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História O Cão de Guarda - O pequeno Eren Jaeger


Escrita por: shikimine

Notas do Autor


Perdão pela demora galera, mas esse foi um capítulo muito trabalhoso de escrever, pois tem muitos detalhes. Enfim, agora vocês irão conhecer o passado do Eren. Preparem os lencinhos kkk
BOA LEITURA

Capítulo 9 - O pequeno Eren Jaeger


Depois de um sermão que durou praticamente uma hora, por parte de Mikasa, Eren se despediu de seu guarda-costas e rumou para seu quarto no terceiro andar. Armin o seguiu para ter certeza de que o castanho não fugiria pela janela dessa vez. E após averiguar que o amigo estava aconchegado em seus cobertores, cansado pelo dia estressante que tivera o Arlet o deixara em paz.

- Não deveria tê-lo deixado sair, Levi. – Mikasa ralhou com o moreno.

- Pior seria se eu não tivesse ido junto. – O Ackerman devolveu. – Eren iria de qualquer jeito, você está com ele há mais tempo, então tenho certeza que sabe que tomei a melhor decisão. – Cruzou os braços sob o peito. – Ele não é o tipo de pessoa que espera permissão para fazer o que precisa ser feito.

Mikasa suspirou.

- Tem razão. – Ela admitiu. – Não param de falar do evento na televisão. E o Eren estava... Ele parecia muito mal.

- Você realmente se importa com ele, não é?

- Com certeza, ele é como um irmão pra mim. – Olhou Levi nos olhos. – Só não fui atrás dele, porque sabia que você estava lá. – Mordeu o lábio inferior. Lembrando-se que dissera no passado para o castanho, que ter o Ackerman como guarda-costas não era uma boa ideia. - Apesar de tudo, você é o único em quem confio para cuidar do Eren na minha ausência.

A garota deu as costas para Levi e saiu dali, subindo as escadas em direção aos próprios aposentos.

Levi se jogou em uma das poltronas na sala principal do térreo. Sua mente fervilhava, não conseguia parar de pensar sobre o que Eren havia dito para si, sobre como Zeke começara a destruir sua vida. Sua curiosidade e identificação com o Jaeger o deixava ansioso, deduziu que havia sido por causa dessas duas coisas que permitira que o castanho se aproxima-se tanto de si. E ele próprio já não conseguia mais ver o afastamento como uma opção viável. Droga, xingou mentalmente. Afrouxou a gravata preta em volta do pescoço, aceitando esse novo laço que construíra com Eren.

- Ackerman? – Indagou uma voz masculina do corredor, era Reiner. – O que faz por aqui essas horas?

- Existe toque de recolher agora? – Resmungou. – O pirralho não vai sair da mansão, se é isso que está pensando.

- Não é isso. – Disse Reiner, sentando-se em outra poltrona de frente para Levi. – Perguntei por que sempre passo por aqui, quando vou ao meu quarto, e nunca o tinha visto sentado ai. – O loiro analisou a feição do moreno com uma careta. – Você parece acabado.

- Obrigado. – Falou sarcástico.

- Me diga, Eren está te dando trabalho? – Riu. – Aquele garoto sempre foi genioso, desde pequeno.

- Você trabalha aqui faz tanto tempo assim? – Indagou surpreso, Reiner não parecia ser tão mais velho do que si próprio.

- Não muito. – Pôs a mão no queixo, contando os anos. – Comecei a trabalhar aqui para Grisha Jaeger. Eren tinha doze anos quando chegou à mansão, e eu trabalhava como um segurança comum do lugar. Apenas quando Eren assumiu a liderança que eu fui promovido á chefe dos seguranças da casa.

- Eren não vive aqui desde que nasceu?

- Não. – Deu de ombros. – Não sei os detalhes, mas Grisha não sabia da existência do filho até que recebeu uma carta da mãe do garoto.

Levi murmurou, inconformado com a resposta incompleta do outro. Percebendo isso Reiner prosseguiu:

- Mas se quiser saber de tudo sobre o Eren eu te aconselho a falar com Nix. Ela está aqui faz tempo e com certeza sabe todos os segredos dessa família, Grisha confiava muito nela.

O Ackerman assentiu, afinal pensara em falar com Nix assim que pôs os pés de volta á mansão. Até porque não foi difícil para ele perceber, o quanto a relação do castanho e da mordomo era próxima. Apenas estava tentando desistir de procurá-la, mas sua curiosidade acabou por vencer. Levi queria conhecer Eren, ponto final. E como o Jaeger não estava em condições de lhe contar, levaria suas perguntas a Nix.

Reiner deixou a sala ao passo que o moreno seguia para o quarto de Nix, cuja localização o loiro lhe dera de bom grado. Deu alguns toques na porta e depois de ouvir um apressado “já vou”, a porta abriu. Nix ainda estava vestida em suas roupas de secretária, apenas seu cabelo parecia revoltado no coque apertado que usava.

- Senhor Ackerman? – Ela disse gentilmente. – Em que posso ajudá-lo? São os esquilos no quintal, eles fizeram bagunça no jardim de novo? Ou foram os vigias noturnos? Eles gostam de uma baderna, francamente, vou chutá-los para fora dessa casa.

- Não é nada disso, Nix. – Levi interrompeu a falação incessante da mulher. – Queria falar com você sobre o Eren.

- O senhor Jaeger está bem? – Questionou. Seus olhos azuis preocupados e nervosos por trás dos óculos de aro vermelho. – Aconteceu alguma coisa com ele?

- Não aconteceu nada, Eren está bem.

- Ah graças a Deus. – Encarou o moreno em dúvida. – Então o que foi?

- Eu gostaria que você me contasse sobre... – Hesitou, talvez não fosse certo bisbilhotar a vida do castanho. – Sobre a história do Eren. – Decidiu lançar a cautela pelos ares. A mulher arregalou os olhos para si. – Poderia me contar?

- E por que o senhor quer saber?

