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História O Caçador e a Raposa - Livro 2: Jornada - Resultados de Combate


Escrita por: Tulyan

Notas do Autor


Oia a treta vindo! Owo

Capítulo 5 - Resultados de Combate


As nossas espadas fazem dentes, eles sabem como lutar juntos, mas, falta um pouco de disciplina, já que atacam desordenadamente, ao ponto de tornarem tudo mais fácil pra mim. Meu suor escorre por essa roupa fechada, meu pêlo deixa tudo mais abafado, só que, por outro lado, agradeço estar armadurado, pois é ela que está cortada e não seu, acho.

— Glana! – eles chamam a mulher, mas, ela está muito ocupada segurando a espada com as duas mãos.

Uma no cabo e a outra espalmada nas costas da lâmina de um fio só, pois eu uso a arma do que matei quase como um martelo, fazendo dentes profundos nas duas espadas. Isso até uma estocada me fazer recuar, salto para trás, havíamos dançado tanto que consegui coloca-los onde queria, sobre o solo, musgo e samambaias molhadas dão vantagem para mim, não só por ter patas, mas por ter garras nelas.

E anos perseguindo bestas mais habilidosas do que esses macacos sem pêlo.

— Sem fôlego? – pergunto para eles, mesmo que eu esteja também um pouco fora de forma.

Eles têm vantagem de calor, não que eu vá deixar acontecer fácil assim. Suas costas estão diretamente voltadas ao tronco do enorme carvalho, já descobriram que eu pego eles caso tentem correr para me cercar, como prova a fêmea sem dois dedos.

A distância entre nós é o suficiente para que eu busque uma pequena poção e a consume com rapidez. O bom de decorar a organização é que sequer preciso olhar para saber o que estou bebendo, confirmado por sentir as minhas pernas pinicarem um pouco e ficarem arrepiadas, como se estivesse frio.

Eles parecem me imitar, procuram coisas nas pequenas bolsas que carregam, mas não vou deixar. Jogo a espada que peguei deles, dentada e quase quebrando, como a da fêmea humana que tem que parar o afiado objeto para não ser atingida.

— Merda! – ela grita, sentindo a espada girar e bater contra o seu ombro, como o lancei para fazer.

Porém, os olhos dos outros dois não saem de mim, normalmente estaria estripando essa cretina com a minha lâmina, direto nas vísceras, especialmente no estômago. Mas tenho que ser paciente, a cobra sabe quando dar o bote certeiro e mortal.

Minha postura muda, desço os ombros e me abaixo, firmo as patas no chão enquanto travo a lombar e toco a mão esquerda no chão. Minhas orelhas para trás não são de medo, quero estar ciente caso algo venha de lá, não que seja um real problema com eles encurralados.

— Se preparem! – diz o líder, o covarde.

Aprecio isso nele, pois vai morrer em terror.

Talvez esperassem um salto meu ou algo do tipo, para que atacassem juntos, deixando impossível defender todas as espadas, talvez isso acontecesse se não tivessem me deixado tomar a Nervo-Relâmpago. Minhas patas afundam na terra gelada, a minah mão não serve apenas de apoio, traz um pouco de terra que vou usar, mas, ao contrário do que gostariam, salto primeiro para a minha esquerda, não só pra fazer com que tenham de se mover para que acertar, mas que o outro atrapalhe, e a cereja desse bolo, é que dou livre passagem para o covarde.

— Haaah. – meu urro é de guerra.

O choque da minha espada contra a do garoto encapuzado é tão forte que sinto seu corpo inteiro tremer. Minha postura baixa o impedia de dar ataques longos, porém, a terra que tinha na mão agora está indo em direção a sua parceira, para que o meu verdadeiro ataque aconteça.

Nada especial, apenas a bato o meu ombro contra o seu peito e o faço se chocar contra o tronco com tanta força que sinto o meu ombro afundar nos seus ossos. A mulher até tenta desviar da distração, mas, assim que se afastar e limpar os olhos, apenas poderá me ver girando o corpo, trazendo a minha espada de cima para baixo enquanto o seu parceiro tomba e tem a sua cabeça separada do pescoço em um corte limpo.

Vejo medo em seus olhos castanhos, mas não estou em posição de perdoar. Giro a lâmina em sua direção, e para a surpresa de ninguém, o humano sem cabelo corre, foge como um animal assustado, que é.

