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História O Babá (SasuNaru) - Shoppings e cachorrinhos


Escrita por: Deid4raGay

Notas do Autor


oiii oiii, alguém ainda lê a história? 😣
Bem vindos a mais um capítulo, me perdoem pelo tamanho desse kkkkkkkkkk
Tentei ser o mais breve possível com a postagem, mas esse mês foi bem complicadinho!

Enfim, meu amores, espero mesmo que gostem 💕
Aproveitem a leitura! ^^

Capítulo 23 - Shoppings e cachorrinhos


Sasuke estava debaixo do chuveiro faziam uns quarenta minutos ou mais. Em silêncio, sentia a água fria escorrer por sua pele e arrepiá-lo por inteiro, levando embora os últimos vestígios de seu xampu a base de ervas e baunilha — que, por sinal, teve que economizar para não chegar ao fim, já que o produto era caro e, infelizmente, tinha que dividi-lo com o Itachi e seu cabelo de Rapunzel. Argh, como detestava ser classe média e ter que partilhar tudo. Nem mesmo um mísero xampu podia ter só para si.  

Estava em um belíssimo mau humor naquela manhã e tudo parecia estar virando motivo para xingar e reclamar de sua "vida de pobre". A única coisa minimamente boa é que havia deixado o colégio mais cedo após terminar a prova de filosofia bem antes do previsto — umas duas horas adiantado — e diga-se de passagem que estava estupidamente fácil, embora tediosa. 

Sem nada de importante para fazer fora do banheiro, se distraía observando o ralo engolir a água sem parar, mantendo a testa franzida em um típico sinal de reflexão e, em especial, preocupação. O fato é que, durante aquele longo e tedioso banho, havia se dado conta de algo realmente drástico. Faziam quase dois dias que não via o seu loirinho pessoalmente. 

Quarenta e oito horas sem falar com o Naruto. 

Após o incidente com Minato e Kushina, nem mesmo suas mensagens ele estava respondendo. É claro que passou por sua cabeça o fato de seus pais terem lhe deixado de castigo e tirado a sua liberdade de mexer no celular quando bem entendesse, e o pior de tudo é que já havia tentado aparecer "de surpresa" na casa dos Uzumaki e pular a janela de seu quarto para saber o que exatamente estava acontecendo, no entanto, com os dois adultos por perto, era impossível. Por algum motivo desconhecido, eles haviam ficado aquele resto da semana em casa e não foram viajar como o habitual. Estava ciente de que seu loirinho gostava da companhia de ambos, mas para Sasuke, era um total pesadelo. 

Com eles por perto, Naruto não precisaria de seus serviços de babá e, em consequência, os adolescentes não se veriam todos os dias.  

Sasuke não estava aguentando de saudades.

Era até estranho, já que nem estavam a tanto tempo assim sem se falar. Na realidade, sentia-se incrivelmente culpado por tudo o que aconteceu e por ter ficado tão bêbado da última vez em que se viram. Por sua causa, Itachi quase perdeu o emprego pela segunda vez, além do mais, Minato e Kushina ficaram extremamente irritados com a situação e descontaram suas frustrações em seu loirinho. 

Não conseguia parar de pensar em seu rostinho chateado enquanto escutava seus próprios pais lhe humilhando e falando absurdos a respeito de seu corpo. Sasuke só conseguia sentir ódio, nada mais. Ódio por não ter tido a oportunidade de defendê-lo daqueles dois loucos e nem de abraçá-lo — se bem que vontade não lhe faltou. 

Ele mal via a hora de ver Naruto. Estava contando os segundos e mandando mensagens atrás de mensagens — lá no fundo, sabia que não adiantaria de nada encher a sua caixa de torpedos, mas aquela era a maneira mais saudável que encontrou de aliviar a sua tensão e saudades. Enquanto isso, também lutava duramente para se distrair e afastar-se de todos os pensamentos ruins/maldosos que andava tendo. Sinceramente, havia gastado grande parte de seu tempo imaginando possíveis formas de torturar o Minato e a Kushina por terem machucado o seu loirinho daquele jeito. 

É claro que não pretendia colocar nenhuma de suas ideias em prática, mas mesmo assim, estava gostando de imaginar uma vingancinha contra eles. Será que jogar um balde de ácido sulfúrico em suas cabeças pegaria mal? 

Além de tudo isso, também estava meio brigado com o Itachi, mas nada muito preocupante ou que tirasse seu sono. O fato é que seu irmão lhe deu a bronca do século por ter bebido e dado tanto trabalho na noite em que dormiram na casa do Naruto, fora que, horas mais tarde, Sasuke descobriu que sua conta de 12K foi deletada por tempo indeterminado em consequência a uma denúncia feita pelo Itachi. Mas isso era o de menos, sinceramente. Em qualquer outra época, estaria mil vezes mais irritado com a perda de seguidores, sobretudo, só conseguia pensar no Naruto e na saudades absurda que sentia dele. 

Precisava vê-lo o quanto antes. 

-Sasuke?! -Batidas na porta interromperam seus pensamentos. -Você 'tá nesse chuveiro a mais de uma hora! Pensa no nosso planeta, por favor!

Ainda brisando no ralo, Sasuke grunhiu. Por que seu irmão era tão insuportavelmente chato? 

-Já vai, caramba! -Berrou de volta, só que mil vezes mais grosseiro. -Caralho de garoto chato! 

-Me respeita! 

-Respeita você o meu banho! -Rebateu, mas se viu obrigado a desligar o registro.

-Eu preciso fazer xixi e você não sai daí por nada, minha bexiga vai explodir a qualquer minuto

Sasuke puxou a toalha violentamente.

-Usa o banheiro de baixo, casseta!

-O de baixo tá entupido, cassilda!  

Ele esmurrou a pia, descontando suas frustrações durante aquela breve discussão:

-Então mija no quintal, cara! Porra, que saco! 

Itachi riu sarcástico.

-Eu não sou um cachorro pra fazer xixi no quintal e eu exijo o meu tempo de banheiro! -Pelo baque do outro lado, deduziu que seu irmão estivesse se apoiando para marcar território. -Anda logo! Eu quero entrar, já! 

Com o rosto fervendo pela encheção de saco, Sasuke não mediu esforços para abrir a porta com tudo. Previsivelmente, Itachi quase despencou em cima de si, mas conseguiu ser rápido ao apoiar-se sobre a pia e impedir uma queda bem mais séria. De bruços no balcão, olhou abismado para o caçula, que somente amarrou a toalha na cintura e saiu marchando em direção ao quarto sem lhe dar as caras. 

Estava precisando esfriar a cabeça de algum jeito e, infelizmente, o banho gelado que tomou não foi o bastante. A situação com Naruto era tudo o que conseguia pensar.

Até quando ficaria sem vê-lo?

Entre bufadas e reviradas de olho, Sasuke adentrou o quarto. Saiu chutando as roupas sujas do chão enquanto se dirigia ao armário, deixando a toalha deslizar até seus pés. Como estava revoltado, obviamente quis transparecer isso de alguma outra forma, então optou por vestir a sua habitual blusa do Fuck You Loser, e ainda por cima, uma calça preta rasgada com um "You Suck" escrito minimalisticamente em seu bolso. 

Nem se deu o trabalho de pentear o cabelo.

Sacudiu a cabeça de um lado para o outro para retirar o excesso de água em seus fios, escutando, ainda de dentro do banheiro, seu irmão dar descarga e lavar as mãos. Sasuke quis se jogar na cama, e mesmo que estivesse bagunçada e com o lençol fora do lugar, deitou-se com uma carranca e abraçou seu travesseiro.

Logo, lá estava ele conferindo o celular de novo.

Não havia nenhuma notificação do Naruto. Na real, suas mensagens nem haviam chegado para si. Em meio aos incontáveis torpedos que lhe enviou, o último que escreveu havia sido a menos de duas horas atrás: "Bom dia, loirinho… Por onde você anda, hein? Eu tô com saudades". 

Lendo o que ele mesmo escreveu, o Uchiha amarrou a cara. Até quando Minato e Kushina deixaram seu filho sem celular? Até quando ficariam longe um do outro? Sasuke só queria se desculpar. Estava genuinamente arrependido do que fez em sua casa e, em especial, por ter causado tantos problemas ao seu loirinho.

-Você viu o texto que a vovó postou no face? -A voz de Itachi, mais uma vez, interrompeu seus pensamentos.

Ainda abraçado contra seu travesseiro, Sasuke não mediu esforços para fazer careta. Seu irmão era tão estranho e aleatório. A segundos atrás estavam quebrando o pau um com outro, e agora Itachi agia como se nada tivesse acontecido.

-Óbvio que não. 

-Por que "óbvio"?

-Porque face é coisa de tiozão, Itachi. 

Em resposta, pôde escutá-lo estalar a língua e murmurar alguma coisa sobre sua grosseria. 

Desde a bronca que deu no caçula, ambos não estavam conseguindo ter um diálogo sem dar coices e patadas um no outro — se bem que Sasuke estava muito mais bruto do que ele. Já era padrão brigarem entre si, entretanto, se tivesse a oportunidade, o mais velho gostaria de voltar ao normal. Acontece que nenhum dos dois havia tomado a iniciativa de pedir desculpas.

-Pra sua informação, o texto é muito lindo. -Itachi andava pelo quarto, organizando as roupas que estavam jogadas pelo chão. -Eu chorei lendo, ela fez pro vovô. Ontem foi aniversário de morte dele. 

-Novidade, você chora por tudo. 

Itachi bufou, batendo a porta do armário.

-Quer saber? Eu cansei, não falo mais com você hoje. -Resmungou ofendido. -Você é um grosseiro, eu só estou tentando puxar assunto! 

Sasuke se arrependeu imediatamente.

Sabia o quanto estava sendo malcriado durante as últimas horas, especialmente com o Itachi. O fato é que se sentia muito culpado pelo o que fez, e seu irmão tornou-se o saco de pancadas ideal para descontar sua raiva, já que foi ele quem jogou as verdades em sua cara quando disse a Sasuke o quanto ele deu trabalho, fora que lhe  aconselhou a nunca mais beber na vida.

Chateado com a situação, esfregou sua face lentamente e tentou se livrar de todo aquele mau humor que o consumia. No final das contas, seu irmão não tinha culpa de nada, mesmo tendo lhe dado a maior bronca de toda a sua vida. Foi Sasuke quem estragou tudo, como sempre. 

Com mais um suspiro, criou coragem para se levantar e seguir até a outra cama. Itachi já havia se jogado em seu próprio colchão e puxado o celular com um bico raivoso. Sasuke queria mesmo consertar as coisas. Já era péssimo ter que ficar longe de seu loirinho e sem saber se ele estava bem ou se estava sofrendo na mão daqueles pais loucos, então ao menos tentaria se acertar com quem dividia o próprio quarto.

-Nem vem. -Itachi resmungou quando notou sua aproximação. Virou para a parede e fez cara de poucos amigos. -Eu não quero papo com você.

Sasuke o ignorou, sentando no colchão.

-Foi mal... -Cutucou suas costelas. -Foi chatão da minha parte te tratar daquele jeito. Eu sei que você ficou chateado com o aniversário de morte do vovô e eu deveria ter sido mais sensível.

-Hm.

-Eu tô desculpado? -Indagou esperançoso. -A gente pode parar de brigar agora? 

Itachi continuou mexendo no celular.

-Fala alguma coisa, Itachi.

Seu silêncio permaneceu firme. Por dentro, até que tinha o desculpado por todas as grosserias, mas ainda assim, queria fazer pirraça e mostrá-lo que não era certo ser tão insensível com o próximo. Sasuke, por sua vez, bufou alto quando não obteve a resposta que queria, sacudindo o ombro do outro para receber atenção: 

-Itaaaaachi? 

-Eu não sou surdo, Sasuke.

-Então me responde! 

Ele continuou atento ao aparelho, ignorando-o.

Sasuke soltou um grunhido birrento. Em um ato infantil, passou a puxar o cobertor de seu corpo e sacudi-lo freneticamente, no entanto, Itachi permaneceu firme. Ainda mais irritado pela falta de atenção, decidiu tomar uma medida que com certeza seu irmão não conseguiria ignorar. 

Deitou-se ao seu lado na cama e lhe deu um abraço bem apertado por trás. Itachi não queria, mas amoleceu na hora. Ainda continuou jogando para fingir que não se importava com a situação, mas acabou sorrindo quando escutou Sasuke estalar a língua e murmurar um pedido de desculpas estranhamente manhoso. 

-Está bem, vai… -Cedeu com uma risadinha.

Sorriu por não estar sendo mais ignorado:

-A gente 'tá de bem, então? Irmãos de novo?

-Sim, né? Fazer o quê… Eu não consigo ficar bravo com você por muito tempo. 