- Fico perto dele o tempo todo e se tiver inimigos em potencial eu gostaria de estar avisado, previamente. – Inventou a primeira desculpa que lhe veio à cabeça.

Nix sorriu sem acreditar naquela afirmação, porém não viu motivos para manter tais informações ocultas de Levi. Afinal, o Ackerman provara ser confiável bem mais do que uma vez. E não é como se o passado de Eren fosse um arquivo secreto do governo, várias pessoas no submundo sabiam da história do castanho.

- Entre, senhor Ackerman. – Nix o deixou passar.

O quarto da mulher tinha a prevalência de tons neutros, salvo apenas uma parede na cor verde musgo. Os móveis também não eram muitos, apesar dela morar ali há bastante tempo, contava apenas com: uma cama de casal, um armário, uma cômoda e uma poltrona cinza. Nix indicou para que Levi senta-se na ponta de sua cama, enquanto que ela se acomodou em sua poltrona. Olhando ao redor o moreno notara que também havia um espelho, próximo a porta do banheiro.

- Bem, senhor Ackerman. – Começou ela. – A alguma coisa especifica que queira saber?

Levi tinha muitas perguntas, mas deduziu que era melhor desvendar tudo do início.

- Não. – Disse o moreno. – Pode explicar tudo do começo? Claro, se não for incômodo.

- Não é incômodo algum. – Ela agitou a cabeça, um sorriso tranquilo no rosto. – O senhor Eren parece gostar muito de você, tenho certeza que ele aprovara o que irei lhe contar. – Olhou para o relógio sob a cômoda. – E ainda não é tarde. Mas devo avisá-lo de que é uma história longa.

- Não tem problema.

- Sendo assim. – Nix pigarreou, se preparando para iniciar a narração. – Tudo começou há dezenove anos, quando o senhor Grisha Jaeger foi a uma exposição de arte e conheceu a mãe de Eren, Carla. Ela era uma artista muito famosa na época. E a mãe de Zeke havia falecido anos atrás.

O Ackerman prestava atenção em cada palavra.

- Não demorou muito para que eles se apaixonassem. Mas Carla não quis se casar com o senhor Grisha, porque não queria se envolver com o submundo. Ele relutou em deixá-la, mas por fim aceitou sua decisão. Ele mesmo sabia o quanto era perigoso, Carla estava certa. – Suspirou. – Porém, ela descobriu pouco depois que estava grávida, de Eren, e os outros membros da família Jaeger não gostaram disso. Pois Eren seria mais um concorrente forte para a liderança da família, caso Grisha descobrisse sobre a existência do filho. Então Carla passou a ser perseguida por eles, e tudo só piorou quando Zeke descobriu sobre seu irmão caçula...

“Eren estava parado de frente para a janela da sala de estar, do apartamento que dividia com a mãe. O garoto de dez anos fitava a noite através do vidro, mas não obtinha sucesso em ver suas amadas estrelas. Pois a poluição luminosa de seu novo bairro, o qual haviam se mudado recentemente, não deixava.

- Mamãe, não consigo ver as estrelas. – Ele reclamou, um bico se formando em seus lábios. Carla riu da expressão emburrada do filho. – Quando vamos ao parque de novo? De lá da pra ver tanto a cidade quanto as estrelas.

Carla, que estava sentada no chão da sala, segurava um pincel rente a uma tela. Suas roupas manchadas de tinta eram comuns para Eren, o garoto acharia estranho não vê-la naquele estado. A matriarca sorriu docemente para si o chamando com um gesto de mão, quando o castanho se aproximou ela encostou o pincel sujo de tinta vermelha em seu nariz.

- Mãe!

A mulher riu, enquanto Eren tentava limpar a tinta que já secava em seu rosto.

- Não tire, ficou bonitinho. – Carla pediu se divertindo.

- Não ficou nada. – Tentou parecer bravo, mas falhou com êxito.

Eren aproveitou que a mãe estava distraída e derrubou, propositalmente, tinta amarela em seu cabelo. Carla, o encarou boquiaberta.

- Você vai ver só agora. – Agarrou o filho pela cintura e esfregou seu cabelo coberto de tinta no rosto da criança. Eren ria tentando escapar da mãe. – Ah você não vai fugir.

Acabaram a brincadeira quando já estavam sujos de tinta, das mais diversas cores, por todo corpo. Sentaram-se lado a lado na sala para contemplar a mais nova obra de Carla, uma pintura abstrata e colorida.

- Por que a gente se mudou de novo, mãe?

- Por causa do meu trabalho, querido. Já conversamos sobre isso. – Era visível que Carla ficava nervosa quando Eren tocava nesse assunto. – Sou uma artista, preciso estar onde possa vender mais facilmente minhas obras.

- Mas você vendia muito bem quando morávamos na nossa antiga casa.

- Eren...

- Por que nós saímos correndo de lá? – Disse irritado. – Estava tudo bem até a senhora inventar que precisávamos ir embora, eu até tinha conseguido amigos. E a senhora sabe como é difícil fazer amizade quando a gente vive se mudando.

- Eren.

- Isso é muito chato, mãe. Por que nós não...?

- Eren! – Gritou para chamar atenção do filho. O castanho notou que Carla se abalou com suas reclamações. – Vá tomar banho e se trocar. Jantaremos daqui uma hora.

- Mas... – Eren queria que ela respondesse a suas perguntas.

- Agora Eren!

O castanho bufou, porém não voltou a contrariar a mãe. Carla sempre evitava aquele tema e vivia dando desculpas para se mudarem, Eren não sabia o por quê. Era como se a matriarca estivesse fugindo de alguma coisa, e toda vez que o castanho entrava nesse assunto Carla o repreendia. Reclamando baixinho, o garoto rumou para o banheiro do pequeno apartamento.

~X~

Eren corria desesperado pelas ruas de seu bairro, louco para chegar em casa. Completamente encharcado graças ao ocorrido em sua escola. Alguém tentara o matar afogado na piscina. Se o professor de educação física não tivesse chegado a tempo, e se o homem não tivesse fugido com medo de ser pego, Eren estaria morto agora. O garoto de onze anos ainda sentia seu pescoço doer onde seu potencial assassino o apertara para matar.

