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História O Assistente do Senhor Kim - Six


Escrita por: sealott

Notas do Autor


Atualizando a fic um pouco mais cedo hoje sidjiaodsa obrigado por todos os favoritos até agora <3
Espero que gostem!

Capítulo 6 - Six


Fanfic / Fanfiction O Assistente do Senhor Kim - Six

Jungkook estava completamente viciado pelo livro do Kim.

Quando percebeu, já estava lendo naquela sacada há quase duas horas, sem dar uma única pausa. Sentia-se um estúpido, de fato, mas tinha de admitir que era um bom livro e que prendia a atenção.

Romance é, resumidamente, um gênero literário ligado a narrativa, e nem sempre possui uma história de amor entre um homem e uma mulher, e Jungkook só se tocou disso quando já estava na metade da leitura. Afinal, até ali o livro só contava sobre a amizade entre Minhyuk e Seojoon, e também sobre os problemas familiares de cada um e como eles se ajudavam e estavam sempre juntos.

Apesar de não haver casal algum, Jungkook estava muito interessado pelo rumo da história. Gostava da relação entre os dois adolescentes, e de certa forma eles o lembravam da sua amizade com Jimin. Tinha de admitir, Kim Taehyung escrevia bem. Só ele para fazer Jungkook se interessar tanto por um livro de dois garotos fazendeiros.

Naquele dia, quando deu uma pausa na sua leitura, foi chamado pelo escritor, este que lhe pediu para que fosse comprar uma caixa de Pepero, e passasse na editora para buscar alguma coisa. "Alguma coisa" não especificou nada, mas o moreno foi. O problema é que, alguma coisa era nada mais nada menos do que três caixas enormes. Três caixas enormes e pesadas.

Jungkook não era nada fraco, não mesmo, mas aquilo ultrapassava seu limite pessoal de esforço. Não iria caminhar em cego — por conta do empilhamento das caixas em suas mãos tampar sua visão — até o apartamento do Kim. Não mesmo. Jungkook poderia pegar um táxi? Sim. Poderia pedir para o Kim mandar seu motorista ir buscá-lo? Também. Mas o que ele fez? Obrigou seu melhor amigo baixinho a ajudá-lo.

E Jimin, como o belo anjo que era, aceitou o convite do moreno aproveitador. Se culparia por dias a fio se, como o bom hyung que era, não ajudasse seu dongsaeng. Jungkook empilhou duas caixas à frente do abdômen, e o ruivinho segurou a terceira caixa com suas mãozinhas fofas. O moreno não se sentia tão bem em ver aquelas mãozinhas pequenas segurando algo tão pesado, mas conhecia melhor do que ninguém os músculos que Jimin escondia por detrás das camisas sociais que tanto gostava de usar.

 

[...]

 

— Kookie, eu acho que não consigo continuar... — Jimin falou quase sem fôlego, faltando apenas uma quadra até o edifício. 

— Pare de ser reclamão, hyung. Eu estou levando duas, o dobro que você, e não estou reclamando!

— Claro, as suas são leves! Queria ver levar... — O ruivo mexeu a caixa e tentou adivinhar o que tinha de tão pesado em seu interior, mas desistiu. — isso, seja lá o que isso for!

Jimin parou de reclamar apenas ao chegarem no elevador, quando finalmente pode colocar a caixa no chão e descansar seus braços. Jungkook apenas riu do seu hyung, pensando se ele realmente achava aquilo necessário.

Será que Jimin não percebia que Jungkook só queria a companhia dele?

Caminharam com as caixas de novo em mãos até a porta do apartamento do Kim, essa que Jungkook fez o favor de abrir, mesmo segurando duas caixas e quase deixando-as cair.

— Senhor Kim, cheguei — falou apenas uma vez, evitando ser xingado como na vez anterior em que chegou procurando pelo loiro. — Vou deixar as caixas aqui na entrada.

Os dois amigos deixaram as caixas no chão, ao lado da porta, e se sentaram no enorme sofá branco. Pensaram que Taehyung havia saído, porém o loiro apareceu vindo do além e surpreendeu os dois. Jimin se colocou de pé em meio segundo, já fazendo uma reverência ao escritor.

— Desculpe sentar no sofá, senhor Kim. — Desculpou-se o ruivo, enquanto Jungkook apenas assistia a cena admirado.

