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História O canalha perfeito - Capítulo V - Somente uma dança


Escrita por: Bad-Lady

Notas do Autor


Oi e.e

Capítulo 5 - Capítulo V - Somente uma dança


CAPÍTULO V – SOMENTE UMA DANÇA

 

No sábado um pouco antes das oito, Sakura Haruno estava ansiosa.

Andava de um lado para o outro no quarto, dando voltas e voltas, provavelmente resmungando algumas coisas enquanto fazia isso. Não tinha certeza sobre como se preparar para a noite, e o vestido esverdeado parecia combinar demais com seus olhos. Não queria chamar a atenção do futuro marquês, pois, apesar do último jantar ter sido um sucesso, ele ainda lhe enviou um bilhete na quarta, convidando-a para uma caminhada durante a tarde.

Infelizmente sua mãe havia pegado o bilhete antes mesmo dela, e Sakura foi obrigada a passar duas horas ao lado de Naruto. A companhia em si não era ruim, até gostava de conversar com ele, mas não o bastante para casamento. O que, obviamente, era o objetivo do homem.

Resmungou de novo, e torceu para que sua mãe, que logo aparecia no seu quarto com o último detalhe do vestido, não houvesse ouvido. Já havia escurecido há algum tempo, e a julgar pelo barulho no andar de baixo, já estavam prontos para sair.

- Mais três semanas, só isso... – falou a si mesma.

Se tudo desse certo, Naruto só teria olhos para a Hinata. Até mesmo porque o vestido que escolheram na quinta-feira era no mínimo exuberante, perfeito para ela. E ontem, Sakura conseguiu a muito custo faltar ao baile. Dormiu com a janela aberta e tomou um banho de água gelada durante a madrugada. Isso bastou para que acordasse gripada e febril, o bastante para sua mãe lhe deixar em paz durante a noite, o que ela esperava dar a chance para Naruto reparar mais um pouco na Hyuga mais velha.

Infelizmente, Sakura sempre tivera uma boa saúde e se recuperava rápido demais, de qualquer doença. Então pela manhã, quando a Condessa lhe viu comendo uma bela porção de frutas e uma gorda fatia de bolo, não foi possível alegar que ainda se sentia mal.

Agora lá estava ela, andando de um lado para o outro em um vestido verde cintilante, que parecia ter um certo brilho da cintura para baixo. Era bonito. Bonito demais. Bonito o bastante para chamar a atenção indesejada.

Era tarde demais para derrubar uma xícara de chá quente nele?

Como se ouvisse seus pensamentos, sua mãe entrou no quarto no mesmo segundo. Sim, era tarde demais. O que ela trazia na mão não era uma peça do vestido, graças a Deus, era apenas um colar pequeno, cheio de pequenas pedras esverdeadas. Esmeraldas, talvez.

- Demorei um pouco para encontrar – cantarolou, já se preparando para colocar no pescoço da filha – Ou melhor, para escolher. Você ainda está um pouco pálida de ontem, então o branco te deixaria ainda mais... – ela não completou, mas Sakura soube o que ia dizer.

Acabada.

Parecendo que morreu.

Prestes a vomitar.

Quando o colar se prendeu no pescoço, justo demais, a jovem engoliu o seco, se sentindo sufocada.

- Onde arrumou isso? – perguntou, não muito feliz.

- É chamado de “collier du chien” – sua mãe respondeu, pronunciando em um francês quase perfeito.

Sakura engoliu o seco. Não gostava de francês, apesar de conhecer um pouco a língua. Não sabia o bastante para traduzir o significado, mas conhecia a língua francesa de qualquer lugar. Sentiu um arrepio na espinha ao se lembrar daquela voz grossa e do rosto pálido daquele sádico desgraçado.

- Onde arrumou? – sua voz saiu muito fina, nem um pouco perto do tom que ela gostaria de usar.

Sua mãe lhe virou em direção ao espelho, lhe obrigando a olhar o próprio reflexo. Não estava tão pálida quanto a mesma tinha dando a entender, mas também não parecia muito saudável. O vestido, porém, por ser um tom claro e ao mesmo tempo vivo, pareceu combinar com sua pele, e o colar escuro preso em seu pescoço fazia seus olhos parecerem maiores e seus lábios mais rosados. Não era feio, na verdade, era muito bonito apesar de ser desconfortável. Seus dedos subiram até a parte de trás, roçando na nuca e no fecho do colar, sentindo que o mesmo estava perfeito no seu pescoço. Perfeito demais, quase como tivesse sido feito para ela.

