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História O Assistente do Senhor Kim - Twenty


Escrita por: sealott

Notas do Autor


Primeiro de tudo: apreciem a (nova) capa maravilhosa que a ~taekookstar fez para a fic! agradeço mais uma vez por todo carinho que você tem pela fic e pelas capas que você fez <3
Sobre o capítulo: eu pretendia postar ontem, mas realmente não deu x-x sorry
+450favs <3 muito obrigada gente, se não fosse a motivação que vocês me dão, talvez eu já tivesse desistido dessa fic há tempos
Espero que gostem <3

Capítulo 20 - Twenty


Fanfic / Fanfiction O Assistente do Senhor Kim - Twenty

No dia seguinte, após dormir algumas — poucas — horas, Jungkook acordou abraçado à Taehyung. O mais velho acordou quase que junto a ele, e os dois foram arrumar suas coisas para, enfim, voltarem à Seoul. 

O Kim estava bem-humorado e sorridente, e Jungkook tinha certeza de que queria vê-lo daquele jeito todos os dias. 

 

[...] 

 

Entrou no apartamento do escritor, e o encontrou, mais uma vez, desatento digitando em seu notebook. Já havia se passado uma semana desde que voltaram de Hong Kong, e dia após dia, o mais velho parecia ter mais vontade de escrever — ou de viver. Era complicado afirmar que ele estava melhor apenas pelo que seus olhos podiam ver, mas queria acreditar que as coisas estavam caminhando bem para ele. Precisava se apoiar em alguma mudança positiva. 

Isso porque sentimentos são algo complicado, e Jungkook é uma pessoa duas vezes mais confusa do que o normal. Sempre que via o escritor alegre, tinha vontade de beijá-lo e de dizer que gostava muito dele, mas depois de saber sobre Jeonghan, também sentia um receio enorme de se confessar ao loiro. Mesmo que já tivesse dito à Taehyung para não se obrigar a corresponder seus sentimentos, tinha medo de estar forçando algo com o mesmo; de estar deixando-o desconfortável. 

— Bom dia, Tae — disse o mais novo ao atravessar a sala, e se sentou no mesmo sofá do escritor. Ficou um pouco longe para não o atrapalhar, mas perto o suficiente para receber um beijo na bochecha. 

— Bom dia, Kookie. Está com fome? — perguntou, e o moreno maneou a cabeça para os lados, negando. — Eu fui no mercado e comprei umas vinte caixas de Pepero. 

— Espera... Você? No mercado? — Riu. — Está brincando, né? — Continuou rindo, até perceber que o Kim continuava sem entender a graça; ele havia falado sério. 

— Eu achei que fosse chato ficar pedindo para você ir todos os dias comprar, então eu mesmo fui e comprei um monte... — disse ele, ainda perdido. 

— Tae, tudo o que eu faço nesse emprego é comprar esses biscoitos... — Choramingou, e foi a vez do loiro rir. — Você está roubando meu trabalho. 

— Hm..., mas hoje eu tenho outro serviço para você. — Sorriu sacana, e deu um selar em Jungkook. — Quero que me acompanhe em um lugar. 

— 'Tá bom. — Também sorriu, esperando que fosse algo bom, e então puxou Taehyung para um outro beijo. Onde já se viu dar apenas um selinho e então se afastar sem mais nem menos?! 

 

Ao separarem seus lábios um do outro, o Kim desligou seu computador e o colocou em cima da mesa de centro. — Já podemos ir — disse, e Jungkook estranhou. Ainda era de manhã, e Taehyung geralmente saía apenas durante a tarde. 

Ajoelhou-se em frente à mesa de centro, e abriu a gaveta; aquela gaveta. Revirou as coisas que estavam jogadas por lá, até encontrar o tal cartão dourado. 

— Quero que vá comigo até o meu apartamento em Hongdae. 

 

[...] 

 

Pararam o carro em frente ao prédio, e Taehyung apoiou sua cabeça no volante, respirando fundo. Olhou para Jungkook e então assentiu, sem que este precisasse realmente perguntar em voz alta. A relação dos dois já estava em um ponto onde conseguiam saber o que o outro estava pensando apenas pelas suas expressões faciais. 

Os dois saíram do carro, e o mais velho deu mais uma olhada no exterior do edifício, antes de adentrar o mesmo ao lado o assistente. Aquele era o prédio onde ele morou com Jeonghan, e também o prédio onde Jeonghan se matou. 