-Eu também não. -Quebrou o abraço para que  ficassem lado a lado, dividindo o travesseiro. -Nem mesmo depois de você denunciar a minha conta de 12K. 

Itachi fez careta.

-Eu tive meus motivos.

-Foi mancada, cara. -Falou sério. -Aquela conta era a minha maior conquista de vida.

-A sua maior conquista de vida se baseia em uma rede social e em um bando seguidores que você nunca sequer viu na vida? -Itachi refletiu.

-Falando assim parece até que é uma coisa ruim.

-Mas é uma coisa ruim. 

-Que seja. -Deu de ombros. -Eu vou falar com o suporte e ver se dá pra recuperar… Mas agora não, porque eu tô com outras coisas na cabeça.

Itachi virou-se para si.

-Você quer falar sobre essas "coisas"?

-Não tem o que falar.

-Você está pensando no Naruto, não é? 

Sasuke olhou para o teto, chateado.

-Uhum.

-Eu também andei pensando muito nele.

-Faz dois dias que a gente não se vê. -Lamentou em um murmúrio. -Ele também não responde minhas mensagens. Eu queria me desculpar, 'tá ligado? E também perguntar como vão as coisas.

-Ele deve estar bem, Sasuke, relaxa.

-Ele não está bem, Itachi. -Rebateu com preocupação, sentindo seu peito apertar com as cenas que lhe invadiram a mente. -Você não viu como ele ficou com tudo o que aqueles filhos da... Os pais dele falaram? 

Itachi franziu a testa com as memórias.

-É verdade, ele ficou bem chateado.

-Eu odeio eles. -Sasuke disse com frieza. -Eu juro que só de pensar naqueles dois imbecis eu tenho vontade de… Argh! -Socou o travesseiro com força. -Eles nunca deveriam ter tratado o Naruto daquele jeito e muito menos falado do corpo dele! Bando de filhos da puta! 

-Eu também acho… Quer dizer, eu não odeio eles, sabe? Odiar é uma palavra muito forte... -Ele alertou. -Mas o que os dois fizeram foi muito errado e sem noção. O Naruto ficou péssimo. 

Sasuke deu mais um murro no colchão.

-Eu tô com tanto, tanto, tanto ódio… -De certa forma, era bom desabar em voz alta sobre tudo o que sentiu e passou nos últimos dias estando longe do Naruto. -O pior de tudo é que eu não pude fazer nada a respeito, Itachi. Eu só fiquei assistindo enquanto aqueles arrombados humilhavam ele, eu… Eu quero matar os dois! 

Itachi o repreendeu.

-Para com isso, vai.

-Paro nada! Eu quero tanto que eles se fodam, tanto! -Seu rosto pegava fogo pela raiva. -Quero que eles sofram o tanto que o Naruto sofreu na mão deles! Eu odeio eles! Odeio, odeio, odeio! 

-Não fala assim. -Seu irmão lhe consolou, acolhendo-o em um abraço tranquilizador. Estava feliz por Sasuke se abrir consigo, sobretudo, não imaginou que ele estaria tão afetado com tudo o que aconteceu. Agora entendia o motivo de sua revolta nos últimos dias. -Eu entendo a sua raiva, de verdade, mas você não precisa se culpar por não ter conseguido fazer nada a respeito. Eu também estava lá e não pude reagir, mas isso não significa que você seja um mau amigo, namorado, ficante ou sei lá o que vocês são… 

Sasuke o escutava com um olhar raivoso.

-Caso a gente tivesse tentado defender o Naruto ou intervir na briga deles, pode ter certeza que as coisas acabariam bem piores do que já estão. -Tentou fazê-lo enxergar a realidade. -Eu não duvido que o Minato e a Kushina me demitissem ali mesmo por desacato a eles ou sei lá.

Com o nome de ambos sendo citado na conversa, o caçula se descontrolou novamente. Sem querer, apertou o braço de Itachi e cravou as unhas em sua pele, procurando uma maneira de descontar todo o seu ódio e frustração.

-Eu quero matar eles. -Falou sombrio.

-Nada disso. -Sorriu pacificamente, como se não estivesse sofrendo com as garras alheias. -Você precisa se livrar desses pensamentos ruins e mentalizar que vai ficar tudo bem. 

-Eu vou dar um tiro neles.

-Não vai não…

-Vou sim. 

-Na-na-ni-na-não. 

Susuke bufou com irritação. Ter um irmão good vibes também lhe tirava um pouco do sério, mas secretamente, gostou de como seu abraço lhe tranquilizou e tirou, mesmo que momentaneamente, seus pensamentos assassinos. Mas é claro que não admitiria em voz alta. Por fora, permaneceu com uma carranca.

Algum tempo se passou daquela forma, e com ele, veio o sono. Ambos estavam em silêncio e sem vontade de iniciar qualquer assunto, por essa razão, foram sentindo seus corpos amolecerem e a respiração pesar com o clima bom do quarto, especialmente por estarem em um escuro leve e com as cortinas fechadas.

-Você escutou isso? -Itachi murmurou após uns minutos, com a voz preguiçosa e arrastada.

Sasuke reabriu os olhos, sonolento. 

-Escutou o quê?

-Nada, eu tô ficando louco.

-Agora fala.

-Não é nada… 

Ele resolveu deixar pra lá, mas só porque estava muito molenga. Ambos estavam cansados e às vezes escutavam ou diziam coisas estranhas quando encontravam-se "chapados de sono". Com isso, resolveu fechar os olhos mais uma vez e se aproveitar de seu soninho da manhã para descansar, o que, infelizmente, durou pouco.

Aparentemente, Itachi não estava escutando coisas. E Sasuke logo soube disso quando o som distante da campainha invadiu seus ouvidos.

Ele quase passou despercebido. 

Sobretudo, foi alto o bastante para que ambos se entreolhassem em um misto de preguiça e indisposição, odiando serem interrompidos. Se conheciam o suficiente para saber que nenhum dos dois gostaria de descer para atender a porta. 

-Você atende dessa vez. -Sasuke lançou.

Itachi negou em desespero.

-Nem pensar que eu vou descer.

-É a sua vez de atender, Itachi.

-Olha bem pro meu estado, Sasuke. -Resmungou rouco. -Eu tô parecendo um mendigo. 

-E eu tô super decente, né? Olha o meu cabelo, cara, eu não penteio desde ontem.

-Pelo menos você tomou banho. 

-Isso não justifica. Eu tô com mais sono que você e com mais preguiça de me mexer. 

-E quem disse que você 'tá com mais sono?

-Quer saber? Só tem um jeito de resolver isso...

Em sincronia, sacudiram seus punhos:

-Pedra, papel, tesoura!

As apostas estavam feitas. Olharam esperançosos para os sinais feitos por suas mãos, mas somente Itachi sorriu ao se dar conta de que havia vencido aquela partida. Ele jogou a tesoura, enquanto o caçula jogou o papel. 

-Ganhei!

Sasuke quase se jogou do colchão com tamanha decepção que sentiu naquele momento. E enquanto isso, a campainha tocou de novo.

-Eu juro que se for aquela velha barraqueira da casa de baixo querendo encher a porra do meu saco por causa de vaga, eu vou mandar ela tomar no meio do cu! -Xingou ácido. -Hoje eu não tô bom das ideias, hein! Tô sem paciência!

-Percebe-se. -Itachi debochou. -Me diz, quando é que você tem paciência? 

Com uma última rosnada, ele levantou-se da cama com brutalidade. Ficou ainda mais enfurecido ao notar que Itachi voltou a fechar os olhos e tomou o lugar que antes era seu, por isso, fez questão de deixar a porta escancarada quando saiu, mas somente para que a luz de fora atrapalhasse o sono alheio em sua ausência. 

Passou pelo corredor batendo os pés e reclamando em voz alta, já mentalizando todos os xingamentos que soltaria para cima de sua vizinha caso ela resolvesse lhe encher o saco. Era sempre assim. Aquela velha não parava de tocar em sua casa e perturbá-los por um carro que, no final das contas, nem era seu. Se ela quisesse mesmo reclamar, que reclamasse com o seu pai, não com um adolescente de dezoito anos que mal sabe dirigir ou dar ré no veículo. 

Sasuke chegou no andar de baixo como um verdadeiro furacão, e para piorar a situação, ainda enroscou a blusa na cadeira e teve que parar no caminho para desprender-se. Tudo estava o irritando, absolutamente tudo. E foi com esse mesmo humor que gritou em alto e bom som ao escutar a campainha tilintar de novo: 

-Eu não sou surdo, caramba! -Abriu a fechadura com as mãos desengonçadas. -Eu, hein! Se 'tá com tanta pressa assim, pula a janela de uma vez! 

Diferente do que esperava, o indivíduo parado na frente de sua casa não tratava-se da vizinha barraqueira da rua de baixo. E Sasuke nunca ficou tão envergonhado por ter sido grosseiro:

-Eita… É o David.

-Quem? -Deidara riu.

Bom, pelo menos o nutricionista levou as coisas com um bom humor e não se sentiu ofendido com os xingamentos que recebeu, já que Sasuke estava claramente esperando outra pessoa. 

-Nada. -Sacudiu a cabeça. -Foi mal, entra aí.

-Licença.

O moreno deu passagem para que ele entrasse, enquanto isso, esforçava-se para tirar a carranca de seu rosto e ser agradável com o namoradinho de seu irmão. Deidara parecia meio cansado e suado, fora que estava com uma "roupa de ginástica". Na realidade, havia corrido do outro lado da cidade apenas para visitar o Itachi. 

Não conseguia parar de pensar nele.

-O Itachi 'tá por aqui, anjo? -Perguntou ansioso.

-Oh, sim… Ele está sim. -Bocejou meio desinteressado. Não queria ficar fazendo sala para ninguém e muito menos forçando simpatia naquele dia tão desagradável para si. -Deve 'tá no décimo oitavo sono, isso sim.

Deidara o olhou meio risonho.

-Mas se você quiser, eu acordo ele agora.

-Não precisa não, deixa ele descansar. 

-Ah, não… Eu faço questão. -Sorriu maldoso. Agora seu irmão iria pagar por tê-lo feito levantar da cama na sua vez de atender a porta. -Espera só um pouquinho… Itachi?! 

O loiro tapou os ouvidos com o berro.

-Itachi, caramba?!  

-Quê?! 

Sasuke riu sozinho. Estava com medo de Deidara achá-los muito estranhos, mas por outro lado, se ele quisesse fazer parte da família, tinha que se acostumar com todas as loucuras deles também — e que o garoto por quem estava apaixonado nem sempre é tão doce como se mostra ser, mas sim um baita de um preguiçoso que só pensa em dormir e odeia ser desperto de seu sono. 

-Visita pra você! 

-Quem é?! 

-O David! 

-Deidara. -O loiro corrigiu, sorrindo.

-Quem? 

-A-Ah, já… Já vai! -Respondeu atrapalhado.

Sasuke só conseguia dar risada. Seu humor havia melhorado consideravelmente naqueles últimos dois minutos. Ao mesmo tempo, se lembrou de que precisava ser agradável com a visita de alguma forma, por isso, enquanto seu irmão não aparecia, resolveu puxar um assunto:

-Quer sentar? 

-Ah, claro. -Respondeu simpático, acompanhando-o até que estivessem acomodados no sofá. -Gostei da sua blusa. 

Susuke sorriu em agradecimento. A sua camiseta do Fuck You Loser sempre fazia sucesso. 

-Valeu, o Itachi odeia. 

-É que não é muito a cara dele, né?

-Pois é… As blusas dele são mais do tipo: "paz e amor" e "trate as pessoas com gentileza". 

O loiro gargalhou e assentiu.

-Verdade, já vi ele usando uma dessas. 

-Eu não disse? O armário dele tem isso. 

Os garotos realmente acertaram em cheio. Por ironia do destino, lá estava Itachi, descendo as escadarias já devidamente vestido. No caso, sua calça de moletom preta combinou perfeitamente com a blusa do "Espalhe Amor, Ame o Próximo", que só vestia em ocasiões especiais. Sasuke nem disfarçou e gargalhou alto quando observou o nutricionista ler a frase em questão.

O Itachi era tão good vibes que chegava a ser brega. 

-Do que você está rindo? -Indagou, passando a olhar para si mesmo, inseguro com as suas vestimentas. Havia algo de errado consigo?

-Nada não. -Limpou o cantinho de seus olhos.

Deidara, por sua vez, olhava para si apaixonado.

Não se importava nem um pouco com as suas vestimentas "bregas", na verdade, aquilo só fez com que o achasse ainda mais atraente. Como podia existir um ser humano tão doce e perfeito? 

-Oi, anjo. -Falou carinhoso, estendendo a palma para que ele a segurasse. -Que saudades de você...

