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História O Babá (SasuNaru) - O encontro (parte 2)


Escrita por: Deid4raGay

Notas do Autor


Oieee! 💙
Boa noite, meu amores, tudo bem?? ^^
Tô postando o primeiro capítulo do ano! KKKKKK

Espero que gostem da continuação, escrevi com muito carinho pra vocês 🥺 tava com muita saudades!

Aproveitem a leitura <3

Capítulo 21 - O encontro (parte 2)


Os meninos andavam juntos pelo estreito corredor de acesso ao bar. Era um ambiente meio escuro, sobretudo, as luzes que piscavam de dentro da boate iluminavam de tempo em tempo o caminho, o que auxiliava Sasuke, Itachi e Naruto a enxergarem melhor. A música também os atraia. Com batidas num estilo eletrônico, animado, mas nada muito exagerado. Preferiram algo mais "discreto" do que simplesmente ingressarem em um estabelecimento barulhento e sem a possibilidade de conversarem entre si. 

Não demoraram muito para localizar a entrada.

Tratava-se de uma passagem grande com cortinas da cor vinho de ambos os lados, a qual, necessariamente, precisava ser atravessada para obter acesso ao interior do bar. Nesse sentido, o mais novo dos irmãos, assim como a noite toda, foi quem tomou a dianteira da situação. Abriu as cortinas com curiosidade, tendo, a todo o instante, Naruto e Itachi abraçados ao seu corpo.  

Observaram juntos a estrutura da boate.

Era grande, larga e com mesas perfeitamente alinhadas ao canto das paredes. Havia um bar principal com alguns banquinhos de frente para o balcão, enquanto, um pouco mais à esquerda, tinha um palco para o DJ e bandas que, de vez em quando, eram convidadas pela casa para se apresentarem, além de uma pista de dança no centro. Tratava-se também de um ambiente parcialmente escuro, com luzes discretas e coloridas girando de um lado para o outro.

Estava cheio, como imaginavam.

Habitado somente pelo público masculino, diversos homens dançavam pela pista, cantavam em uníssono e se divertiam em grupos, enquanto alguns, um pouco mais discretos, apenas flertavam e jogavam conversa fora no bar.

Itachi arqueou a sobrancelha. 

Estava bastante surpreso com o que via, precisava admitir. Sabia que o lugar estaria cheio de gente, mas jamais cogitou que seria tão… calmo? Não, essa não era a palavra que estava buscando. Talvez quisesse dizer algo como "respeitoso" ou até mesmo "agradável". 

-Nossa… Aqui não é como eu esperava.

Sasuke virou-se até si, risonho.

-E o que você esperava? -Passou o braço por seu ombro, gostando tanto quanto ele do ambiente em que estavam. -Um monte de homens bêbados, pulando e sem camisa? 

-Depois de todo o assédio que a gente sofreu lá fora… Sim, eu esperava. -Murmurou.

-Que assédio o quê! -Riu brincalhão. -O que aconteceu lá fora passou longe de ser um assédio, Itachi, aquele grupo só gostou de você! 

-Eu me senti assediado, tá bom? Quando a vítima fala que é assédio, é assédio e ponto, sem discussão. -Retrucou sério. -Eu não gostei que eles ficaram passando a mão no meu cabelo.

Sasuke bufou, dando de ombros.

-'Tá, que seja, já passou. 

Com o final da discussão, decidiu virar-se até o seu loirinho, estranhando o fato de tê-lo tão calado desde o momento em que pararam na entrada. Não pode deixar de sorrir ao se deparar com Naruto completamente hipnotizado do seu lado — segurando em sua blusa e com a bochecha espremida contra seu braço — observando a boate com os lábios entreabertos e viajando em seus próprios pensamentos. 

Aquele lugar era incrível. 

Muito maior do que a casa da Ino, ou seja, da última festa em que compareceu. Era tudo tão lindo, quase igual aos filmes que costumava assistir sozinho em sua casa, aqueles em que o casal se conhecia na pista de dança, trocava beijos e, em seguida, saia para viver alguma aventura pela badalada cidade de Los Angeles. 

Precisou sacudir a cabeça.

Na realidade, teve sua atenção repentinamente alterada quando, de modo bruto, sentiu um corpo se chocar contra o seu, assim como se alguém estivesse tentando passar do seu lado. Naruto arfou assustado, se abraçando mais a Sasuke quando um grupo de homens bem mais velhos passou para dentro, parecendo irritados com o fato dos três estarem bloqueando a passagem. 

Sasuke grunhiu.

-Ô caralho, olha por onde anda! -Bateu seu ombro em um dos homens, não querendo deixar barato. -Não sabe pedir licença?! 

Um dos caras levantou o dedo do meio, ao mesmo tempo em que outro virou-se com uma feição de tédio, se achando o dono do pedaço pelo fato de frequentar o ambiente a anos:

-Vocês estavam atrapalhando a passagem.

-Que se dane, cara! Era só ter pedido com educação que a gente saia do caminho! -Argumentou, não medindo esforços para defender o seu loirinho que, enquanto isso, se encolhia entre seus braços. -Bando de sem noção! 

O mesmo homem cruzou os braços, pronto para retrucar. No entanto, fechou a boca ao colocar os olhos em Itachi que, até então, estava parado no canto da cortina, assistindo tudo nervosamente.

-Oh… Eu sinto muito. -Mediu o Uchiha de cima a baixo, falando manso e sorrindo de lado. -Isso não vai mais se repetir, da próxima vez vamos pedir licença. 

Sasuke franziu o cenho. 

Olhou primeiro para o homem aleatório, e depois para o seu irmão. Ata. Foi o que pensou. 

Mais uma pessoa a fim do Itachi naquele lugar. 

Seu irmão era alguém naturalmente atraente, só que, pelo jeito, fazia o tipo de quase todos os homens presentes na boate. Talvez as pessoas de hoje em dia gostassem de meninos morenos, lerdos, assustados e com cara de coitado. 

Com isso, se segurou para não rir. Precisava manter a pose de durão na frente do grupo e dar uma coça em quem machucou o seu loirinho.

-E pode ir tirando o olho, hein! -Bateu palmas na cara do indivíduo, que piscou ao sair de seu transe. Viajou longe em seus pensamentos enquanto observava Itachi e imaginava tudo o que queria fazer com ele naquela noite. -Agora se paga de simpático só porque acha ele bonitinho, não é?! Gente como você me dá asco!  

O homem saiu resmungando, mostrando-lhe o dedo no meio e xingando baixo uns palavrões.

-É, isso aí! Enfia esse dedo no seu rabo! 

Itachi se aproximou, inquieto.

-O que foi que aconteceu? Por que ele estava me olhando? -Indagou com inocência, alheio às intenções do outro. -E quantas vezes eu já te pedi pra não brigar com desconhecidos, Sasuke? Uma hora a gente vai apanhar por sua culpa! 

-Ele mereceu! -Estalou a língua, nem se dando o trabalho de explicar a situação. -Cara nojento! Aposto que tinha uns cinquenta anos! Tiozão! 

Naruto afrouxou o abraço, se sentindo mais seguro quando deixaram a entrada e encostaram-se na parede. Naquele canto, não corriam o risco de serem empurrados por homens mais velhos, mais altos e, em seu ponto de vista, assustadores. 

-Ei, tudo bem com você? -Sasuke perguntou, aproveitando que seu irmão pegou o celular do bolso — provavelmente com a intenção de comunicar-se com o nutricionista louco — para dar atenção ao seu loirinho. -Machucou?

Ele negou com a cabeça.

-Eu estou bem. -Sorriu tímido com toda aquela preocupação. -Obrigado, Sasuke. 

-Pelo o quê? 

-Só… Obrigado. -Mexeu em seus dedinhos. -Eu tô muito feliz de estar aqui com você. 

Sasuke riu carinhosamente.

-Eu também tô, loirinho. -Afagou sua bochecha quando notou que Naruto olhava fixo para seus lábios, corando com um ar apaixonado e genuíno. -Vem cá… Me dá um abraço. 

Seu loirinho foi de muito bom grado, sorrindo com o pedido maravilhoso que recebeu. Se dedicou para acolhê-lo da melhor maneira possível, até porque, não era todo dia que Sasuke Uchiha lhe pedia um abraço. Era tão lindo e satisfatório assistir ele mudando aos poucos e se tornando alguém mais aberto e carinhoso perto de si. 

Naruto o amava tanto. Tanto. 

Nunca se cansaria de dizer isso, assim como jamais se cansaria de abraçá-lo, exatamente como estava fazendo naquele instante. Com os bracinhos ao redor de seu tronco e a cabeça repousada em seu peito. E se não fosse pela música eletrônica, jurava que podia adormecer ali mesmo, sem se importar com nada e nem ninguém ao seu redor que não fosse o Sasuke. 

-Fofinho. -Murmurou com carinho, rindo das expressões adoráveis vindas de seu loirinho. Ele ronronava manhoso e praticamente se pendurava em seu corpo para que aquele momento não acabasse. -Dá vontade de te apertar, sabia? 

Naruto fingiu sentir dor quando teve suas costelas "esmagadas" pelos braços de Sasuke. 

-Oh, eu te machuquei?

-N-Não! Assim 'tá muito bom… 

O moreno riu baixo.

-Que susto.

Enquanto isso, Itachi tremia e suava frio com o celular em mãos. Não prestou tanta atenção no diálogo dos meninos, mas isso porque achou que fosse desmaiar no momento em que recebeu uma notificação de Deidara, o qual afirmava ter acabado de chegar no bar. 

Ele virou seu pescoço de um lado para o outro.

Tentou buscar pelo seu nutricionista antes que ele o encontrasse primeiro. A única coisa que se esqueceu é que Deidara entraria pela mesma passagem em que estavam parados do lado, e que a qualquer segundo ele podia aparecer e dar de cara consigo. No segundo em que se deu conta desse detalhe, Itachi deu um gritinho assustado. Desencostou-se das cortinas e deixou os outros dois sozinhos e trocando sorrisos, nem se dando o trabalho de explicá-los o porquê estava fugindo com tanto desespero. 

Sasuke, no entanto, o notou.

-Itachi? -Chamou por cima da música, sendo obrigado a largar de seu loirinho. -Ei, cara, onde você vai?! 'Tá fugindo por quê?! 

-Eu vou ao banheiro! 

Os adolescentes se entreolharam, e da parte de Sasuke, houveram algumas risadas. Acompanharam toda a trajetória feita por Itachi, inclusive o momento em que ele esbarrou atrapalhadamente em um garçom, fazendo-o derrubar parte da bebida na bandeja e no chão.

-O que aconteceu? -Naruto perguntou.

-Ele está assustado, loirinho. -Explicou. -Deve 'tá fugindo porque o David já chegou… Ou porque ele está com dor de barriga mesmo. O Itachi tem piriri quando fica muito nervoso. 

O jovem se comoveu.

