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História O canalha perfeito - Capítulo XXII - Castelo de cartas


Escrita por: Bad-Lady

Notas do Autor


Já tô quase sem bateria

Capítulo 22 - Capítulo XXII - Castelo de cartas


CAPÍTULO XXII – CASTELO DE CARTAS 



Quando era pequeno, Sasuke Uchiha gostava de brincar com as cartas. Como não sabia jogar, seu irmão lhe ensinou a montar castelos com elas. O problema era que o castelo era frágil: um pequeno movimento errado, uma carta retirada, o menor vento que fosse, o fazia desmoronar. 

Sempre era necessário ter muito cuidado com ele, e Sasuke sempre foi um homem cuidadoso, pelo menos quando sabia que teria que ser.

Mas ele não tinha conhecimento de que o seu casamento era como um castelo de cartas, e quando desmoronou, ele não soube o que tinha causado isso.

Ou talvez soubesse.

Fechando os olhos, ele começou a reviver os acontecimentos da noite, procurando onde havia errado. Com quase um mês de casados, ele não achou que algo podia estragar, exceto pela conta absurda que chegou em sua casa, em uma sexta quase no final da tarde.

Normalmente, ele iria esperar até segunda para ver, mas Sakura estava sentada perto da janela de seu escritório, lendo concentrada o segundo romance de Kate. Ela estava quase no fim, e ele sabia que odiava não terminar um livro, e por isso decidiu trabalhar mais um pouco, apenas para ela acabar a leitura e lhe contar quem diabos era o assassino.

Sasuke abriu a cobrança, e observou os valores absurdos gastos em vestidos e jóias em Londres. As únicas mulheres que usavam o seu nome para gastos eram sua mãe – que estava em uma viagem com sua sogra – e sua esposa, que não havia voltado para Londres desde que se casaram, quase um mês antes. 

Todos os gastos do casório já haviam sido quitados antes da viagem, e não fazia sentido que lhe enviassem cobranças.

- Meu deus, amor, você não vai acreditar nisso! – Sakura disse, se lavando com o livro nas mãos.

Ela usou o dedo para marcar a pagina e caminhou até ele, totalmente animada. Como sempre, ela se sentou em seu colo, já abrindo o livro na pagina marcada. 

- O que aconteceu com essa mulher agora? – o Uchiha perguntou. 

- Um boí! – exclamou – Ela montou em um boi e perseguiu o ladrão do seu anel! – inconformada, Sakura o olhou, com os olhos verdes brilhando – Eu nem sequer sabia que era possível montar nesse animal.

Bufando, ela fechou o livro e o colocou na mesa, passando um dos braços pelo seu pescoço para se apoiar melhor. 

- E ela conseguiu recuperar o anel? – perguntou.

- Sim, sim. Já esta com ele de volta.

- Mas e o conde? 

- Ficou irritado como sempre.

- Uma hora ele vai trancá-la dentro de casa. 

Sakura riu.

- Ele ameaçou fazer isso! 

- Mas Kate não lida bem com ameaças.

- Não mesmo. Parei na parte em que ela disse que vai embora.

Se inclinando para pegar o livro de volta, Sakura parou, e em vez de pegar o pequeno livro vermelho, ela pegou a conta, avaliando. 

Depois de olhar algumas vezes, voltou sua atenção para o marido, levantando as sobrancelhas.

- Acabou de chegar – Sasuke informou.

- Andou comprando vestidos? – perguntou, voltando sua atenção para o papel – E meias de seda? 

O duque deu os ombros.

- Acho que foi algum erro. Entrarei em contato com o meu contador na segunda, para saber o que aconteceu.

Sakura voltou a ler as contas com atenção.

- Essas compras são desse mês. E eu não comprei nada, e acredito que a sua mãe também não – ela voltou os olhos verdes para ele – Que mulher além de nós usa o seu nome, querido? 

Sasuke deveria ter percebido ali que com certeza aquela conversa não acabaria bem. Mas estava falando com Sakura, sua esposa. Não existia um ser humano mais sensato do que ela, pelo menos em questões práticas.

- Nenhuma. 

Ela levantou as sobrancelhas.

- Obviamente alguém anda usando.

Sasuke pensou no assunto.

Antes de se casar, pagava as contas da sua mãe e de uma ou duas amantes, mas já havia terminado o relacionamento com todas elas. Apesar de que...

- Acho que não avisei ao meu advogado e ao contador de que não estou mais patrocinando alguns gastos. 

Ela se afastou um pouco, pensando no assunto.

- Por “alguns gastos” está se referindo a algumas amantes? 

Sasuke concordou, dando os ombros.

- Terminei tudo assim que você aceitou meu pedido.

Franzindo as sobrancelhas, Sakura quase pulou para longe. Com uma careta, ela começou a resmungar e andar em círculos. Sasuke esperou ela acabar, como sempre fazia. Quando se virou para ele, foi possível identificar a raiva em seus olhos verdes.