Itachi aceitou, sorrindo envergonhado.

-Eu também estava com saudades...

Deidara entrelaçou suas mãos na frente do corpo, ficando na ponta dos pés para que alcançasse sua boca. Não pode conter o sorriso ao notar que foi ele quem tomou a iniciativa de beijá-lo, deixando somente um selinho.

-Você veio fazer uma visita domiciliar? -Indagou inocente.

-Bom, eu poderia dizer que sim, mas daí seria uma desculpa minha… -Ele falava baixo, quase sedutor. -A verdade é que eu vim aqui pra te ver porque não tava aguentando de saudades. 

Itachi quis esconder o rosto corado.

-Eu cheguei em um mau momento, anjo? 

-N-Não! -Exclamou rapidamente. -Quer dizer… Eu tô muito feliz que você veio me ver. 

Deidara não conseguia parar de sorrir.

-Eu não consegui parar de pensar em você, sabia? -Admitiu sem vergonha. -Se eu não viesse te ver hoje mesmo, acho que eu ia enlouquecer.

-E-Eu também pensei muito em você… -Itachi lhe confessou. -Queria te chamar pra fazer alguma coisa de novo, mas fiquei com medo de atrapalhar ou bagunçar a sua rotina.

-Você nunca me atrapalha, meu anjo. -Rebateu sensivelmente. -Eu juro que largo tudo pra te ver, até mesmo o meu consultório. Inclusive, era pra eu estar lá agora… Mas eu nem ligo. 

Sasuke observava tudo com tédio.

Sobretudo, às vezes deixava um sorriso ou outro escapar com a cena, feliz por seu irmão ter encontrado alguém e que o sentimento fosse mútuo. Pelo o que pôde observar, o tal David estava mesmo se apaixonando por ele — se é que já não estava apaixonado — e vice-versa. 

-Você quer sentar? -Itachi ofereceu.

-Uhum, claro. 

Ambos partiram em direção ao sofá.

Sasuke sentiu que era a sua hora de se afastar e deixar os dois terem certa privacidade. Quem sabe, naquela tarde, Itachi finalmente perdesse o seu cabaço? Não custava sonhar, afinal. Nesse sentido, se dirigiu até a mesa da sala para buscar alguma coisa para comer, optando por pegar a última banana da fruteira. Descascou-a e mastigou pedaço de pedaço, não deixando de prestar atenção no "encontro" dos meninos. 

Eles estavam se beijando, ambos sorridentes e carregados de olhares apaixonados. Teve até um momento em que Itachi o abraçou carinhosamente — mesmo com Deidara lhe afirmando que estava fedendo a suor — e encostou suas cabeças para que ficassem ainda mais próximos.

Sasuke fez bico.

Querendo ou não, a carência que sentiu naquele instante foi tremenda. Estava com tanta, tanta, tanta saudades de seu loirinho. Ele com certeza o abraçaria e beijaria daquela forma, e quem sabe com ainda mais intensidade. Jamais imaginou que em algum dia de sua vida desejaria tanto a presença e o carinho de alguém como desejava o de Naruto, até porque, Sasuke sempre fora alguém muito desapegado e, segundo as definições alheias, insensível também. 

Mas isso já era passado.

Foi quando, de repente, uma ideia veio à sua mente. Já que Naruto não estava respondendo suas mensagens, iria atrás de si pessoalmente, mas dessa vez, com um plano perfeitamente arquitetado. Estava fora de cogitação ir até a sua casa com Kushina e Minato por perto, no entanto, eles não poderiam impedi-lo de encontrar com o seu filho "por acaso" em um lugar público. Quem sabe Sasuke não fosse louco ao ponto de aparecer de repente em seu colégio?

Oh, sim. Era isso mesmo que faria.

Ansioso, olhou para o relógio. Eram dez e meia da manhã. O horário perfeito para que desse um pulo na escola de seu loirinho e, quem sabe, encontrasse-o no intervalo de aulas — já que, na saída, seus pais provavelmente o buscariam.

Era o plano perfeito.

Sasuke comemorou sozinho, orgulhoso do que planejou. Agora, tudo o que precisava fazer era calçar seu tênis e partir em busca de quem mais estava lhe fazendo falta naqueles últimos dois dias. E foi exatamente isso que ele fez. Meio eufórico, agarrou sua mochila de costas e colocou seu calçado às pressas e sem se dar ao trabalho de amarrá-lo. Pensou em avisar o Itachi sobre sua saída, mas ao se deparar com Deidara beijando sua testa, achou melhor deixar para lá.  

Abriu a porta e saiu despercebido, pegando o celular do bolso para conferir a trajetória do colégio. Foi no GPS e colocou o endereço, respirando fundo ao se dar conta de que andaria por volta de uns vinte minutos. Era tudo por uma boa causa, afinal. Iniciou a caminhada com passos apertados, sempre de olho na tela e nas ruas exatas em que precisava virar. 

O tempo passou rápido, o que talvez se desse pelo fato de estar incrivelmente ansioso para ver o seu loirinho. Quando avistou o colégio, franziu a testa com o tamanho e formosura do mesmo. Já havia o buscado uma vez ali, mas mesmo assim, ficava de cara com o quanto Naruto era rico por estudar em um lugar chique como aquele.

Como imaginou, o sinal da saída ainda não havia tocado — pelo menos não para os alunos do ensino médio. Sobretudo, algumas crianças do ensino fundamental andavam pela rua acompanhadas de seus responsáveis, enquanto outras brincavam em frente ao colégio. Sasuke as ultrapassou e já foi logo entrando de penetra, pensando no que exatamente diria a secretária para que ela autorizasse a sua entrada.

-Bom dia. -Antes mesmo que tivesse a chance de concluir seu raciocínio, a recepcionista chamou profissionalmente. -Posso te ajudar? 

Sasuke não demorou para perceber o jeito como estava sendo medido ali dentro. Alguns pais faziam cara de nojo diante de suas vestimentas e jeito de se comportar, enquanto a moça do balcão torcia o nariz com a frase estampada em sua camiseta.

-Bom dia. -Apesar de tudo, soou simpático para conseguir o que queria. -Eu vim buscar o Naruto Uzumaki. Sou o babá dele.

A moça endireitou os óculos em seu rosto.

-Só um minuto, por favor. -Teclou algo em seu computador. -Oh, sim… O Naruto do segundo ano, eu suponho. Você é o Itachi, certo? 

-Uhum, sou eu mesmo. -Mentiu. 

-Eu estou vendo… -Avaliou meio desconfiada. -Me desculpe, senhor Itachi, mas a senhora Kushina não deixou nenhum aviso para a escola sobre a sua vinda e nem que o Naruto sairia mais cedo hoje. Aqui consta no meu sistema que ele vai embora com os pais. 

Sasuke fingiu surpresa.

-Oh, é mesmo? -Negou com a cabeça. -Que cabeça a minha… Eu devo ter me confundido.

A secretária soltou um riso forçado.

-Tudo bem, então. Eu vou embora. -Sorriu discreto. -Até mais, senhora, obrigado. 

-Até mais.

Quando virou de costas, Sasuke parou de novo:

-Na verdade, com licença… 

A moça voltou a encará-lo, curiosa.

-Será que eu posso usar o banheiro? 

-Ah, mas é claro. -Autorizou sem muita vontade, batucando os dedos no balcão. -Fica lá dentro, senhor Itachi, é só seguir reto, virar a esquerda e…

-Não se preocupe, eu me acho. -Cortou com um sorrisinho. -Libera a catraca, por favor.

Seguindo com o seu pedido, ela a liberou. 

-Muito obrigado.

-Disponha. 

Sasuke manteve a postura até o momento em que deixou a recepção. Depois disso, foi só comemoração. Saltitou pelo corredor vazio ao se dar conta de que estava dentro do colégio de seu loirinho e que, em pouquíssimo tempo, estariam juntos de novo. O único problema é que não fazia ideia de como encontraria a sua sala naquele lugar gigantesco e repleto de andares.

No final das contas, foi mais pela lógica.

Subiu as escadas silenciosamente, deduzindo que as classes de todo o ensino médio estariam no último andar. Aparentemente, havia acertado em cheio. À medida em que ia subindo, se deparava com uma turma diferente. Durante esse percurso, até teve uma hora em que passou pelo corredor do sétimo ano e recebeu sorrisos e tchauzinhos de algumas alunas, as quais deram gritinhos entre si quando Sasuke acenou de volta.

Quando alcançou o corredor do nono ano, já estava podre de cansaço. Como Naruto aguentava subir tantos degraus diariamente? Sua escola parecia o palácio real — pelo menos para Sasuke que estava acostumado com os humildes dois andares de seu colégio, fora as carteiras feitas de madeira e repletas de desenhos de órgãos genitais, e claro, a lousa de giz com uma rachadura enorme no meio.

Sobretudo, as lousas daquele colégio eram todas tecnologias e digitais, fora que, em cada andar, havia uma estátua imensa à base de mármore com algum santo ou com o fundador da escola que, aparentemente, era católico. Além do mais, também tinham algumas freiras que ficavam andando pelos corredores, as quais, por algum motivo desconhecido, causaram medo a Sasuke. 

Tentou deixar seu receio para trás — mesmo com uma freira lhe observando misteriosamente — e focar em encontrar a sala de seu loirinho. Felizmente, havia alcançado o último andar de todos. Ofegante, parou no meio das portas e checou uma por uma, coçando a nuca por simplesmente não fazer ideia de qual segundo ano o seu loirinho pertencia.

Era A, B ou C?

O jeito era checar uma por uma. Estava convicto de que olharia através das janelinhas presentes em todas as salas, sobretudo, antes mesmo que pudesse se aproximar do "2⁰A", o barulho estridente do sinal ecoou por toda a escola.

Sasuke quase desmaiou de susto. 

Ficou meio aflito quando notou algumas das portas se abrirem, enquanto os alunos do terceiro ano saíram com suas mochilas nas costas. Pelo jeito, eles haviam acabado de terminar alguma prova e estavam indo embora mais cedo, diferente do primeiro e do segundo que, organizadamente, deixaram suas salas para cumprirem com o segundo intervalo da manhã.

O moreno virou o pescoço de um lado para o outro, buscando atentamente por Naruto. Havia muita gente ao seu redor e isso dificultou ao máximo para que pudesse o localizar. 

Foi quando, de repente, lá estava ele. 

Não soube dizer o porquê, mas sentiu seu coração disparar fortemente. Seu loirinho andava na direção oposta a todos, carregando um caderno em mãos e mordendo os dedinhos enquanto o lia atentamente. Ele parecia estar bem concentrado no que fazia, tanto que quase nem notou a presença de Gaara, o qual chegou tagarelando e rindo em seus ouvidos.

Sasuke correu pela multidão.

Topava sua mochila com tudo e todos durante o caminho, mas sequer parava para desculpar-se pela falta de educação, nem mesmo quando os alunos mais "brigões" do terceiro ano lhe lançavam olhares raivosos e ofendidos. Por fim, conseguiu deixar aquele tumulto. Notou que, ainda de costas para si, Naruto se dirigia para o banheiro, seguido acompanhado de Gaara.

Ficou satisfeito ao se dar conta de que seu loirinho adentrou o sanitário mais afastado de todos, bem no fundo do corredor. Dessa forma, teriam mais privacidade para conversarem.

Ao alcançar a porta — que o ruivo havia fechado  no momento em que entraram — decidiu dar um tempinho antes de chegar invadindo. Abriu somente uma fresta e espiou, escutando o desenrolar de uma conversa entre ambos:

-... E que vai ficar tudo bem, Naruto. -Gaara parecia consolá-lo. -É só uma prova de química, sabe? Isso não é o fim do mundo. Eu tenho certeza que você vai se sair muito bem.

-Não precisa mentir só pra me consolar… -A voz de Naruto estava chorosa. -E-Eu sou um desastre, sou burro e não sei nada da matéria.

-Você não é nada disso, para com isso.

Sasuke franziu o cenho.

Não estava entendendo muita coisa, todavia, sentiu que aquele era o momento ideal para se revelar. Devagar, abriu a porta e deu um passo pequeno para o interior do sanitário, notando Gaara se assustar com a sua chegada, parecendo refletir sobre o motivo que levou o babá de seu melhor amigo a aparecer tão de repente no banheiro de sua escola.

Naruto estava dentro de uma das cabines.

Estranhou o silêncio repentino do ruivo, no entanto, não lhe perguntou nada. Estava chateado demais e sem vontade de socializar. 

Sasuke acenou para Gaara, fazendo um breve sinal com a cabeça para que desse licença e o deixasse sozinho com o seu loirinho. Ambos tinham muito para conversar e, aparentemente, Naruto também estava com problemas na escola. 

