Seu plano por mais elaborado que tinha sido, não havia dado certo e mais uma vez a ex namorada se aproveitou da oportunidade. As coisas se saíram piores ainda do que havia planejado, uma vez que a Magali poderia tirar a conclusão que quisesse daquela cena.
A morena, que sem sombra de dúvidas reparou em silêncio, guardou para si qualquer sentimento a respeito daquilo, ela já tinha se conformado que não dariam certo, e vê–los sentando juntos foi o ápice da confirmação que precisava para enfim desistir de uma vez.
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Não demoraram a chegar, em menos de duas horas de viagem o grande clube se destacou em meio a estrada, tão bonito quanto o colégio recém deixado para trás. Era notável que pertenciam ao mesmo grupo de decoradores e arquitetos, os muros de pedras igualmente altos que separavam o ambiente da estrada eram exatamente semelhantes ao da cidade grande.
Enormes portões brancos despendiam–se do chão, trazendo sobre eles uma placa de mármore estrategicamente posicionada com os dizeres “L. School Club” cravados em seu interior. Nadine admirou surpresa assim que colocou um pé sobre a grama molhada do orvalho matinal, a extensão do local era tão grande que sequer conseguiu enxergar o final do que imaginou ser um campo de futebol na lateral do prédio central.
Animada com suas recém amigas, ela caminhou ao lado da Magali, que curiosamente não parava de olhar para trás.
– Magali, está tudo bem? – A ruiva questionou preocupada – Você não para de olhar para o menino aqui atrás, está afim dele?
– NÃO! Claro que não! E... Sim! Está tudo perfeito – Magali respondeu tirando os olhos do Cascão que caminhava ao lado da ex namorada um tanto desconfortável.
– Sei! Se você está tentando disfarçar que ainda gosta dele, melhor mudar a estratégia, até eu que não sei de nada percebi – Nadine tentou ajudar arqueando as sobrancelhas.
– Eu... Não estou tentando esconder nada! – A morena por fim concluiu passando as mãos sobre o rosto.
– Ok então! Me conta, esse professor que veio é legal? – A ruiva perguntou tentando mudar o rumo da conversa.
– Sim! Super! Você deu sorte de pegar talvez o melhor professor para se viajar, e isso a gente nota já no ônibus, tem instrutor que coloca meninas de um lado, meninos do outro – Magali contou, amarrando seu longo cabelo em um coque.
– Sério? – Nadine se assustou reparando que vários pares conversavam tranquilamente sem a atenção do professor, não conseguia imaginar o contrário.
– Sim! Super sério – Ela concluiu entrando por fim nos aposentos.
A apresentação, explicação e demonstração dos lugares e das atividades propostas foram breves, uma vez que a maioria já sabia de cor. E não diferente daquilo os quartos rapidamente foram escolhidos, de três em três as pessoas se dividiram sem esforço algum entre as suítes dispostas no decorrer do longo corredor de chão escuro, amadeirado.
Como dito antes pelas amigas, o alojamento era estritamente separado, as meninas ficavam no prédio oposto ao dos garotos, distanciados por um grande campo, e árvores de todas as cores, então pelo menos ali não precisariam se preocupar com supervisão vinte e quatro horas por dia.
Não foi difícil de decidirem, Magali, Denise e Nadine logo se apossaram de um dos últimos quartos, classificado por elas como o melhor devido sua visão privilegiada para a mini cachoeira que se estendia de dentro da grande piscina com borda infinita na área de lazer.
O dia ensolarado já raiava ao longe deixando claro que faria calor a ponto de aproveitarem e muito as atividades externas, passarinhos de todos os tipos cantarolavam canções relaxantes, tornando o clima ainda mais calmo e apropriado para as merecidas férias. Depois de arrumarem suas coisas, e sem pensar duas vezes elas vestiram seus biquínis e saíram para tomar Sol juntas.
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Cebola caminhou sem pressa, sabia que o alojamento masculino possuía todos os quartos exatamente da mesma forma, sem nenhuma vantagem na qual valeria a pena, então não faria diferença para qual pegariam.
Xaveco caminhava ao seu lado confiante, havia tomado o lugar do Titi no grupo deles, então sem sombra de dúvidas ficaria no mesmo quarto onde antes o amigo dormia. No geral o clube não era nada ruim, seria incrível se o verdadeiro motivo pelo qual eles participassem do pacote fosse simplesmente por vontade própria e não por não terem escolha de passar com a família.
Os móveis eram impecáveis, a instalação, o cuidado e o serviço, não arrancavam absolutamente reclamação nenhuma, nem mesmo da Carmen e da Penha que reuniam as maiores queixas e frescuras do colégio inteiro.
– Colou na ex hoje Cascão? – Cebola perguntou tirando a camiseta e a guardando em uma das malas, assim que se acomodaram na suíte que lhes pertencia.
– Olha quem fala, a Carmen não desgrudou de você um segundo – Cascão rebateu sob risadas do Xaveco. – Você ainda sente algo vai, conta pra gente!
– Claro que não!!! Alias, ela disse que você fez tudo errado hoje, que se quisesse conquistar a Magali teria que agir diferente – O amigo contou tranquilamente.
– E o que ela entende disso? O ano todinho tomando fora seu! – Cascão riu dando de ombros.
– Você deu um fora na Carmen? – Xaveco entrou na conversa assustado – Como isso? Ela é muito gata!
– Ah! Bem se vê que é novo... – Cebola virou os olhos – Cara, o que ela tem de gata ela tem de chata.
– Mas...
– Ela é um porre, acredite! E só fala dela mesma, o tempo todo – Cascão concluiu com firmeza.