Ele havia carregado uma caixa pesada por vários quarteirões, sentar no sofá por dez segundos não era nem o mínimo que merecia como pagamento.

— E quando foi que eu disse que você não podia sentar nele? — perguntou, esboçando um sorriso sem mostrar os dentes.

A cabeça de Jungkook pifou de vez. Taehyung estava sendo grosseiramente gentil, ou era ele que estava delirando?

— Você ajudou ele a trazer as caixas?

— Sim, senhor.

— Podiam ter chamado um táxi, deve ter sido cansativo vir carregando esse peso da editora até aqui.

Jungkook estava alucinando. Perguntou-se se aquilo era um sonho, e beliscou a própria pele discretamente, só para verificar.

Não era um sonho.

— Comprou a caixa de Pepero? — perguntou o escritor, e Jungkook assentiu com a cabeça.

— Está na mochila, Kookie? Posso pegar para você. — Ofereceu-se o ruivo, e Jungkook assentiu com a cabeça novamente, cansado demais para falar.

O loiro notou o apelido carinhoso, e não soube ao certo o que pensar sobre aquilo.

Será que...

Não.

Jungkook, por um momento, viu toda a sua vida passar diante dos seus olhos. Pensou na mochila e em como estava organizada; a caixa de Pepero estava guardada ao lado do livro que havia comprado no dia anterior. Arregalou os olhos, e correu rapidamente em direção ao amigo, surpreendendo tanto ele quanto o escritor.

— Hyung, não! — gritou, mas já era tarde.

Jimin já havia abrindo sua mochila, e já estava mexendo dentro da mesma. O moreno já podia imaginar as perguntas que o amigo faria sobre o livro, mas para sua surpresa, este não falou nada. Absolutamente nada.

— O que foi, Kookie? Aconteceu algo?

— N-não, eu só não gosto que mexam nas minhas coisas... — Tentou desconversar, mas falhou, pois Jimin o conhecia melhor que si mesmo, e ele sabia disso.

— Mas você sempre deixa eu mexer nas suas coisas, Kookie; até pegar suas roupas emprestadas, coisa que não deixa mais ninguém fazer — disse o ruivo fazendo um biquinho fofo, e Jungkook percebeu que aquilo era manha falsa do amigo.

Os dois teriam continuado com a brincadeira, se não ouvissem uma tosse encenada do escritor, que presenciou toda a cena ao lado.

— Acho que o Jimin já pode voltar para a editora, certo? Temos muito o que fazer, Jungkook.

Os dois assentiram, e Jimin pegou suas coisas, voltando ao trabalho.

Enquanto descia os andares do prédio dentro do elevador, o ruivo não parava de sorrir.

Era mesmo uma edição de Spring Day dentro da mochila do seu melhor amigo?

 

[...]

 

Após a saída do ruivo, Jungkook ficou um pouquinho tenso. Taehyung havia assistido toda aquela cena, e não havia comentado nada sobre. Será que ele desconfiava de que ele escondesse algo dentro da mochila? Uma arma, talvez? Porque, se alguém como Taehyung não desconfia de que alguém quer matá-lo, ele é muito otimista.

Estava curioso sobre as caixas, e como o bom bisbilhoteiro que era, decidiu dar uma olhadinha assim que tivesse a oportunidade, o que não tardou a chegar, pois alguns minutos depois o loiro avisou que iria tomar um banho.

E um banho, para Taehyung, era basicamente passar duas horas dentro de uma banheira cheia de espuma. Não que Jungkook já tivesse visto, mas era a única explicação plausível para a demora desnecessária do escritor.

Claro, também teria algumas outras explicações, mas o moreno se recusava a pensar nisso.

Quando Taehyung finalmente subiu as escadas em direção ao seu quarto — onde ficava o seu banheiro —, Jungkook se sentiu livre para dar uma olhadinha no conteúdo das caixas. Não tinha tanta coragem assim, mas curiosidade ele sempre teve de sobra.

E o que é um homem, se tiver medo de outro, certo?

Foi até uma das caixas que havia carregado consigo e abriu com cuidado para não a rasgar, evitando assim acabar deixando ali a prova do crime. Quando finalmente abriu, não encontrou absolutamente nada de interessante. Eram um monte de papéis, envelopes, fotos, e coisas do tipo.

Fechou a caixa, tentando fazê-la parecer estar como quando chegara, e partiu para a outra. As que havia trazido não eram as que mais lhe atiçavam a curiosidade, visto que a de Jimin era a mais pesada, mas ele sempre gostou de deixar o melhor para o final. 