Até que estava demorando para terem a primeira briga.

Antes do casamento discutiam em diversas oportunidades. 

O duque se preparou para o conflito.

- Você terminou após o pedido de casamento? – perguntou, e sem esperar resposta continuou - Então após nosso primeiro beijo você fez o que? Correu para os braços de sua amante? 

Sasuke manteve contato visual, pensando em um modo de acalmar a sua esposa. Talvez devesse mandar a cozinheira preparar uma grande torta de morango. 

- Pensei em você o tempo todo.

- Que reconfortante! - respondeu com sarcasmo - Deveria ficar feliz com isso? 

Ela voltou a andar, irritada.

- Não estávamos casados, Sakura.

Os olhos verdes lhe fulminaram.

Como ela foi de uma esposa feliz, a uma esposa furiosa? Eram só algumas contas. Na pior das hipóteses, Sasuke pagaria e iria informar que seria a última vez. Por que ela estava tão irritada?

- Durante todo o nosso envolvimento você ainda manteve suas amantes?

Sem esperar uma resposta, ela resmungou um palavrão, repetindo coisas sem sentido. Sakura estava extremamente alterada, o que não era típico dela. Ficar brava com a situação? Tudo bem, já era o esperado, mas ficar assim? Como se houvesse descoberto que ele afogava filhotes e chutava órfãos? 

- Amor, venha cá – chamou, indicando o seu colo.

 Ela fez uma careta. 

- Quanto tempo até você se enjoar de mim e se envolver com outra? – perguntou – Porque se está pagando as contas dela, deve ser porque pretende voltar.

Senhor, da onde ela havia tirado isso? 

- Você pode, por favor, se acalmar? – perguntou.

Foi a coisa errada a se dizer.

Sakura balançou a cabeça, dizendo mais um palavrão. Sasuke tinha se esquecido de como a boca dela era suja. 

- Eu sabia que isso iria acontecer – resmungou para si mesma – Se não fosse aquele acordo idiota, eu nem sequer estaria nessa situação. Uma amante? Depois de um mês de casados?

Ela bufou. 

Sasuke se levantou, indo até ela. Não tentou tocá-la, pois sabia que isso só a deixaria mais irritada, então apenas parou perto o bastante para que ela sentisse a sua presença.

- Eu não tenho amantes, não sei da onde surgiu essas contas, mas prometo que vou resolver.

Ela parou de andar, mas manteve os braços cruzados. Desconfiada, o mediu novamente.

- Promete que não está me traindo? – perguntou.

Não foi necessário pensar para responder.

- Prometo. 

E simples assim ela se acalmou.

Sem entender, Sasuke apenas ficou olhando, ainda em duvida se devia tocá-la ou não. Talvez devesse mandar servir o jantar no quarto, e levar algum chá para que ela pudesse beber.

- Está tudo bem? – perguntou, em dúvida. 

Ela concordou.

- Claro.

Aliviado, Sasuke se encostou na mesa.

Com sorte demoraria mais um mês para esse próximo surto. Ele até marcaria no calendário, para deixar alguns doces prontos no caso dela simplesmente fazer isso de novo.

- Então pode me explicar que acordo é esse?

Ela piscou os olhos, confusa.

- Que acordo?

- Você disse que se não fosse pelo acordo, não estaria aqui.

Sakura deu uma risada.

- Eu só tinha um acordo com os meus pais. Não é nada importante.

Desconfiado, ele a olhou. 

- Me conte mesmo assim.

Ela deu os ombros.

- Esse era o meu último ano como debutante. Se não houvesse nenhum pedido de casamento, eu estaria livre com o meu dote.

- E se tivesse?

- Eu seria obrigada a aceitar.

Sakura deu os ombros de novo, como se aquilo não fosse grande coisa. Como se não houvesse admitido agora mesmo que aceitou a se casar com ele por causa de um acordo.

Um acordo.

Sasuke não era idiota, e não esperava que ela houvesse aceitado por estar apaixonada ou alguma coisa assim. Sakura era prática demais para isso. Porém, nunca achou que seria por causa de um acordo.

Obrigada a aceitar? 

Ela só disse “sim” por que era obrigada? 

Irritado, ele foi até as bebidas.

Com certeza precisava de álcool para lidar com isso.

Obrigada.

 Então ela obviamente não queria, só aceitou porque não tinha opção. Isso explicava muita coisa, se ele parasse para pensar. Por isso ela queria se livrar do filho do marques, por isso ficou tão irritada quando ele sugeriu que ela estava fazendo armadilhas para arrumar um marido.

Não, Sakura não fez armadilha nenhuma.

Ela estava tentando se livrar de todos eles. 

Só não se afastou dele porque não achou que Sasuke faria o pedido. E por que acharia? Ele deixou bem claro que não pretendia se casar, e não só para ela, mas para toda a sociedade.

E finalmente quando decidiu que queria ter uma esposa, essa esposa não o queria.