– É, isso não é legal mesmo! Mas e aquela tal de Denise? – Xaveco questionou tentando não demonstrar interesse. – Vim com ela no ônibus hoje.
– Ela é legal, mas é mais esperta do que você e o Cascão juntos – Cebola riu bagunçando os cabelos.
– Hey! Me respeita! – Cascão o tacou um travesseiro.
– Gosto de mulher assim – Xaveco pensou alto – Ela namora?
– Não namora não, cuidado hein! A Denise não leva desaforo pra casa, nunca! – Cascão concluiu se levantando para sair do quarto.
– Eu curto desafios – Xaveco sorriu, o seguindo.
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– Falei com o pai da Nadine ontem Monica – Sr. Sousa comentou assim que entrou na sala do hotel no qual estavam hospedados. A filha, que distraída desenhava mais um dos modelos inspirados nas vitrines de Paris, parou no ato.
– Ah! E ai? Eles estão bem? Estão em Campos? – Monica questionou soltando o lápis e o papel em cima da mesa que usava de apoio.
– Estão bem, na verdade ótimos! Sabe amor aquele investimento dele e dos pais do Mauricio? No exterior? – Seu pai direcionou a pergunta mais para a Luisa do que para ela. Monica sabia do que se tratava, mas assuntos relacionados a dinheiro nunca eram comentados diretamente para ela.
– Sei claro! Lembro o quanto a Sra. Barros conversou comigo sobre o medo de terem investido errado, por quê? – Sua mulher questionou curiosa, sob os ouvidos atentos da filha.
– Então! Deu certo e muito certo, já estão abrindo franquias lá fora, eles tiveram que mudar correndo – Seu pai contou com naturalidade, fazendo Monica estagnar.
– Como assim? Eles se mudaram? – A menina deu um pulo ficando de pé imediatamente.
– Pra Carolina do Norte, os negócios estão a todo vapor, precisam deles por lá Monica – Ele explicou animado – Inclusive estou pensando em abrir um investimento parecido também, o que acha Luisa?
– Mas, eles já foram? Eu nem me despedi? – Monica choramingou pensando na melhor amiga.
– Por falar nisso, eu andei conversando com o pai dela sobre umas coisas, mas ainda não é hora de te contar – Ele concluiu com autoridade.
– O que? – A menina perguntou aflita – É uma surpresa?
– Depende do ponto de vista – Sr. Sousa concluiu abrindo seu grande notebook de trabalho sobre a mesma mesa que a menina antes se encontrava.
– Pai! O Sr. vai me deixar assim? Curiosa e aflita? Ela é minha melhor amiga lembra? – Monica questionou suplicando com o olhar.
– Preciso resolver umas coisas antes e você não está merecendo tanto assim. Não se esqueça o motivo pelo qual viajamos mais cedo Monica. – Ele concluiu dando um gole na xícara de chá recém colocada para ele.
Sem pensar duas vezes a menina pegou suas coisas de cima do local furiosa, bateu os pés caminhando em direção ao corredor e fechou a porta do seu quarto com raiva a trancando para ficar sozinha. Não podia acreditar que tinha perdido a melhor amiga também, não sabia como encararia a volta para a sua rotina sem a Nadine por perto.
Encontrá–la com certeza seria muito mais difícil, uma vez que em sua cabeça a ruiva estava há milhares de quilômetros do seu verdadeiro habitat, então imediatamente começou a pensar em alguma forma de se falarem todos os dias via skype ou alguma outra ferramenta da informática, sequer imaginando o que realmente havia acontecido em sua cidade natal.
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Nadine por coincidência se encontrava pensando nela também enquanto tomava Sol deitada em uma espreguiçadeira de frente para a piscina, estava tão distraída que sequer reparou quando algumas pessoas se aproximaram fazendo sombra.
– Então você é a novata? – Carmem perguntou sendo seguida por duas meninas igualmente bonitas.
Nadine apenas virou o rosto, encarando os olhos azuis dela que contrastavam com os seus pretos, equilibradamente profundos.
– Perdeu a língua? – A mais baixa delas questionou com as mãos na cintura ao ver que a ruiva emudecera.
– Calma! Pega leve Pe – A loira pediu rindo.
– Sou sim, por quê? – Nadine se ajeitou na cadeira para observá–las melhor.
– Por nada flor, é que conhecemos todo mundo por aqui e você foi o único rosto que não identificamos – Carmen explicou sentando ao seu lado.
– Ah! Entrei ontem no colégio e vocês são? – Nadine as analisou.
– Eu sou a Carmen, essas são a Penha e a Cascuda – A loira tratou de apresentá–las.
– A menina mal chegou e você já está enchendo o saco dela Carminha? – Cebola se aproximou, levantando os óculos de Sol.
– Só vim me apresentar Cebola! Não que eu precise disso, claro – Carmen concluiu jogando seus longos cabelos loiros para o lado.
– Se não precisa, então por que o faz? Tem medo de não ser reconhecida? – Ele a provocou rindo. - Medo de que seu trono de popular seja perdido?
– Isso nunca acontecerá querido! – Ela abriu um meio sorriso – E você, por que está aqui mesmo?
– Vim tomar Sol, se é que a moça nova aqui me permite – Cebola sentou na cadeira ao lado da Nadine, que se divertia com a discussão dos dois.
– Claro! – A ruiva concluiu tirando sua toalha de cima da espreguiçadeira ao lado, reparando com rubor o quanto ele era bonito.
– Obrigado! Sou o Cebola, prazer – Ele estendeu a mão sob a reprovação das três em sua frente.
– Sou a Nadine e o prazer é meu – Ela concluiu correspondendo a apresentação.
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