Caminharam até o porteiro, que adotou uma expressão surpresa assim que os viu. Jungkook não sabia o que esperar daquela visita, mas não iria embora sem Taehyung. 

— Senhor Kim?! — gritou o porteiro, que já era um homem idoso. Provavelmente era ele quem avisava sobre as constantes visitas de Bogum ao apartamento. 

— Olá... — disse o escritor, sem jeito. Como fazer aquilo após dois anos? — Eu preciso da chave do apartamento... — Entregou o cartão dourado ao porteiro, que lhe olhou desconfiado. O idoso então foi até um painel de madeira cheio de chaves, e pegou uma que indicava ser do apartamento 13E. O gancho de onde ele a retirou continuou com uma outra chave, que mesmo vista de longe, era evidentemente azul

— Vai precisar de outra chave, senhor Kim? — perguntou, e o escritor negou com a cabeça. 

Não falaram mais nada desde então, apenas adentraram o elevador, e o mais velho clicou no botão de número 13. Ao chegarem até o andar desejado, Jungkook seguiu os passos lentos do loiro até uma porta perto do final do corredor. 

Apartamento 13E. 

 

— Tem certeza de que quer entrar? — perguntou o mais novo, e foi ignorado. Ouviu um longo suspiro do mais velho, e o viu fechar os olhos, colocando a chave na fechadura, girando a maçaneta e então abrindo a porta. 

 

Assim que olhou para o apartamento, sentiu seu coração apertar. 

Estava tudo destruído. 

O papel de parede estava arrancado pela metade, o sofá estava virado no meio da sala, haviam cacos de vidro por todo o chão, e pedaços de fotos rasgadas entre eles. Não tinha coragem de entrar, mas precisava dar forças ao mais velho. 

Adentrou o apartamento, e então sentiu uma mão se voltar em seu pulso, impedindo-o de continuar andando. 

— Eu devo entrar primeiro. 

 

O mais velho então deu alguns passos dentro do apartamento, olhando por todos os cantos, procurando por algo que não estava lá; procurando por Jeonghan. 

Jungkook sentia uma enorme vontade de chorar. Não costumava ser tão chorão assim — só as vezes —, mas aquele lugar lhe passava uma sensação horrível. Foi lá que Taehyung viveu com seu falecido ex-namorado/melhor amigo, foi onde este o pegou em um ato que ele estava tentando impedir, e, alguns andares acima deles, foi onde Jeonghan disse suas últimas palavras, antes de dar alguns passos para trás e... pular de vinte e três andares. 

Olhou para Taehyung, e o viu mordendo levemente o lábio inferior trêmulo, enquanto continuava procurando por algo. 

Ele queria chorar... 

Ele queria tanto chorar... 

 

O mais velho, então, caminhou até o sofá azul, e utilizou de toda a sua força para colocá-lo na posição certa novamente. Foi até o canto da sala, onde havia uma mesa virada, e a colocou em pé novamente. Recolheu dentre os pedaços de vidro no chão, um porta-retrato quebrado e uma foto rasgada, esta que removia uma parte do seu rosto e uma outra parte do corpo de Jeonghan. Tentou colocar a foto no porta-retrato, mas a mesma caiu, por ser de um tamanho diferente e estar rasgada pelos cantos. 

Jungkook deu alguns passos até ele, e o escritor tentou mais uma vez encaixar a foto entre as bordas de madeira, falhando novamente. 

— Eu não consigo colocar a foto... — disse o mais velho, tentando inutilmente unir aquele pedaço de papel rasgado ao porta-retrato. Cortou sem querer dois de seus dedos da mão direita com um pedaço de vidro, e Jungkook tocou sua mão, tentando fazê-lo parar com aquilo. 

— T-Tae, você não precis- — disse, e então Taehyung afastou sua mão bruscamente da dele, interrompendo sua fala. 

— Não! — gritou, e o mais novo deu alguns passos para trás, assustado. O loiro percebeu na expressão de Jungkook o susto que ele havia levado. — Me desculpa... Não vai embora, só... Deixa eu... — Tentou se desculpar em um fio de voz, mas desistiu, e passou a observar a foto que tinha apoiada em cima do quadro. 

Jeonghan sorria tanto... Como foi que as coisas acabaram daquele jeito? 

 

De repente, viu Jungkook aproximando seus dedos do quadro, e então colando a foto no mesmo com um adesivo de coelho. Ele se afastou novamente, ainda receoso. 