-Coitadinho, Sasuke… Você acha que a gente deve ir atrás pra ajudar? 

-Deixa o Itachi ter o tempo dele. -Sugeriu. -Qualquer coisa a gente vai lá depois. 

Naruto assentiu, achando melhor concordar. 

-Mas e agora? -Virou a cabeça. -O que a gente faz? 

Sasuke sorriu ladino.

-O que a gente quiser.

O loiro o fitou com uma feição perdida, lhe arrancando risos baixos. O fato é que Naruto sempre o colocava em uma posição de "líder" e "guia" quando saiam juntos. Era como se precisasse dele para encontrar algo divertido para fazer, já que não tinha confiança o suficiente para explorar lugares desconhecidos por conta própria e muito menos se sentir parte deles.

-Você quer beber alguma coisa? -Indagou com expectativa. -Eu tô morto de sede. 

Naruto mordeu o lábio, olhando até o bar.

Estava bastante cheio. E o fato é que a maioria dos homens — se não todos — optaram por bebidas alcoólicas. Seria muito careta pedir água ou algum suquinho natural ao barman? Será que eles vendiam bebidas "normais" naquele ambiente? 

-P-Pode ser…

-Vem comigo. -Gesticulou com a mão.

Naruto entrelaçou a sua de volta. Ficou meio nervoso quando precisou passar pela pista, mas sabia que o Uchiha estava sendo cuidadoso o guiando e caminhando em seu tempo para não assustá-lo com a multidão. Quando alcançaram o bar, tiveram que fazer esforço para achar um lugarzinho, visto que era o canto mais disputado de toda a boate. Com sorte, um homem havia acabado de pagar a conta, e Sasuke foi rápido em ocupar o seu lugar, sentando no banquinho e deixando Naruto parado do seu lado.

-Senta aqui também, loirinho. -Deu tapinhas em sua coxa, sugerindo que ele sentasse em seu colo. Cogitou a ideia de abrir um espacinho com o seu traseiro, sobretudo, o banco era realmente pequeno. O mais fácil — e mais confortável — era Naruto subir em cima de si. 

De forma previsível, o loiro corou. 

Não esperava receber um pedido daqueles, e embora estivesse surpreso e nervoso por fazer algo do tipo com um monte de pessoas em volta, não estava em seus planos recusar. Afinal, além de desejar a máxima proximidade com o Sasuke, haviam homens fazendo coisas bem mais "inapropriadas" perto daqueles bancos. 

-E-Está bem…

Meio sem jeito, foi mexendo nas mãozinhas enquanto chegava perto do banco. Como um convite, Sasuke espaçou as pernas e fez o que achou que era certo para deixá-lo mais "confortável", sorrindo normalmente ao receber o seu loirinho em seu colo. Notou ele ruborizar ao sentar-se de ladinho em sua perna, o que deixou-o com uma vontade grande de apertá-lo mais uma vez. Naruto não cansava de ser adorável.

Ele suspirou baixinho quando sentiu as mãos fortes do Uchiha segurarem sua cintura, protegendo-o de tombar para os lados ou se desequilibrar. De forma aleatória, também recordou-se de quando foi Sasuke quem se sentou em seu colo no busão a um tempo atrás, e passou a questionar-se o que era melhor: estar no colo dele, ou tê-lo em seu colo.

As duas sensações eram boas. No entanto, sentir a respiração pesada do Uchiha bater em sua nuca, além de seu hálito gostoso de pasta de dente invadir suas narinas, fez com que preferisse aquela posição. Naruto quase fechou os olhos com a sensação, torcendo para que ficassem um bom tempo sentados naquele banco.

-Está confortável? -Sasuke indagou. 

-U-Uhum… Eu não estou pesado?

-Nenhum pouco. 

Um barman se aproximou, sorridente.

-O que eu posso fazer por vocês, garotos?

-E aí, cara? -O moreno saudou com simpatia. -Me vê uma Margarita, por favor. 

-É pra já, campeão. -Pendurou um paninho em seu ombro, olhando para Naruto. -E você? Vai beber alguma coisa?

Naruto se encolheu, envergonhado:

-A-Ah… Eu quero uma água, por favor.

-Tudo bem, eu já trago.

Seus ombros relaxaram. Por um minuto, cogitou a hipótese de que o garçom riria de sua cara por não pedir algo alcoólico que nem o Uchiha — e por sinal, ele não fazia ideia do que poderia ser uma "Margarita" — mas, com sorte, isso não ocorreu.

-Sasuke, o que é Margarita? 

-É uma bebida mexicana. -Explicou paciente, assistindo o barman prepará-la no balcão. -Feita de tequila, limão, sal e etc. É muito boa. 

Naruto assentiu meio perdido. O mundo adolescente/adulto ainda era novo para si, principalmente no quesito bebidas alcoólicas. Uma prova disso é que, diferente de todos os clientes ao seu redor, o jovem era o único que observava o barman com desconfiança, lembrando-se do que seus pais lhe alertaram a respeito de pessoas maldosas e que batizavam copos alheios em bares como aquele.

Com isso, ele estremeceu. E se o barman batizasse a sua água? Ou pior, e se ele fizesse alguma coisa com a bebida do Sasuke? 

-Naruto? -Chamou risonho. Seu loirinho estava pálido, olhando fixamente para as mãos habilidosas do garçom. -O que foi? 

Naruto se virou, mordendo os dedinhos.

-S-Sasuke…

-Oi? O que aconteceu? -Chegou pertinho de seu rosto para escutá-lo melhor. Aproximou também seu ouvido dos lábios alheios ao notar sua intenção em sussurrar o que o estava incomodando.

-E-Eu acho que o homem das bebidas vai colocar alguma coisa ruim no nosso copo. -Colocou a mãozinha na frente de sua boca, temendo o fato do barman escutá-lo ou ler os seus lábios. -Acho melhor a gente não tomar nada aqui. 

Sasuke não queria, mas riu da situação.

-Não vai não, loirinho… -Sussurrou de volta, quase contra seus lábios. Não era exatamente a hora para isso, mas Naruto arrepiou-se novamente com o seu hálito de menta e o sorriso carinhoso que lhe direcionava. -Pode confiar em mim, está bem? Eu admiro que você seja tão cuidadoso, mas aqui não tem perigo.

-Tem certeza? -Indagou inocente, apertando nervosamente a blusa do Uchiha ao notar a aproximação do garçom. -Certeza absoluta?

-Certeza absoluta. 

O barman apoiou os drinks no balcão.

-Aqui está. Uma Margarita e uma água. 

-Obrigado, cara. -Sasuke agradeceu.

Naruto, por outro lado, engoliu seco.

-Pode beber sem medo. -Lendo sua mente, o Uchiha incentivou. Segurou seu copo e aproximou-o de sua boca, sobretudo, foi parado pelas mãos agitadas de seu loirinho, o qual não mediu esforços para arrancá-lo de si. -Ei! 

-S-Sasuke, eles podem ter batizado a sua bebida… -Afastou o copo quando o mais velho tentou agarrá-lo de novo. -Eu não posso permitir que você tome. Por favor, não quero que nada de ruim te aconteça! 

Sasuke se acalmou ao vê-lo tremelicar os lábios, demonstrando receio efetivo diante da situação.

-Não vai acontecer nada, loirinho. -Declarou com tranquilidade. O fato é que se fosse qualquer outra pessoa "roubando" sua bebida e impedindo-o de se embebedar, Sasuke já teria surtado a muito tempo. -Eu acompanhei o preparo das bebidas, não vi nada demais. 

Naruto mordeu os lábios, inseguro.

-M-Mesmo?

-Mesmo. -Respondeu atencioso. Naruto não parecia muito convencido, e fazia um bico bem choroso e preocupado enquanto avaliava sua bebida à procura de substâncias suspeitas -Oh, neném, não precisa ficar assim! -Forçou a voz e riu de suas expressões infantis, sacudindo-o de leve em seu colo. -Pode confiar no que eu estou te falando, de verdade!

Naruto corou com o "neném".

-Quer que eu prove a sua água primeiro? 

-N-Não, tudo bem… -Pegou a garrafinha com as mãos trêmulas. -Eu confio em você. 

Sasuke sorriu quando levou sua bebida aos lábios. Provou o álcool e suspirou em satisfação, vendo Naruto fazer o mesmo com sua água, só que de um jeito bem mais inseguro.

-Quer provar, loirinho? -Ofereceu seu copo.

-A-Ah… Não, obrigado. 

-Está bem. -Riu baixinho. Sabia que Naruto não aceitaria degustar muita coisa naquele bar, pelo menos não enquanto estivesse desconfiado. -Me avisa se mudar de ideia, hein. 

Consumiram o restante de suas respectivas bebidas enquanto observavam o ambiente. Na realidade, estavam constantemente de olho na entrada do banheiro, mas isso porque queriam saber se Itachi continuava vivo ou se havia desmaiado no banheiro de tanto nervosismo, batido sua cabeça no vaso sanitário e morrido.

Naruto terminou sua água, e acreditem se quiser, ele já não estava tão desconfiado. Com um ar meio sonolento — já que estava acostumado a dormir cedo — repousou sua cabeça contra a de Sasuke, escutando-o rir de sua postura meio infantil diante de uma boate badalada como aquela. Seu loirinho parecia uma daquelas crianças manhosas e preguiçosas que dormiam nas festas em que seus pais lhe levavam à força. 

-Já cansou, é? -Perguntou ao dar o último gole em sua bebida, acariciando as costas do jovem em seu colo. -A gente devia ter pedido um energético pra você, isso sim.

Naruto riu com os olhos fechados.

-Desculpa, Sasuke… Eu não estou acostumado a ficar acordado até tão tarde da noite. 

-Não tem problema. -Murmurou compreensivo, mesmo que, internamente, não considerasse onze e meia da noite tão tarde assim. -De qualquer forma, eu acho que esse encontro não vai durar muito. O Itachi provavelmente vai surtar e arrumar uma desculpa pra sair mais cedo.

-P-Para… Ele não vai fazer isso. -Defendeu. -Eu estou mandando muitas energias positivas pra ele. Tenho certeza que vai dar tudo certo. 

Sasuke riu doce.

-Você é muito fofo. 

Naruto ruborizou com um sorriso tímido.

-E você é muito confortável, Sasuke…

-E você é todo macio. -Respondeu brincalhão, dando apertos pequenos em sua cintura que, com a sua intenção, causavam cócegas ao mais novo e lhe arrancavam risos divertidos, porém desesperados. -Que nem uma pelúcia. 

-P-Para! -Distanciou sua mão, ficando vermelho de tanto gargalhar e se debater. Sasuke também ria por baixo de si, correspondendo ao selinho que o loiro resolveu dá-lo ao se encararem sorridentemente, curtindo a companhia um do outro. -Eu não gosto de cosquinhas…

-Ah, mas que pena... -Fingiu lamentar, dando uma pausa breve antes de prosseguir com as cócegas, sobretudo, partindo para a altura de sua barriga — uma parte sensível para Naruto.