Obrigada a aceitar.

Isso era o cumulo! Ela não podia ser como uma debutante normal? Ela não podia simplesmente querer ficar com ele? Só isso bastava: ela ter dito sim porque o queria do mesmo modo que ele a desejava.

Sasuke sempre teve a consciência de que era quase impossível ela sentir por ele uma fração do que ele sentia por ela, mas isso?

Que pelo menos fosse escolha própria. 

Sem procurar um copo, ele virou a garrafa, ignorando a queimação.

- Sasuke? – ela chamou.

Ah, céus, ela ainda estava aqui.

Por obrigação.

O duque deixou a garrafa junto com as outras e limpou a boca, piscando os olhos algumas vezes. Quando se virou, a observou.

Sua linda e adorável esposa.

Que não queria estar casada com ele.

- Você não poderia ser como as outras mulheres? – grunhiu, com raiva. 

Se um olhar fosse capaz de matar, Sasuke teria caído mordo ali mesmo, e sabia disso. Toda a raiva que Sakura estava sentindo antes voltou com força total, e ela cruzou os braços em frente ao peito.

Não queria discutir com a esposa, realmente não queria, porém, ela parecia deixar lhe tirar do sério, e antes que conseguisse pensar, as palavras já haviam escapado de sua boca. Ela aceitou o pedido por ter sido obrigada. Como podia contar uma coisa assim para ele, como se não significasse nada?

Como se não mudasse todo o casamento deles?

- Como as outras mulheres? – questionou, dando um passo para frente – Você sabia como eu era quando me pediu em casamento! 

- Com certeza não sabia. Se soubesse...

Ele se calou. Droga, estava passando dos limites. Havia se casado com ela justamente por Sakura Haruno – agora Uchiha – ser diferente de todas as outras. E agora... 

Será que ele teria feito o pedido, se soubesse que ela era obrigada a aceitar? Não. Definitivamente não. Sasuke nem sequer teria se deitado com ela se soubesse que ela realmente não queria um casamento.

Não que ele quisesse antes disso, antes dela.

Mas como poderia esquecê-la, logo após descobrir como era tê-la totalmente entregue? Não, Sasuke não teria dormido com ela, e não teria feito o pedido.

- Não teria se casado comigo – ela completou, com uma voz quase chorosa.

Automaticamente Sasuke olhou para ela, se sentindo um idiota, se odiando por ter a feito chorar. Mas Sakura não chorava, ela apenas olhava para os próprios pés, perdida em pensamentos. Nunca havia lhe visto daquele modo, nunca. Sempre que pensava, não importava no que, tinha o costume de resmungar, e andar de um lado para o outro. Era totalmente adorável de se ver. Mas agora ela estava em silencio, fechando as mãos com força, como se estivesse tentando se controlar.

Sasuke não sabia o que fazer.

Para ela podia ser um casamento por obrigação, mas para ele não era. Cada um dos votos que fez na igreja pretendia honrar, e nisso estava incluso ser um bom marido e cuidar dela.

Provavelmente não devia fazê-la chorar.  

Devia pedir desculpas, dizer que lamentava, mas nenhum som saiu de seus lábios. Em vez disso só ficou lhe olhando, sem entender o porquê ela não estava mais gritando.  

- É isso o que você quer? Uma esposa submissa e supérflua? 

Ele sabia o que deveria dizer que não, que não queria nenhuma outra mulher a não ser ela, que apesar de se irritar, não gostaria que ela mudasse em absolutamente nada. Que mesmo que ela não quisesse o casamento, ele queria, e que sentia muito por tê-la obrigado a aceitar. Mas não foi isso o que ele disse.

- Podemos conversar sobre isso pela manhã? – perguntou. 

Certamente pela manhã saberia o que fazer, e já teria processado essa informação. Talvez comprasse flores e uma garrafa de uísque para ela. Com certeza ela entenderia isso como um pedido de desculpas. 

Iriam conversar sobre o assunto, como adultos, e resolveriam essa discussão. Mas o seu casamento era um castelo de cartas, e o vento havia sido forte demais. 

- Não será necessário. Acho que já dissemos tudo o que havia para ser dito. 

Quando ela levantou a cabeça, pela primeira vez desde que se casaram Sasuke não conseguiu saber o que ela pensava. Seus olhos verdes estavam nublados, e a expressão de tristeza havia desaparecido de seu rosto. Na verdade, qualquer expressão de qualquer sentimento havia desaparecido. Sakura parecia calma. Muito calma.

Sem dizer mais nenhuma palavra ela saiu, e Sasuke ficou parado, ainda pensando no modo como ela lhe olhava. Naquela noite, desde que se casaram, não dormiram juntos, isso porque Sakura havia decido dormir em seu quarto.

Pela manhã ela estaria melhor, pela manhã conseguiriam conversar, e então ela voltaria para sua cama.


Notas Finais


Sim, tudo o que é bom dura pouco


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