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História O avesso dos ponteiros - Minha história entre seus dedos


Escrita por: TheCabeca

Capítulo 8 - Minha história entre seus dedos


Ao chegar em Karma se deu conta do quão tarde era, caminhando direto para o quarto e se jogando na cama ela deixou que os acontecimentos da noite voltassem em sua mente.

Eu disse que ela não te odiava? Isso não significa que estamos em bons termos.

Que tal você calar a boca e aproveitar as coisas boas que aconteceram?! Que coisas boas?

Ela gostou de saber que você não a substituiu. E desde quando isso é bom? Ela me substituiu.

E por acaso você esperava que ela morresse apaixonada por você? Você sempre disse que não se sentia assim. Não, mas...

Você não tem o direito de pensar isso. Você tem razão, nós não temos esse direito.

- Eu preciso parar de me sentir assim – Karma murmurou virando para enterrar o rosto no travesseiro tentando acalmar seus pensamentos.

*

Amy não esperava estar fazendo isso, mas depois da noite de anterior e do turbilhão de pensamentos que surgiram depois da saída de Karma aquela talvez fosse a coisa certa a fazer. A caminhada até a porta da frente da casa onde viveu sua infância e adolescência fez Amy sorrir saudosa fazendo com que se atrapalhasse com o antigo conjunto de chaves que ganhou pouco tempo depois de começar o ensino médio, demorou um pouco até achar a chave certa.

A casa estava vazia e arrumada de forma impecável, os anos tinham passado e sua mãe ainda era a mulher perfeccionista de sempre. O caminho para o quarto foi feito de forma rápida e ao abrir a porta do local era como voltar a adolescência mais uma vez. O cômodo ainda estava da mesma forma que ela deixou ao terminar o colégio e gritava (não de forma tão alta como aos dezesseis anos) Karma e Amy, talvez fosse o manequim de saia havaiana no canto do quarto ou o painel de recados em uma das paredes com o nome da antiga amiga rabiscado.

O fato de tudo estar no mesmo lugar lembrou Amy do porque ela ter escolhido sair de casa, na época ela achava que a melhor forma de lidar com toda a situação era se afastando e focando em outras coisas. Era fato que ela não tinha se afastado completamente, já que Liam entrou em cena e se tornou a pessoa que Karma costumava ser nos dias fáceis e o amigo que ela não sabia que poderia ter nos momentos difíceis.

A madrugada havia sido um momento difícil no qual Amy se viu revendo todas as decisões tomadas ao longo dos anos. Os momentos compartilhados com a melhor amiga de infância fizeram ela perceber o quanto precisava daquela pessoa de volta em sua vida, por um breve minuto onde com poucas palavras Karma lhe aconselhou sobre o casamento Amy se sentiu em paz com o futuro escolhido, coisa que Liam, Shane e até mesmo Lauren não conseguiam faze-la sentir nunca.

- Hora de se reconciliar com o passado – Amy falou encarando a foto de halloween no antigo porta-retratos.

Depois de uma hora de procura intensa pelo quarto Amy achou uma caixinha com uma quantidade de pendrives e cd’s considerável escondida no fundo do antigo armário, feliz com o achado ela não percebeu que não estava mais sozinha.

- Você precisa de ajuda querida? – Farrah perguntou fazendo Amy saltar de surpresa.

- PUTA MERDA!

- Nós já conversamos sobre esse tipo de linguajar antes. Não é adequado para uma mulher bonita como você. – Farrah repreendeu tentando segurar o riso.

- Mãe! – Amy falou amuada segurando firmemente a caixa – Eu não usaria essa linguagem se a senhora não tivesse me causado um mini infarto.

- Não seja tão dramática – Farrah balançou as mãos fazendo pouco caso – Estou feliz que tenho vindo me visitar.

Amy sorriu sem jeito para a mãe, faziam alguns meses que elas não se viam e agora encarando o rosto sorridente dela fez com que Amy se sentisse a pior filha do mundo.

- É bom ver a senhora também, mãe – ela falou com um sorriso constrangido.

- Não precisa fazer essa cara querida – Farrah disse ao ver a expressão culpada atravessar as feições da filha – Só de ver essa caixa nas suas mãos soube que eu não era o motivo da visita. Você quer conversar sobre isso?

A atitude pegou Amy de surpresa, mas ela concordou deixando a mãe guia-la de volta para o andar de baixo, mais precisamente para a cozinha. A busca tinha feito Amy esquecer do tempo e quando Farrah perguntou o que ela gostaria de comer no almoço foi que essa noção se fez presente de novo.

O preparo da refeição foi preenchido pelas perguntas sobre como estava os preparativos do casamento e Amy se sentiu grata por Farrah ter aceitado sua sexualidade anos antes. O clima leve continuou até elas estarem sentadas com o ambiente preenchido por barulho de talheres e mastigação.

- Então quando você vai me contar o que aconteceu? – Farrah questionou descansando os talheres e encarando a filha.

- Não aconteceu nada, mãe.

- Então por que você veio atrás dessa caixa? – Farrah ergueu uma sobrancelha questionadora – Sei o que você guardou aí. Não vou dizer que o que eu foz foi certo, mas quando você se mudou e deixou essa caixa escondida acabei indo verificar o conteúdo...

- Mãe!

- Não precisa ter vergonha, todos nós guardamos alguma lembrança do nosso primeiro amor – Farrah sorriu compreensiva – Não importa que se foi sua melhor amiga.

- Eu não me envergonho – Amy falou convicta – Eu estou aqui por causa da Karma, para ser sincera.