— Eu tirei ele da sua agenda... — Explicou o mais novo, sendo observado pelo escritor. Guardou a agenda de horários do mais velho em sua mochila, não deixando de ser encarado pelo mesmo em segundo algum. — Desculpa... Eu só não queria que você se machucasse — disse por fim, e Taehyung voltou a observar a foto. 

 

"O que nós não tínhamos... É essa coisa que eu sinto por ele?", perguntou mentalmente a Jeonghan, esperando que ele ou o tempo lhe respondesse. Olhou para o adesivo de coelho mais uma vez, e sorriu de canto; era como se Jungkook estivesse naquele porta-retrato com os dois. Era muito estranho pensar assim, mas assimilava o mais novo a algo celestial, como um anjo da guarda ou coisa parecida, e pensar que ele estava consigo em todos os momentos — até nos fisicamente impossíveis — lhe trazia um sentimento de paz. 

Sua mente estava um caos. Estar ao lado de Jungkook era um sinônimo para serenidade, mas estar naquele apartamento era como estar em meio a um desastre natural. Todas aquelas coisas atiradas pelos cantos, quebradas, rasgadas, destruídas; eram coisas materiais que poderiam ser repostas sem maiores problemas, mas o que elas representavam... era algo que jamais poderia ser recuperado. Era a vida (ou o fim dela) de Jeonghan. 

Queria pedir para Bogum parar. Parar de lhe enviar mensagens; parar de lhe perseguir; parar de voltar ao apartamento 13E do Golden Hotel, e destruir tudo a sua frente. Mesmo que aquilo tudo fossem apenas coisas materiais, Taehyung não poderia repor os toques de Jeonghan por elas. Taehyung não poderia recriar as memórias do garoto suicida por aquela casa. Ele passou por ali, e apenas ali. Ele tocou aqueles objetos; apenas aqueles. Se as coisas mudassem, pela mínima alteração que fosse, estaria tudo perdido. 

Mas, afinal, já não estava tudo perdido? O que tinha lhe sobrado? Um rio de dinheiro, arrependimento e culpa? 

 

Foi em direção a cozinha, sendo acompanhado do assistente, que permanecia calado. Jungkook sabia que aquele momento era diferente; não era grosseria do mais velho, e sim um pedido mudo por respeito e paciência. 

O chão da cozinha estava repleto de louças quebradas. Aquelas mesmas louças que, durante um tempo, foram usadas por Jeonghan para servir o café da manhã; ele amava as primeiras horas do dia, e amava ainda mais fazer um lanche para si e para o namorado. 

Em meio as louças quebradas, havia um pedaço grande do que restou de uma caneca que o escritor sabia ser de Jeonghan. Realmente, ele havia deixado todo o tipo de coisa lá quando voltou a morar na casa dos pais. 

Quando percebeu, já estava com aquele pedaço de cerâmica na mão, e com lágrimas escorrendo devagar por suas bochechas. 

Era difícil demais. 

Tudo era tão difícil... Tão dolorido... 

 

— Você reconhece isso, Jungkook? — perguntou, com a voz embargada. 

— Não... É um anime? 

— Não. — Sorriu para o mais novo; um sorriso tomado de angústia. — É uma arte de Spring Day, feita por um fã. Jeonghan gostou tanto, que pediu para que colorissem o cabelo de Seojoon de loiro, e então mandou estampar uma caneca com isso. — Riu nasalado, ainda olhando para o objeto. 

Jungkook pegou aquele pedaço restante da caneca na mão, observando bem os traços do desenho. Minhyuk representava claramente Taehyung quando este tinha o cabelo escuro, e ele estava ao lado de um loiro; Jeonghan. 

Taehyung se dirigiu para um dos quartos, e Jungkook permaneceu ali, dando-se alguns minutos para chorar. Não aguentava mais. Sequer havia conhecido Jeonghan, e já sentia tanto pesar por ele ter se matado... Jeonghan amava mesmo Taehyung, e aquele pequeno pedaço de cerâmica personalizado era uma das provas disso. 

Mesmo que gostasse muito de Taehyung e o quisesse inteiramente para si — nunca conseguiria mentir sobre isso —, via o quanto aquele suicídio havia mexido com o escritor. Uma coisa foi levando a outra, até que a vida lhe tirou as duas pessoas que ele mais amava no mundo; Jeonghan e sua mãe. Queria ser capaz de mudar tudo para não o ver sofrer. Se tivesse uma forma, voltaria no tempo e impediria Jeonghan de pular daqueles vinte e três andares, mesmo que isso significasse jamais conhecer Taehyung. 