-Naruto, eu vou pra sala. -Anunciou sem tirar os olhos do Uchiha. -Já volto pra te ver, ok?

-T-Tudo bem… Eu já vou também.

Sasuke sentiu o peito apertar com a voz excessivamente embargada do outro. Esperou Gaara sair e encostar a porta novamente, para que só então pudesse "socorrer" o seu loirinho. O que lhe afligiu ainda mais foi notar que Naruto passou a chorar quando achou que estava sozinho. Era um choro bem baixinho, só que, pelo fato do ambiente estar silencioso, foi audível.

Sasuke caminhou até a terceira cabine.

Encostou a testa na madeira e deu batidinhas, escutando o mais novo suspirar assustado:

-A-Aqui já tem gente… 

-Eu sei que tem. -Respondeu com uma risadinha. -Sou eu, loirinho… Abre a porta pra mim? 

O banheiro caiu no silêncio.

Foram uns dez segundos de assimilação até que Naruto se atrevesse a destrancar a portinha. 

Empurrou-a lentamente, ainda sentado sobre a tampa da privada. Os olhinhos arregalados e a boca entreaberta somente se intensificaram ao se dar conta de que não estava alucinando. O seu babá, ou melhor, o garoto que mais amava nesse mundo estava dentro do banheiro de sua escola.

Seu coração quase pulou para fora.

Não só o dele, como o de Sasuke também. Tudo o que pôde fazer, além de assistir mais lágrimas se acumularem nos olhos de seu loirinho, foi correr até dentro da cabine para abraçá-lo.

Estavam precisando tanto daquilo.

Afobados, deram um jeito de fechar a portinha de novo, criando certa privacidade quando colaram seus corpos calorosamente. Foi um abraço muito intenso e repleto de saudades. Na euforia do momento, Sasuke até conseguiu levantá-lo do chão pela cintura, sentindo seus bracinhos rodearem o seu pescoço em resposta. Talvez pelo fato do ambiente ser minúsculo e apertado, a sensação foi quase como se estivessem realmente grudados um ao outro.  

Naruto choramingou, não sabendo se permitia que suas lágrimas descessem ou se sorria abertamente com a presença do outro. No final das contas, se permitiu sentir tudo de uma vez. O seu babá havia chegado na hora certa. Não estava aguentando ficar sem ele nos últimos dias e sentiu que poderia morrer de tanta saudades. 

Sasuke beijou sua bochecha de olhos fechados, ignorando sua pele úmida e o rostinho trêmulo pelo choro. O seu loirinho não pretendia largá-lo tão cedo, e sinceramente, ele também não. Aquele abraço durou muito tempo. Tanto que, logo depois que o colocou de volta ao chão, ambos ainda continuaram agarrados, sentindo o cheiro e o corpo um do outro como se houvessem ficado meses separados.

Após todo esse carinho, vieram os beijos. 

Naruto estava sedento por eles. Ficou na pontinha dos pés e segurou o rosto de seu babá com as mãozinhas desengonçadas, colando seus lábios com as bochechas quentes. Sasuke sorriu doce, correspondendo imediatamente e causando arrepios ao corpo alheio. Roçaram suas línguas de uma forma meio rápida e atrapalhada, mantendo carícias, como sempre, muito respeitosas, embora desesperadas. 

Se separaram somente quando o fôlego acabou. 

Sasuke lhe deu um último selinho para finalizar aquele beijo, rindo baixinho com o olhar perdidamente apaixonado que seu loirinho o direcionava naquele instante. No fundo, sabia que também estava o encarando do mesmo jeito.

-S-Sasuke… -Chamou com a voz falha. Ainda tentava assimilar tudo o que aconteceu naqueles últimos minutos. -Eu tava com tanta saudades de você, tanta… S-Se você soube o quanto…

-Ah, Naruto... -Segurou seu rosto entre as mãos, acariciando-o de leve. -Eu também tava morto de saudades, fiquei muito preocupado com você.

-V-Você me desculpa por tudo? Por favor? 

-Desculpar você, loirinho? 

-S-Sim, por favor... -Pediu entre lágrimas. -E-Eu quis tanto falar com você nesses últimos dias… Juro que até tentei pegar o meu celular escondido pra te mandar mensagem, mas os meus pais me descobriram na hora.

Sasuke franziu o cenho, escutando atentamente.

-E-Eles estão na minha cola… -Fungou o nariz, segurando firme na camiseta de seu babá para que este não se afastasse. -A mamãe disse que só vai viajar depois do meu aniversário. Os dois estão planejando uma festa pra mim, acredita? M-Mas eu juro que não queria nenhuma comemoração, Sasuke, eu só queria você. 

Lentamente, Sasuke enxugou sua bochecha.

-Coisa mais fofa… -Murmurou amoroso. -Você não precisa se desculpar por nada... Eu que tava louco pra me desculpar com você, loirinho.

Naruto virou a cabeça, escutando-o.

-Eu sinto muito por tudo o que aconteceu na sua casa. -Pediu sensível, buscando as palavras certas para não fragilizá-lo ainda mais. -Eu nunca deveria ter bebido tanto e deixado as coisas chegarem naquele ponto. Sei que seus pais ficaram muito irritados com a situação e disseram coisas horríveis pra você, e isso é culpa minha. 

Seu loirinho se encolheu com as memórias.

Abaixou a cabeça e puxou a barra de seu moletom escolar para esconder a barriga, parecendo recordar-se das exatas palavras que seus pais utilizaram para se referirem a si e seu corpo. De fato, estava muito machucado e traumatizado com tudo o que escutou. No entanto, com o Sasuke por perto, tinha certeza de que conseguiria esquecer um pouco isso.   

-N-Nada do que aconteceu foi sua culpa, Sasuke.

-Foi sim, loirinho. -Nem tentou se defender. Sabia perfeitamente que estava errado e que foi o culpado da vez. -Eu estraguei tudo… De novo. 

-V-Você não estragou nada. -Falou choroso, puxando sua blusa com ainda mais força. -Eu já te disse que você é a minha pessoa favorita no mundo e que tudo fica bem quando você 'tá por perto. Não tem como você estragar nada. 

Sasuke sorriu emotivo.

-Vem cá, vem...

Cuidadosamente, juntou o rosto de Naruto ao seu peito. Fez carinho em seu cabelo e repousou o queixo com delicadeza por sua cabeça. Seu loirinho ronronava manhoso e descansava naquela posição, sentindo todos os vestígios de tristeza e negatividade evaporarem de seu corpo com aquele abraço maravilhoso. 

Agora, ficaria tudo bem.

-Eles foram muito maldosos com você? 

Naruto sabia bem do que ele estava falando.

-N-Não… Está tudo bem. 

-Mesmo? -Perguntou desconfiado.

Magoado, apertou sua blusa entre os dedinhos.

-B-Bem… Hm… Eles disseram coisas…

-Que coisas, loirinho? 

-A mamãe… -Naruto relutava, encolhendo-se em seu abraço. -Ela andou falando muito da minha aparência… D-Disse pra mim que a minha barriga estava muito grande e que eu precisava emagrecer... 

Sasuke sentiu o peito apertar em um misto de ódio e chateação. Como uma mãe em sã consciência tinha coragem de machucar o filho daquela forma? Kushina e Minato estavam o destruindo e arruinando a sua autoestima que, pelo o que pôde perceber em todo o tempo de conviveram juntos, nunca foi lá essas coisas. 

-M-Meu pai concordou e sugeriu que eu começasse uma nova dieta. -Ele contava, fungando baixinho o nariz. -Eu tô seguindo ela nesses últimos dias, mas é muito difícil… E ruim também. 

-É mesmo? -Fez de tudo para não mostrá-lo o quando se afetou com a conversa. 

-U-Uhum… Eu estou comendo bem menos do que antes. -Revelou com desconforto. -Mas acho que é o certo a se fazer, né? Com a minha barriga desse jeito…

-A sua barriga é linda. -Sasuke elogiou, beijando sua cabeça. -E você também é, muito. 

Naruto sorriu com a bochecha espremida. 

-V-Você acha mesmo?

-Acho sim. -Riu carinhoso. Seu loirinho ficou todo manhoso e bobinho com o que escutou. -E eu já disse que te acho a coisinha mais fofa e linda desse mundo, hm?

Timidamente, escondeu seu rosto corado.

-S-Sasuke… Para… 

-É verdade, coisa fofa. -Fez cosquinhas por sua cintura, sorrindo triste ao notar a forma como o adolecente emocionou-se com os elogios. -Você é lindo demais. 

Naruto soltou um soluço baixinho, optando por não dizer nada e apenas permanecer no abraço. Não estava acostumado a receber muitos elogios, então, quando os recebia, geralmente não sabia reagir. O fato é que estava tudo muito difícil para si, e com mais essa nova dieta que seus pais inventaram, acreditem se quiser, o pobre adolescente estava até passando fome.

-O que você comeu hoje, hm? -Sasuke indagou, parecendo ler os seus pensamentos. Do jeito que Minato e Kushina eram loucos, não duvidaria nada que eles fizessem seu filho ficar em jejum. 

-Hm… E-Eu tomei um iogurte light. 

-Só isso? A manhã inteira?!

-Uhum…

-E ontem? O que você jantou? 

-Sopa de ervilha.

Inacreditável

Então era isso? Seus pais loucos haviam o colocado em uma dieta líquida? Sasuke quis tanto xingá-los em voz alta, mas pela saúde mental de seu loirinho, decidiu se controlar.

-Você deve estar faminto.  -Murmurou preocupado. Naruto olhou para baixo, tentando camuflar sua carinha esfomeada. -Espera só um pouco… Eu tenho comida na minha mochila.

-N-Não, Sasuke… É melhor eu não comer.

-Nada disso, Naruto. -Respondeu sério. -Você vai comer sim, tá bom? Eu sou o seu babá, você tem que obedecer às minhas ordens.

O loiro riu um pouquinho.

-Senta. -Apontou para a privada.

Naruto sentou, ainda inseguro. Apesar de estar com medo de desobedecer às ordens de seus pais e sair de sua dieta líquida, ainda assim, gostava de todo o cuidado vindo de Sasuke. 

-Olha, loirinho… -Agachou-se em sua frente, abrindo a mochila no chão. -Eu tenho uma barrinha de cereal, uma água de coco e um bolinho de chocolate. Pode comer tudo, sim? 

Sua barriga roncou com o bolinho.

-E-Eu devo mesmo, Sasuke? -Relutou na hora de pegar. Preferia deixar de comer do que escutar os mesmos comentários de seus pais a respeito de seu corpo. -É que a minha barriga, ela…

-Shhh… -Roçou o dedo em seus lábios. -Lembra do que eu te disse, hm? De como você é lindo?

As bochechas de Naruto voltaram a esquentar.

-Comer um bolinho não vai te prejudicar em nada e muito menos mudar o seu porte físico. -Explicou calmamente. -Você confia em mim?

-S-Sim… Confio.

-Muito bem… -Sorriu orgulhoso, entendendo-o o bolinho já fora da embalagem. -Come tudo, ok? 

Ele assentiu.

Em primeiro lugar, quis dar para trás. Fez cara de medo e desconforto, mas ao notar os olhos do Uchiha presos em si, soube que não sairia dali enquanto não engolisse aquele bolinho inteiro. Por isso, logo tratou de começar a comer. Mal o colocou na boca e ele já estava no fim. Naruto estava mesmo com muita fome, tanto que acabou aceitando a barrinha de cereal e também deu um gole na água de coco. 

-Gostou? -Sasuke indagou, aproveitando para beber um pouco da água também. Estava com sede após tanto andar. -Se sente melhor? 

-Sim… -Sorriu sem graça, limpando o cantinho de sua boca. -Muito obrigado, Sasuke. 

Sasuke bagunçou seu cabelo carinhosamente.

-Mas e então? -Puxou assunto, tomando a liberdade de sentar-se no chão. Não era lá uma ideia muito higiênica, mas não podiam correr o risco de sair e serem vistos juntos. -Como você se sente no seu último dia com dezesseis anos?

O sorriso de Naruto se esfriou.

-A-Ah… Eu estou normal. -Deu de ombros. -Não tô muito animado com a minha festa, mas pelo menos a mamãe deixou eu convidar uns amigos.

Sasuke arqueou a sobrancelha.

-Olha só, que chique... -Deu outro gole na bebida com um sorriso brincalhão. -Eu tô convidado pra essa sua festa aí? Vou ter entrada VIP ou não? 

Naruto acabou rindo de si.

-C-Claro, Sasuke… -Respondeu carinhoso. -Você é a pessoa que eu mais quero que vá.

-Ah, loirinho… -Segurou sua mão e trouxe-a para beijá-la. -Eu vou adorar ir pra sua festa. Vou te comprar um presente também, o que você quiser! 