Sua mochila sacudia nas costas conforme ele corria, cada vez mais rápido, muito preocupado com a mãe. Pois o mesmo professor que o salvara ligara para sua casa, pra pedir que Carla fosse até a escola para buscar o filho, que estava amedrontado com o ocorrido. Mas a mulher não havia atendido nenhuma das chamadas, o que fez Eren pensar que se tentaram matá-lo sua mãe poderia estar em perigo também. Então, ignorando os protestos de seu professor, o garoto correu para casa.

- Mãe! – Gritou abrindo a porta com pressa, mas em choque percebeu que ela não estava fechada quando chegara. – Mãe!

O apartamento estava intacto, tirando apenas o corpo inerte de Carla no meio da sala. Eren correu até a matriarca, notando que em seu peito havia um buraco de bala, que sangrava copiosamente. Tingindo o chão de vermelho vivo. O garoto ficou aterrorizado.

- Mãe! – Gritou novamente, na esperança dela lhe responder. – Mamãe, não morra mamãe!

Segurou uma das mãos frias de Carla e para sua surpresa ela abriu os olhos e sorriu fracamente para si.

- Eren... – Chamou com esforço.

- Mãe, aguenta firme eu vou te levar no médico!

- Não Eren, eu não vou sobreviver...

- Mamãe...

- Escute, eu consegui mandar uma carta para o seu pai... – Com a mão livre puxou um pedaço de papel do bolso. Era uma foto de um homem muito parecido com Eren. Ela a entregou ao garoto. – Ele irá achar você... Desculpe não ter falado sobre ele para você durante todos esses anos.

- Isso não importa agora. – A aquela altura as lágrimas já saiam descontroladas de seus olhos. – Você não pode morrer mãe! Eu não quero que você morra!

- Eles estão atrás de você, fuja daqui Eren. – Acariciou a bochecha do filho, e com um ultimo suspiro disse: Vá, eu te amo.

- Mãe! – Eren viu os olhos dela se tornarem opacos, Carla havia morrido. O garoto se agarrou fortemente ao corpo inerte da mãe. – Mãe! Mamãe, não morra! Eu te amo mamãe! – Seus olhos ardiam de chorar e soluços escapavam de sua boca. – Por favor, não me deixe sozinho!

Permaneceu mais alguns minutos chorando abraçado ao corpo de Carla, que já não tinha mais calor. Eren não queria abandoná-la, mas uma agitação no corredor de seu andar chamou sua atenção, se ateu as palavras que sua mãe dissera antes de partir: Eles estão atrás de você, fuja daqui Eren. Relutante o garoto fugiu do apartamento, as lágrimas não o deixavam enxergar o caminho, mas ele sequer se importava para onde iria. Sua mãe, a pessoa que mais amava havia sido assassinada, e ele não conseguira salvá-la.

A tempestade caia forte sobre si, trovões e raios cobriam o céu. Eren nunca fora fã de temporais e aquele não poderia ter vindo em pior hora. Depois de caminhar por horas decidiu se abrigar em baixo de uma ponte, choroso e cansado. Seu peito doía e achou que choraria até dormir, quando de repente viu um brilho prateado na escuridão. Era uma lâmina.

- Quem é você? – A garota que apontava a faca para si perguntou. Era alta e tinha cabelos escuros, podendo apenas ser vista pela luz fraca do poste ao lado da ponte. – Responda!

O garoto sequer lembrava-se do próprio nome tamanha a dor que estava sentindo. Sentou-se no chão e sem vergonha alguma voltou a chorar na frente da garota, que ficou surpresa com sua reação.

- Mikasa, você assustou ele. – Disse um garoto loiro se aproximando dos dois. Apesar de ser magro e aparentemente frágil, tinha um sorriso doce no rosto. – Você está bem?

Mikasa abaixou o canivete que segurava, ao passo que o loiro se aproximava de Eren.

- Algum problema? – Ele voltou a perguntar. – Está perdido?

Eren ergueu o rosto para os dois, a essa altura até mesmo a garota parecia preocupada consigo. O castanho notou que eles usavam roupas surradas, pois eram crianças de rua.

- M-minha ma-mãe... – Balbuciou entre os soluços. – Minha m-mãe...

- Tudo bem, se acalme. – Falou Mikasa agachando-se ao lado do loiro para ficar na altura de Eren. – Respire e diga devagar.

- Minha mãe m-morreu. – Dizer a ultima palavra o deixara sem ar.

As duas crianças a sua frente se encararam como se estivessem conversando por telepatia. Em seguida sorriram solidários para si.

- Pode chorar o quanto quiser. Nós ficaremos aqui. – O garoto loiro proclamou.

Ele e Mikasa se sentaram ambos de cada lado de Eren e o assistiram chorar pelas horas seguintes.

- Quem são vocês? – Questionou Eren. Seus olhos vermelhos e inchados, a voz rouca e a feição exausta de tanto chorar.

- Eu sou Armin. Armin Arlet. – Disse o menino loiro, em seguida apontou para a morena. – E ela é Mikasa. – A garota assentiu. – Nós tivemos que nos abrigar aqui por causa da chuva, ai você apareceu. Mikasa achou que fosse um ladrão. – Sorriu para tentar aliviar o clima.

- Se sente melhor? – Mikasa indagou.

- Não. – O castanho admitiu. – Meu nome é Eren.

O castanho levou a mão ao bolso da calça jeans, olhou para a imagem de seu suposto pai. Nem mesmo sabia o nome dele, como ele iria conseguir encontrá-lo? Guardou a foto novamente no bolso. Estava sozinho, sua mãe não estaria mais ali para lhe confortar nos momentos tristes, e não poderiam contar com a aparição milagrosa de seu pai para salvá-lo.

- A chuva acabou. – Afirmou o Arlet. – Você quer ajuda para voltar pra casa, Eren? Mikasa e eu conhecemos a cidade inteira.