- Karma? Vocês voltaram a se ver?

- Nós nos esbarramos algumas vezes nas últimas semanas e ontem ela veio até o meu apartamento pedir ajuda – Amy resumiu a situação – Foi tudo tão estranho e tão familiar ao mesmo tempo.

- Ela precisava de ajuda com o que exatamente? -  Farrah perguntou cautelosa.

- A revista que ela trabalhava faliu, ela está desempregada e depois de conversar com os rapazes eles meio que incentivaram ela a voltar a cantar – Amy narrou os acontecimentos – Karma contou que pesquisou alguns vídeos antigos e acabou no meu canal, ela veio ao meu encontro na esperança que eu ainda tivesse os vídeos que foram excluídos.

- E você tinha?

- Não, não no meu apartamento – Amy disse brincando com o garfo – A senhora sabe que quando me mudei não levei nada que me lembrasse da vida com ela, mesmo que hoje eu seja capaz de ver as coisas sob outra luz na época era impossível.

- Então você veio pegar a caixa – Farrah apontou.

- Exatamente.

Farrah acenou com a cabeça e voltou a comer induzindo Amy a fazer o mesmo. Ao terminarem elas continuaram em silencio retirando a mesa e levando os pratos para a pia. Amy podia sentir os olhos da mãe colados em suas costas enquanto ela se movia pela cozinha.

- Vai ser mais fácil se a senhora perguntar de uma vez? – Amy disse sem encarar a mulher mais velha.

- Por que agora?

- Eu já expliquei, ela está precisando de ajuda – Amy ainda se olhar a mãe.

- Não é só isso, caso contrário você não teria se dado ao trabalho de voltar aqui para pegar essa caixa – Farrah comentou de forma maternal.

E ela estava certa por mais que Amy não quisesse admitir. A familiaridade que Karma e ela conversaram sobre suas inseguranças mostraram o quanto ela sentia falta da outra mulher e a noite gasta quase completamente em claro a fez notar que enquanto ela não estivesse em paz com seu passado ela nunca se livraria desse tipo de insegurança.

- Eu não sabia o quanto eu sentia falta dela até ontem – Amy admitiu.

- E onde Greta fica nessa história?

- Ao meu lado, como minha companheira e futura esposa – Amy respondeu séria – Eu não vim aqui para tentar reviver a confusão do ensino médio, mas eu também não quero ter que ficar escondendo as coisas da minha mulher.

- Ajudar Karma é realmente a melhor forma de ficar em paz com seus demônios?

- Eu não sei mãe, mas eu sinto que se eu não fizer isso não vou ser capaz de seguir em frente de uma vez por todas.

- Eu pensei que você já havia seguido, depois de todos esses anos.

- Eu segui de certa forma, mas a senhora me conhece melhor do que isso – Amy se aproximou da mãe que desde o início da conversa estava parada ao lado do balcão no centro da cozinha – Doeu ver a expressão de Karma ao saber que eu estava noiva, nós passamos metade das nossas vidas planejando nosso futuro juntas e no momento em que ela soube senti como seu estivesse apunhalando ela pelas costas mais uma vez.

- Você não pode se culpar assim querida – Farrah puxou a filha para um abraço – Vocês machucaram uma a outra de muitas formas, não existem realmente um culpado na história de vocês.

- Nós somos culpadas, mãe – Amy retrucou no abraço – Algumas coisas foram mais sérias que outras, mas acho que a senhora tem razão – ela concordou saindo dos braços da mãe – Ontem quando estávamos conversando e eu sem querer falei das minhas dúvidas sobre o casamento Karma me tranquilizou com antes, por um momento eu estava em paz por ter ela ali.

- Vocês têm muita história querida.

- É errado querer ajudar ela e nós colocar em um lugar onde não sejamos apenas conhecidas de infância? – Amy perguntou receosa.

- Não é, mas você tem que se perguntar se isso não vai afetar seu relacionamento – Farrah apontou.

- E por que isso afetaria Greta e eu?

- Talvez não afete, mas ela foi o seu primeiro amor – Farrah tinha esse tom compreensivo que nos anos anteriores fazia Amy ferver de raiva – Só não quero que você acabe como seu pai e eu, nós duas sabemos como essa história termina.

- Eu amo a Greta, não precisa se preocupar com isso – Amy tranquilizou – Karma disse que nunca me substituiu como melhor amiga – terminou confessando.

- Então você já tem sua decisão – Farrah sorriu mesmo que internamente achasse que aquilo não terminaria bem.

O estranho sobre essa conversa não era Farrah estava falando abertamente com Amy sobre seus relacionamentos, mas sim o fato que ambas as mulheres sabiam que a outra estava fingindo tranquilidade sobre a situação, mas não havia espaço para pânico se Amy quisesse passar por isso sem machucar de novo.

Amy ainda passou mais algumas horas na companhia da mãe antes de voltar para seu apartamento e dar início ao que seria uma viagem a uma época da sua vida que ela tentou durante muito tempo não visitar. Sua consciência concordava com tudo aquilo de ficar em paz com os demônios do passado e agir como uma adulta sobre a situação, mas ela não podia controlar seu coração que acelerava toda vez que o sorriso animado de Karma entrava em foco. Talvez ela tenha se precipitado com toda essa vontade de ajudar, mas sempre que o pensamento aparecia logo era ofuscado pelas risadas de Karma nos vídeos. 


Notas Finais


Mesma notinha do capítulo anterior, a conversa em itálico e negrito acontece na consciência da Karma.


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