-N-Não precisa, Sasuke, de verdade… 

-Eu não perguntei se precisa ou não. -Estalou a língua com uma falsa impaciência. -Eu estou te comunicando que vou comprar!

-E-Está bem, vai... -Cedeu com um suspiro. -Eu sei que você não vai mudar de ideia. 

-Não vou mesmo. -Murmurou convencido, devolvendo o que sobrou da água de coco para a sua mochila. -E me conta… Quem mais você vai chamar pra sua festa, hein?

-B-Bom, além da minha família toda, vai ir você, o Ita, o Gaara, o Deidara… Hmm… Ah, se o Dei quiser, ele pode chamar o Obito também. Quem mais? -Fez um barulho pensativo. -Eu estava pensando em chamar a Ino, o que você acha? 

Sasuke franziu o cenho.

-A Ino?

-Uhum… Ela é bem legal e foi muito gentil comigo nas vezes em que a gente se encontrou.

-Sim, chama ela. -Sorriu atencioso. Por dentro, sentiu uma pontada pequena de ciúmes ao recordar-se de que ela e seu loirinho já haviam ficado, mas por outro lado, sabia que era passado. -A lista 'tá ótima, loirinho, pode ter certeza que eu e o Itachi vamos na sua festa. 

Ele sorriu emotivo.

-Ter vocês dois lá é tudo o que eu preciso. 

-A gente vai estar lá por você. -Reforçou sorridente. -Vai ser muito legal, você vai ver. 

-E-Eu espero mesmo… -Suspirou preocupado e, ao mesmo tempo, indisposto. -Desculpa o meu desânimo, Sasuke, eu tô muito chato hoje…  

-Ei, para com isso… -Negou com a cabeça. Não o culpava por estar tão apagado naquela manhã, já que, até uns minutos atrás, Sasuke estava em um humor similar. -Você não está chato coisa nenhuma. 

-Eu tô sim… -Lamentou. -Tô com um monte de coisa chata na cabeça, inclusive uma prova de química que a professora marcou pra semana que vem. Eu não sei nada da matéria! 

Sasuke acariciou sua perna, lhe consolando.

-Tenta não pensar muito nisso, loirinho. Eu te ajudo a estudar, o que você acha? -Sugeriu, recebendo um sorrisinho e um aceno positivo em resposta. -Então vê se para de dizer que você 'tá chato! O único chato aqui sou eu! 'Cê tinha que ter visto como eu tava hoje de manhã, in-su-por-tá-vel! Nem o Itachi me aguentou! 

Pela primeira vez em dois dias, Naruto riu com vontade. Sasuke lhe fazia muito bem. 

-Sabe o que eu acho disso tudo? -Ele pensou em voz alta, feliz por tê-lo feito sorrir. -Foi a saudades um do outro que deixou a gente assim.

Naruto assentiu frenético.

-E-Eu pensei a mesma coisa… -Admitiu. -Ficar longe de você 'tá acabando comigo, Sasuke. Eu só queria ter mais tempo pra ficar com você...

Uma lâmpada se acendeu por sua cabeça.

-Q-Que cara é essa? -Riu confuso.

-Eu acabei de ter uma ideia.

Naruto fez careta. As ideias de seu babá, na maioria das vezes, não eram muito boas.

-Que ideia? 

-Seus pais sabem sobre essa sua prova de química aí? -Inquiriu pensativo, mantendo os olhos fixos em um ponto aleatório da cabine.

-Hmm… Acho que sabem sim, por quê? 

-Porque você vai mentir pra eles que vai ficar até mais tarde na escola hoje para estudar. 

O jovem loiro franziu o cenho.

-C-Como é...?

-É isso mesmo que você ouviu. -Riu maldoso, esfregando as mãos. -Cara, eu sou um gênio! 

-E-Eu não estou entendendo, Sasuke…

-Presta atenção, ô! -Bateu palmas. -Você vai ligar pra sua mãe agora mesmo e avisar pra ela que seus coleguinhas de sala vão ficar até mais tarde no colégio pra estudar pra essa tal prova de química, e que você também quer ficar porque não sabe nada da matéria! Enquanto isso, a gente mete o pé daqui e vai dar um rolê! 

Naruto piscou os olhos, atordoado. 

-R-Rolê?

-É, rolê!

-Mas pra onde exatamente? -Virou a cabeça.

-Pra onde você quiser, meu bem! -Sasuke estava empolgado com o seu "plano infalível". -Fala se a minha ideia não é do caralho!  

-B-Bem, "do caralho" eu não sei… -Rebateu receoso. -Mas que ela é bem arriscada, ela é.  

Sasuke riu de sua cara.

-É tão boa que não tem como dar errado! 

-Pior que tem sim, começando pelo fato de eu não estar com o meu celular aqui. -Naruto coçou a nuca. -Como eu vou ligar pros meus pais? 

-Liga do meu celular, ué. 

-L-Ligar do seu?

-Claro! Seus pais não tem o meu contato salvo.

Naruto relutou.

-E-Eu não sei não, Sasuke… -Mordeu os dedinhos. -Tô com medo…

-Por favor, loirinho. -Juntou as mãos, fazendo biquinho. -Eu não aguento te ver triste desse jeito aqui dentro… Se a gente sair um pouco juntos, pelo menos vamos nos distrair! 

O loiro deixou um sorrisinho escapar.

-Pensa bem, vai… -Cutucou-o com um sorriso carinhoso. Faria de tudo para animar o seu loirinho, mesmo que isso incluísse quebrar as regras mais uma vez. -Eu já tive até uma ideia de rolê! A gente pode ir no shopping aqui perto pra você escolher o seu presente de aniversário!

-S-Sasuke, eu já disse que não precisa de…

-Precisa sim! -Gritou por cima. -Eu, hein! Parece até que não entra na sua cabeça! Eu vou te comprar um presente e fim de papo! 

Naruto sorriu apaixonado.

Durante os seus dezesseis anos de vida — quase dezessete — nunca conheceu ninguém que se preocupou tanto em agradá-lo no seu aniversário. Por mais que vivesse em uma família consideravelmente rica, o loiro não era muito mimado pelos pais. No máximo, seu avô Jiraya era quem lhe presenteava com roupas e objetos caros, mesmo que, muitos deles, não fossem de seu agrado. 

-E então? -Sacudiu sua perna em expectativa -O que você me diz, hm? Quer sair comigo? 

Sinceramente, não tinha como dispensar um convite maravilhoso daqueles. O amor de sua vida estava convidando-o para sair porque queria lhe comprar um presente e dá-lo a oportunidade de ter uma véspera de aniversário especial, mesmo sabendo o quanto as coisas estavam complicadas em sua casa. Sasuke só queria vê-lo feliz, e Naruto o amava muito por isso. 

-Eu quero muito sair com você, Sasuke. 

O mais velho sorriu abertamente.

Levantou-se do chão com um pulinho animado, disposto a agradecê-lo da melhor forma possível, especialmente ao notar que seu loirinho fazia bico, pedindo para que se beijassem. Segurou em seu queixo e juntou seus lábios com um selinho exageradamente estalado, arrancando uma risada gostosa e infantil do outro. 

-Que bom que você aceitou! -Não sabia como, mas conseguiu sentar-se na tampa da privada ao lado do adolescente. -Desculpa, aperta um pouco sua bunda aí. Deixa eu sentar também…

Naruto riu divertido, indo para o lado.

-Ô, vou pegar meu celular… -Tirou-o do bolso para que observassem a tela junto. -A gente liga pra sua mãe e coloca o plano em prática, ok? Eu vou deixar no viva-voz pra ir escutando junto.

-U-Uhum… Sim...

Sasuke o olhou com um sorriso confuso.

-Que cara é essa, loirinho? 

-Q-Que cara…? -Respondeu distante, sem conseguir tirar os olhos dos seus. Ambos estavam muito próximos e isso o distraía demais da conta. Sasuke era absurdamente lindo. 

-Essa carinha aí… -Riu baixinho, tombando o pescoço para avaliá-lo também. -O que foi, hm?

Naruto mordeu os dedinhos, sem conseguir lidar com as batidas frenéticas de seu coração.

-É que… E-Eu te amo muito, Sasuke. -Disse em um cochicho atrapalhado. Ficava todo bobo quando estavam com os rostos muito próximos.

Sasuke sentiu as bochechas doerem com o tamanho do sorriso que abriu. Ainda era inusitado o efeito que seu loirinho lhe causava — as famosas "borboletas no estômago". 

-Você é um amor. -Sussurrou próximo de seus lábios, assistindo sua face tornar-se inteiramente vermelha. -Eu não vivo mais sem você, sabia? 

Naruto quis chorar com aquilo.

Quase levou a mão ao peito para conferir se seu coração continuava batendo, no entanto, fez de tudo para manter-se lúcido durante aquele diálogo. Não havia recebido um "eu te amo" de volta, mas sinceramente, gostou ainda mais do que escutou. Sasuke não vivia mais sem ele. 

-S-Sou eu que não vivo sem… -Respondeu falho.

O Uchiha riu amoroso, encostando seus narizes de leve. Era meio engraçado estar tendo um momento tão fofo com o seu loirinho dentro de um banheiro sujo e sentado em uma privada. 

-Vamos falar com a sua mãe, sim? -Por algum motivo, ele continuou sussurrando. -Quanto antes a gente falar, mais cedo a gente sai daqui.

Naruto assentiu, ainda fora de si.

-S-Sim, certo… Pode ligar. 

Sasuke clicou para digitar o número de Kushina, entregando o celular nas mãos do outro. Naruto segurou, estremecendo levemente. Estava com medo do plano dar errado, mas ao mesmo tempo, já não queria dar pra trás. Aparentemente, andar com o Sasuke lhe fez mais corajoso. 

Passou a discar o número, mordendo os dedinhos quando começou a chamar. O Uchiha sinalizou para que ele deixasse no viva-voz, sorrindo satisfeito quando a ligação completou:

-Alô? 

Naruto arrepiou.

-O-Oi, mamãe… 

-Naruto? -Perguntou confusa. -Que número é esse que você 'tá me ligando? 

-A-Ah… É de um amigo meu. -Coçou a garganta, tentando não parecer tão nervoso. -Ele me emprestou o celular, mamãe, eu queria falar com a senhora…

-Você está me ligando em horário de aula, filho?

-N-Não, eu estou no intervalo. -Olhou para o Uchiha, que sorria para incentivá-lo. -Escuta, mãe… O pessoal da minha sala vai participar de um grupo de estudos depois da aula, eu posso também?

Sasuke fez sinal para que ele continuasse a falar e acrescentasse informações para deixar a mentira mais rica e convincente.

-V-Vai ter prova de química semana que vem, sabe? A senhora sabe como eu tenho dificuldade… -Recebeu um aceno orgulhoso de seu babá. -Então, eu posso?

-Esse grupo de estudos vai ser aí na escola? 

-Vai sim.

-Quanto tempo você pretende ficar por aí? 

Naruto olhou para Sasuke.

Afinal, quanto tempo ficaram no "rolê"?

-Umas duas horas, por aí. -Respondeu quando o moreno indicou o número dois. -Eu dou um jeito de te ligar assim que acabar por aqui.

Kushina ficou uns segundos em silêncio.

-Certo, acho que não tem problema. 

Os adolescentes se entreolharam com sorrisos largos, dando pulinhos silenciosos na tampa da privada. Havia sido mais fácil do que imaginaram. 

-Tudo bem, mãe, obrigado. 

-Até mais tarde, filho. 

-Até, beijos. 

A ligação foi encerrada.

-'Bora, caralho! -Sasuke exclamou, esquecendo-se completamente de que estava em uma escola católica e que poderia ser escutado a qualquer instante. -Quer dizer… Vamos nessa! 

Naruto riu junto consigo.

-Antes da gente ir, eu ainda tenho mais uma aula. -Relembrou. -Você acha que pode me esperar? 

-Aham, eu te espero na saída.

-Tudo bem. -Sorriu ansioso. -E-Eu tô muito animado pra sair com você, Sasuke...

-Eu também! -Chocou seus ombros. -Ô, eu vou indo agora, ok? Seu sinal vai bater daqui a pouco.

Os adolescentes levantaram juntos.

-A-Até daqui a pouco, Sasuke… -Se aproximou timidamente e juntou seus lábios. -Toma cuidado.

-Te vejo daqui a pouco. -Lhe deu mais um selinho. -Boa aula pra você, loirinho.

Naruto ficou sorriso sozinho, assistindo ele sair do banheiro. Enquanto isso, Sasuke desceu as escadarias correndo, temendo o fato de ser visto por mais alguma freira, ou quem sabe, um coordenador do colégio. Quando alcançou o primeiro andar, preparou-se psicologicamente para o interrogatório que receberia da secretária.

Afinal, havia demorado demais no banheiro.