Limpou as lágrimas, e foi de encontro ao Kim. Adentrou o quarto onde ele estava, e ficou boquiaberto. 

 

Tudo era... azul. 

As paredes, o edredom — este que estava, assim como o colchão, fora da cama —, as coisas quebradas por cima dos móveis, o pequeno armário virado no chão... Tudo era simplesmente azul. O que não era azul, parecia ser de uma coloração nula, pois nem mesmo chamava a atenção dos olhos de Jungkook. 

Olhou pela janela entreaberta; o céu também estava azul. 

Ajudou o mais velho a levantar o armário pesado, e então abriram a primeira porta, encontrando logo abaixo uma caixa que só não havia virado, pois era do tamanho quase exato daquele compartimento de madeira. Taehyung a pegou e a levou até a cama box sem colchão, sentando-se ao lado de Jungkook. Abriu a caixa, e então encontrou vários cadernos velhos, mangás, DVD's e etc. 

— Eram as nossas coisas... de quando éramos adolescentes — disse o loiro, abrindo um caderno cheio de rabiscos. — Esse aqui foi o caderno que Jeonghan entregou à Bogum. Ele me devolveu um tempo depois, e eu guardei aqui. — Guardou o caderno de volta, e então pegou um pequeno bloquinho, aparentemente organizado, diferente do caderno de antes. — Isso era do Jeonghan. Ele gostava de anotar em qual episódio estávamos de cada anime, para assim não nos perdermos. — Analisou o bloco colorido por mais alguns segundos, e então o devolveu a caixa. 

O loiro fechou a caixa, e a guardou dentro do armário. Jungkook continuava observando atento, com os olhos marejados. Todos os dias ao lado do loiro lhe provocavam sentimentos completamente novos, e dessa vez era algo dolorido, mas diferente das dores que sentiu antes. Era como a dor de perder alguém, mesmo nunca tendo sequer conhecido essa pessoa, apenas porque a falta que ela causa machuca alguém importante para si. 

 

— Eu ainda consigo lembrar de cada segundo da nossa última conversa... — Sussurrou, e se encaminhou até a janela, abrindo-a por completo. Escorou seus braços na mesma, observando a paisagem de costas para o mais novo. — Eu fui um imbecil. Eu poderia ter contato tudo a ele, mas não contei. Poderia ter o impedido, dito para descermos até aqui e conversarmos melhor, mas não... Tudo o que eu fiz foi ficar em silêncio. — Riu pelo nariz, e então fungou, denunciando que havia voltado a chorar. Talvez estivesse chorando o tempo todo, desde que as primeiras lágrimas escorreram pelas suas bochechas; Jungkook não o olhou nos olhos nenhuma vez. Não estava encontrando força em si mesmo para doar ao escritor. 

— "Esse é o nosso fim, Taetae", ele disse. — Contou Taehyung, tornando sua voz cada vez mais desolada. — Eu poderia ter dito que não era; que nós sempre estaríamos juntos, independente de todo o resto. Eu poderia ter corrido e segurado ele, como Bogum fez comigo. — Virou-se para o mais novo, entregando seu rosto banhado em lágrimas. Seus lábios tremiam, como se ele estivesse segurando-se para não desabar. — Eu poderia ter feito tantas coisas Jungkook, então por que não fiz? — Passou a mão pelos fios loiros, aflito. — Por que eu não fiz nada?! — gritou, ainda com as mãos na cabeça, perdendo o controle. 

Jungkook começou a chorar novamente, sem saber o que fazer. Ver o escritor daquele jeito o deixava maluco. Daria tudo se houvesse ao menos uma forma de realizar o desejo dele; de fazer Jeonghan não ter se matado. Faria de tudo, se ao menos existisse uma forma. 

Mas não existia. 

E jamais existirá. 

 

— Por que eu continuo vivendo desse jeito? Eu mereço viver, Jungkook, depois de ver alguém deprimido subir até o terraço de um prédio, e não ter feito nada? 

— Taehyung, você não poderia ter feito nad- 

— Eu poderia sim! — Cuspiu as palavras, demonstrando todo o remorso e culpa do mundo. Não tinha o intuito ser rude com Jungkook, mas não queria mais ouvir mentiras. Aquele apartamento demonstrava tudo o que Jeonghan fez por si, e o que deixou de fazer por ele. — Eu poderia sim... — Baixou sua cabeça e mexeu seus ombros algumas vezes, tremendo pelo choro forte que vinha do fundo de sua alma. Queria chorar, gritar, correr... Ou talvez não quisesse nada disso. Aqueles sentimentos eram um misto de tudo e nada; um misto de sofrimento e vazio deixado por Jeonghan. 