O jovem se contorceu por inteiro.

Estavam quase brincando de lutinha no bar, dando tapinhas na mão um do outro e se apertando para fazerem cócegas. Os dedos grandes de Sasuke percorriam seu corpo e lhe arrancavam gargalhadas altas, as quais, querendo ou não, atraíam a atenção de algumas pessoas. Ambos eram o casal mais agitado. Até mesmo o barman parou para assisti-los, rindo breve da situação. Enquanto vários dos homens estavam bêbados, aquele casal de adolescentes não pararam de fazer cócegas um no outro. 

Continuaram do mesmo jeito por mais um tempinho, até que, durante a brincadeira, o banco vacilou de leve. Não chegou realmente ao ponto de cair no chão, no entanto, pelo fato de não pararem quietos, ambos quase viraram juntos para trás. Foi por muito pouco mesmo. 

-Eita porra. -Sasuke se agarrou firme ao balcão, fazendo o mesmo na cintura de Naruto. Os dois se entreolharam, ofegantes, e depois riram da situação. -Acho melhor a gente parar com isso, loirinho, daqui a pouco vamos quebrar o lugar.

-S-Sim, já está todo mundo olhando. 

Entre risos, ambos foram atraídos por uma voz: 

-Oi, meninos. 

Curiosamente e meio assustados, se viraram em sincronia para a origem do chamado, deparando-se com um indivíduo moreno que havia acabado de sentar no banco do lado. 

Naruto foi o primeiro a reconhecê-lo. 

-Obito? -Chamou surpreso. 

Sasuke se esforçou para lembrar de onde o conhecia. Quase apertou as próprias têmporas enquanto pensava, mas finalmente se deu conta de que Obito era quem apareceu em sua casa a uns dias atrás na companhia do nutricionista louco, e pelo o que sabe, ele já havia conversado com Naruto outras vezes, inclusive ajudado-o no dia em que foi assaltado após a festa. 

-O que vocês estão fazendo aqui? -Indagou simpático, girando no banco para ficar de frente para ambos. -Eu não esperava encontrar vocês dois.

Naruto sorriu também.

-Nós estamos acompanhando o Itachi. 

-Ah, sim. -Assentiu interessado. -Eu também estou aqui de acompanhante… Quer dizer, eu estou mais pra motorista. O Deidara precisava de uma carona pra vir, mas acho que eu vou acabar tendo que levar ele pra casa também.

Sasuke arqueou a sobrancelha.

Se Obito estava ali conversando com eles, isso significava que o nutricionista louco também encontrava-se em algum lugar daquela boate e provavelmente já estaria atrás de seu irmão.

-Mas e aí? -O moreno puxou assunto, olhando direto para Sasuke. -O seu irmão estava tão animado pra esse encontro quanto o Deidara? 

Simpático, ele riu com a pergunta.

-É… Tipo isso. 

Naruto, por sua vez, fez uma careta confusa. Por que Sasuke havia mentido? Seu antigo babá não estava muito animado, mas sim nervoso.

-Que bom, porque o Deidara não parou de falar do seu irmão a semana toda. -Riu divertido. -Ele me mandou foto de uns cinquenta conjuntos de roupas até eu decidir qual era a melhor pra ele impressionar o Itachi. -Negou com a cabeça, se mostrando exausto. -E eu tive mesmo que olhar uma por uma até encontrar a mais bonita. 

Os meninos riram em conjunto.

De certa maneira, estavam se identificando com o Obito, se bem que, ao invés de ajudarem Itachi com as roupas, ambos lhe ajudaram a ensaiar suas falas para o encontro com o Deidara. 

-Será que os dois já se toparam aqui dentro? -Sasuke indagou. -O David já chegou, né? 

-Deidara. -Naruto corrigiu.

-Já, ele chegou comigo. -Virou o pescoço, buscando-o atentamente pelos arredores da pista de dança. -Mas eu não faço ideia de onde esteja. 

Naruto e Sasuke se entreolharam.

Estavam levemente preocupados. Não faziam ideia se o primogênito ainda estava "recuperando o fôlego" no banheiro ou se já havia criado coragem para sair e encontrar o Deidara de uma vez por todas — e o pior de tudo é que também não sabiam se deveriam ir atrás dele ou simplesmente deixá-lo lidar com a situação por conta própria.

O fato é que talvez Itachi precisasse de um empurrãozinho para dar o próximo passo. 

Ainda dentro do banheiro, o Uchiha permanecia encolhido em uma das várias cabines existentes no mesmo. Tratava-se de um sanitário meio "erótico", já que as paredes eram pintadas de vermelho e a iluminação era estranhamente fraca, o que, em consequência, era utilizado como o "cantinho da pegação" por vários dos homens presentes na boate. Por exemplo, enquanto roía as unhas e preparava-se psicologicamente para sair dali, Itachi amarrou a cara ao escutar gemidos na cabine do lado, vindo seguidos de barulhos bastante… úmidos.

Urgh. Ele pensou. 

Aqueles sons estavam dificultando seu raciocínio e pensamentos a respeito do encontro. Sabia perfeitamente que não poderia continuar muito mais tempo escondido, até porque, Deidara havia chego a mais de dez minutos e esperava pacientemente por uma resposta sua. 

Estava tão envergonhado.

Não costumava ser tão tímido assim. Na realidade, gostava muito de conhecer novas pessoas, desenvolver diálogos e puxar assunto, só que não no sentido "romântico". Nunca sequer havia saído para um encontro, e sinceramente, não se recordava da última vez em que beijou alguém na vida. Provavelmente foi em alguma festinha do ensino médio. Ensino médio… caramba. Faziam quantos anos? Três ou quatro? 

Itachi amuou.

Como conseguia ser tão inexperiente com encontros/relacionamentos, mas ser tão bom conselheiro quando se trata de ajudar o próximo com esses mesmos problemas? Talvez Sasuke estivesse certo quando lhe taxou como "tiozão" e disse que ele agia como um verdadeiro velho. 

-Argh… -Resmungou, fazendo careta quando o indivíduo da cabine do lado gemeu mais alto e murmurou baixarias. -Eu tenho que sair daqui. 

Nervosamente, olhou para a tela do celular.

Mais uma mensagem de Deidara:

"Eu consegui uma mesa pra gente. Fica aqui no canto do bar, é só seguir reto quando chegar! <3" 

Itachi engoliu em seco. 

Já estava ciente sobre a localização das mesas, sobretudo, era Deidara quem não fazia ideia que sua companhia daquela noite estava escondida na boate a mais de vinte e cinco minutos. De qualquer forma, o moreno não pôde deixar de sorrir com o jeito fofo que seu nutricionista tinha na hora de trocar mensagens. Ele estava constantemente lhe enchendo de coraçõezinhos, figurinhas fofas e rostinhos apaixonados.

Itachi, particularmente, adorava conversar com pessoas expressivas e que sempre demonstram o que estão sentindo, até mesmo por mensagens. No geral, se considerava uma dessas pessoas, apesar de sempre receber cortes e patadas quando enviava muitos corações ou figurinhas de ursinhos para Sasuke em alguma conversa. Pelo menos com o Deidara, agia como realmente gostava.

Suspirou pesado uma última vez.

Tomou impulso para se levantar da privada, querendo — mas ao mesmo tempo não querendo — fugir dali o mais rápido possível. O "casal" da cabine ao lado estava bastante agitado, o que foi motivos de sobra para que fingisse dar descarga e saísse como se não houvesse tido, no mínimo, uns dez surtos nos últimos minutos. 

Haviam mais alguns homens no banheiro.

A maioria conversava perto das pias, enquanto outros faziam fila para utilizar as cabines. Na agitação do momento, Itachi acabou reconhecendo um dos garotos presentes no cômodo — o tatuado que deu em cima de si na fila — no entanto, não ficou para conversar e muito menos para agradecê-lo por ter autorizado a entrada dos meninos mais cedo após Sasuke discutir com o segurança. 

O garoto também acabou o vendo, mas antes de chamar por seu nome, Itachi já havia saído e ido de encontro à pista de dança. Com as mãos suadas, pegou seu celular do bolso. Era a hora de enfrentar seus medos e revelar a Deidara que também já estava na boate a sua espera. 

"Ok, eu já cheguei também! Estou indo :)

E de brinde, mandou uma figurinha fofa.

Criou coragem para se dirigir até às mesas. Elas ficavam bem no cantinho do estabelecimento, por isso, precisou ir trombando com todo mundo na pista para sair da aglomeração, acabando por ser abordado por quatro ou cinco pessoas durante seu curto trajeto. Depois de dar um fora educado e sensível até demais em todos os homens — isso porque não gostava de magoar ninguém — Itachi finalmente deixou a multidão para trás.

Nervoso, ele enxugou a testa. 

Nem percebeu que estava suando tanto, e por um momento, sentiu vontade de correr até o bar e pedir algo bem gelado para beber. Estava com muita sede. No entanto, já havia enrolado o bastante e não pretendia fazer outra pausa para fugir da situação.

Guardou o celular novamente no bolso e foi. 

Precisava pelo menos parecer normal ao se encontrar com Deidara, e não alguém que sofreu por antecipação desde o momento em que combinaram de sair e se sentiu inseguro pelo fato de estar, após muito tempo, verdadeiramente a fim de alguém.

Sem muita demora, ele o avistou.

Sentado em uma mesa de quatro lugares — com bancos de ambos os lados — Deidara mexia em seu cabelo distraidamente, olhando ao redor do bar com um ar distante e paciente. Parecia estar, exclusivamente, aguardando o Uchiha, sem nenhuma intenção de flertar ou dialogar com outros homens que não fosse ele. As pessoas também se interessavam por sua presença, cochichando entre si enquanto criavam coragem para se aproximar e perguntá-lo sobre suas intenções naquela noite. E era algo compreensível. O loiro, assim como Itachi, era adorável. Tinha uma beleza única e marcante, além de estar muito bem vestido naquela noite.

De repente, parte de sua ansiedade se esvaiu de seu corpo. Não entendeu muito bem o motivo disso, mas ao observar a postura de Deidara e se dar conta do quão tranquilo ele demonstrava estar com a ideia de encontrar-se consigo, diminuiu consideravelmente o seu medo. Ele estava mesmo muito lindo, e Itachi se sentiu privilegiado por ser a sua companhia naquela noite. 

Comparado com o loiro, se considerou meio mal vestido para a ocasião. A sua roupa também era maravilhosa. Tratava-se de uma calça skinny, uma bota preta, um casaco e uma blusa de botões aberta na altura do peito. Além disso, suas unhas encontravam-se pintas de preto com alguns anéis espalhados por seus dedos.

Nem reparou que havia se aproximado da mesa. Andou de forma involuntária em uma tentativa de enxergá-lo melhor, quase babando com os lábios entreabertos em admiração. Desastrado como sempre foi, Itachi chegou a esbarrar com outro garçom durante o caminho, o que foi suficiente para despertar de seu transe e voltar à realidade no instante em que o loiro colocou os olhos em si.  