Passou pela catraca e lançou um sorriso sapeca à recepcionista, que estreitou os olhos ao se dar conta de que o "senhor Itachi" levou quase meia hora para voltar. Ela nem lhe perguntou nada, mas mesmo assim, Sasuke decidiu se defender:

-Foi mal aí, dona. -Deu tapinhas na barriga. -Sabe como é, né? O café não me caiu bem.

Alguns pais ao redor da secretaria olharam-o inconformados e com certo nojo, mas surpreendentemente, a secretária segurou a risada. Sasuke saiu gargalhando sozinho, impressionado com a sua mudança de humor, já que, a horas atrás, mal queria sair da cama.

Encontrar com o Naruto lhe fez muito bem.

 

••••

O sinal bateu quarenta e cinco minutos depois.

Naruto, que mal prestou atenção na aula de matemática e sequer sabia o que estava aprendendo, levantou feito um relâmpago e saiu disparado em direção ao corredor. Alguns de seus companheiros, inclusive Gaara, olharam-o confusos e assustados, mas não tiveram a oportunidade de questioná-lo a respeito de sua pressa para ir embora, visto que, nem se tentassem, não conseguiram alcançá-lo.

Em menos de dez segundos, o jovem já se encontrava próximo do primeiro andar. Nunca havia corrido tanto em sua vida. Foi pulando de dois em dois degraus e atropelando os estudantes mais novos até chegar na área da recepção, girando a catraca violentamente. A mesma recepcionista de antes — que falava distraída no telefone — pulou com o susto e ordenou que ele corresse mais devagar, no entanto, Naruto não pôde nem cogitar a hipótese de se controlar ao notar que Sasuke estava o aguardando a alguns metros da entrada.

-Ei, Sasuke?! -Gritou por ele.

O Uchiha se virou sorridente.

Sacudiu suas mãos agitadamente, chamando-o para perto. Naruto voltou a correr, e mesmo que já tivessem se abraçado o bastante naquela manhã, Sasuke não mediu esforços para acolhê-lo novamente. Ambos deram pulinhos com seus corpos colados, contentes por estarem juntos novamente e, dessa vez, livres. 

Nada e nem ninguém poderia atrapalhar-lós.

-'Bora, loirinho, a gente vai perder o ônibus! 

-Vamos! -Segurou em sua mão.

O percurso foi mais rápido do que o esperado. Não precisaram andar tanto até o ponto, e quando chegaram lá, o ônibus havia acabado de estacionar. Entraram entre risadas e pagaram as passagens, pegando o único assento livre no canto esquerdo. Como da outra vez, Naruto foi quem serviu de "banco", recebendo Sasuke de muito bom grado em seu colo. Conversaram e riram de coisas bestas o caminho todo, inclusive sobre o fato de que, diferente das outras vezes, o jovem loiro não parecia assustado com a ideia de estar dentro de um transporte público.

Chegaram em menos de quinze minutos.

Assim como os adolescentes, a maioria dos passageiros também desceram naquele ponto. De mãos dadas com o seu babá, Naruto olhou fascinado para a estatura do shopping. Não tinha o costume de frequentar nada parecido, por isso, aquele chamou bastante a sua atenção.

Era enorme, lotado e com uma placa gigantesca e vermelha escrito: "Sejam Bem-vindos ao Shopping do Centro". Sasuke já foi logo o puxando, parecendo habituado com o ambiente e sabendo exatamente para qual entrada — das milhares que tinham — deveria seguir. 

-N-Nossa, quanta gente! -Naruto exclamou.

Haviam acabado de adentrar a praça de alimentação principal. Era surreal a quantidade de pessoas — principalmente adolescentes — que estavam paradas nas filas dos restaurantes e lutando para conseguir uma mísera mesa. 

-Tem bastante gente mesmo. -Sasuke riu ao seu lado. -É que agora é horário de almoço, daí o povo sai da escola e do trabalho pra vir aqui.

-Aqui é tão legal! -Os olhos de seu loirinho passeavam pela praça. -Tem um monte de restaurantes temáticos, que lindo! 

-Que bom que você gostou, loirinho. -Sorriu atencioso. -Eu também gosto muito daqui.

-Você vem muito aqui?! 

-Sim, eu venho muito com o pessoal da escola e já encontrei alguns dos meus amigos virtuais por aqui. -Comentou, recomeçando a andar. -O Itachi também gosta, a gente vem passear às vezes quando o dia 'tá tedioso lá em casa. 

Naruto dava pulinhos frenéticos, olhando para os restaurantes e bares ao redor de ambos. Não se recordava da última vez em que foi a um lugar tão legal. Seus pais não tinham o costume de levá-lo para passear, fora que não possuía muitos amigos que o convidasse para "rolês". 

-Vem, eu vou te levar pra ver umas lojas. -O guiou para o lado direito. -Aqui tem um monte de bugigangas legais, inúteis e aleatórias, dá pra você escolher um presente bem da hora. 

Seu loirinho sacudiu a cabeça, voltando à realidade: 

-Eu não quero presente, Sasuke. 

-Não quer? Então o que a gente veio fazer aqui?

-E-Eu vim pra passear com você. -Respondeu doce. -Não precisa me comprar nada, a sua companhia já é mais do que o suficiente.

Sasuke não conseguiu ficar sério, e sorriu. 

-Só você mesmo… -Beijou sua bochecha, trazendo-o para mais perto pela cintura. -Eu tô gostando muito de passear com você, loirinho, mas a gente já tinha combinado que eu ia te comprar um presente, lembra? Me diz, do que você 'tá precisando? 

-B-Bem… Precisar eu não preciso de nada. -Fez um esforço para lhe responder com lucidez, preso ao toque protetor de Sasuke em sua cintura. Amava andar abraçado com ele. -Não me veio nada à cabeça por enquanto, sabe?

-Sem problemas, a gente tem muitas lojas pra ir ainda. -Murmurou. -Até lá, você escolhe.

Na verdade, Naruto não estava prestando muita atenção nas vitrines e nem pensando no que gostaria de ganhar de seu babá. Apenas se aproveitava do momento para ficar abraçado consigo e, de vez em quando, lhe roubando um beijinho ou outro. O Uchiha permitia todo aquele carinho e sorria a cada vez em que seu loirinho fazia bico e pedia por seus selinhos.

-E essa loja aqui? -Sasuke apontou para uma loja com uma folha verdinha estampada na vitrine, fora que, em seu interior, era repleto de narguiles e essências para vapes e pods. -'Bora? 

Naruto o olhou assustado.

-N-Não… Aqui não.

Ele gargalhou alto.

-Eu tô brincando, Naruto! 

-S-Seu bobo…

-Achei que você gostava de uma ervinha, pô.

-Não, não é minha praia. 

-Bom, que pena… -Fingiu suspirar, largando de sua cintura. -Eu vou entrar, tá bom? Quero dar uma olhada nas opções de narguilé...

Novamente, Naruto recuou.

-S-Sasuke…? Isso é sério?

-Não, né?! -Riu por ter lhe enganado de novo, parando risonho na porta da loja. -Sai fora, acho que o Itachi tem uma parada cardíaca se me flagrar entrando aqui. Ele é mais super protetor que os meus pais, acredite se quiser. 

-Que susto… -Riu com a mão no peito. -O Ita tem razão de não querer que você entre aí.

-Com certeza. Diga não às drogas! 

Em seguida, voltaram a passear. 

Andaram por mais uns dez ou quinze minutinhos, conversando coisas sem sentido e conferindo as vitrines distraidamente. Haviam lojas de roupas, de brinquedos, de jóias, de eletrônicos, de pelúcias e até mesmo de lingeries. Inclusive, foi parando em frente a uma dessas que pensaram ter visto duas pessoas bem familiares. 

Ino e Sakura estavam comprando calcinhas.

-Essa não… -Sasuke lamentou.

-Olha, Sasuke, é a Ino! -Naruto sorriu.

-É… -Coçou a nuca, desconfortável com a ideia de interagir com as meninas estando longe da escola, especialmente sabendo que ambas estavam com duas sacolas lotadas de calcinhas fio-dental. -Você quer falar com a Ino? Eu tô querendo sair daqui…

Seu loirinho o olhou com inocência.

-Por quê? Você não gosta mais dela?

-Não é isso… É que, sei lá, é meio estranho falar com ela agora, não acha? -Tentou buscar as palavras certas. Como diria em voz alta que não queria socializar com ninguém de sua escola, muito menos com a garota que beijou o seu loirinho e com a outra que costumava ser uma de suas ficantes? -Olha aí, elas tão comprando calcinha... 'Mó micão chegar assim do nada.

Naruto não entendeu muito bem o seu desconforto. Afinal, comprar calcinhas não era algo normal? Ele também comprava cuecas de vez em quando, se bem que, parando para pensar com mais cuidado, não estava muito a fim de dialogar com a Sakura. Sabia bem que a garota era completamente caidinha pelo seu babá, e mesmo que a considerasse gente boa, ainda tinha bastante ciúmes de si. 

-C-Certo, eu falo com ela outra hora. -Cedeu.

-Isso, vamos sair daqui. -Voltou a abraçar sua cintura, lhe puxando para pertinho. -Ali pra frente tem umas lojas bem legais e…

-Meninos?! 

-Porra… -Sasuke resmungou.

-M-Merda... -Naruto o acompanhou.

-Oiê, gente! -Sakura era quem os saudava.

Ambos viraram-se com sorrisos refreados.

-E aí, Sakura? 

-O que você 'tá fazendo aqui, hein?! -Riu simpática, beijando a bochecha do Uchiha brevemente. Sakura estava com tantas sacolas na mão, que Naruto ficou assustado. -Que coincidência, eu e a Ino viemos fazer compras! Ah! Oi, Naruto! Tudo bem? 

Ela também deu um beijo em seu loirinho. 

-O-Oi…

-Naruto, oi! -Ino se aproximou. Estava com muita saudades dele. Ambos não se falaram muito após o beijo em sua casa, mas mesmo assim, ainda o considerava adorável e gostaria de aproximar-se mais de si. -Que saudades! 

Naruto sorriu quando ela veio lhe abraçar.

-E-Eu também estava… Tudo bem com você?

-Tudo ótimo e com você?

-Também… -Sorriu sem graça. -Que bom que a gente se encontrou aqui, Ino, eu tenho um convite pra te fazer.

-Convite, é? -Mexeu no cabelo, lhe lançando um olhar atrevido. -Que tipo de convite? 

Sasuke fechou a cara. Fala sério, nenhuma das duas estavam vendo sua mão em volta da cintura de Naruto? Elas eram cegas ou só se faziam? 

-Amanhã é o meu aniversário, vai ter uma festa na minha casa. -Coçou a nuca. -B-Bem… Se você quiser aparecer por lá, está convidada. Acho que você já sabe meu endereço, né? 

Ino sorriu largamente.

-Claro, eu vou sim! -Exclamou e cutucou sua amiga. -Eu posso levar a Saky também?! 

Essa não. 

Naruto também cutucou o Sasuke, pedindo socorro.

-B-Bem… Eu acho melhor… Quer dizer, não sei se essa ideia é… -Embolou-se inteiro com as palavras. -Tudo bem, pode levar ela.

Sakura comemorou, sacudindo as sacolas.

-Então está combinado! 

-Vai ser muito legal! -Ino bateu palmas. -Eu vou te comprar um presente bem bonito! 

-N-Não precisa… -Riu tímido. -Só a sua presença já vai ser o bastante, de verdade.

-Aff, você é muito fofo! -Sakura brincou. -Eu também vou te comprar um presente! 

Naruto desistiu de insistir.

-A-Ah… Vocês que sabem, gente. Obrigado.

-Vamos indo, Naruto? -Sasuke passou o braço por seu ombro. -Estamos atrasados.

-Atrasados pra quê…? -Ergueu a sobrancelha, recebendo uma pisada discreta em seu pé. - A-Ah… Sim, estamos mesmo, nossa… -Fingiu se lembrar do tal compromisso, abraçando-o de volta. -Vejo vocês amanhã, meninas. 

Sakura impediu a saída de ambos.

-Pera aí, meninos! -Segurou no braço de Sasuke, baixando o tom de voz quando recebeu uma encarada não tão agradável dele. -Se me permite perguntar… Vocês dois estão juntos? 

Naruto sentiu o corpo gelar. E embora quisesse responder aquela pergunta com um gigantesco "sim, nós estamos namorando", ainda não sabia ao certo o que Sasuke pensava a respeito e nem como ele desejava lidar com a situação, por isso, achou melhor apenas permanecer quieto.

Só que, felizmente, viu seu babá assentir:

-Sim, nós estamos. 

As garotas piscaram em silêncio, meio surpresas.

