"Você só tá indeciso, não sabe o que quer ainda."
"Aposto que deu um selinho em um garoto na festa e agora fica forçando que é bi."
"Isso daí é fogo."
"Isso aí é só pra não assumir que é viado."
Quatro frases que Christopher ouvia todo santo dia. Seja dos pais, dos colegas de trabalho, de outras pessoas da comunidade LGBTQIA+ ou de meros desconhecidos. Estava tão acostumado que nem ligava mais. Não estava indeciso e não tinha dado apenas um selinho em um garoto, afinal, tinha até mesmo casado com ele. O "fogo" que sentia nunca tinha influenciado em nada e Christopher não tinha problema nenhum de falar que era viado sim, até porque isso ao menos era um xingamento.
Era casado com um garoto, mas antes daquele relacionamento, namorou com garotas e tinha gostado tanto quanto. Oras gostava tanto de homens quanto de mulheres e qual era o problema nisso?
"Homem ou mulher?"
— Alguém de bom caráter, preferencialmente.
"Mas você está mais gay ou mais hetero hoje?"
— Tô mais Christopher.
"Mas o seu marido não tem medo de você o trair com uma mulher?"
— Confiar um no outro em um relacionamento é o básico, não é? E qual seria a diferença entre trair com um homem ou com uma mulher? Traição é traição e pode ter certeza que é algo que eu jamais faria.
Aquelas eram respostas automáticas, saiam de sua boca sem ao menos perceber. Lógico que tinha dias que aquele casco todo rachava e ele queria sumir, mas sempre tinha o marido para lembrá-lo que sua sexualidade era válida e que o próprio Christopher também era.
Afinal, a letra B da comunidade LGBTQIA+ era de Bissexual e não de Beyoncé.
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