- Não posso voltar pra casa. – Murmurou tristemente. – Quem matou minha mãe também está atrás de mim. Eu não tenho pra onde ir.

Armin e Mikasa se encararam novamente, a garota bufou concordando. Eren achava que eles realmente podiam se comunicar telepaticamente.

- Então que tal vir com a gente? – O loiro ofereceu. – Podemos nos ajudar.

- Mesmo? – O castanho indagou surpreso.

- Sim. – Mikasa o respondeu, estendendo a mão para ajudar Eren a levantar. – Vem com a gente.

~X~

- Volta aqui, moleque desgraçado! – Gritou o dono da padaria. – Ladrãozinho miserável!

Eren correu do homem, passando rápido pelas pessoas que o olhavam feio o vendo com quatro pães roubados nas mãos. Quando já estava longe o suficiente se escondeu no beco em que ele e os amigos marcaram de se encontrar, tocou sua bochecha esquerda a sentindo dolorida pela pancada que levou do padeiro. Seus joelhos também estavam ralados, e suas calças jeans antes novas estavam agora quase completamente acabadas. Um ano havia se passado, afinal, e a vida nas ruas não era gentil com ninguém.

Sentiu seu estômago roncar, não comia há dois dias. Mas apesar da dor já havia se acostumado com a fome. Uma família de gatinhos miava perto de si, abrigada por uma frágil caixa de papelão. Assim como o castanho, eles também estavam com fome.

- Aqui. – Depositou um dos pães que roubara para eles. Os gatinhos avançaram famintos na comida e Eren sorriu com sua pequena boa ação. – Comam devagar, amanhã pode não ter mais.

Mikasa e Armin entraram correndo no beco, agarraram o braço de Eren e o arrastaram dali ás pressas.

- O que foi?! – O castanho gritara por cima da confusão.

- Os guardas da rua estão atrás da gente. – Disse a garota, ajudando Armin a correr com uma mão enquanto na outra segurava duas maçãs.

- Parados! – Gritou um dos guardas.

Os três pularam o muro em direção a avenida principal da cidade, os guardas os seguiram do mesmo jeito.

- Merda. – Eren resmungou. – Como vamos fugir deles?

- Temos que atravessar a avenida! – Respondeu Armin ofegante, não aguentava correr tanto quanto os amigos.

- Isso é perigoso. – Mikasa contrapôs.

- Acho que não temos opção, Mika. – Disse o castanho vendo que os dois homens continuavam em seu encalço. – Vamos... Agora!

Os três cruzaram a avenida, deixando os guardas para trás com sucesso. Os carros buzinavam para eles e os motoristas gritavam enfurecidos: Saiam da frente, delinquentes imbecis! Eren achou que iriam conseguir chegar ao outro lado, porém Armin tropeçou e caiu no asfalto.

- Armin! – A garota e o castanho gritaram em uníssono, desesperados, pois um carro vinha na direção do loiro.

O Arlet só teve tempo de fechar os olhos, antes da enorme e elegante Mercedes Benz frear praticamente em cima de si.

- Você está bem, garoto? – Um homem desceu do banco do passageiro, preocupado com a criança. Os que pareciam ser seus seguranças, também desembarcaram do automóvel. – Consegue levantar?

Armin assentiu se erguendo sozinho mesmo que assustado, Mikasa se postou defensivamente entre o homem desconhecido e o loiro. Enquanto que Eren olhava embasbacado para o sujeito de olhos verdes e cabelos castanhos. Aquele era... Seria possível?

- Pai? – Eren indagou sem acreditar no que estava vendo. Era o mesmo homem da foto que sua mãe lhe dera.

O homem voltou-se para o castanho, o notando pela primeira vez. Ele arregalou os olhos em choque, e sem aviso prévio correu até Eren e o abraçou apertado. O garoto, atônico, apenas pode retribuir fracamente.

- Eren, é você mesmo? – Ele perguntou ansioso, reconhecendo o filho pelas fotos e descrições que Carla havia mandado junto de sua carta um ano atrás. Quando descobriu que tinha um filho mais novo, e o procurara durante um ano inteiro até ele aparecer repentinamente em sua frente. – Eren é você?

- S-sou. – Gaguejou consternado, então ele era mesmo seu pai.

Grisha voltou a abraçá-lo, porém Mikasa o afastou do castanho e ergueu o canivete que sempre carregava consigo.

- Quem é você? – Disse a garota desconfiada. Ela e Armin já haviam visto a foto do pai de Eren, mas não era de seu feitio confiar em adultos à primeira vista.

- Sou Grisha Jaeger, pai do Eren. – Revelou, Mikasa parecia prestes a desmaiar com a menção do sobrenome dele. – E qual o seu nome?

A morena olhou para os seguranças que cercavam o mais velho, prontos para o caso de qualquer atitude de sua parte. Ela abaixou a lâmina.

- Mikasa. – Apresentou-se e apontou para o loiro que se escondia atrás de si. – Ele é o Armin.

Os demais veículos buzinavam em protesto na avenida, Grisha apressou-se em suas falas.

- Não podemos ficar aqui. – Disse ele. – Eren, venha comigo.

O garoto, no entanto, não saiu do lugar. Aquele homem poderia ser seu pai, mas Mikasa e Armin eram seus amigos. E Eren nunca iria abandoná-los.

- Não vou a lugar algum sem eles. – Declarou, mantendo-se junto dos dois e cruzando os braços para fazer valer o que dizia. – Se tenho que ir com você, eles também vão.

Grisha analisou o filho que via pela primeira vez, apesar da pouca idade Eren era firme no que falava. Não tinha medo de si e ele tinha certeza que se tentasse levar apenas o garoto, Eren daria um jeito de fugir com os amigos.

- Venham. – Grisha os convidou. – Sendo assim, levarei todos vocês.

~X~

Grisha convenceu Eren a sair de seu escritório acompanhado de Nix, pois queria conversar a sós com Mikasa e Armin.