A condessa sorriu pelo espelho.

- Estamos atrasadas.

Antes que ela pudesse escapar, Sakura segurou seu pulso, lhe fazendo parar.

- Onde arrumou?

Os olhos perfeitamente pintados piscaram algumas vezes, como se não tivesse certeza do que falar. Isso, para ela, foi resposta o bastante. Sem pensar duas vezes, puxou o colar do pescoço, ouvindo o mesmo estourar e sua nuca pinicar. E não se importou nem um pouco com isso. O jogou no chão e olhou com raiva para a mãe, que pela primeira vez na vida pareceu se encolher.

Com o canto dos olhos Sakura viu que duas criadas observavam, curiosas enquanto guardavam os objetos que havia usado para se arrumar. No geral, não discutia com a mãe, principalmente tendo uma plateia. Sempre aceitava o que ela queria, na maioria das vezes, e não se importava em se vestir o que a mãe desejasse nas festas.

Mas isso não. Não podia aceitar, mesmo se quisesse. E com certeza não queria.

Por sorte havia soltado o pulso da mãe, pois suas mãos se fecharam em punhos fortes, o bastante para sentir as unhas apertando a carne com força. Podia acabar se machucando, mas ela não se importava.

- Nunca mais coloque nada dele em mim. Nada.

Sem esperar uma resposta, Sakura saiu andando, batendo os pés com força, sentindo como se a pele do seu pescoço estivesse queimando, de dentro para fora. Exatamente como queimou quando ele segurou sua garganta.

Por um segundo sentiu os olhos se enxerem de lágrimas, mas então respirou fundo. Esse sádico desgraçado ainda lhe mandava presentes, e sua mãe abria e guardava. Quantas coisas já havia usado que ele lhe enviou? Quantas vezes deixou com que sua mãe lhe vestisse sem questionar cada objeto que foi colocado em seu corpo? Contra a sua pele?

Sentiu um arrepio e uma vontade de vomitar. Falaria com seu pai sobre isso amanhã, e investigaria cada item do seu quarto, até ter certeza que não havia nada dele presente. Absolutamente nada.

 

 

 

 

Seu humor durante a festa estava péssimo.

Sakura mordeu a língua e manteve os braços cruzados, olhando feio para qualquer homem que se aproximasse para lhe pedir uma dança. Até mesmo Naruto pareceu notar seu humor, ou simplesmente não notou. Sua atenção, ne verdade, havia ficado em Hinata Hyuga, que estava a poucos metros de distância. Logo ele foi conversar em ela e não voltou mais.

Sua mãe, pela primeira vez na temporada, não ficou no seu pé e nem pediu para que sorrisse. Provavelmente sabia que era a culpada, ou então havia decidido lhe deixar em paz pelo menos por uma noite.

Sakura queria ir embora.

Queria ir para o seu quarto, deitar na sua cama e dormir até se esquecer do maldito toque dele.

Respirou fundo e caminhou em passos largos até o conto do salão, se escondendo novamente atrás das solteironas. Logo seria uma delas, e só torcia para não ter que frequentar esses bailes estupidos.

Bufou, de um modo pouco feminino.

- Vejo que essa noite estamos irritados...

Sakura olhou por cima dos ombros, se deparando com ninguém menos que Sasuke Uchiha, o duque. Ele se sentou ao seu lado, mantendo o canto dos lábios levantados. Sakura voltou a olhar para o salão, observando a dança.

- Estamos?

Com o canto dos olhos viu que ele deu os ombros.

- Estou vendo que é a terceira vez que o Uzumaki dança com a Srt. Hyuga. Suponho que isso signifique que seu plano foi um sucesso.

Foi a vez dela de dar os ombros.

Sabia que devia estar feliz com isso, mas não conseguia se importar.

- Está contando as danças deles?

- Não tinha muito o que fazer.

- Podia ter vindo falar comigo.

Sasuke lhe olhou, e durante alguns segundos Sakura se perguntou o que se passava na cabeça dele.