Abriu a segunda caixa, e, desta vez, estava recheada de roupas. Roupas, aparentemente, masculinas. Estranho, bem estranho. Por que Taehyung compraria algo assim? Ele parecia ser alguém que só compra roupas exclusivas ou extremamente caras, como a roupa que usou no evento, e esse tipo de coisa não chegaria toda amontoada em uma caixa de papelão.

Fechou novamente, com sua curiosidade a mil. Ponderou por alguns minutos se deveria continuar bisbilhotando, e quando finalmente decidiu que sim, eis que aparece um Taehyung de cabelo molhado na sua frente.

Jungkook prendeu a respiração, apenas assistindo o loiro caminhar em sua direção com uma expressão brava. Já podia ouvir a frase "você está demitido" ecoar pela sala — ou pela sua cabeça. Ou ele era um homem demitido, ou era um homem morto.

Ao se aproximar ainda mais, Taehyung finalmente abriu a boca:

— Me diga, Jungkook, como posso trabalhar com alguém em quem não posso confiar? — perguntou, desgostoso.

Não haviam desculpas para o que tinha feito, e já não sabia como enrolar o escritor. Vinha desculpando-se por tudo o que fazia, e talvez o seu lugar realmente não fosse ali. Talvez todos os seus erros apenas mostrassem que era hora de mudar seu jeito ou simplesmente ir a procura de outro emprego.

— Eu estava curioso, então e-eu... — gaguejou.

Taehyung respirou fundo, e voltou a falar:

— Estou cansado demais para te dar uma bronca hoje. — Suspirou e massageou as têmporas com a mão direita. Jungkook não conseguiu deixar de reparar no quanto as mãos dele eram grandes.  — Quer dar uma olhada? — Apontou para as caixas, e Jungkook arregalou os olhos. — Vou te mostrar. É algo legal, você vai ver.

Jungkook, definitivamente, não entendia mais nada. Um dia o escritor é grosseiro, no outro é gentil, uma hora está bravo e de repente, bum!

Ele é legal de novo.

E, o pior, ele foi legal justo quando Jungkook menos mereceu. O assistente sabia que não devia mexer nas coisas dele, e mesmo assim o fez, e foi justamente ali que Taehyung ignorou seu erro e ainda usou a desculpa de estar "cansado demais para dar uma bronca".

Definitivamente, a personalidade de Taehyung era um mistério. Nunca fazia sentido, e suas ações eram completamente contrárias as que alguém normal teria. Ele era grosso quando alguém era simpático com ele, e era gentil quando alguém fazia algo de errado — claro, o incidente do terno foi diferente, mas isso já é passado e Taehyung já se desculpou por ter sido um idiota.

Taehyung se ajoelhou ao lado de Jungkook, que até o momento continuava calado, e abriu a primeira caixa, tirando dali alguns papéis. O escritor folheava um por um, com um pequeno sorriso no rosto.

— São coisas dadas pelos fãs... — Explicou. — Essa caixa aqui é de cartas, tem a outra de roupas e a última de presentes diferentes.

— Oh... — Jungkook ficou sem palavras. Realmente, aquilo era legal. Era incrível, para falar a verdade.

Taehyung tinha tantos fãs...

Talvez ele estivesse tão alegre por conta daqueles presentes, que simplesmente não ligou para Jungkook ter dado uma de bisbilhoteiro.

— Eu já pedi diversas vezes para não gastarem seu dinheiro me mandando presentes, mas você sabe como são essas pessoas... — Ele falou como se não concordasse com aquilo, mas o sorriso continuou em seu rosto.

E foi nesse dia que Jungkook percebeu que Taehyung tinha um sorriso quadrado.

E... ele achou bonito.

—  Posso ler alguma? — perguntou Jungkook, guiado mais uma vez pela curiosidade.

Taehyung, desta vez, gostou da curiosidade do garoto. Ele parecia ser alguém agradável, apesar de um pouco — muito — enxerido. 

— Claro, mas leia em voz alta; também quero ouvir.

— Tudo bem. — Jungkook concordou, e então retirou do monte de papéis um envelope cor salmão.