- Você é uma Ackerman? – O mais velho perguntou, seriamente, direto para a garota.

Mikasa ficou pálida e o loiro, notando seu nervosismo, segurou em sua mão. A morena a apertou para ganhar confiança.

- Sou. – Conseguiu responder.

- Bem que eu imaginei, já lidei com muitos da sua família. – Grisha continuou. – Conheço um Ackerman quando vejo um. – Cruzou as mãos sob a mesa de mogno. – Você fugiu da mansão, não foi?

- Nós fugimos. – Disse Armin, tentando não gaguejar.

Mikasa respirou fundo, preparando-se para relatar como ela e o loiro foram parar nas ruas de Sina dois anos atrás.

- Não quis ser uma assassina, e não concordo com a maneira dos Ackerman de fazer as coisas. – Indicou o amigo loiro, apertando mais forte a mão de Armin. – Os Arlet trabalhavam na mansão, Armin e eu somos amigos desde muito novos. Quando decidi fugir ele quis vir comigo, os Ackerman tem nos procurado desde então. E você deve saber o que eles fazem com as crianças que fogem, não é?

- Sim, eu sei. – Afirmou o homem.

- Vai nos entregar? – Questionou Armin ansioso.

- Não. – Disse Grisha, surpreendendo os dois. – Vocês ajudaram o meu filho quando ele estava em situação de rua, tudo porque fui incompetente em encontrá-lo. Sempre serei grato a vocês por isso.

- Então...?

- Vocês conseguiram sobreviver sozinhos por muito tempo, ainda mais com os Ackerman os caçando. – Sorriu. – Vocês dois com certeza são especiais, e Eren confia em vocês. Sendo assim vou ajudá-los, estarão sempre em segurança na minha casa.

- E o que você vai querer em troca? – Mikasa perguntou ainda desconfiada, por mais que Grisha parecesse ter boas intenções.

- A única coisa que peço é que cuidem do Eren. – Estendeu a mão para as duas crianças. – Posso contar com vocês?

Armin e Mikasa se encararam e, com um sorriso, apertaram a mão do Jaeger ao mesmo tempo.

~X~

Eren sentava-se a mesa com o pai e, seu recente descoberto irmão mais velho, Zeke. O loiro parecia estar na faixa etária dos vinte e poucos, e não olhava de forma amistosa para o castanho.

- Você deve sentir muito a ausência de sua mãe. – Disse Grisha, quando o filho caçula terminara de falar sobre como havia ido parar nas ruas. – Carla era uma mulher incrível. Mas confesso que fiquei muito irritado quando descobri que ela manteve sua existência em segredo, por todos esses anos. – Suspirou. – Não devo culpá-la, ela fez o que achou melhor para você.

- Sim, minha mãe era a melhor. – Falou Eren, entristecido. – Sinto muita falta dela.

Grisha segurou o ombro do castanho.

- Eu te prometo filho, prometo que encontraremos o assassino da sua mãe e o faremos pagar. – Garantiu firmemente. – Vou me certificar disso.

Em seguida o Jaeger mais velho se retirou da sala de jantar, alegando que iria olhar como Armin estava lidando com as atividades acadêmicas que o mesmo lhe dera para praticar. Afinal, não demorou para Grisha perceber o quanto o loiro era inteligente. E ainda tinha Mikasa, que no momento estava treinando na academia da mansão. A garota realmente tinha o sangue de um Ackerman, pois aprendia os estilos de luta com imensa facilidade. Grisha a presenteou com uma bela katana, já que a morena gostava de lâminas. O Jaeger havia se tornado praticamente um pai para eles.

Eren estava contente com isso, finalmente tudo parecia bem. Claro, até Zeke se erguer da cadeira e dizer num tom sério e azedo para si:

- Deveria ter ficado nas ruas, Eren. Aqui não é o seu lugar e se acha que seremos uma família feliz está enganado, preste atenção no que acontece a sua volta e irá entender o que digo. – Olhou friamente para o caçula. – Por hora vou ignorar você, mas não se atreva a se meter com os negócios da família.

- Por quê?

- Porque já tenho coisas demais para lidar, e cuidar de um moleque moribundo não está entre elas.

~X~

Grisha observava da janela de seu escritório Eren, Armin e Mikasa brincando no bosque junto de Damian, o cachorro que dera para o filho meses atrás. Sorriu, aquelas crianças traziam alegria para a mansão anteriormente tão fria e tensa.

- Ele é um ótimo garoto, senhor Jaeger. – Disse Nix orgulhosa. – Todos eles são.

- Sim.

- Tadinhos, sofreram tanto. – Ela suspirou. – Tem certeza que não quer levá-los em sua viagem? Eles iriam amar Maria, o senhor poderia ir com eles para a praia.

- Não é uma boa ideia, Nix. – Aprumou o terno. – Estou indo a trabalho, prometi a Eren que descobriria quem matou a mãe dele. Zeke disse que tem um informante do submundo em Maria, que pode nos ajudar a descobrir.

- Confesso que ainda estou chocada com a tentativa de Joshamme de matar o garoto, ele tinha apenas onze anos. – Estremeceu, enojada. – Como ele pôde contratar alguém para matar Eren na escola?

- Sabe que meus irmãos não medem suas ações quando buscam por poder, Joshamme foi esperto em desaparecer do país. Mas quando encontrá-lo vou matá-lo por ter feito aquilo com meu filho.

- Não acha que foram Natalie ou Joshamme que mataram Carla?

- Se tivesse sido um deles eu já saberia, não... Foi outra pessoa. – Olhou para a mordomo. – Só preciso descobrir quem.

E em busca de respostas, Grisha, partiu para Maria horas depois.

~X~

Eren ria junto dos amigos a caminho de seu quarto. Mikasa carregava sua katana nas costas, com uma faixa cruzando o peito, Grisha havia sido muito gentil em lhe dar aquela espada e a garota jurou que só a usaria para proteger Armin e Eren. O loiro caminhava junto dos outros dois com livros de administração e cálculo nos braços, pois estava estudando momentos antes.