- A senhorita não parecia desejar companhia.

- Então estava me observando também? – não soou como uma pergunta.

Os olhos negros piscaram algumas vezes, como se somente agora se desse conta de que realmente estava fazendo isso.

- Estou aqui por sua causa – respondeu por fim.

Pela primeira vez na noite, Sakura sorriu. Quem diria. O duque foi ao baile por causa dela, e aparentemente não via problemas em admitir isso. Por algum motivo até então desconhecido, Sakura se sentiu feliz. Pela primeira vez na noite, se sentiu feliz.

Sasuke continuou olhando para o seu rosto, e um modo tão fixo que ela considerou que talvez estivesse sujo. Havia roubado uma bomba de chocolate quando ninguém estava olhando, e devorou tão rápido que achou que passaria mal mais tarde. Talvez houvesse um pouco de chocolate em seu rosto.

- O que foi? – perguntou, já passando os dedos pelo canto da boca.

Ele balançou a cabeça e desviou sua atenção para o salão. A dança estava acabando, e logo começaria outra. As damas solteiras começavam a se agitar, esperando animadas convites para dançar. As mães, então, pareciam urubus, buscando jovens solteiros para convidar as filhas. Se observasse o baile por si só, notaria que se parecia muito com uma selva. Retirando os vestidos refinados, o salão polido e bem iluminado, a comida deliciosa e escassa e os músicos, só sobrava fêmeas desesperadas e machos se esquivando o máximo possível.

Era engraçado de se ver.

A maioria dos homens não queria se casar tão novos, e nem mesmo as mães queriam eles para as filhas. Porém, após fazerem trinta anos, se tornavam automaticamente um excelente partido, e parecia que finalmente estavam começando a ficarem prontos para, como seu pai dizia – sempre longe de sua mãe, óbvio –, se amarrar. Sua mãe gostava de falar sobre constituir uma família, mas Sakura sabia que para a maioria deles, o importante era somente ter dois herdeiros – homens, óbvio. O primeiro era para herdar o titulo e as terras, e o segundo era basicamente um reserva para caso acontecesse algo com o primogênito. Poucos deles queriam de fato uma família, poucos deles amavam mesmo a esposa, poucos deles respeitavam os votos do casamento.

E se tinha algo que Sakura Haruno abominava, era quebrar uma promessa.

Ora, pouco importava se o amor houvesse acabado, se o casamento apresentava problemas graves, era inadmissível buscar conforto com outras pessoas – coisas que só os homens podiam fazer.

Ela não era muito religiosa, mas acreditava que uma promessa era sagrada, principalmente se feita perante Deus.

Esse era um dos motivos pelo qual não queria casar. Iria se comprometer com uma pessoa o resto da vida, enquanto ela provavelmente não iria cumprir sua promessa.

Homens eram idiotas.

- No que está pensando? – Sasuke perguntou, atraindo sua atenção.

Sakura se virou para ele, considerando mentir. Mas realmente não gostava disso. E não tinha porque fazê-lo.

- O senhor tem muitas amantes? – perguntou de modo simples, como se estivesse falando sobre o tempo.

Durante alguns segundos, ficou claro que ele não sabia o que responder. Bom, ela não teria falado nada se ele não tivesse perguntado. Não foi sua culpa que bem no momento em qual pensava mal dos homens, Sasuke houvesse decidido chamar sua atenção. Sakura automaticamente se perguntou se homens solteiros podiam ter amantes, e assim que concluiu que a resposta era óbvia, se perguntou quantas eles tinham, e quantas o homem ao seu lado tinha.

O Duque era um homem bonito, disso não havia dúvidas. Um cretino, com certeza, mas um cretino bonito. Se ele tinha a fama de ser um libertino devasso, era de se esperar que se envolvesse com muitas mulheres. Mas seria ao mesmo tempo? Ele teria alguma fixa? Ou mais de uma?

Sakura se viu subitamente curiosa pela resposta.

- O que? – ele perguntou, como se não houvesse entendido.

- Sei que homens tem amantes. Me pergunto se o senhor tem muitas.

Ele lhe olhou de forma esquisita.

- Não se pergunta esse tipo de coisa.

- Não se finge cortejar uma dama.