O envelope não tinha um nome completo, apenas a sigla K.N.J., e também a cidade de onde havia sido enviado: Seoul. Era provável que a maioria deles viessem da capital, visto que a maior população se concentrava lá. Por um momento, Jungkook se perguntou se ali havia alguma carta vinda de Busan; vinda da cidade que ele abandonou.

Abriu o envelope e de lá retirou uma carta muito bem dobrada, essa que possuía uma caligrafia bonita. Olhou para o loiro, que assentiu, e então começou a leitura:

Eu não sei ao certo como começar essa carta, então vou simplesmente agradecer, pois é isso que sinto por você: gratidão. Obrigado por escrever estes livros que me ajudaram a descobrir mais sobre mim mesmo. Sem você, eu não sei quanto tempo mais eu demoraria para encontrar quem realmente sou. Muito, muito obrigado, Kim Taehyung. Com amor e admiração, K.N.J. — Terminou de ler, meio atônito.

Ele realmente ajudava as pessoas assim?

Olhou para o loiro, que aparentava estar emocionado. Se Jungkook já se sentia um pouco feliz e comovido ao ler aquilo, imagina o próprio destinatário da carta. Era apenas uma carta curta, mas Taehyung estava com os olhos brilhando, e o moreno já imaginava que ele iria chorar. Algo lhe dizia que o motivo disso não era apenas o conteúdo da carta, e sim algo além, que no momento ele desconhecia. Ao contrário do que previa o moreno, o escritor não chorou, apenas falou com seu assistente:

— Você acha que eles vão me odiar por parar de escrever?

Jungkook ficou paralisado ao ouvir aquela pergunta. Não esperava por algo do tipo vindo dele. Taehyung estava claramente sofrendo, e o questionou sobre algo muito além do que o moreno poderia responder. Jungkook tinha um bom coração; queria abraçar o loiro, e dizer que as pessoas não iriam odiá-lo, mas quem era ele para falar algo do tipo? Ele mesmo vivia imaginando várias formas de cometer um assassinato contra o loiro, e dizia aos quatro ventos o quanto o odiava e o quanto ele era um babaca. A verdade é que, por mais que tivesse se irritado diversas vezes com ele, Jungkook estava longe de odiá-lo.

Seu bom coração entrou em conflito com a sua consciência pesada.

Ele não queria ter pensado — e dito — tantas coisas ruins sobre o escritor, pois apesar de este tê-lo tratado mal, ele ainda era um humano, e humanos erram.

Humanos erram muito.

Taehyung podia ser todas as coisas que Jungkook o chamou, mas, ele também era quem o moreno via agora; uma pessoa passando por um momento doloroso de sua vida. O momento em que ela vê que não pode mais ajudar pessoas que a admiram.

O momento em que ela acha que será odiada por aqueles que gostam dela.

Jungkook queria muito abraçá-lo, e assim o fez. Não importava se Taehyung tinha o tratado mal, se ele tinha sido um idiota, ou se era apenas o seu chefe.

Taehyung era uma pessoa como ele, e ele não queria vê-lo sofrer.

— Se eles gostam de você, não te odiarão por isso — falou, já esperando por rejeição vinda do escritor.

Jungkook não iria reclamar caso fosse rejeitado, porém, o loiro apenas o abraçou mais forte. Ele parecia tão... sozinho. Parecia estar sempre por sua própria conta, traçando seu caminho solitário. Mas, ele não estava realmente sozinho. Se ninguém iria ficar ao lado dele, Jungkook tomaria essa posição. Não porque queria inflar o próprio ego de pessoa boa, e sim porque se importava. Não sabia o porquê, mas estava criando um certo afeto pelo escritor desde que viu uma porcentagem de humanidade no mesmo.

O moreno não era nenhum santo, e não iria mais julgá-lo por também não ser um.

— Nenhum amor é eterno, Jungkook. As pessoas só gostam de você enquanto tiverem algo para tirar de você — falou com a voz embargada, e o moreno se segurou para não chorar, pois vê-lo assim, tão emotivo, o comovia muito.

Continuou abraçado ao chefe até o momento em que este achou necessário.

Jungkook não iria soltá-lo.

Jungkook não iria abandoná-lo.


Notas Finais


Espero que tenham gostado <3
Qualquer erro me avisem, revisei muito rápido porque estou super ocupada hoje ifdsjofds
Link da minha nova fic: https://spiritfanfics.com/historia/me-against-you-10950499
Caso queira me enviar uma pergunta ou algum recadinho: https://curiouscat.me/sealott


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