O Uchiha, por outro lado, teve que prensar os lábios ao notar o quanto seu loirinho emocionou-se com sua resposta, abraçando-o com força e encostando a cabeça em seu peito. As garotas ficaram ainda mais em choque com aquilo, especialmente quando Sasuke decidiu beijar sua cabeça e repousar o queixo bem ali.

Era ótimo demonstrar afeto em público sem se preocuparem com mais nada. Naruto recordava-se de quando Sasuke mal pegava em sua mão perto dos outros e recusava-se a admitir que era seu babá. Agora, havia confessado em alto e bom som que ambos "estavam juntos", seja lá o que aquilo significasse para ele.

-Oh… -Sakura ficou sem jeito.

-Poxa, meninos, que legal! -Ino fechou os olhos em um sorriso. -Vocês são muito fofos juntos! 

-É… Tem razão. -Sua amiga murmurou de volta, mas não parecia concordar muito com aquilo. -Eu não sabia que você gostava de outras coisas, Sasuke, estou muito surpresa. Desde quando você curte meninos também?

-Desde quando eu devo satisfações pra alguém sobre a minha vida pessoal? 

Sakura franziu o cenho, e Naruto ficou pálido. 

-O que você disse? 

-Eu disse que preciso mijar. -Disfarçou. -Eu vou fazer xixi nas calças se não for no banheiro agora mesmo. Vem comigo, Naruto?

-A-Ah, claro… -Foi puxado para o lado oposto. -Tchau, meninas, até amanhã.

Elas acenaram de volta. 

Quando consideraram a distância grande o bastante, os garotos se entreolharam com expressões brincalhonas. Riram juntos da situação e voltaram a se abraçar. Naruto sorriu apaixonado quando seu babá beijou-o na bochecha, parecendo verdadeiramente confortável em mostrar a todos que estavam juntos. 

O passeio continuou o mesmo por mais algum tempo, sem muitas interrupções ou novidades durante o trajeto. Trocavam carinhos, beijavam-se e olhavam vitrines que chamavam suas atenções. Naruto não havia se interessado por nada que o fizesse chegar ao ponto de interromper a caminhada para entrar na loja, pelo menos não até se depararem com uma feirinha de adoção na área externa do shopping. 

Sasuke viu Naruto ficar boquiaberto.

-Cachorrinhos! -Deu um gritinho.

-Uhum, é uma feira de adoção. -Explicou calmamente. -Eles abrem toda sexta-feira.

-Vamos ver?! -Sacudiu sua mão. -Por favor?!

-Claro, loirinho. -Sorriu com ele. -Vamos lá. 

Sasuke foi puxado apressadamente.

Riu durante o percurso todo, adorando ver o seu loirinho sorrir e se derreter com os animaizinhos dentro das gaiolas. Haviam mais um monte de pessoas ao redor, brincando com os bichinhos e acertando os documentos de adoção, por essa razão, tiveram que recorrer a uma gaiolinha no canto, onde havia quatro cachorros juntos. 

-O-Oh, meu Deus… -Naruto ajoelhou de frente a grade. -Olha só pra esses bebês! 

Sasuke também se ajoelhou.

-Eles são uma gracinha. -Enfiou o dedo entre as frestas para que um dos cachorros lambesse. A realidade é que Sasuke não gostava muito de presenciar animais presos, independente se estivessem lá para serem adotados. -Se eu pudesse, juro que levava todos pra casa.

Naruto assentiu, hipnotizado.

Havia se apaixonado perdidamente por um cachorrinho de pelagem clara — com os pelos quase dourados — íris azuis e uma mancha peculiar na altura de seu olho esquerdo. O mais engraçado de tudo é que o animal também havia gostado muito de Naruto, e como demonstração disso, lambia freneticamente a sua mão.

-A maioria desses cachorros são encontrados em condições muito precárias. -O moreno contava, lembrando-se de algo que leu a respeito daquela ONG que resgatava animaizinhos. -Tem alguns que eram maltratados, outros que não tinham casa… Eu fico feliz que as pessoas se importem tanto ao ponto de cuidar, vacinar e trazer eles até aqui pra terem a chance de serem adotados e amados por alguém.

Naruto estava com os olhos marejados.

Assim como Sasuke, emocionava-se mais do que deveria quando o assunto era animais. Ficou imaginando o quanto aqueles cachorrinhos em sua frente sofreram nas mãos de pessoas más, e isso o fez soluçar baixinho. Continuou acariciando o cachorrinho que simpatizou consigo, encostando a testa na grade.

-E-Ele é tão lindo, Sasuke…

-Uhum, é mesmo. -Respondeu sensível, dando uma boa olhada no cachorro em sua frente. -Ele me lembra um pouco você, sabia? 

Naruto virou-se com os lábios entreabertos.

-E-Eu?

-Sim. -Riu brincalhão -Olha só… Ele é lindo, todo loirinho, tem os olhos da cor do seus e é sorridente. Que nem você, Naruto. 

Naruto sentiu seu coração amolecer.

Aquilo era verdade. Olhando com mais cuidado, o cachorro era igualzinho a si, o que, como o esperado, fez com que se apegasse ainda mais a ele. Vê-lo preso naquela gaiola doía muito. 

-Ei, não chora… -Sasuke puxou-o para seu peito, sorrindo triste. Seu loirinho era mesmo muito sensível. -Eles estão em boas mãos, Naruto, pode ficar tranquilo. Olha como ele 'tá feliz… 

-N-Não, Sasuke, ele não 'tá nenhum pouco feliz… -Choramingou, encharcando a blusa alheia com lágrimas. -Ele 'tá tristinho aí dentro…

-Não está não… -Murmurou de volta. -Você gostou muito dele, não gostou?

-U-Uhum… Muito mesmo.

Uma das donas da ONG se aproximou.

-Boa tarde, meninos! -Cumprimentou, mas deixou de ser tão simpática quando notou que Naruto estava chorando. -Oh… Eu posso ajudar vocês com algo? Gostaram de algum cachorrinho?

Naruto soluçou mais alto.

-Gostamos sim. -Sasuke riu da situação. -Esse loirinho é muito fofo. Podemos ver mais de perto?

-Claro, podem sim! -Esticou a mão para pegar o animal, que apesar de ter um tamanho mediano, foi carregado perfeitamente por si. -Aqui está! 

O cachorro correu direto para o Naruto.

Amorosamente, apoiou as patinhas em seu joelho e começou a lamber seu rosto sem parar. O jovem loiro sorriu entre lágrimas, abraçando-o e chorando contra sua pelagem fofinha. Poderia ser exagero, mas já amava muito aquele animalzinho. A conexão entre eles foi imediata.

Sasuke assistia tudo com um ar doce. Fazia carinho nas orelhas do animal e, de vez em quando, também recebia lambidas. O cachorro havia simpatizado muito com os dois adolescentes, e assim como Naruto, já os amava.

-Ele é um amor, não é? -A moça sorria com a cena. -É vira-lata, um cruzamento de labrador com alguma outra raça que não soubemos identificar.

-Qual a idade dele? -Sasuke indagou.

-Por volta de uns três anos. -Respondeu. -Ele foi encontrado em uma estrada, achamos que foi abandonado pelos antigos donos. 

Naruto se emocionou ainda mais. 

Voltou a abraçar o cachorro com força, imaginando que, assim, pudesse amenizar toda a sua dor e livrá-lo dos traumas de ter sido abandonado. Aquilo era tão injusto. Ele também merecia um lugar para ser feliz e amado. 

-Que coisa horrível. -Sasuke lamentou. 

A moça olhou preocupada em direção a Naruto, desacostumado com "clientes" tão sentimentais. É óbvio que já havia visto muitos chorando ou se apegando aos cachorrinhos, mas não ao ponto de perder o fôlego e mal conseguir falar. 

-Calma, querido… -Tentou consolá-lo. -Nós estamos cuidando bem dele e em breve ele vai achar uma nova casa, pode ter certeza.  

-E-Eu não quero que ele ache uma nova casa, moça, eu quero que ele comigo… -Explicou, nenhum pouco preocupado com o fato de estar sendo assistido por metade da feirinha.

-Oh… Veja bem, querido, você pode entrar com o processo de adoção, então. -Sugeriu sorridente. -Eu não tenho dúvidas que ele vai ser muito feliz vivendo na sua casa. Você vai dar muito carinho pra ele, não vai? 

Naruto levou as mãos ao rosto e chorou mais.

A vendedora, por sua vez, olhou assustada para Sasuke, que acariciava as costas de seu loirinho com um ar tristonho e consolador. Sabia bem que ele nunca poderia ter um cachorro na vida, pelo menos não enquanto vivesse com os seus pais loucos e superprotetores. 

-Eu disse algo de errado, querido?

-Não, não… -O Uchiha negou, fazendo sinal de "deixa para lá". -Estamos bem, obrigado.

O jovem loiro tentou a todo o custo "ignorar" o animalzinho para desapegar de sua presença, abraçando o seu babá e escondendo o rosto em seu ombro. No entanto, o cachorrinho sempre voltava ao seu encontro, lambendo suas mãos, pescoço, orelha e onde mais tinha o alcance. 

Sasuke riu baixinho.

-Acho que tem alguém tentando consolar você.

 Naruto choramingou, de coração partido.

-E-Eu quero ir embora, Sasuke, nunca mais quero voltar aqui na minha vida…

-Não fala assim, loirinho...

-Q-Quero esquecer ele… -Fechou os olhos para não precisar mais vê-lo. -Será que a gente pode ir? 

Sasuke suspirou. Conhecendo o seu loirinho como o conhecia, sabia que ele demoraria para superar o incidente e "cortar os laços" com o cachorrinho. Naruto ficaria martelando aquilo em sua cabeça durante muito tempo e se culpando por não poder adotá-lo, especialmente por ambos terem tido uma conexão imediata e muito bonita.

-E se a gente levasse ele pra casa, hm? -Sugeriu de repente, sorrindo ao reparar que o cachorrinho permanecia sentado em frente a ambos, balançando o rabinho alegremente.

-E-Eu não posso, Sasuke... Por mais que eu queira muito, meus pais nunca vão permitir.

-Eu não estava falando da sua casa.

Naruto levantou a cabeça.

-C-Como assim? Do que você 'tá falando?

-Eu tô falando de adotar ele e levar pra minha casa. -Sorriu simples. -O que você acha? 

Seu loirinho ficou boquiaberto e sem falas. 

-V-Você faria isso…? -Sacudiu a cabeça. -Mas e os seus pais? E o Itachi? 

Sasuke deu de ombros.

-Minha mãe e o Itachi sempre quiseram um filhotinho, só que a gente nunca foi atrás por conta das chatices do meu pai. -Explicou sorridente. -Ele queria um cão guarda pra proteger a casa, não um cachorro dócil.

O loiro olhou pensativo para o animal.

-M-Mas ele é bem dócil, Sasuke… 

-É mesmo. -Riu simpático, recebendo o cachorrinho em seu colo. -Mas quem disse que ele não pode proteger a casa também? 

Naruto piscou lentamente, ainda desacreditado do que Sasuke estava sugerindo. 

-V-Você não precisa fazer isso por mim, Sasuke, de verdade. -Lhe tranquilizou. Apesar de estar apaixonado pelo animal, entenderia perfeitamente caso o seu babá não quisesse adotá-lo. Afinal, era um cachorro. -Isso é uma decisão séria e seu pai não vai gostar muito. 

-Você não 'tá entendendo, Naruto… -Negou com a cabeça. -Eu quero adotar ele. Não só por você que gostou muito dele, mas por mim também.

Seu loirinho continuava sem palavras.

-Eu vou levar ele pra casa hoje. -Chegou mais pertinho de Naruto para que "dividissem" o animalzinho. Ele pulou de volta ao colo do mais novo, dando uma lambida em seu queixo. -Esse vai ser o seu presente de aniversário. Nós dois vamos ser os pais dele, o que você acha? 

Naruto sorriu emocionado, deixando mais lágrimas se acumularem em seus olhos. Não podia acreditar que era verdade. Sasuke estava, literalmente, realizando um de seus maiores sonhos. Ele seria dono de um cachorrinho, e mesmo que não fosse morar junto consigo em sua casa, o jovem sabia que sempre seria muito bem recebido na casa do Uchiha para vê-lo.

Sasuke e Naruto seriam papais. 

-E-Eu não sei como te agradecer… -Por mais que buscasse um jeito de parar, Naruto só conseguia chorar de emoção. -Sasuke… Muito obrigado. 

Juntaram seus corpos em um abraço carinhoso, sendo seguidos pelo cachorrinho, que balançava o rabo no meio deles. Seu loirinho estava mesmo contente com o presente, e Sasuke teve certeza ao sentir seus bracinhos o apertarem com força, buscando uma maneira de agradecê-lo através do físico, porque, com palavras, era impossível. 