Sasuke franziu os lábios, como se não tivesse resposta para isso. E de fato, não deveria ter. Eles não tinham um relacionamento comum, na verdade, nem sequer tinham um relacionamento. Estavam apenas fingindo, e isso deveria ser o bastante para mostrar que a relação deles era esquisita por si só, e com isso podiam falar sobre todos os assuntos.

- Estamos em um baile – justificou – Não é apropriado falar sobre essas coisas.

Ela levantou as sobrancelhas.

- E o que deveríamos fazer?

- Dançar.

Sakura riu.

- Se queria tanto dançar comigo, bastava ter pedido.

- Ah, claro, porque a senhorita não é conhecida por assustar os homens.

Sasuke se levantou e ofereceu a mão para ela. A próxima dança já iria começar, e precisavam seguir para o centro do salão. Sakura aceitou, sentindo um frio no estomago quando os dedos quentes envolveram sua mão. Ela subitamente se sentiu pequena. Pequena demais perto dele.

- Ah, milorde, ambos sabemos que eu nunca conseguiria assustar o senhor.

Ele sorriu de um modo enigmático.

- Está dizendo que eu sou seu lorde? – perguntou, conduzindo-a para o centro, atraindo a atenção.

Sakura não se importou que todos estavam olhando para eles. Apenas manteve sua atenção no Sasuke e no sorriso dele, quase como se estivesse guardando um segredo que ninguém mais sabia.

- Não estou dizendo nada – retrucou.

- Tem certeza? Tenho a impressão que a senhorita me chamou de seu.

Sakura revirou os olhos, sem se importar com que as pessoas pensariam. Estavam longe demais para ouvir a conversa, e com sorte, não conseguiriam ver o modo como sorria e como olhava para o duque.  

- Nem nos meus maiores sonhos imaginaria que o senhor poderia me pertencer.

- Está dizendo que sonha comigo?  Fico honrado.  

Ela tentou segurar a risada, porém falhou, miseravelmente.  

- Ah, claro, sonho com o senhor toda noite.

Eles pararam no meio do salão, esperando a música começar. Casais começaram a se aproximar e os instrumentos começaram uma melodia suave. Sasuke colocou a mão em sua cintura e lhe puxou para perto, um pouco mais perto do que o recomendável. Ela prendeu a respiração durante alguns segundos, sem entender o porque de ter ficado tão nervosa de um momento para o outro.

Tudo o que conseguia pensar era mão grande e quente do duque nas suas costas, parecendo quase queimar sua pele. E nos seus dedos longos que seguravam sua mão com alguma determinação estranha, quase como se quisesse garantir que ela continuaria ali.

Seus olhos piscaram algumas vezes enquanto observava o Sasuke. Nunca havia ficado tão perto dele assim. Na verdade, duvidava ter ficado tão perto de qualquer outro homem.

Uma sensação estranha se instalou em seu corpo, e Sakura pela primeira vez na noite não soube o que falar. Quando a música de fato começou, Sasuke se inclinou para frente.

- Eu também sonho com você toda noite – sussurrou em seu ouvido, e ela não soube dizer se ele estava brincando.

Para o seu espanto, o mundo pareceu sumir conforme rodava com ele pelo salão. Não conseguia mais ver as pessoas, ou sequer pensar com clareza. Não havia porque continuar com isso, uma parte de sua mente sabia. O filho do marques parecia estar encantado com sua amiga Hinata – nem sequer olhou para ela quando a cumprimentou, apenas manteve sua atenção na jovem Hyuga -, então seu objetivo estava concluído. Mas, mesmo assim, não conseguia desgrudar os olhos do Duque.

Uma dança, somente uma dança. Depois disso, nunca mais veria Sasuke Uchiha.

 

 

 


Notas Finais


Eu nunca soube muito os tipos de doces que havia em bailes. Descobri hoje alguns, após ler "Simplesmente o paraíso" aparentemente havia bombas de chocolate, e torta com chantilly e morango. Chique, não?

"Collier du chien" significa "coleira de cachorro", ou algo muito parecido. É basicamente uma gargantilha.

Pra quem estiver curioso, a música que eles dançaram foi essa: https://www.youtube.com/watch?v=FL0LHURszfQ


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