Seu coração falhou uma batida.

O nutricionista, por outro lado, acenou com um sorriso encantador, dando-lhe um oi com a mão.

Itachi reagiu da mesma maneira — só que mil vezes mais atrapalhado — não tendo tempo de fazer muita coisa ao notar que Deidara se levantava do banco, andando em sua direção com a intenção de cumprimentá-lo fisicamente. 

-Oi, anjo! -Falou por cima da música.

Em questão de segundos, seus lábios já estavam em contato com sua bochecha, dando-lhe, junto a isso, um abraço breve e apertado. Outra vez, o Uchiha reagiu de forma destrambelhada, sorrindo envergonhado quando o loiro se distanciou, parando em sua frente com um ar atencioso. 

Ele estava mesmo muito bonito. 

-Oi… -Riu baixo, tentando não parecer tão nervoso. -Me desculpa pela demora, eu me perdi.

-Sem problemas. -Sorriu, gesticulando com a mão ao estendê-la para si. -Vem comigo.

Itachi obedeceu rápido até demais.

Juntou sua mão com a do loiro e se permitiu ser puxado para onde ele desejasse. Ainda estava meio "distante", mas isso porque sua ficha não havia caído. Não acredita que estava mesmo em um encontro com o Deidara. Nem parecia real. 

Previsivelmente, ele o guiou até a mesa que guardou anteriormente. Largou da mão alheia e se arrastou para o cantinho do banco, deixando o moreno imóvel e meio perdido de frente à mobília. Imaginando o que se passava por sua cabeça, Deidara riu e deu batidinhas no único lugar ao seu lado, incentivando-o a se sentar junto a si. Não gostaria que Itachi escolhesse o banco da frente. Ele não queria que ficassem distantes um do outro, mas sim colados.

Mais uma vez, Itachi obedeceu. Aceitou o chamado com um sorriso tímido, sentando-se do seu lado no banco. Instantaneamente, corou um pouco a sensação. Estavam bem apertados, com as coxas coladas e os rostos próximos. Deidara parceria ter feito de propósito ao escolher aquele banquinho que, por sinal, era o menor de todas as meses ao redor de ambos.

No final das contas, nada do que Sasuke lhe ensinou — pelo menos até aquele momento — havia acontecido. Deidara não havia tentado beijá-lo logo de cara, não havia reclamado de não ter sua cadeira puxada por si e muito menos cuspido em sua cara. Por outro lado, continuava em seus planos seguir com os conselhos mais decentes de seu irmão, por exemplo, aqueles em que incluíam elogiar a sua roupa e ser gentil. 

-Você está muito bonito… -Itachi declarou, esfregando as mãos nervosamente. Havia sido desrespeitoso? Será que se precipitou? 

Mal imaginava o quanto aquela pequena frase desconstruiu o loiro por inteiro. Se fosse mesmo possível, sorriu mais abertamente e remexeu sua franja para fazer um charme, sentindo-se nas nuvens por ter sido elogiado pelo garoto que estava a fim e, em especial, após passar tanto tempo se arrumando unicamente para si. 

-Obrigado, meu anjo. -Mordeu o lábio, contendo mais sorrisos. -Eu ia falar a mesma coisa de você, acredita? Você está muito, muito lindo. 

Itachi ruborizou, sorrindo para o lado.

-Obrigado…

-E como você está, hm? -Indagou interessado, virando a cabeça. -Alguma novidade desde a última vez em que a gente conversou?

Ele fez um barulho pensativo.

-Acho que não… Só que semana que vem eu vou poder voltar pra faculdade. -Anunciou com uma animação esquisita. Qualquer um amaria a ideia de ficar em casa sem fazer nada, mas Itachi não aguentava mais estar doente e ficar afastado das aulas. -Espero que eu não tenha perdido o ritmo. 

Deidara riu simpático.

-Eu tenho certeza que não, anjo. Você é muito inteligente e dedicado. -Não perdeu a oportunidade de elogiar. -De qualquer forma, eu ainda vou ter que fazer um atestado pra você.

Itachi levantou a sobrancelha, curioso.

-Ah, é? Que atestado? 

-Caso você piore e precise sair mais cedo das aulas ou ficar mais um tempinho em casa. -Ele explicou com paciência, apoiando o cotovelo na mesa com um sorrisinho. Itachi era muito lindo, especialmente com aquela carinha confusa. -É comum ter algumas recaídas nesse período de adaptação à sua rotina antiga, mas não se preocupe, sim? Eu vou cuidar bem de você. 

Envergonhado, ele assentiu.

Gostaria muito de ser cuidado pelo Deidara.

-Vou continuar fazendo as visitas domiciliares pra ficar de olho em você e no seu tratamento. -Lançou com um ar brincalhão, embora sua voz se mantivesse mansa e, de certa forma, sedutora. -Ou talvez seja só uma desculpa minha pra ficar mais perto de você… Quem sabe. 

-O-Oh… -Sentiu as bochechas esquentarem. Por que não sabia como reagir a flertes? Gostaria tanto de lhe responder à altura, mas sabia que passaria vergonha caso tentasse soar sedutor como ele. -Bom… Eu gostaria muito disso.

Deidara riu doce.

Como ele era lindo. Estava completamente rendido pelo seu jeito envergonhado e gentil.

-Eu tô tão feliz que você aceitou sair comigo, anjo… Se você soubesse. -Anunciou com um ar romântico, arriscando-se ao tocar em sua mão por cima da mesa. -Espero que eu não tenha te pressionado muito… E nem enchido muito o seu saco nas mensagens essa semana.

Itachi sorriu, negando com a cabeça.

-Nenhum pouco. -Olhou para suas mãos entrelaçadas, sentindo o coração bater mais forte. Aquela sensação era muito boa. -Bom… Eu te confesso que não sou muito de falar por mensagens, mas com você foi exceção.

Os olhos do loiro brilharam.

-É mesmo? Eu fui uma exceção?  

-Uhum… -Se repreendeu mentalmente por ter admitido isso. E agora? Como explicaria que era um "tiozão", desinteressado por redes sociais, que não fazia esforço para falar com ninguém online, deixava as pessoas no vácuo — não propositalmente, Itachi jamais faria isso — e somente respondia em casos extremos ou quando realmente precisava? -É que eu não sou muito chegado em celular, sabe? Eu só usei ele pra te responder essa semana… Mais pra nada. 

Deidara não conteve o sorriso bobo.

-Eu me sinto lisonjeado. -Acariciou sua mão com o polegar. -E também te admiro por ser tão desapegado do celular. Qual o seu segredo?

Ele riu divertido.

-Ah… Eu não tenho segredo, eu só não gosto muito dessas coisas tecnológicas. -Revelou, sorrindo quando o loiro riu de sua justificativa. -Às vezes eu sinto que nem deveria ter nascido nessa geração, sei lá, é tudo muito confuso pra mim. -Deu uma pausa, pensando brevemente no que falou. -Nossa… Agora que eu disse em voz alta fiquei parecendo a minha avó falando. 

O nutricionista negou sorridente. 

-Eu achei interessante. -De maneira proposital, chegou mais perto para falar. -Quando eu te conheci, nunca imaginei que você fosse do tipo que não ligava pra redes sociais e essas coisas.

Itachi levantou a sobrancelha.

-Eu tenho cara de quem liga pra redes sociais? 

-Hmm… Não exatamente. -Deu de ombros. -É que você é muito lindo, por isso achei que gostasse de postar fotos e mostrar pra todo mundo. Só que o seu perfil é vazio. 

-A-Ah… -Olhou para baixo, sentindo o rosto ruborizar em meio a um sorriso. Não se importaria em ser elogiado por Deidara mais vezes. -É, eu também não tiro muita foto.

-Faz bem. -Riu descontraído. -Quer dizer… Eu super apoio se você começar a tirar fotos e postar, pode ter certeza que eu vou curtir todas, mas é bom não se importar tanto com essas coisas. Eu gostaria de ser mais como você, pena que uso muito o meu celular diariamente, inclusive pra trabalhar. 

-Eu entendo. Meus pais também são dos que usam o celular pra tudo, inclusive pro trabalho. -Comentou. -Até de final de semana, eles tão sempre grudados com aquela coisa.

Deidara sorriu com o termo.

-"Aquela coisa". -Inclinou-se ao dar risada. -Mas me fala da sua família, anjo. Como eles são? O seu irmão eu já conheci, né? Como ele está? 

-Ele está bem. -Sorriu com o assunto. Gostava de falar aos outros sobre a sua família. -Inclusive, o Sasuke está aqui também. 

Imediatamente, se repreendeu por ter admitido isso. Droga. Simplesmente escapou.

-Ah, é? -Deidara não pareceu se importar. 

-Sim, sabe como é… -Riu nervoso, tentando disfarçar. -Coisa de irmão caçula, é muito apegado a mim. Eu falei que ia sair e ele quis vir atrás. Eu deixei porque fiquei com dó dele. 

Até parece. 

Se Sasuke escutasse uma coisa dessas, com certeza o mataria. Afinal, foi o primogênito quem praticamente o arrastou à força para aquele bar, afirmando que não queria entrar sozinho e muito menos lidar com aquele encontro por conta própria.

-Que fofo! Eu queria um irmão assim! -Choramingou. -Pena que nasci filho único. 

-É, eu amo muito ele. -Se segurou para não contar a Deidara como seu irmão não era nenhum pouco "fofo" mas sim um adolescente rebelde, boca suja e malcriado. Bom, ainda era muito cedo para relatar esse pequeno detalhe.

-E seus pais, anjo? Como são?

-São gentis. -Falou a primeira coisa que veio em sua cabeça. -E bem dedicados no que fazem.

Deidara sorriu com interesse.

-Que nem o filho. 

-A-Ah… -Riu sem graça. Ele realmente não perdia a oportunidade de elogiá-lo. -Pode ter certeza que eles são bem mais dedicados que eu, estão sempre trabalhando até mais tarde… Mas e os seus pais? Como eles são? 

-Eles são bem… Distantes. -Revelou pensativo. -E meio engraçados também. 

O moreno assentiu enquanto o escutava. 

-Eles se mudaram pro Canadá recentemente, receberam uma proposta de trabalho e deixaram a clínica comigo por enquanto. -Deidara não parecia desconfortável com o afastamento de sua família. -Eu tenho bastante trabalho, mas até que gosto… Se bem que tem uns pacientes que me tiram do sério às vezes, é bem irritante. 

Itachi sorriu como um incentivo para que ele continuasse, curioso a respeito da história.

-Olha, sem preconceito, mas geralmente quem me irrita são os velhos. -Fez um som com a boca, mostrando-se impaciente apenas por tocar no assunto. -Eles estão sempre reclamando e fazendo tudo errado. Eu passo a dieta direitinho, mas nenhum segue corretamente! São mais rebeldes que os adolescentes que eu atendo!