Seu "obrigado" jamais seria o bastante.

-E-Esse é o melhor presente que eu já ganhei na minha vida... -Sussurrou de olhos fechados. -E você é a melhor coisa que já aconteceu comigo, Sasuke. 

-Coisa fofa… -Beijou-o lentamente na bochecha. Estava difícil distribuir sua atenção entre Naruto e o cachorrinho carente. -Você me faz muito bem, loirinho, esse é o mínimo que poderia fazer por você. Obrigado por tudo, viu? 

A moça da ONG assistia tudo com um sorriso.

Aparentemente, aquele casal fofo de adolescentes havia decidido levar o cachorrinho para a casa. Por dentro, sentiu uma pontada de tristeza, visto que tinha muito carinho por aquele animal. Mas por outro lado, era uma nova oportunidade de vida para ele, que com certeza seria muito bem cuidado pelos dois garotos.

-E então, meninos? -Chamou simpática. -Posso pegar os documentos de adoção? 

Sasuke assentiu sorridente.

-Pode sim. 

No geral, o processo de adoção foi rápido até demais. Os papéis para assinar eram poucos, fora que Naruto não precisou fazer muita coisa que não fosse chorar de alegria e abraçar o seu babá com todas as suas forças enquanto esperava ele acertar os últimos detalhes com a moça. Era bom que Sasuke fosse maior de idade, porque, sinceramente, o loiro era extremamente alienado, e se estivesse em seu lugar, mal saberia onde deixar sua assinatura.

-Aqui está a carteirinha de vacinação dele. -Estendeu para Sasuke, dando-lhe também uma coleirinha da cor azul. -Ele é bem obediente, mas é sempre bom ter uma coleira por perto.

Naruto se apressou para pegar o objeto, agachando-se de frente ao cachorro para o deixar seguro enquanto estivesse na rua. Não queria que nada de mal lhe acontecesse.

-Certo. Obrigado, moça.

-Eu que agradeço! Até mais! 

Sasuke estendeu a mão para Naruto, que quase não entrelaçou de volta. Estava muito entretido e hipnotizado com o "novo amor de sua vida". Em seguida, deixaram o shopping juntos e tomados de sorrisos, no entanto, não estavam tão felizes quanto o cachorro estava naquele momento. 

-A gente precisa decidir o nome dele! -Seu loirinho pensou alto. -Pode ser Bobby?! Não, não… Esse não. Que tal Logan?! Ou Harry?! 

O Uchiha se divertia com tanta animação.

-Eu acho que tenho um nome melhor.

O adolescente virou-se com curiosidade.

-Qual?

-Loirinho. 

Naruto ficou confuso.

-L-Loirinho…?

-Uhum… Acho que não existe nome que combine mais do que esse. -Sorriu amoroso para o cachorrinho. -Ele é todo loirinho, que nem você. 

O jovem loiro corou com a sugestão, baixando a cabeça para esconder o sorriso tímido. Sasuke havia dito que ele e o animal eram bastante parecidos, mas jamais imaginou que o nomearia em sua homenagem.

-E-Eu adorei… Muito mesmo. 

-Então vai ser isso. -Acariciou seu pelo enquanto caminhava. -Bem-vindo a família, Loirinho! 

O cachorro latiu em resposta. 

Estava tudo mais do que perfeito para ambos, tanto que até esqueceram-se de seus problemas. Naruto mal se lembrava dos absurdos que vinha aturando dentro de sua casa e muito menos de que faria dezessete anos no dia seguinte. 

Sasuke era mesmo um anjo em sua vida.

Só que, infelizmente, o dia no shopping precisou ter um fim. Quando Naruto percebeu que estava atrasado para voltar para a escola — levando em conta o horário em que combinou com sua mãe de ir embora — precisou deixar aquele momento mágico de lado. Seu babá não ficou bravo e nem nada do tipo, na verdade, ele foi bem compreensível e prometeu que o acompanharia até a escola junto com o Loirinho. 

Como da outra vez, voltaram de ônibus.

O caminho de volta foi um milhão de vezes mais animado. Naruto estava emocionadíssimo com o seu mais novo presente de aniversário e Sasuke ainda mais, se bem que também estava beirando o nervosismo. É claro que não diria em voz alta, mas no fundo, estava com medo da reação de seu irmão e de seus pais ao verem um cachorro entrando pela porta de casa.

Seja o que Deus quiser, ele pensou. 

-É aqui, loirinho. -Alertou quando o ônibus estacionou do outro lado da escola. Naruto fez bico, parando de acariciar o pelo do animal. -Eu até desceria com você, mas acho melhor ficar por aqui… Vai que a sua mãe aparece.

-Tem razão. -Suspirou, mas não ficou triste. Nada poderia abalá-lo após ter uma das melhores tardes de sua vida. -Eu entendo…

-Vem cá, dá um beijo. -Sasuke pediu em um murmúrio, levemente enciumado com o fato do adolecente estar dando mais atenção ao Loirinho. 

Naruto notou o ciúmes, e sorriu apaixonado.

-M-Muito obrigado por tudo, Sasuke. -Juntou seus lábios em um selinho longo. -E-Eu te amo muito... Hoje foi o melhor dia de todos! 

-Foi mesmo, loirinho. -Riu doce entre um beijo e outro. -Eu tô muito feliz com o nosso filho, sabia?

-E-Eu também tô, muito mesmo… -Voltou sua atenção ao animalzinho. -Até mais, Loirinho, eu também te amo muito! -Beijou o focinho do animal, que devolveu com uma lambida. -Você é um bebê! 

O cachorro latiu alegremente.

-Fica bem, Naruto. -Sasuke passou a mão por seu rosto, preocupado. Não queria mais que seu loirinho sofresse tanto naquela casa e na mão de seus pais tóxicos. -Amanhã a gente vai estar juntos, tá bom? Vai ser muito legal, eu prometo. 

-E-Esse já foi o melhor aniversário de todos, Sasuke… -Segurou de volta em sua mão. -Independente do que aconteça amanhã, hoje foi perfeito. 

Ambos se olharam apaixonadamente.

-Dá mais um beijo, vai. -Sasuke pediu, mas nem deu tempo para ele raciocinar. Juntou seus lábios e arrancou-lhe um sorriso. -Até amanhã, loirinho.

-Até amanhã, Sasuke.

Ficou o assistindo deixar o ônibus e lançar um último aceno para si e para o Loirinho. Quando a portinha fechou novamente, continuou observando-o caminhar até a entrada da escola, apenas para ter certeza de que chegou a salvo. 

Agora, teria que lidar com outra coisa. E esperava genuinamente que Itachi e seus pais não surtassem quando conhecessem o Loirinho.

O ônibus recomeçou a andar. O jovem tombou a cabeça sobre o acento, se permitindo sorrir bobo da situação. Havia mesmo adotado um cachorro e estava o levando para sua casa, tudo pelo Naruto. Tinha certeza de que o amava, caso contrário, jamais teria feito algo do tipo. Ou talvez teria, Sasuke não batia muito bem da cabeça.

Riu dos próprios pensamentos.

Gastou o restante do percurso brincando com o Loirinho e se permitindo conhecê-lo melhor. Ele era mesmo muito carinhoso, tanto que ficou fazendo graça para uma criancinha sentado no banco do lado. Quando alcançou o ponto mais próximo de sua casa, Sasuke segurou em sua coleira e guiou-o pela rua, contente com o quanto o cachorro parecia estar gostando do passeio.

Sua casa não demorou muito para chegar, e com isso, vieram os medos e inseguranças. Agora era a hora da verdade. 

-Essa vai ser a sua nova casa a partir de hoje, Loirinho. -Sasuke murmurou, olhando para a porta de entrada. -E eu espero de verdade que o resto da família goste de você. 

O cachorro virou a cabeça, parecendo atento ao que seu mais novo dono lhe dizia.

-Relaxa, se eles te expulsarem, eu vou junto. -Colocou a mão na maçaneta e girou. -Seja o que Deus quiser. 

A porta foi aberta lentamente.

-Itachi? -Chamou da entrada.

-Oi? -Sua voz estava distante. Sasuke deduziu que ele estivesse na cozinha. -Chegou?

Em qualquer outro momento, teria repsondio algo como: "é claro que eu cheguei, seu idiota, você não está me ouvindo falar não?". No entanto, dadas as circunstâncias e o fato de querer agradá-lo para que ele não expulsasse o Loirinho, fez com que respondesse docemente: 

-Cheguei sim. Você pode vir aqui, por favor? 

Dando uma mordida em seu sanduíche, Itachi franziu o cenho. Certo, com certeza havia algo de errado. Sasuke nunca foi educado daquele jeito. Desconfiado, o primogênito seguiu até a sala, engolindo o seu lanche de uma vez. Apoiou-se na parede e cruzou os braços, vendo Sasuke entrar em sua linha de visão com um sorriso estranho.

-E aí? Cadê o David?

-Foi embora faz uns vinte minutos. -Sorriu meio bobo e distraído. -Por que a pergunta?

-Você perdeu o cabaço? 

-Cabaço é o teu nariz, garoto, você acha mesmo que eu vou… -Calou-se quando escutou um latido. Lerdo do jeito que era, Itachi olhou para o teto, para as paredes e só depois foi olhar para o chão, onde um cachorrinho fofo e loirinho estava balançando o rabo em sua frente. -Sasuke.

-Pois não? -Sorriu na cara de pau.

-Isso é um cachorro?

-Não, é um hipopótamo. 

Itachi o olhou assustado.

-Explicação. Agora. 

-Eu adotei ele! -Exclamou e bateu palmas. -Não é incrível?! Eu fui no shopping com o Naruto e a gente acabou se apegando muito a ele! Vamos ser os novos donos do Loirinho! 

-Naruto? Shopping? Loirinho? -Seu irmão repetiu tudo, apertando as têmporas. -Sasuke, o que foi que você fez? Isso é um cachorro! 

-Eu sei, ué! -Sorriu abertamente quando o Loirinho fez "festinha" para Itachi, parecendo gostar muito dele também. -Olha que amor, Itachi, você não pode ser maldoso e expulsar ele!

Seu irmão o fitou inconformado.

-Nem vem me fazer de vilão da história! -Tentava discutir, mas o cachorro não parava de pular em suas pernas para tentar lambe-ló. -Você fez a besteira de trazer ele aqui… Eu não posso… Eu não vou poder… Aí, olha que fofo! 

Sasuke sorriu vitorioso.

No fundo, sabia que seu irmão jamais teria coragem de expulsar um cachorro de sua casa, fora que, assim como Naruto, se apegava muito fácil, tanto a pessoas como a animais. E aparentemente, Loirinho havia se apaixonado por Itachi. Sasuke até ficou com um pouco de ciúmes e perguntando-se o motivo de todo mundo — até mesmo cachorros — amar tanto o seu irmão.

-Oi, meu amor…  -Itachi deu tapinhas no joelho, recebendo o cachorro em seu colo. -Que coisa mais linda você é, né? Oi, bebezinho…

-Você vai deixar ele ficar, né? 

-Por mim, tudo bem. -Sorriu e forçou a voz, beijando-o no focinho. -Não é, bebê? Você vai ficar aqui com o Itachi, vai sim...

Sasuke revirou os olhos.

-Se eu soubesse que ia ser tão fácil assim, teria adotado mais uns cinco cachorros. -Murmurou sozinho.

-Não pense que eu não estou bravo com você, Sasuke! -Fez cara de mal, o que foi engraçado, já que o Loirinho estava, literalmente, enchendo seu rosto de lambidas. -Você deveria ter me consultado ou consultado nossos pais antes! 

-Aham… Eu sei, eu sei. 

-Foi muito errado!

-Tá bom, Itachi, me desculpa. 

-Hm. -Empinou o nariz, recebendo uma lambida do mesmo. -Agora vem cá, meu amor… Vou te mostrar a casa! Coisa mais linda, argh! Vontade de esmagar você! 

O cachorro latiu contra seus braços. 

Sasuke, por sua vez, sentou-se na mesa com um sorrisinho. Havia dado tudo certo, e caso seus pais não concordassem com sua atitude, ao menos teria Itachi do seu lado para defendê-lo.

A partir daquele dia, o Loirinho seria o mais novo integrante da família Uchiha-Uzumaki. 







 

 




 

 














 

 





 

 

 






 


Notas Finais


Prontinho, mais um capítulo chegou ao fim! ❤️
Gostei muito de escrever esse, achei uma gracinha KKKKKKK

Antes de sairem, preparei um ✨MOMENTO PERGUNTA✨ muito a ver com o cap:
-> Para aqueles que tem bichinhos de estimação, qual é o nome dele\deles?

Quero ver se tem o mesmo nome que o da minha cachorrinha!!
Um beijão! 🥰🥰


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