— E-esper-

Ela tenta falar, mas chuto a cabeça do seu amigo em sua direção. Não sou fã de profanar cadáveres, mas o sangue quente que espirra dessa cabeça não é tão forte quanto o de sua garganta que degolo.

Sua mão corre para a garganta enquanto cai de joelhos, mas a noite que se aproxima só deixa o meu sorriso vermelho ser a sua última visão antes que termine o serviço e duplique a minha cota de decapitações.

— Adorei ver como você foi capaz de me enfrentar, vadia, aproveite a morte. – digo passando pelo seu corpo.

Adoraria pisar nele, mas não, tenho coisa melhor pra fazer, os medrosos são os melhores.

 

Coloco o cabo da minha lâmina na boca, o suor salgado no couro junto a minha saliva cai no chão, pois corro com mãos e patas. Minha roupa rasgou a muito tempo, e a armadura arrebentou algumas fivelas, mas não importa se algumas estraguem, consegui novas.

Passo por árvores como um vulto, meu focinho se enche de cheiros maravilhosos de rever. Não sei se é certo, mas agradeço muito aos deuses por isso ter acontecido, agora posso ser o lobo que sou.

Sinto o impacto no chão em cada membro meu, pedra, madeira, terra e musgo, tudo me dando o caminho do humano fujão que corre como pode, mas está tão aterrorizado que mal dá vontade de encerrar, mas a primeira regra que ensinei ao Kifen, foi nunca brincar numa luta, por mais que pareça ganha.

É por isso que pulo da escuridão, consegui alcança-lo e rodeá-lo tão facilmente, que ele praticamente correu até mim. Nosso impacto é forte, a espada que levei a mão antes do salto faz questão de cortar o seu pulso fora, deixando a sua lâmina cair na terra escura, e antes que gritasse, minha boca se abre e encontra uma garganta macia.

Sentir os dentes afundando em carne viva é algo que nunca vou deixar o Kifen fazer, só é a minha saída pra acabar com esse lixo sem dar chances. Balanço a nuca e o pescoço enquanto caímos no chão frio, rasgo e dilacero sua carne fazendo o sangue espirrar no meu rosto, mas não solto ainda.

Rosno, mutilo esse verme que fez a nossa paz acabar.

Solto a sua carne e fico sobre o seu corpo, de joelhos no chão, pois as minhas pernas agora doem como efeito colateral da poção. Respiro pesado, estou muito exausto depois de tudo.

Só que há muito a ser feito ainda, seu olhar arregalado confronta o meu ao me levantar, o som dele se afogando no próprio sangue agradaria o meu eu de antes, mas, por ele sou gentil.

— Você não merece uma morte rápida, não é digno, é apenas o lixo bem vestido.

Cuspo no seu nome enquanto deixo a minha espada furar o seu coração medíocre, não deixo de encará-lo, nem por um segundo, quero que eu seja a última coisa que ele viu, o Nanci que correu mais do que ele.

Porém, não posso ficar parado aqui, há muito mais a ser feito!

 

 

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— Seu imundo, acha que consegue lutar? Magrelo de merda!

O humano que persigo virou, no meio da floresta escura que corremos tanto. As minhas flechas estão nas suas costas e braço, por isso não conseguiu mais usar o seu arco ou manejar a espada direito.

Tá que tive de arrancar uma flecha da minha perna, e tenho alguns cortes que estão sangrando, mas, ele está contra o quádruplo, eu devo dar conta de um, no mínimo.

— É, eu sou magrelo sim, humano. – digo enquanto engulo seco e logo levo a mão para trás, onde está uma das poções que preparamos. – Mas não significa que você vai vencer.

Bebo o líquido, o sabor de morango atiça as minhas bochechas que ardem com o gosto maravilhoso, e com a sensação de anestesia nos cortes que sinto pararem de sangrar quase na hora. Minhas patas firmam contra o chão, uma base forte é a primeira coisa que ele me ensinou, por isso, conosco desarmados, só posso tentar me acalmar.

Entro em postura, quase sinto as mãos dele me tocando, corrigindo como eu devia ficar, por isso mordo os dentes, não é só uma questão de sobreviver, é uma questão de dar orgulho pra ele...