O Uchiha riu alto.

-Tem que ter paciência mesmo. -Acrescentou para apoiá-lo. -Idosos são difíceis de lidar. 

-Pois é, eu prefiro crianças.

-Uhum, eu também. -Sorriu de leve ao recordar-se de Naruto e seu irmão. Ambos nem eram mais tão novos, sobretudo, cuidava deles a muito tempo e já estava habituado a lidar com jovens de sua faixa-etária. -Mas parte disso se dá por conta do meu emprego também, além de eu ter crescido com um irmão mais novo, claro.

-Ah, sim. -Assentiu com a cabeça, sorrindo curioso em sua direção. -E posso falar? Você tem uma cara de quem é paciente até demais. 

Itachi riu descontraído. 

-Todo mundo fala isso.

-É que você fala tão baixo e tranquilo… -Copiou a sua entonação, lhe arrancando risos divertidos por ter ficado estranhamente parecido. -Dá a maior paz conversar com você, anjo. Acho que esse é um dos motivos de eu gostar tanto de você. 

-B-Bom… E eu admiro muito a sua energia e humor também, é contagiante. -Admitiu, desejando elogiá-lo de alguma maneira. Itachi também queria demonstrar o quanto gostava de conversar com o seu nutricionista. -É um dos motivos de eu gostar tanto de você.

Ambos se entreolharam, sorridentes.

Itachi estava envergonhado com o que acabara de revelar, mas orgulhoso por ter conseguido manter um diálogo sem surtar ou querer fugir o mais rápido possível. Não imaginava que Deidara fosse lhe deixar tão confortável, e estava gostando bastante de poder conhecê-lo mais um pouco, não só através de mensagens de texto. 

-Eu gosto mesmo de você, anjo. -Revelou com carinho, levando sua franja lentamente para atrás da orelha. Riu baixo ao notar suas bochechas se avermelharem, mas não recuou em momento algum. -Você é um doce. Uma das melhores pessoas que eu já tive o prazer de conhecer. 

Seu coração bateu forte contra o peito.

-S-Sério? -Foi tudo o que conseguiu dizer, engolindo em seco ao notar o quão rasa foi a sua resposta. -Quero dizer… Eu penso o mesmo de você. Te acho muito, muito… Doce. 

O loiro riu baixinho, não precisando ser muito inteligente para notar o quão nervoso ele ficou com o que escutou. Talvez estivesse indo rápido demais, no entanto, estando perto de Itachi, não conseguia se conter. Tinha a necessidade de relatar tudo o que estava sentindo, independente se lhe passasse a ideia de ser alguém muito "emocionado" e desesperado.

-Obrigado mais uma vez por me dar uma chance dessas. -Deidara prosseguiu. -Eu queria te chamar pra sair já fazia um tempo, mas sabe como é… A gente não se conhecia direito e eu estava criando coragem pra pedir seu número.

-Que bom que você pediu. -Riu constrangido, não sabendo mais para que direção olhar. Itachi não era exatamente o tipo de pessoa que conversava olhando nos olhos alheios, pelo menos não nos de quem estava a fim. -B-Bem… É que eu com certeza não teria coragem pra isso. Fico feliz que você tenha tomado a iniciativa por nós dois.

-Mas eu não vou dizer que foi fácil, viu? -Cutucou seu braço, sorrindo brincalhão. -Eu fiquei morrendo de medo de levar um fora seu ou de você nunca mais querer que eu aparecesse na sua casa e cuidasse do seu tratamento. 

Itachi franziu a testa, chateado.

-Oh, não… Eu jamais faria isso. -Tentou se justificar, assim como se realmente houvesse dado um fora no loiro em algum momento de suas convivências. -Eu gostei muito das vezes em que você veio me visitar. Sempre me dava vontade de te conhecer melhor. 

Deidara se segurou para não gritar emocionado.

-Ah, anjo… -Murmurou carinhoso, apostando na sorte ao acariciar o rosto alheio. Ajeitou mais alguns fios de sua franja e roçou os dedos por sua bochecha rosada, deixando-o de lábios entreabertos e tomado pela timidez. -Eu também sentia muita vontade de te conhecer melhor. E quer saber de uma coisa? Eu estava certo esse tempo todo... Você é mesmo um amor.

Itachi não recuou em momento algum.

-Como pode ser tão lindo, hm? -Aproximou seus rostos para sussurrar, se derretendo de amores com cada expressão adorável e até mesmo sem graça que ele esboçava diante do diálogo. -De verdade, anjo, você é perfeito. 

Ele discordou com uma risadinha, ficando sem reação com tantos elogios que recebia. Não se considerava perfeito, longe disso. Sobretudo, não podia negar que escutar algo do tipo deixou-o o mais próximo que já chegou das nuvens. 

-V-Você é muito mais lindo… -Resolveu dizer algo, se repreendendo por não conseguir ser tão "atrevido" e paquerador quanto o outro. Com sorte, Deidara gostou do que escutou, sorrindo mais abertamente com suas faces próximas. -Ah… E o seu sorriso também é muito bonito. 

Sentiu os dedos de Deidara em sua coxa.

-Você acha? 

-U-Uhum… Acho sim. -Olhou para baixo, nervoso. Seu rosto estava sem chamas. Poderia não ser considerado grande coisa, mas aquele toque em sua perna foi o ato mais íntimo que já vivenciou — e que permitiu alguém exercer. 

-Bem… E o que você acha de eu te beijar?

Itachi gelou. 

Literalmente, ficou petrificado.

Ainda não entendia como existiam pessoas tão confiantes e atrevidas ao ponto de conseguirem formular uma pergunta como aquela e ainda criaram coragem para anunciá-la em voz alta. Jamais conseguiria fazer algo do tipo, se bem que estava agradecido por sua iniciativa. Se fossem mesmo se beijar aquela noite, seria somente por conta da bravura de Deidara em se arriscar.

-Me desculpa, anjo. -Pediu preocupado, retirando sua mão e se distanciando. Talvez Itachi precisasse de mais um tempo para assimilar a pergunta ou apenas não estava no mesmo clima que ele. -Eu não queria te deixar desconfortável.

Ele negou frenético. 

-N-Não, por favor… -Suplicou envergonhado, impedindo que ele se afastasse ainda mais. Não poderia deixar aquele momento escapar entre seus dedos, por mais que estivesse à beira de um colapso nervoso. -Eu quero sim. 

Deidara nunca sorriu tanto em sua vida.

Mal podia acreditar que estava prestes a conseguir um beijo de Itachi. Sonhou com esse momento desde que se descobriu a fim de seu paciente, ou melhor, do menino mais lindo e doce que já conheceu. Um amor de pessoa, vale dizer. 

Suspirou completamente rendido com a cena de suas bochechas se avermelhando, além de seu olhar voltando a cair em seu colo, buscando qualquer ângulo para que não precisasse olhá-lo diretamente e demonstrar o quanto estava nervoso. Deidara não se importava em lidar com pessoas "tímidas", se bem que não considerava Itachi uma delas. Somente não fazia ideia de sua insegurança em relação a relacionamentos e o fato de não ser exatamente do tipo experiente e que beijava todo mundo.

Voltou a aproximar-se e deslizou os dedos por sua coxa em um carinho, sorrindo tranquilo quando seus olhos se cruzaram. Com a outra mão, tocou em sua nuca e umedeceu os lábios para alertá-lo o que estava por vir, ganhando, como resposta, uma respiração ofegante.

-Eu não sei beijar… 

Deidara reabriu os olhos.

Itachi havia anunciado aquilo do nada.

-Você nunca beijou? 

-J-Já, mas sabe como é… -Se atrapalhou por inteiro. Droga, por que foi abrir a maldita boca? Tinha mesmo necessidade de revelá-lo algo do tipo? -Faz muito, muito tempo… 

Honestamente, o loiro não poderia se importar menos. A verdade é que estava mais concentrado em controlar-se para não ir direto ao ponto, fora que admirava silenciosamente cada traço de seu rosto perfeito. Os cílios compridos batendo por sua face, as bochechas rosadas e as marcas de expressões próximas de seus olhos.

-Fica tranquilo, anjo. -Anunciou paciente. -Isso não é um problema. Pode confiar em mim.

Não teve nem mais forças para assentir. Apenas se deixou ser guiado novamente, gostando de ter sua nuca puxada em direção ao outro. Milésimos depois, fechou seus olhos com o contato breve de suas bocas e a sensação de suas respirações se mesclando. Movimentaram-as, primeiramente, em um beijo tímido e sem língua, apenas para se acostumarem com a ideia — ou melhor, para que a ficha de Itachi pudesse cair. 

Tombaram as cabeças para melhorarem o encaixe e, instintivamente, roçaram suas línguas uma à outra. Itachi não recordou-se da última vez em que se arrepiou tanto, sobretudo, se sentiu ainda mais eufórico por saber que seu nutricionista sorria em meio ao beijo, não contendo sua alegria por finalmente ter chegado aonde queria. Achou a coisa mais fofa do mundo quando o sentiu copiar seus mesmos atos e deslizar os dedos por sua nuca, desejando que ficassem mais próximos naquele banco, se é que era mesmo possível. 

Deidara quis falar o quanto ele estava errado. 

Seu beijo era perfeito, tão doce quanto ele. Não tinha absolutamente nada errado e zero motivos para ter tantas inseguranças. Poderia beijá-lo daquela forma até o mundo acabar, e mesmo assim pediria por mais. Estava completamente entregue, e a partir daquele momento, sabia que não esqueceria Itachi com tanta facilidade.

Somente quebraram o selo quando o fôlego acabou. Mas vale ressaltar o quanto ele foi intenso e duradouro. Fizeram de tudo para não se desconectarem, tanto que seus lábios acabaram dormentes e avermelhados. Itachi abriu os olhos com um resmungo inaudível, sentindo o corpo inteiro queimar, mas em especial, seu rosto. O loiro não estava muito diferente, embora estivesse muito mais sorridente do que envergonhado. 

Se entreolharam durante alguns segundos, trocando mais sorrisos e até alguns selinhos com a iniciativa de Deidara. Como não sabia ao certo o que fazer para fugir do pós-beijo e nem como lidar com o constrangimento, Itachi tratou de esconder seu rosto com um abraço inesperado, apoiando a cabeça no ombro do outro.

O loiro quase morreu de tanto amor. 

Acolheu-o de volta entre seus braços, se controlando muito para não lhe apertar e literalmente quebrar suas costelas para descontar todo o amor que sentia no momento. Não querendo executar algo tão violento, optou por acariciar seu cabelo e deixá-lo ter o seu próprio tempo, apesar de não ter se segurando ao revelar exatamente o que se passava por sua cabeça naquele instante:

-Desse jeito eu vou me apaixonar por você, anjo.

Não iria se apaixonar. Ele estava apaixonado.