Jungkook, vendo o escritor daquele jeito, saiu correndo do quarto. Estava desnorteado. Queria ajudá-lo, mas não sabia como fazer isso. 

Como consertar o irreparável? 

 

 

— Tae... — Chamou, denunciando que havia voltado ao quarto, e o mais velho levantou o rosto, olhando diretamente para as coisas espalhadas em cima da cama. Não entendeu a princípio, mas continuou atento. — Esse bloco... ele anotava tudo o que assistia com você. — Pegou o bloco na mão, e passou várias páginas, mostrando toda a organização feita com canetas de várias cores. Colocou o bloco de notas em cima da cama novamente, pegando rapidamente o caderno. — O caderno... ele mostrou ao irmão, querendo realizar o seu sonho de ser escritor. — Largou o caderno perto do bloco, e então pegou o pedaço de cerâmica, abrindo um sorriso esperançoso. Queria muito que aquilo desse certo. — Essa caneca que ele tanto gostava... era porque tinha um desenho de vocês dois. — Sentiu mais algumas lágrimas quentes descendo pelo seu rosto e as limpou rápido, pegando o porta-retrato em mãos. — Olha o sorriso dele, Tae... 

O Kim estava estático. Quando via aquelas coisas na mão de Jungkook, passavam a ter um significado completamente diferente. Deixavam de representar apenas dor; mesclavam-se com o sorriso do mais novo, como se houvesse ainda uma outra possibilidade que, até então, o escritor desconhecia. Era como se a morte de Jeonghan não fosse tudo o que aquilo representava. 

— Ele te amava demais... E ele jamais gostaria de ver você assim. Você entende o que eu quero dizer? — Baixou o porta-retrato, deixando-o virado para cima. Não iria esconder o rosto de Jeonghan. — Ele também só queria te ver feliz. Se você acha que não merece isso, então faça por ele... — Levantou-se e caminhou até o escritor, limpando as lágrimas abundantes dele com a ponta dos dedos fracos, encarando-o nos olhos castanhos. — Pare de se culpar. Ele não culpa você por nada do que aconteceu, então você também não deve fazer isso. 

— Jungkook, você não entende... 

— Eu entendo o que eu estou vendo; uma pessoa maravilhosa destruindo-se por algo do qual ela não tinha controle. Você não é culpado pelo preconceito do seu pai, pelo suicídio de Jeonghan, pela doença da sua mãe... Você não tem culpa nenhuma. —Sorriu pequeno,  esperando que Taehyung sorrisse também, afinal, ele era o reflexo das suas emoções. 

— Eu poderia ter feito algo; esse é o problema. Eu não fiz nada. 

— Você fez o que pôde. — Beijou a ponta do nariz do mais velho, que fechou os olhos, não querendo voltar a chorar intensamente como antes. — Você sempre fez tudo o que estava ao seu alcance para tornar todo mundo a sua volta feliz. — Pegou a mão direita do escritor e levou a sua boca, dando um beijo na mesma. — Você é tão incrível... Eu só quero que você se veja como realmente é. Me torne o seu espelho, Taehyung. Se veja como eu retrato você. 

Taehyung não disse nada, apenas se perdeu nos olhos escuros de Jungkook, e então o beijou. Os sentimentos dele o comoviam de uma forma que nada no mundo havia feito antes. Não iria jamais compará-lo à Jeonghan. Para si, o que tinha com cada um dos dois eram coisas completamente diferentes. 

Sempre viu Yoon Jeonghan como seu melhor amigo. 

E agora, via Jeon Jungkook como o seu espelho; a sua outra metade.


Notas Finais


Escrevi esse capítulo ao som de Miracles in December (EXO) e Mirrors (Justin Timberlake); quem conhecer a segunda música, vai perceber que eu me inspirei nela para escrever o final do capítulo hfsuihdfs
(gente, espero que não se importem, mas não gosto de utilizar a colocação pronominal correta em todos os diálogos... acho que isso torna algumas falas irrealistas, visto que [quase] ninguém fala assim - fora que eu também não sou muito boa com gramática qqqq)
Muito obrigada por acompanharem a história até aqui <3
Caso queira me enviar uma pergunta ou algum recadinho: https://curiouscat.me/sealott


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