O humano que estava na minha frente era um pouco maior do que eu, por mais que seja magro e esteja vestido com roupas pretas de couro, não é tão intimidador e apavorante quanto o Elly. Já disputei força com ele, em muitos sentidos, por isso, ele foi bom comigo e me ensinou.

O humano corre na minha direção, seu punho erguido tenta mirar no meu focinho, mas faço como ele disse, ignoro o instinto de desviar e coloco o cotovelo na frente enquanto protejo o meu rosto. A cara de dor que ele faz não é só por isso, mas pelo chute lateral que acerto bem nas suas costelas com a minha pata esquerda.

Dói em mim também, mas, nele é pior, pois tomba para o lado e quase cai no chão se não fosse a árvore que lhe dá apoio.

— Eu disse que não vai.

— Seu lixo, eu vou adorar socar a sua cara até não sobrar nada!

Raiva, o primeiro instinto de um selvagem.

Erguendo-se do chão, o humano puxa o capuz negro, deixa os cabelos castanhos e curtos no ar enquanto um par de olhes pontudas saltam dali, assim como um sorriso tenso. Porém, não me intimido, já cacei tanta coisa pior com o meu amor.

— Para um elfo, você é péssimo.

Não deixo o gosto doce da poção me distrair, cuspo um pouco de saliva quente no chão e torno a erguem os punhos bem a tempo de rever um punho, só que esquerdo, que vem em um arco longo. Talvez ele tenha aprendido, por isso volto a firmar as patas e dou um ajuste simples na posição antes de colocar o cotovelo no caminho, só que, não paro, deixo o seu braço deslizar pelo meu punho que fica para cima, e o outro, trago mais baixo, direto no seu estômago.

Ele se curva com o golpe, a minha perna arde com a ferida rasgando ainda mais, mas não deixo que perceba, o empurro para longe antes de mancar.

— Hnf... – o elfo ri entre tosses. – Parece que o veneno fez efeito.

— Veneno? – nas flechas? – Isso só torna a sua vida mais curta.

Rosno para ele, o elfo toma posição, mas, eu me lembro...

Lembro de como ele me ensinou a quebrar. A minha cabeça dói, como se alguém tivesse batido nela com um porrete várias e várias vezes seguidas, tenho de apertar os olhos pra tentar aliviar, mesmo que um pouco. E isso me distrai.

Um soco acerta o meu rosto com uma força brutal, sinto os meus dentes tremendo, e quando os meus olhos podem se focar de novo, vejo um sorriso sádico. Porém, volto a firmar a postura, mesmo que a minha perda doa como um inferno por isso, tenho de colocar esse merda no chão antes de sentir dor.

Por isso levanto os punhos, forço os meus olhos a ficarem abertos, atentos.

— Hah! Tá cansadinho?

— Só dando tempo pro Elly matar os seus amigos, e pro meu veneno fazer efeito em você. – essa última parte, uma mentira, já que eu esqueci de trazer o óleo...

Mas ele não precisa saber.

— Quando começar a sentir falta de ar me avisa, significa que você só vai ter uns 5 segundos de vida, então eu te poupo o esforço. – continuo.

Parece que deu certo, seus olhos arregalam, ele olha para os buracos que as minhas flechas fizeram no seu corpo.

— Seu merda! – o elfo então recorre a um dos seus bolsos, de lá, retira um frasco com algo esverdeado e efervescente. – Eu te mato antes!

Ele taca aquilo na minha direção, mas é tão baixo que não conseguiria pegar com as mãos, mas, aprendi... estendo a pata para frente, faço o frasco pousar entre os meus dedos enquanto abaixo ela para amortecer o impacto, só que não tenho tempo para ficar feliz por ter conseguido, o elfo ainda está pronto para me matar e seja o que for que jogou em mim, vai voltar.

Com um movimento, jogo o frasco até a minha mão e com força arremesso de volta, ele até desvia ao se abaixar, mas, ver o vidro quebrar contra uma árvore e sua madeira começar a queimar me assusta, não é efeito de um ácido, é literalmente combustão. Forte e delicado o bastante para pegar fogo com o simples impacto.