- O que é aquilo? – Indagou Mikasa, fitando a caixa de papelão em cima da cama do castanho. – Seu pai te mandou alguma coisa Eren?

- Não sei. – Ele sorriu e se aproximou da cama.

Os dois amigos se distraíram enquanto o Jaeger abria a caixa. O clima antes leve foi quebrado por um grito aterrorizado de Eren, o som se propagou pelo quarto inteiro.

- O que houve?! – Perguntou Mikasa desesperada. – Eren o que foi?!

O garoto começou a chorar e se afastou, amedrontado, da caixa. Armin e a morena olharam dentro da embalagem e lágrimas brotaram de seus olhos.

- O Damian... – Disse o loiro, tremendo. – Ele...

Nix entrou correndo no quarto quando ouviu o grito de Eren.

- O que aconteceu?! – Falou a mulher, analisando o conteúdo da caixa. Em choque tapou os olhos do Jaeger com a mão, para que ele não olhar-se novamente para o corpo morto do cachorro. – Armin, Mikasa se afastem daí! – Voltou-se para o corredor e gritou: – Reiner! Reiner venha rápido!

O loiro apareceu alerta na porta, com uma pistola em punho.

- O que foi? – Reiner perguntou, notando que apesar dos semblantes assustados todos pareciam bem.

- Reiner, tire essa caixa daqui! – Pediu Nix.

Ele foi até a cama de Eren e mesmo com os olhos arregalados, pegou o objeto e saiu correndo do quarto para livrar-se dele e enterrar o corpo do cachorro.

- Tem um bilhete. – Disse Mikasa contendo o choro, ao passo que os dois amigos eram abraçados por Nix e choravam compulsivamente. Ela pegou o papel em mãos e leu em voz alta. – Um presentinho do seu irmão... – Engoliu em seco. – Zeke.

- O que?! – Eren questionou, em choque. – Por que ele faria isso?!

Nix esbugalhou os olhos e, nervosa, agarrou as mãos das crianças e os conduziu corredor afora.

- Façam as malas, depressa! – Falou a mulher, agitada. – Vocês têm que sair daqui, andem!

- Nix o que está acontecendo? – Armin perguntou, completamente assustado. – Por que temos que ir embora da mansão?

- Sem perguntas agora! – O guiou para que se apresasse. – Mikasa ajude Armin, eu vou fazer a mala do Eren. Levem pouca coisa, mas depressa pelo amor de Deus!

Os três decidiram guardar as perguntas para depois, passados dez minutos todos estavam com uma mochila nas costas.

- Escutem. – Começou Nix, seus olhos azuis ansiosos. – Levarei vocês até a casa da minha irmã mais velha, Karen, ela mora em Rose e vai cuidar de vocês três.

- Mas por que Nix? O que está acontecendo? – Falou Eren, medo exalava de cada um de seus poros.

Antes mesmo que Nix pensasse em responder ouviu-se barulhos no térreo, Zeke chegara em casa e Natalie estava com ele.

- Saiam pela porta dos fundos no quintal. – Entregou um papel, com o endereço da casa da irmã, para Mikasa. – Não deixe Zeke ver vocês, vou encontrá-los lá depois.

No entanto, o plano de Nix não deu certo. Zeke havia mandado seus próprios homens cercarem a mansão e depois de muita luta Eren e Armin foram rendidos por dois seguranças. Ao passo que para segurar Mikasa e sua fúria eram preciso três.

- O que está fazendo Zeke?! – Eren indagou, alarmado. – Cadê o pai?!

- Grisha morreu, Eren. – Respondeu indiferente. O castanho, o Arlet e Mikasa ficaram atônicos com a notícia. – Sou o novo chefe da família agora.

- Vai matá-lo? – Perguntou Natalie, tinha um revolver na mão e o apontava para Eren. – Não é uma boa ideia deixá-lo vivo.

- Ele pode ser útil futuramente, tia.

- Só o estou apoiando porque sei que é a melhor opção. – Sorriu maldosa. – Não se engane Zeke, eu não gosto de você. Mas se esse garoto vier a nos trazer problemas um dia, eu sugiro que o matemos agora, de uma vez.

- E eu já disse que não. – Olhou com descaso para o irmão mais novo. – Levem ele daqui.

Os seguranças obedeceram e apesar dos protestos de Eren, o garoto foi jogado dentro de um carro preto estacionado na porta da mansão. Cujo veiculo saiu dali em menos de trinta segundos.

- Eren! – Armin chamou pelo amigo, mas foi calado por um chute no estômago.

- Maldito! – Gritou Mikasa, enfurecida, para Zeke. – Eu vou te matar! – Se debateu bravamente, os três homens tiveram que exercer ainda mais força para segurá-la. A morena tinha um olhar assassino. – Solte o Eren! Traga-o de volta, seu desgraçado!

- Joguem eles nas celas subterrâneas. – Disse o loiro.

Apesar da batalha incansável de Mikasa, ela e Armin acabaram trancados nas celas do subsolo da mansão. Duas noites depois, Nix que havia fugido do radar de Zeke, apareceu e os libertou. Os amigos tinham apenas um objetivo agora, achar Eren.

~X~

O castanho estava sentado abraçado aos joelhos em sua cama puída, num quarto minúsculo no fim do mundo. Seus olhos jade brilhavam de ódio na escuridão. Uma corrente estava atada em seu calcanhar direito, limitando seus movimentos. O lugar em que estava trancado não deveria ter vinte metros quadrados, um singelo banheiro se encontrava do lado esquerdo da cama e havia apenas um pequeno basculante de vidro no teto. As estrelas brilhavam através dele, dando a única pista que Eren tinha de que provavelmente estava no interior, onde as luzes da cidade não atrapalhavam a visão do céu.