E Itachi não estava em uma situação muito diferente. Talvez fosse um castigo se apegar tão fácil às pessoas e criar sentimentos com tanta rapidez, mas foi estranhamente bom sentir algo do tipo enquanto o beijava e abraçava, além de ter gostado mais do que deveria de saber que Deidara também estava se apaixonando por si.

Por um instante, sentiu uma estranha vontade de agradecer a Sasuke por ter enviado aquela mensagem. Caso contrário, não estaria aos braços do loiro e muito menos com o coração acelerado por tê-lo beijado por longos minutos. 

O encontro durou um bom tempo.

Passaram quase cem por cento do tempo conversando, com somente algumas pausas para se beijarem entre um assunto e outro. Não puderam ficar até altas horas no estabelecimento, mas isso porque era dia de semana, e ele fechava mais cedo. Itachi quase nem viu o tempo passar, e só se deu conta de que era hora de ir quando os homens ao seu redor começaram a se levantar, dirigindo-se ao bar para pagarem a conta.

-Argh, o bar vai fechar. -Deidara reclamou. -Que ódio… Eu não queria ir embora.

-Eu também não. -Suspirou sorridente. O assunto entre ambos estava muito bom, mas também não poderia esquecer que Sasuke e Naruto estavam à sua espera, fora que o loiro dormia muito cedo e provavelmente estaria caindo de sono. -Mas acho melhor eu ir encontrar o meu irmão, ele deve estar irritado com a demora.

-Sim, tem razão. -Concordou risonho. -Vamos lá.

Sem muita vontade, se levantaram do banco. Não faziam ideia de onde seus companheiros poderiam estar, mas mesmo assim, foram juntos até o bar, o qual os atraiu pelo fato de possuir uma fila gigantesca de homens que esperavam para pagar o que consumiram.

Deidara chegou a entrelaçar suas mãos, mas não durou muito quando tiveram que passar pela aglomeração e se apertaram numa tentativa de localizar os meninos. Itachi buscava por Sasuke e Naruto, enquanto o loiro estava atrás de Obito. Ambos só não imaginavam que os três haviam se encontrado por coincidência e ficado o tempo inteiro juntos no balcão.

-Deidara? Aqui! 

Reconheceu rapidamente a voz de seu amigo.

Itachi também foi rápido em avistá-los nos banquinhos do canto. Tomou um pequeno susto ao presenciar a quantidade de copos vazios ao redor de seu irmão, enquanto este gargalhava como se Obito houvesse acabado de contá-lo a piada do século. Só que o mais surpreendente de tudo, era que Naruto estava adormecido. Dormia pesado no colo de Sasuke, quase como uma criancinha. Aparentava estar cansado ao ponto de não se importar com a música eletrônica nas caixas de som, com a barulheira e falação dos homens ao seu redor e muito menos para o fato de seu companheiro estar rindo em seus ouvidos. 

O primogênito amarrou a cara.

Seu irmão havia bebido junto com o Obito. 

-Olha só quem está aí! -Sasuke implicou, sorrindo mais do que o normal. Bom, ele não chegava a estar bêbado, mas certamente estava bem animadinho. -Itachi, meu irmão querido!

-Oi, Sasuke.

Deidara riu com a cena.

-Você trouxe o Naruto também, anjo? 

-Pois é… -Sorriu sem graça. -O Naruto me pediu para fazer companhia pro Sasuke. Mas eu sabia que ele ia acabar dormindo uma hora ou outra, já passou da hora dele faz tempo.

-Ele é uma gracinha, não é?

-É sim. -Riu carinhoso. Naruto era como o seu segundo irmão mais novo, e diria que cuidou dele muito mais do que cuidou de Sasuke. -Ele é um amor. 

-E então, meninos? -Obito chamou, sorrindo simpático ao dar um último gole em sua bebida de coloração vermelha. -A gente já vai?

Deidara assentiu triste. Não queria ir embora, e definitivamente não queria se despedir de Itachi após a noite maravilhosa que tiveram juntos.

-É… Vamos sim. 

-Sasuke, acorda o Naruto. -Pediu ao caçula.

Ele assentiu, olhando até seu loirinho em seu colo. Enquanto Obito acertava a conta com o barman — que ele mesmo se ofereceu para pagar — cutucou de leve a bochecha de Naruto, sussurrando próximo de seu ouvido: 

-Ei, loirinho? -Apelou para o lado das cócegas, cutucando sua cintura. O jovem estava mesmo dormindo pesado, mas com sorte, começou a despertar em meio aos seus toques. -Vamos acordando? Hora de ir pra casa. 

Naruto franziu o cenho, mas não abriu os olhos.

Pôde sentir o cheiro de álcool saindo de Sasuke, fora a música sendo diminuída pouco a pouco pelo DJ, e deduziu que o encontro havia chegado ao fim. Já deveria ser bem tarde da noite.

-Acordou? -Perguntou paciente, esperando ele se adaptar à luz do ambiente — que apesar de ser pouca, ainda era alguma coisa. Naruto roçou o rosto devagar em seu ombro, assentindo meio perdido. Não entendeu como conseguiu dormir naquelas condições, só sabia que estava extremamente cansado e que teria aula pela manhã. -Desculpa… Eu vi que você tava dormindo gostoso. Quando a gente chegar, você descansa mais, pode ser? Vai ser rápido.

Novamente, ele concordou com a cabeça.

Demorou um pouquinho para sair do colo de Sasuke e ficar de pé, mas o bom foi que, enquanto isso, Obito finalmente conseguiu pagar as bebidas e se despedir do garçom que fizeram amizade. O nutricionista sorriu quando Naruto colocou os olhos em si, e mesmo que estivesse bastante grogue, acenou simpático com a mão.

-Oi, Dei…

-Tudo bem, anjo?

-Uhum… -Murmurou manhoso, bocejando ao ir novamente atrás de Sasuke. Afundou o rosto em seu peito e fechou os olhos involuntariamente, jurando que poderia adormecer de pé. -Sono…

-Eu sei, loirinho. -Riu carinhoso. Durante toda a noite, Naruto não havia desgrudado de si nem por um segundo, e quando o afastava por algum motivo — tipo quando precisou ir ao banheiro — seu loirinho ia atrás de si como um imã. -Vamos indo pro carro, sim? Lá você descansa.

Itachi aproveitou a brecha.

-Bem, então acho que nós vamos indo. -Sorriu diretamente para Deidara, que encolheu os ombros. -E-Eu… Eu adorei hoje. Espero que a gente possa sair mais vezes, Dei. 

O loiro assentiu desesperado.

-Com certeza! -Segurou suas mãos, deixando-as juntas na frente de seus corpos. -Anjo, eu vou te encher o saco até você sair comigo de novo! 

Ele riu divertido.

-É só me chamar.

Ambos se entreolharam, sorrindo em silêncio.

Definitivamente, não queriam se despedir.

-Obrigado por hoje. -Deidara tomou a dianteira, aproximando seus rostos para beijá-lo.  

Eles deram um selinho tímido.

-Eu que agradeço…

-Te vejo em breve, então? -Sorriu com expectativa. 

-Com certeza.

Sasuke e Obito também assistiam tudo em silêncio, trocando sorrisos entre eles. Naruto ainda estava meio avoado de tanto sono, mas é claro que os três estavam orgulhosos com o resultado daquele encontro. Para ambos terem se beijado como despedida, aquilo significava que tudo ocorreu bem enquanto estavam a sós.

-Adorei conversar com você, cara. -Sasuke virou-se até Obito. -Obrigado pelas bebidas, eu fico te devendo uma.

-Que isso, cara, imagina. -Apertaram as mãos. -Espero te ver em breve também.

Deidara também acenou para Sasuke.

-Até mais, anjo.

-Falou, David.

Entre um bocejo e outro, Naruto murmurou:

-É Deidara, Sasuke...

Não querendo mais prolongar as despedidas — que, em sua visão, estavam começando a ficar dolorosas por não saber ao certo quando veria o seu nutricionista novamente — Itachi tocou no ombro de seu irmão para que fossem logo:

-Boa noite, gente.

Eles responderam em conjunto, e da parte de Deidara, houveram sorrisos bobos e tristes.  

Por fim, criou coragem para virar de costas e "deixar para trás" a noite. Ainda precisaram passar pela mesma cortina de coloração vinho que entraram, e tudo isso com mais um monte de homens que também decidiram ir embora no mesmo horário. Naruto andava abraçado com Sasuke e mal abria o olho, por isso, foi difícil guiar o seu loirinho durante o breve caminho ao estacionamento, fora que estava bastante curioso a respeito do encontro de seu irmão e planejando questioná-lo absolutamente o que aconteceu.

Itachi ia andando na frente, meio quieto e misterioso. Por dentro, estava completamente eufórico, mas ainda não sabia como demonstrar o que estava sentindo na maneira externa. 

Em silêncio, tirou a chave do bolso e destravou o carro, olhando até seu irmão para conferir se ele precisava de alguma ajuda com o Naruto. Bom, aparentemente, as coisas estavam sob controle. Sasuke conseguiu abrir a porta e colocá-lo no banco traseiro, sussurrando baixinho que eles chegariam rápido e que o jovem poderia dormir ainda melhor em sua própria cama, e não com a cabeça apoiada no seu ombro duro.

Colocou o cinto em seu loirinho e se certificou uma última vez se ele estava realmente seguro, imaginando que seu irmão voltaria a cair em diversos buracos durante o percurso, especialmente após passar pelo estresse geral do encontro. Por fim, se afastou da porta e a fechou com cuidado, observando Naruto encostar a cabeça no vidro e fechar os olhinhos.

Sasuke finalmente pôde olhar para Itachi. 

O fato é que ele estava sério e com os braços cruzados na altura do peito. O caçula não soube ao certo o motivo, mas decidiu copiar sua mesma expressão carrancuda, imaginando o que poderia estar se passando em sua cabeça. Pouco a pouco, foi deixando a ideia de lado e prensando os lábios para não deixar um sorriso escapar diante da situação incomum em que se encontraram — ambos se encarando no meio da rua, de madrugada, na frente de um bar gay e com a bebida ainda revirando seu estômago — notando que o primogênito também começou a ficar da mesma maneira, aparentando estar se segurando para não gritar de tanta alegria.

-E então? -Mexeu as sobrancelhas com um ar safado. -Beijou ou não beijou?

Itachi abriu um sorriso. 

-Beijei! 

Sasuke literalmente chorou de tanto orgulho. Viu o quanto seu irmão estava verdadeiramente animado e deixou uma ou duas lágrimas descerem quando juntou seus corpos em um abraço. É claro que a bebida estava falando mais alto no momento, mas nenhum dos dois se importou em dar pulinhos no meio da rua e quase berrar de tanta emoção. Itachi não conseguia crer que havia mesmo beijado alguém, juntamente com o mais novo que, mais do que ninguém, sabia o quanto ele era um tiozão encalhado.

Era um dia de glória.