Não sei se fico maravilhado ou não, mas, sentir o impacto do seu corpo contra mim me faz acordar, o elfo me derruba no chão, sinto pequenas pedrinhas machucando as minhas costas e os meus cortes ardem. Um soco vem na minha barriga, mas consigo pará-lo antes e revido com outro.

Já fui montado assim muitas vezes pelo Elly, seja na cama ou o treinamento, então sei o que fazer, quebrar. Puxo uma das patas até o seu peito e com as garras o chuto para longe, mas ele não recua, continua chovendo socos em mim até que eu consiga colocar as suas patas no seu peito e por fim, deixo ele socar o meu rosto.

Dói, sinto o choque afundando a minha nuca um pouco mais na terra fofa, mas, consegui o seu braço esquerdo, faço a perna direita passar pelo seu quadril até ficar sobre as suas costas, e o mesmo faço com a outra, mas sobre o seu pescoço. Puxo seu braço para mim e cruzo os tornozelos sobre as suas costas só para terminar o que o Elly chamou de chave.

Aberto o seu pulso, firmo os calcanhares e com um puxão, inverto o seu cotovelo. O osso salta pra fora com sangue, o elfo grita de dor, mas torno a jogar o meu peso para as patas, fazendo o seu rosto cair no chão.

Ele grita alto, não posso deixar que atraia mais aliados, ou criaturas que apareçam aqui, por isso, bato o meu calcanhar na sua nuca, mas não adianta, então, outra vez, e outra, e outra! Repito isso até ele parar, quer dizer, até eu parar...

Meu corpo fica pesado, começa a adormecer enquanto todos os cortes perdem a dor, sinto tudo ficando mais tranquilo, meu coração bate lentamente, sinto o seu bater, ouço o seu som fazer as minhas pálpebras fecharem. Havia um tom de paz nessa floresta escura...

Só que eu não vou desistir.

Forço o sono a ir embora, abro os meus olhos, arregalo eles para me manter consciente. Levanto sobre o Elfo desacordado, seu sangue suja a minha tanga, mas, eu também estou sujo disso.

Minhas pernas tremem, meu calcanhar direito dói muito de tanto ter batido no elfo, só que, eu tô de pé. Meu pêlo gelado e sujo de terra é misturado pelo sangue seco, o gosto na boca já é tão nojento que cuspo tudo que tenho no chão, esperando me livrar disso.

Me aproximo dele de novo, cambaleio, na verdade. Meu equilíbrio tá tão ferrado que jogo a mão para ele e caio de joelhos no processo.

Vomito no chão próximo, sentindo o gosto ácido dominar a minha garganta com violência, precisava de algo pra mim, talvez... Vou até o elfo engatinhando pra não cair no chão de novo, procuro seu corpo e quaisquer bolsos ou lâminas, eu tenho que...

— Kifen. – no susto, me viro, já pronto pra levantar e lutar, mas.

Era ele... Meu queixo aperta, assim como os meus olhos quando corro em sua direção com os braços esticados.

— Elly! – sinto o seu corpo quente e molhado de suor.

Ou seria minhas lágrimas? Não sei.

— Você tá bem? – sua voz me deixa voltar a respirar direito. – Venceu ele, sozinho.

Não estava perguntando, posso sentir o sorriso na sua voz, principalmente na última palavra.

— Eu não... eu não consegui terminar! Desculpa! – seus braços voltam a me rodear, estávamos tão sujos que não sei quem está pior.

— Calma... vai ficar tudo bem Kifen, se mantenha atento, pode ter mais. – levanto os olhos pra cima, procuro nele segurança e encontro um santuário.

Seu olhar estava firme, como sempre. Ele é minha pedra-matriz, meu porto-seguro, meu tudo e mais, não consigo ter medo ao seu lado.

— Eu vou sim. – apenas o respondo, engolindo o choro e um pouco do gosto ruim.

Ele se afasta de mim, com a espada prateada em mãos, pronto para tudo. Isso é meu aviso, faço igual, ergo as orelhas para ouvir tudo, em meio a náusea tento me concentrar e ficar em alerta para que nada possa nos pegar de surpresa.

— Fez um belo estrago nele, muito bom, mas... tem qu-

Tudo some, apenas sinto o meu corpo bater contra o chão, a gama macia e o frio me ajudam a dormir. Por mais que eu não queira, finalmente estou seguro.

 



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