O Jaeger sentia o lado direito de seu corpo arder, resultado da mais recente tortura de Zeke. O loiro marcara o símbolo da família com ferro em brasa na altura das costelas de Eren, a carne destruída ardia como o inferno. Porém, a raiva do castanho conseguia ser mais forte até do que a própria dor. Eren estava preso naquele lugar há muito tempo, com um pouco de esforço ele chutava que estava ali há três anos. E nesse período Zeke confessara para si, em meio ás torturas ocasionais, que ele havia sido o mandante do assassinato de sua mãe. Não só isso, como também contratara um Ackerman para matar Grisha, quando o mesmo viajou para Maria.

Descobri que você existia quando confrontei Joshamme e Natalie, dissera Zeke, eles perseguiram sua mãe por muito tempo, mas apenas eu consegui me livrar dela. Pena que Joshamme não teve sucesso em matar você.

Eren estava terrivelmente magro, cortesia de seus carcereiros que lhe davam uma refeição pobre ao dia. Mas o castanho não se importava, os remédios que inibiam a dor e a fome o ajudavam, assim como sua própria raiva servia de combustível para sobreviver. Imaginou se Mikasa e Armin estavam bem, ou no mínimo vivos, mas trancado por tanto tempo não saberia dizer. Ele apenas tinha esperança que os amigos estivessem seguros.

A pesada porta de ferro se abriu, e um homem moreno e parrudo entrou.

- Hora de ir garoto. – Disse ele para um Eren confuso.

- Ir pra onde?

O homem não o respondeu, apenas soltou sua corrente e o puxou brutalmente da cela. Algemou as mãos de Eren para trás do corpo e o guiou para fora. Só então o castanho soube que estava em um galpão mal iluminado, dois carros aguardavam lá dentro.

- Trouxe ele. – Falou o homem mal-humorado, sacudindo o Jaeger como um boneco de pano. – Pra onde devemos levá-lo?

Os cinco homens parados ao lado dos veículos jogavam baralho despreocupadamente, enquanto mais de dez faziam guarda do lado de fora do galpão.

- O chefe disse para levarmos ele de volta pra Sina. – Um deles respondeu. – Quando acabarmos essa partida a gente vai.

- Devíamos ir agora.

- Relaxa, vai ser rapidinho.

Dois minutos depois, disparos de armas de fogo foram ouvidos do lado de fora. Os cinco largaram o baralho e se espalharam alertas pelo galpão, o que segurava Eren o fez sentar-se no chão e pegou a própria pistola. Um silêncio ensurdecedor tomou conta do lugar. Até que uma adolescente morena e armada, pulou de uma das vigas no teto e esmagou a cabeça do homem que levara Eren até ali no chão. Em seguida, o local foi invadido por inúmeras outras pessoas.

Assustado e confuso o Jaeger só pôde assistir seus carcereiros serem aniquilados um por um. O castanho ergueu o rosto para cima e ao identificar quem era a garota que saltara do teto, chorou de alívio. Lágrimas também despontavam dos olhos de Mikasa quando ela se abaixou para ficar na altura do outro.

- Finalmente achamos você, Eren. – Disse ela, o abraçando apertado.

~X~

- Então esse é o seu plano? – Jean indagou, incrédulo, para o Jaeger. – Vai confrontar seu irmão diretamente? Isso é loucura.

- Odeio concordar com o Jean, mas ele está certo Eren. – Afirmou Connie. – É suicídio.

- Na verdade é bem possível. – Armin interveio, sentado à mesa ao lado do castanho. – Mikasa será nossa principal força de ataque.

A garota assentiu seriamente, o sangue fervendo tanto quanto o de Eren, por vingança. Mikasa faria Zeke pagar caro pelo que fez com seu amigo, que para si era um irmão, e ela jamais iria perdoá-lo por matar Grisha. Armin era o mais calmo dos três nessa questão, porém só de lembrar-se dos relatos que Eren fez de seu cativeiro o deixava vermelho de raiva.

Quando a garota e o loiro fugiram com Nix para Rose, passaram os três anos seguintes procurando pelo castanho. E com a ajuda de Sasha Braus e Connie Springer conseguiram o apoio de Jean, o que resultou na descoberta do paradeiro de Eren, em uma cidade remota no interior de Rose. Agora, juntos, bolavam um plano para colocar o Jaeger na liderança de sua família.

- Eu forneço as armas. – Disse Merlloh, com os braços cruzados sob o peito. – Mas preciso de pelo menos uma semana para preparar tudo.

- Faça. – Falou Eren calmamente. – E quando eu tomar o poder lhe darei permissão para comercializar em Sina.

- Estou contando com isso. – O loiro de olhos verdes sorriu.

- Bom, então já está decidido. – Sasha se pronunciou. – Levamos quatro meses para arquitetar tudo, e Zeke está começando a desconfiar que minha família esteja escondendo você Eren. Se formos atacar tem que ser agora.

Uma semana depois Merlloh trouxe as armas como o prometido e, com a ajuda de Nix, eles invadiram a mansão Jaeger. A confusão já estava instaurada quando Mikasa armada não só com uma pistola, mas também com sua katana, encurralou Zeke na sala principal do térreo.

- Se lembra de mim? – Perguntou ela, um ódio gélido saia junto de suas palavras. – Eu disse que mataria você.

Zeke riu.

- É realmente trágico, um Ackerman nunca escapará do seu destino. – Seu olhar era arrogante, e sua mão esquerda segurava um revolver. – Sempre serão assassinos, fugir deles não altera o que você é.

- Eu sou diferente.

- É mesmo? – Disse com desdém. – E por quê?

- Porque eles matam por dinheiro, e eu mato para proteger aqueles que amo. – Sua expressão assustadora fez o loiro recuar um passo. – E você machucou o Eren, eu nunca vou te perdoar.

Veloz como um raio, ela o atacou. Zeke e Mikasa se engalfinharam em uma luta até a morte. O loiro tinha instrução em diversas artes marciais e era fisicamente mais forte que a outra. Porém, a fúria de Mikasa era implacável. E com um movimento de lâmina mortal a morena o acertou, Zeke escapou por pouco, mas sua mão esquerda não teve a mesma sorte. O revolver que segurava desabou no chão junto ao membro decepado.