Naruto, ainda de dentro do carro, não estava entendendo muita coisa. Observa a cena chapado de sono, franzindo o cenho quando Sasuke levantou seu irmão do chão e o rodou no ar, possuindo uma expressão estranhamente chorosa e orgulhosa no rosto.

Devem estar bêbados. Foi o que ele pensou antes de fechar os olhos novamente e se deixar ser tomado pelo sono de uma vez por todas. Mas de qualquer forma, já não estava mais raciocinando. Se estivesse lúcido, saberia que Itachi não consumia nada alcoólico e que jamais seria irresponsável ao ponto de dirigir bêbado.

-Que orgulho de você! -Sasuke exclamou ao colocá-lo de volta ao chão, fungando o nariz para conter as lágrimas. Certo, talvez estivesse só um pouquinho bêbado. -Você precisa me contar tudo!

-Ele disse que está se apaixonando por mim! -Sacudiu seu irmão alegremente. Era muito bom poder compartilhar "os detalhes" com alguém, e sinceramente, estava se aproveitando do fato de Sasuke não estar muito sóbrio, fora que ele provavelmente não se lembraria de muita coisa na manhã seguinte. Quer dizer, pelo menos era com isso que Itachi contava. -E também ficou me elogiando toda hora e sendo fofo! 

Sasuke enxugou outra lágrima.

-Que lindo! Eu estou muito feliz por você! 

Itachi riu abertamente.

Seu irmão bêbado era uma pérola.

-Vem, vamos entrar no carro. -Sugeriu. -O coitadinho do Naruto 'tá morrendo de sono.

-Verdade. Coitado dele. 

Seguiram juntos para os bancos da frente. 

Ainda estava surtando internamente com o beijo, o que só se intensificou quando Sasuke voltou a fazê-lo um monte de perguntas sobre o encontro enquanto colocavam o cinto e davam partida:

-Teve língua no beijo, né?!

-Sim… Teve sim.

-Ele que te beijou ou você que beijou ele?!

-Ah… Eu não sei. -Olhou pelo retrovisor para dar ré, concentrando-se em conversar e conduzir o carro ao mesmo tempo. -Foi meio que ao mesmo tempo. Mas isso tem alguma relevância? 

-Claro! Quem beija primeiro é o ativo! 

Itachi franziu o cenho, rindo confuso.

-Você 'tá viajando, isso sim… E por falar nisso, pra que beber tanto assim, hein? Hoje é quarta, Sasuke, amanhã você tem aula. 

-Que se foda a escola! 

-Olha a boca. -Estalou a língua. 

-É isso aí! -Apontou os dois dedos do meio para o teto do carro. -Quero mais é que se foda aquele colégio de merda! Eu vou virar striper e vender fotos do meu corpo na internet!

-Deixa o papai e a mamãe escutarem uma coisa dessas… -Repreendeu, dando uma breve olhada para trás quando notou o loiro se remexer. -E fala mais baixo, você está acordando o Naruto. 

Sasuke tapou a boca. 

Infelizmente, já era meio tarde para isso. Seu loirinho começou a despertar enquanto sibilava palavras confusas, abraçando o próprio corpo pelo frio e a falta de conforto por estar em um carro chacoalhando e caindo em buracos. 

-S-Sasuke…?

-Oi, oi. -Respondeu baixinho, recebendo uma encarada bem desagradável de Itachi. Deveria ter baixado seu tom de voz a muito tempo. -Tudo bem, loirinho?

-Onde a gente está? 

-'Tamo na rua ainda, mas já está pertinho da sua casa. -Sorriu tranquilo. 

Naruto amuou.

-N-Não, Sasuke… Por favor. -Choramingou, esfregando os olhos com o punho. -Eu não quero ir pra minha casa, eu quero dormir na sua…

Sasuke olhou sugestivo para seu irmão.

-Deixa o Naruto dormir em casa? 

Itachi negou com a cabeça.

-Não dá, meninos. 

-Por que não?! -Ele o olhou surpreendido. Desde quando Itachi negava a presença de Naruto?

-Você já se esqueceu que os pais dele proibiram? -Relembrou. -O Naruto não pode mais frequentar nossa casa. Ordens do Minato e da Kushina. 

Sasuke bateu os pés no chão. Deu um chute no carro e cruzou os braços com um ar pirracento.

Aquilo era tão injusto. Naruto era muito mais feliz em sua casa do que ficando sozinho naquele bairro de gente riquinha e chata. Não que não gostasse de frequentar a mansão do loiro e desfrutar de seu conforto e sofá macio, mas sabia bem sobre as preferências do jovem.

-P-Por favor, Ita… -Pediu manhoso, sentindo uma leve vontade de chorar. Não queria ficar sozinho, de novo não. Ainda mais chegando de madrugada e não fazendo ideia do que poderia encontrar dentro de sua casa. E se ela tivesse sido invadida? E se fosse assaltado de novo? -Eu não quero ficar sem ninguém… Quero dormir com o Sasuke. 

O caçula se comoveu. Não soube dizer se era somente a bebida falando mais alto outra vez, mas ficou efetivamente afetado com o pedido, virando-se para trás com um ar chateado e acariciando sua perna ao vê-lo fazer bico. 

-Oh, judiação... -Estalou a língua, olhando enfurecido para seu irmão. -Você não tem coração, Itachi?! O garoto não quer ficar sozinho!

Itachi o fitou com tédio.

Não era bem ele o irmão sem coração.

-E-Eu quero dormir com você, Sasuke… -Se encolheu no banco, fungando o nariz. -Minha casa me dá muito, muito medo. 

-Eu sei, loirinho, eu sei… -Passou a mão por seu cabelo, sorrindo calmo. Como ele era fofo. -Eu durmo com você, está bem? Não precisa chorar.

O primogênito discordou.

-Sasuke, não tem como a gente deixar ele lá em casa de novo. Já não basta termos levado o Naruto escondido pra um bar gay. Não dá pra desobedecer ainda mais. -Tentou fazê-lo enxergar a situação. -Também me dói deixar ele sozinho, mas o máximo que a gente pode fazer é dar uma olhada na casa para se certificar de que está tudo bem e fazer ele se sentir seguro.

Naruto voltou a choramingar.

-Ele só vai se sentir seguro comigo! -Apertou a mão de seu loirinho no banco de trás. -E se você não quiser deixar o Naruto dormir lá em casa, então eu vou dormir na casa dele! 

Itachi suspirou, derrotado.

Continuava estranho ver o seu irmão tão preocupado com o bem-estar de alguém ao ponto de "ceder" sua noite de sono para mantê-lo seguro. Sinceramente? Era até estranho se lembrar de quanto Sasuke simplesmente detestava ir para a casa de Naruto cuidar dele.

Agora, ele fazia questão.

-Eu durmo na sua casa, pode ser? -Anunciou sensivelmente. -O Itachi leva a gente lá.

Naruto assentiu, engolindo o choro.

-M-Muito obrigado, Sasuke. Eu te amo.

Como resposta, o moreno sorriu com carinho, dando uma risadinha e ajeitando sua franja loirinha para separá-la de seus olhos úmidos. De tão presos que estavam um ao outro, nem se lembraram de que Itachi também estava no carro e momentaneamente sem falas com o "eu te amo" que escutou. Então eles já haviam oficializado o namoro? O que aquilo significava? E por que Sasuke não lhe respondeu de volta? 

Quer dizer, sabia que seu irmão não era muito do tipo que reagia a um "eu te amo", mas ficou surpreso ao ver a que ponto haviam chegado com o relacionamento. Quem sabe mais tarde, quando criasse coragem, questionasse a um dos dois se estavam oficialmente namorando. 

Os próximos cinco minutos foram seguidos em total silêncio, e bem quando Naruto estava próximo a adormecer novamente, o mais velho estacionou o carro em frente a sua casa. A freada bruta fez com que reabrisse as pálpebras, olhando receoso para o bairro vazio e assustadoramente silencioso. Jamais iria superar seu medo, assim como Sasuke não se perdoaria por ser um dos que "contribuiu" para que esse trauma fizesse parte de sua vida.

-Vamos? -Se virou sorridente.

-V-Vamos…

Sasuke olhou para seu irmão:

-Boa noite, então. Me manda mensagem quando chegar em casa pra eu saber se você 'tá vivo. 

-Nada disso, eu vou entrar com vocês. -Tirou seu cinto de segurança. -Vamos indo.

-Ué? Você vai entrar por quê?

-Você acha mesmo que eu vou te deixar bêbado cuidando do Naruto? -Abriu a porta, suspirando meio desapontado. Não estava muito a fim de dormir fora aquela noite, no entanto, estava disposto a fazer um esforço por seus meninos. -Vai, vamos logo antes que eu mude de ideia. 

O loiro sorriu animado. 

-Eba! -Pulou para fora do carro. Estava muito contente que seu antigo babá também dormiria consigo, por isso, correu para lhe dar um abraço bem apertado de agradecimento. Com Itachi e Sasuke, ficaria duas vezes mais seguro. -Que bom que você também vai dormir em casa, Ita! 

Itachi correspondeu carinhosamente.

-Faz tempo que eu não durmo aí, né? 

-Sim, muito tempo! 

O caçula se aproximou meio enciumado.

-Trava o carro, Itachi. 

-Já travei.

-Então para de enrolação, não dá pra ficar dando mole na rua. 

-'Tá, eu entro primeiro. -Pegou a chave com Naruto e seguiu na frente. 

Sasuke ficou parado na entrada com o seu loirinho, recebendo um abraço apertado de sua parte. Naruto estava realmente preso à ideia de que alguém havia invadido a casa em sua ausência, por isso, esperou o primogênito destrancá-la e checar, em primeiro lugar, à sala. 

O Uchiha queria entrar de uma vez, mas se forçou a ter paciência e respeitar os medos alheios enquanto seu irmão olhava, literalmente, a casa inteira. Itachi sabia que não encontraria nada suspeito ou incomum por ali, mas também fez um esforço para tranquilizar o loiro, descendo as escadas com um ar distenso e amigável.

-Está vazia, podem entrar. 

Naruto tirou um peso de suas costas.

Cansado, se permitiu ser guiado para dentro sem mais enrolações. Quando a porta fechou, fez um sinal apreensivo com as mãos para que Sasuke trancasse-a a sete chaves. O moreno obedeceu, sendo o mais compreensível possível diante da situação, especialmente ao considerar todo o trauma que ele adquiriu após o assalto. 

Juntos, seguiram até o andar superior. Subiram as escadas com cuidado — isso porque Sasuke estava meio zonzo e ficava tombando para o lado — e atravessaram o extenso corredor até a porta de coloração laranja. Naruto foi quem a abriu, suspirando em total alívio por finalmente estar em segurança. Ascendeu a luz e se permitiu tirar os sapatos, notando que o Uchiha mais novo também o copiou, sentindo-se bem mais em casa do que o seu antigo babá que, por sinal, frequentava a residência a mais tempo que ele.

