamente de si. Estava falando do relacionamento do Kim com o seu falecido irmão. 

Jungkook então se lembrou de quando encontrou Taehyung e Yoongi discutindo. 

 

— Até quando você vai deixar esse merda atrapalhar sua vida? Sério, Taehyung, até quando? — Yoongi estava puto, dava para ver em seu tom de voz direcionado ao amigo. 

— Deixa isso para lá, ok? Ele vai parar... 

— Você me diz isso há dois anos, e até agora eu estou esperando. — Largou-se do aperto de Taehyung, soltou a bolsa no chão e levou a mão à frente do rosto. — Parece que eu vou ter que quebrar a cara dele de uma vez por todas, para ver se ele para com essa merda. 

— Pare com essa merda você! — gritou Taehyung, e Yoongi olhou para ele, indignado. — Eu sou um adulto, e eu sei cuidar da minha própria vida. Pare de se meter, Min Yoongi. 

— Ah, sinceramente... — O azulado riu nasalado, e apontou para o Kim. — Se você soubesse cuidar da sua própria vida, não teria a porra de um Bogum no seu pé. 

 

Taehyung odiava ter de passar por aquilo, mas não rebatia porque achava que merecia todo o ódio e as ameaças de Bogum. O Kim acreditava fielmente que era o culpado pela morte de Jeonghan. 

Lembrou-se em seguida de quando Yoongi o interrogou sobre o beijo entre ele e Taehyung; onde, pela primeira vez, decidiu ficar ao lado do escritor.

 

— Eu não tenho direito de falar sobre a vida dele para você, então vou tentar ser direto. O Taehyung está passando por um momento difícil há tempos, então se você não quiser nada com ele, fale de uma vez. Não é do feitio do meu amigo beijar qualquer um, ao menos não agora. 

— Yoongi-hyung... Por que ele vai parar de escrever?  

— Você é curioso mesmo, hein... — Suspirou, mexendo nos cabelos azuis, e em seguida sentando-se ao lado do moreno. — Esse momento que o Tae está passando... Fazem-se dois anos já que ele está assim, e também há dois anos que ele não publica nada. Um motivo completa o outro, basicamente. — Yoongi falou, falou, falou, e no fim não disse nada. 

— E pelo que ele vem passando durante esses dois anos? 

— Tristeza, culpa, solidão... É uma mistura de tudo quanto é merda. Por isso estou tendo essa conversa com você. Eu sinto e vejo que você pode ajudá-lo de alguma forma, e será ótimo se você quiser ficar ao lado dele, mas, se você não quiser... deixe isso claro de uma vez. Não piore as coisas para o Tae. Ele ficou um ano inteiro sem escrever uma única palavra, e eu não quero que todo esse progresso que ele vem tendo seja jogado no lixo. 

 

Lembrou-se de quando jogou Life is Strange junto dele, e não entendeu o porquê de o escritor começar a chorar de repente. 

 

— A culpa foi minha dela ficar assim... — falou o moreno, baixinho. 

— A culpa não foi sua — disse o mais velho, compreensivo.  

 

— T-Tae... Por que está chorando? — perguntou. — É só um jogo, você mesmo disse isso... — Secou as lágrimas do loiro com as suas mãos, mas elas insistiram em continuar caindo. — Eu não entendo Tae, por que está chorando? 

— A culpa não foi sua. — Repetiu sua frase anterior, e o mais novo ficou confuso. 

— Eu sei, é só um jogo, m-mas... por que você está chorando, Tae? Me diz, estou ficando preocupado com você. — Jungkook ainda tinha algumas lágrimas no rosto, porém, agora quase secas. 

— É que esse jogo, ele é... bem triste, não? — Olhou nos olhos do moreno, que continuava preocupado. Aquela frase não havia explicado nada. — Eu estou chorando por causa dele, mas... — Colocou suas mãos em cima das de Jungkook, que estavam segurando as laterais do seu rosto, e limpou suas últimas lágrimas. — Mas já estou bem de novo. — Finalizou, mas Jungkook não acreditou naquilo. 

 

Agora entendia. Aquela frase em especial mexia demais com o Kim. 

 

— Você acha que é especial para ele? — Bogum riu nasalado. — Você é só mais um idiota. 

 

Finalmente sabia do que Bogum estava falando. No final das contas, não era apenas Taehyung que estava sofrendo. Tanto ele quanto Bogum se provocavam — é claro, o Park passava dos limites —, mas era porque compartilhavam da mesma dor de ter perdido Jeonghan, e não sabiam lidar com ela. 

Taehyung tinha tantos problemas e traumas a serem superados; a morte de seu melhor amigo e de sua mãe, a sua necessidade de fazer tudo à sua volta se adequar à Jeonghan, como se, de alguma forma, isso o fizesse voltar à vida — ou simplesmente machucasse Taehyung do jeito que ele acha que merece ser machucado —, o conflito entre ele e Bogum... 

Agora, quando olhava para o Kim, percebia coisas que não via antes. Os fios loiros, que lembravam a tonalidade dos cabelos de Jeonghan; as comuns roupas azuis, que lembravam a cor favorita de Jeonghan; o apartamento desnecessariamente gigante, que se assemelhava a mansão da família de Jeonghan. 

Jungkook não achava que Taehyung devesse esquecer Jeonghan, mas tinha certeza de que o loiro precisava parar de se culpar pela morte dele. Que deveria parar de sentir aquela culpa dolorosa ao lembrar de alguém que nunca quis o seu mal. Jeonghan, com certeza, não queria ver o Kim desse jeito. Ele se matou, mas não foi para machucar ninguém, e sim porque tinha problemas psicológicos o suficiente para achar que a sua existência já não era mais necessária — ou que talvez nunca tivesse sido. 

Jungkook queria consertar toda a vida de Taehyung, mesmo sabendo que nem ele — e nem o escritor — conseguiria fazer aquilo sozinho. Precisava ficar ao lado do mais velho; já havia decidido há muito tempo que faria isso, e não havia mudado de ideia. Queria provar para ele que a culpa não era dele; queria que ele dormisse todas as noites tranquilo, sem achar que ele era quem deveria ter pulado daquele edifício. 

Se não era possível voltar no tempo e mudar tudo, então ele teria de ajeitar as coisas dali para frente. Se o Kim não conseguia se reerguer sozinho, Jungkook iria fazer de tudo para ajudá-lo. 

A partir do dia seguinte, quando abrisse os olhos novamente, seu caminho estaria traçado.

Correria junto de Taehyung atrás da felicidade (sua e) dele.


Notas Finais


PENSO Q IA TER LEMON É HM
não foi dessa vez
sei lá, eu achei bonitinha a cena na banheira
capitulo cheio de diálogos de capítulos passados né, desculpem por isso
~ passando aqui pra divulgar meu curiouscat de novo: https://curiouscat.me/sealott
Muito obrigada por ler até aqui <3


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