A mansão foi tomada, ele estava em desvantagem, precisava fugir depressa. Correu para a porta, segurando firmemente a parte ferida de seu braço. Ainda lhe restava poucos homens e um carro. Com assombro percebeu Eren se aproximar da casa acompanhado de Nix, Armin, Sasha, Connie e Jean.

- Está fugindo, covarde? – O castanho perguntou, sua feição sombria de ódio. – Fique parado para que eu possa matá-lo.

- Você ganhou a batalha, irmãozinho. – Riu estrangulado, sentindo uma dor insuportável. – Mas eu vou ganhar a guerra.

Zeke entrou no carro acompanhado de mais quatro seguranças.

- Mate ele Mikasa! – Eren gritou.

A garota saltou do degrau mais alto, que levava a entrada da mansão, e pousou no teto do carro. Ela inseriu a lâmina afiada de sua espada através do metal, matando um dos homens de Zeke com um corte profundo no topo da cabeça. O veículo saiu em disparada, fazendo manobras para que Mikasa fosse jogada longe, mas a garota ainda conseguiu matar outro segurança antes de ter seu corpo lançado no asfalto.

- Reiner! – Chamou Eren apressado. – Pegue os carros e alguns homens, persigam Zeke e tragam-no pra mim.

O loiro assentiu, conduzindo uma perseguição alucinante pela hora seguinte. Contudo, Zeke conseguira escapar. Eren não desistiu de sua caçada ao irmão e assim que tomou a liderança da família Jaeger, investiu um ano inteiro em sua busca. No entanto, o único resultado que recebera fora uma foto de Zeke no aeroporto junto de um homem, que mais tarde descobriu ser Kenny Ackerman. Decidiu que precisava de ajuda especializada caso quisesse matar o irmão mais velho de vez. E assim foi procurar Levi Ackerman, que as pessoas diziam ser o melhor de todos os assassinos do país, alguém cruel e não muito confiável, mas que sempre cumpria os trabalhos para os quais era contratado. Eren tomou uma decisão: usaria Levi para matar Zeke.”

Levi saiu do quarto de Nix, letárgico, com a história que ouvira da mulher.

Andou sem rumo pela mansão, repassando todos os acontecimentos do passado de Eren em sua cabeça: sua mãe havia sido perseguida durante anos por Joshamme e Natalie; aos onze anos seu tio contratara alguém para matá-lo dentro da escola; sua mãe foi assassinada; Eren teve que fugir e acabou vivendo nas ruas junto de Armin e Mikasa por um ano, até Grisha finalmente encontrá-lo; depois Grisha também foi assassinado e Zeke matara seu cachorro, Damian, para enviar um recado; acabou trancafiado por três anos, recebendo torturas ocasionais do irmão e desenvolvendo seu vício em remédios; e quando em fim foi resgatado tomou o poder da família por vingança, pois descobrira que o mandante dos assassinatos de seus pais era Zeke.

Aquilo era informação demais para assimilar de uma vez, mas o Ackerman finalmente entendia o castanho e suas motivações.

- Levi? – Indagou uma voz a sua frente.

Só então o moreno percebera que estava perdido em pensamentos, andando pelo corredor que dava para a cozinha. Eren estava parado de pijama a sua frente, sorrindo para si. Como esse garoto consegue sorrir depois de tudo o que passou? Questionou-se.

- Não deveria estar na cama? – Disse o Ackerman.

- Fiquei com sede e decidi descer para beber água. – Analisou a feição fechada do guarda-costas. – Você está bem? Perece perdido.

- Estava conversando com Nix.

- Ah, não sabia que vocês tinham se tornado próximos. – Falou meio sem jeito.

- Perguntei a ela sobre você.

- Sobre mim?

- Sim, ela me contou tudo. – O sorriso de Eren murchou. – Seu passado...

- Eu não gosto muito de falar desse assunto.

O castanho tentou ir embora, mas Levi o impediu segurando em seu braço.

- Está tudo bem Eren. – Falou o Ackerman, quando os olhos do Jaeger ficaram úmidos. – Você fez o melhor que pôde. Tem uma força incrível.

Para a surpresa de ambos, Eren o abraçou. Levi arregalou os olhos, admirado, mas sabia que o castanho precisava de um abraço. Por isso retribuiu ao invés de recuar.

- Obrigado. – O Jaeger balbuciou rente ao peito do outro, contendo o choro para não manchar o terno.

- Pelo o que?

- Por não me julgar.

- Eren, você foi a principal vítima dessa história.

- Isso não apaga o que fiz depois. Não me orgulho do que faço e do que ainda terei de fazer. – Se agarrou as costas do Ackerman, os dedos magros apertando o tecido. – Mas eu preciso vingar a minha mãe e o meu pai.

- Está tudo bem, você não precisa pensar nisso agora. – Pôs uma mão na cabeça de Eren, afagando seus cabelos. – Protegerei você, e juntos nos vingaremos daqueles que mataram as pessoas que amávamos.

Eren assentiu sem se soltar do abraço. Desde o acidente de carro, o Jaeger percebera que os braços de Levi eram o lugar mais seguro que poderia estar. E nem ele, nem o Ackerman, queriam sair dali tão cedo.


Notas Finais


Ficou um capítulo gigante? Ficou um capítulo gigante, mas né... Altas emoções aqui dá licença kkk
Então, ficaram surpresos com o passado do Eren? Me contem nos comentários. E aqui vai um pequeno spoiler do próximo capítulo: festa - momentos Riren - Historya Reiss. Quero teorias hahaha
A música que escolhi para esse capítulo é Demons do Imagine Dragons ( oia a banda do milênio de novo ai gente kkk), acho que combina muito com os próprios demônios que o Eren guarda depois de tudo o que passou. A ganância da família também, o "destino" da Mikasa e o Levi que ficará ao lado do Eren o protegendo ( momento fofo no final do capítulo = a autora derretida :3 )
https://www.youtube.com/watch?v=SYUuQO3AfTg


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