-Ah, que delícia! -Sasuke se alongou, estralando suas costas e pescoço. -Eu acho que nunca vou me cansar de dizer o quanto eu amo a sua casa, loirinho! Aqui é o paraíso!

Naruto riu com o exagero, piscando fraquinho e sonolento. Como estava cansado, logo tratou de se deitar, afundando o rosto no macio do travesseiro enquanto assistia os irmãos se locomoverem ao redor do quarto, cada um preso em suas respectivas tarefas. Itachi, como sempre, se mostrou mais responsável ao buscar um pijama para o loiro vestir, sabendo que ele estava cansado o bastante para não querer mais se levantar, enquanto Sasuke simplesmente começou a dançar de frente para o espelho e gravar vídeos aleatórios com o seu celular.

Ele ainda continuava meio bêbado.

-Aqui, baixinho... -O primogênito lhe estendeu seu pijama de frio favorito com estampa de ursinho. -Veste ele, sim? Não dorme de calça jeans, não. É desconfortável. 

-Obrigado, Ita. -Se sentou na cama. -Mas e vocês? Vão dormir com essa roupa?

-Eu pego a minha roupa reserva. -Relembrou-o. -Aquela que eu deixava aqui em casos de emergência, lembra?

-Sim, agora eu me lembrei. -Deu uma risadinha. -Mas e o seu irmão? Como vai dormir?

Ambos viraram-se para Sasuke. 

Ele continuava com o celular em mãos. Cantava uma música aleatória — o qual Naruto, que sempre foi mais chegado ao estilo POP, reconheceu como "Baby" do Justin Bieber — e tirava fotos com a blusa mais ou menos erguida para mostrar o seu "tanquinho", além de estar fazendo umas poses bastante estranhas e sem sentido.

-Ele se vira. -Itachi deu de ombros. -Se veste, tá bom? Eu vou procurar a minha roupa reserva, acho que está lá embaixo na lavanderia. 

Naruto concordou.

Esperou ele sair pela porta e começou a se despir, tirando a blusa bem preguiçosamente. O melhor de tudo foi quando conseguiu se livrar daqueles jeans apertados, vestindo uma calça larguinha e uma camiseta no mesmo estilo. Sasuke ficou o tempo todo no celular, e apenas voltou à realidade quando seu irmão retornou ao quarto, vestido com uma regata preta e uma calça de moletom que a muito não o via usar.

-Itachi! Vem aparecer no meu vídeo! -O puxou para a frente do espelho. -Olha, gente! O meu irmão! Ele não é uma gracinha?!

Naruto voltou a deitar, rindo entredito.

Como Sasuke conseguia estar tão feliz e energético às duas horas da manhã? 

-Fala alguma coisa pro meu vlog, Itachi! 

-Sasuke, vamos dormir. -Anunciou cansado, especialmente quando seu irmão começou a dançar, sacudindo seu corpo junto. -Amanhã você grava seus vídeos ou sei lá o que você está fazendo, eu e o Naruto estamos cansados.

-Loirinho, você está mesmo cansado?!

-Uhum… Um pouquinho.

"Um pouquinho" era eufemismo.

Naruto estava podre de tanto sono. 

-Ah, gente! -Reclamou. -Eu não estou com sono!

-Vai, vem deitar. -Itachi abaixou seu celular, incentivando-o a parar com aquele monte de filmagens sem sentido. -Você precisa descansar.

Sasuke fez bico e andou de má vontade. No entanto, passou a gostar um pouco mais da ideia de se deitar quando recordou-se que dormiria na mesma cama que Naruto. Era tão confortável, fora que seu loirinho era quentinho e macio como uma pelúcia. De repente, se atirou com força no colchão. Itachi o repreendeu com olhares, principalmente pela cama ter feito barulho, assim como se uma mole tivesse saído do lugar.

-Eita… Espero que não tenha quebrado.

-Vai, sossega. -O mais velho murmurou, empurrando-o até que estivesse deitado no travesseiro. O bom é que Naruto não parecia se incomodar em dividi-lo com o seu irmão e até sorriu quando ele também entrou debaixo de seu edredom. -Pronto. Vamos fechando os olhos.

-Ai, pera… -Sasuke arrancou sua blusa do "Fuck you loser" fora, simplesmente atirando-a na cara de Itachi. -Pronto, bem melhor! Ah, delícia! 

Naruto riu com o rostinho corado. Tinha vergonha de admitir o quanto gostava de ver Sasuke sem sua camisa, especialmente quando ele o abraçava. Era muito mais confortável.

-Boa noite, meninos. -Pendurou a blusa de seu irmão no ombro e partiu em direção à escrivaninha para desligar o abajur. -Se precisarem de mim, eu vou estar na sala.

-Pode deixar, Ita. 

Itachi voltou a se aproximar, sorrindo carinhoso.

Não conseguiu se segurar, e por mais infantil que pudesse ser, resolveu dar-lhes um beijo de boa noite. Naruto sorriu quando notou as suas intenções. Gostava muito de receber beijinhos antes de dormir, algo que, infelizmente, nunca teve muito acesso em sua infância. Seus pais mal tinham tempo para colocá-lo na cama. 

-Dorme com Deus. -Sussurrou e beijou a testa do loiro, logo partindo para seu irmão. -E você, vê se não apronta, hein? É pra fechar o olho e dormir.

Sasuke o atacou antes.

-Ah, Itachi! -Puxou ele fortemente pelos braços, espremendo-o em um abraço bem apertado. O fato é que, além de suspirar assustado, Itachi acabou caindo em cima dos meninos. -Você é o melhor irmão do mundo! Eu te considero pra caralho, sabia?! Juro, eu te daria meu rim! 

-Sei, Sasuke, sei… -Se levantou meio atrapalhado, não sabendo se ria ou se reclamava do que acabara de acontecer. No final, decidiu apenas sorrir pelo fato de Naruto não parar de gargalhar. -E eu também sei que você está bêbado e falando um monte de besteiras.

-Eu não estou bêbado! 

-Está sim… -Murmurou, beijando sua testa como despedida. -Hora de dormir. Sossega o facho. 

Sasuke ficou a resmungar sozinho, fazendo bico enquanto assistia Itachi ir embora. No segundo em que encostou a porta do quarto, virou-se curioso até seu loirinho, que apesar de estar com o rostinho bem próximo ao seu por cima daquele travesseiro, possuía um ar distante e sonolento. 

-P-Posso te abraçar, Sasuke? -Indagou tímido, encostando a mãozinha em seu peito ao esperar pela autorização. -Tô com frio… 

-Uhum… Vem cá. -Abriu os braços de muito bom grado. Seu loirinho veio com um sorriso doce, circulando seu tronco e apoiando a cabeça em seu peito quente. Sasuke também o correspondeu, sentindo seu primeiro vestígio de sono ao abraçar a cintura dele por baixo do cobertor. -Que gostoso… Você é muito macio, loirinho, parece uma pelúcia fofa e peludinha. 

Naruto riu divertido.

Parece que, estar bêbado, fazia Sasuke dizer algumas coisas que jamais admitiria sóbrio.

-V-Você 'tá me chamando de peludo, é?

-Não, não… Tô te chamando de fofinho. -Roçou a face por seu cabelo cheiroso. -Muito fofo...

Naruto corou sem que ele visse.

-Ah, Naruto, eu gosto tanto de te abraçar… -Murmurou entre bocejos, nem se dando conta do quão "aberto" estava sendo naquele momento. Sinceramente, Naruto desejou que ele ficasse bêbado mais vezes e disse-lhe coisas que não tinha coragem sóbrio. -Mas só você, sabe? Mais ninguém… Só o seu abraço é legal. E o do Itachi às vezes… Mas, sei lá, entende? É diferente.

O loiro sorria abertamente.

Suas bochechas até doíam. Sasuke havia admitido que também gostava de abraçá-lo. 

-E-Eu também sinto o mesmo. -O agarrou mais forte e suspirou abobado. Estava tão apaixonado por ele. -Eu te amo, Sasuke… A melhor coisa que existe pra mim é ficar perto de você.

O Uchiha soltou um som fofinho. 

-Ah, loirinho… -Beijou sua cabeça, sentindo o coração bater forte quando Naruto escondeu o rostinho em seu peito e sorriu. -E se eu te disser que você é a minha pessoa favorita no mundo? 

Seu loirinho caiu no silêncio.

-V-Você 'tá falando sério? -Perguntou emotivo, olhando-o com as íris marejadas. -É verdade mesmo? Ou é só porque você está bêbado? 

Sasuke riu, beijando sua testa.

-É verdade verdadeira. -Respondeu com todo o carinho, parecendo saber o quanto aquilo significava para si. -Bêbados são muito sinceros, tá bom? E eu estou te dizendo que você é a minha pessoa favorita nesse mundo. 

Naruto entreabriu os lábios, emocionado.

Aquilo não era exatamente um "eu também te amo", no entanto, era o mais perto que Sasuke já chegou de demonstrar em palavras esse sentimento que, no fundo, tanto ele como Naruto sabiam que existia. Estava tão grato por isso, e jurou que começaria a chorar ali mesmo.

-V-Você também é minha pessoa favorita, Sasuke… -Choramingou manhoso, voltando a abraçá-lo com toda a força. -A melhor de todas. 

Ele o acolheu de volta, fechando os olhos sonolentamente quando apoiou o queixo em sua cabeça. Adorava todo aquele carinho que recebia de seu loirinho, e ficava contente em retribuir.

-Neném… -Sussurrou quando o sentiu bocejar contra sua pele, demonstrando estar bastante cansado para continuar dialogando. -Dorme bem. Eu vou ficar aqui com você.

Naruto sorriu tranquilo, principalmente ao se dar conta de que aquela era a segunda vez seguida que Sasuke dormia consigo em sua cama. Não se importava nenhum pouco em passar por isso todas as noites, na verdade, era o que mais desejava em sua vida.

No final das contas, cada um conseguiu o que queria naquela noite. Naruto estava seguro e aos braços de Sasuke, enquanto este já sentia o sono tomar conta, não só pela bebida, mas pelo conforto de ter o corpo quente e macio de seu loirinho colado ao seu. E por fim, mas não menos importante, Itachi no andar de baixo. Ele sim, entre todos os meninos, era quem mais se sentia vitorioso. 

Com certeza dormiria com um sorriso no rosto e com a bela imagem de Deidara em sua mente.


Notas Finais


Obrigada a todos que leram até aqui 💕

Antes de saírem, tenho um ✨MOMENTO PERGUNTA✨ que tem muito a ver com o tema da fanfic, mas que eu nunca cheguei a perguntar pra vocês (pelo menos eu acho):

-> Alguém aqui já passou nas mãos de babás (teve alguma/ algum babá na infância)? Ou foram os pais/responsáveis de que sempre tomaram conta de vocês?

KKKKKKK fiquei curiosa!!

Um beijão, até o próximo cap 💖


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