Bucky abraçou o corpo de Ariel com força, implorando para que ela não tivesse morrido em seus braços. A pele pálida da garota estava bem evidente, principalmente naquele momento em que seu corpo não tinha mais vida. A mão humana dela estava caída no chão, que estava um pouco suja com seu próprio sangue e com um pouco de pólvora que tinha vindo de suas armas, que estavam caídas ao lado de seu corpo. A lágrima ainda caía pelo rosto dela, porém de forma lenta.
Brendon e Dallon, que não estavam muito longe dali, notaram que todos os Vigrots que eles pretendiam atacar haviam fugido. Eles se olharam confusos, tentando entender os pensamentos um do outro.
– Por que eles estão fugindo? – perguntou Dallon com o tom de voz baixo e confuso. Brendon pareceu apreensivo demais na direção para onde os Vigrots estava indo, mas ouviu a pergunta de Dal.
– Não faço a mínima idéia – respondeu Brendon com a voz também baixa. Ele olhou ao redor, procurando por Ariel. – Você viu a minha irmã?
Dallon negou com um pequeno movimento de sua cabeça. Ele se virou e viu que muitos carros estavam destruídos e que haviam vários Vigrots mortos no chão, assim como alguns corpos humanos. Brendon olhou para os corpos e sentiu um arrepio subir por sua nuca, além de sentir a sensação de que não tinham conseguido cumprir o dever inicial.
Os dois andaram entre os corpos dos Vigrots, pisando nas pequenas poças de sangue negro que acabava ficando na sola dos sapatos de ambos. Dallon tentava ao máximo não olhar para os Vigrots, enquanto Brendon conseguia ver aquilo sem ter as mesmas sensações que o mais velho estava sentindo. Se uma palavra pudesse descrever os sentimentos de ambos naquele momento era: incerteza.
***
Tony ainda estava sentindo o ferimento na sua perna piorar a cada momento, e a dor estava começando a se tornar insuportável. Natasha sentia o sangue percorrer pela lateral de seu rosto, deixando um rastro vermelho que combinava com seus cabelos ruivos. Quem olhava de longe podia ver duas pessoas extremamente fracas, quase que indo ao chão.
Andrew limpava o líquido escuro que se encontrava na região de seu peito, assim como Gwen tentava tirar aquele líquido de suas botas. Peter tirou a máscara, respirando o que julgava ser o ar puro. Wanda estava olhando para o céu nublado, assim como Visão também olhava. Clint retirava sua flecha da cabeça de um Vigrot, olhando para a ponta e expressando nojo pelo sangue que ali estava. Sam era o único que não estava tão preocupado com o próprio estado, mas estava preocupado com Bucky, já que ele não respondia suas chamadas pelo comunicador. Se perguntava se ele estava bem ou se estava ferido.
Stephen, que estava ali perto, se aproximou do grupo, segundos depois de pousar. A capa parecia inquieta por algum motivo, mas o mago não tinha certeza do porquê dela estar daquele jeito. Ele sentia uma energia negativa e triste no ar, como se toda a felicidade que podia existir tivesse sumido.
– Tem algo de errado – disse Stephen para o grupo, que o olhou atento. – Conseguem sentir algo negativo no ar?
– Eu consigo sentir – respondeu Wanda com a voz baixa. – É como se algo tivesse sido tirado a força do mundo, e tudo está reagindo de uma forma tão... Tristonha.
Sam se afastou um pouco, pegando seu comunicador.
– Ei Bucky – disse ele com a voz baixa –, você está me ouvindo?
Sam conseguiu ouvir um soluço baixo vindo de seu comunicador. Ele julgou que fosse Bucky, mas se perguntou o porquê dele estar soluçando bem baixinho.
– Pessoal – disse Sam, e todos o olharam –, algo aconteceu com o Bucky. Ouvi um soluço baixo no comunicador.
– Onde ele está? – perguntou Tony, logo se apoiando na parede por conta da dor na perna.
– Segundo a localização do comunicador – disse Sam olhando para uma pequena tela no seu bracelete –, ele está perto da cafeteria Beautiful Sunshine.
O grupo foi direto para lá, cada um de seu jeito. Sam ajudou Tony a andar, assim como Clint também ajudou. Eles sabiam que seria uma longa caminhada, mas não se importaram com isso no momento.
No local onde havia dito que Bucky estava, ele ainda estava abraçado ao corpo de Ariel, ainda chorando. O corpo da jovem ainda estava quente, mas a temperatura ia diminuindo aos poucos, e o soldado sentia isso. Ele acariciava o rosto de sua filha com a mão humana, e tirava alguns fios de cabelo que cobriam o rosto dela. Um sentimento melancólico, sem sombra de dúvidas, havia invadido o espírito de Bucky com força e sem sentir pena dele.
A mão humana de Ariel estava na região do ferimento, enquanto sua mão de metal estava caída no chão. Bucky viu, naquele momento, que sua filha faria de tudo para que ele ficasse vivo, e com certeza isso incluía morrer no lugar dele.
Um vento gelado surgiu, fazendo com que Bucky sentisse frio e mais medo do que estava sentindo anteriormente. Ele acariciou o rosto de Ariel novamente.
– Por favor, volta pra mim – disse Bucky soluçando. Ele voltou a abraçar o corpo de Ariel, sentindo a pele da jovem ficando gelada. Agora ele sabia que tudo era verdade. – Ariel... Por favor... Não se vá.
Bucky ouviu passos, e tentou ao máximo não tirar os olhos de sua filha. Ele sentiu alguém tocar no seu ombro, e viu que era Sam.
– Bucky... – disse Sam com a voz baixa. Após ver Ariel, ele ficou um pouco confuso. – O que aconteceu?
– Ela... Se foi, Sam – respondeu Bucky soluçando. – Ariel está... morta.
Sam sentiu suas mãos tremerem, e também sentiu a tristeza que seu amigo sentia. Ele se ajoelhou ao lado de Bucky e olhou para o rosto sereno de Ariel. Se ele não soubesse que ela estava morta, poderia dizer que ela estava apenas dormindo.
Os outros heróis se aproximaram. Gwen, ao ver o corpo de Ariel sendo abraçado por Bucky, gritou de horror e começou a chorar. Peter abraçou-a, tentando acalmá-la, mas ele acabou chorando junto. Brendon sentiu a raiva e a tristeza atingirem seu corpo, e lágrimas surgiram em seus olhos. Dallon segurou o mais novo, cuidando para que ele no fizesse nada sem pensar.
Stephen sentiu seu rosto molhar com lágrimas frias. Nunca imaginou que fosse chorar naquele momento, mas viu que estava errado. Naquele momento ele percebeu que havia se apaixonado por Ariel Barnes, e que agora ela havia partido.
***
Ariel abriu os olhos devagar, mas os cobriu rapidamente quando a claridade do local atingiu-os. Ela se sentou no chão, onde estava deitada, e tirou a mão dos olhos, vendo o que tinha ao seu redor. Aparentava ser o Central Park, talvez por conta do modo que ela via: um lugar calmo, onde todas as suas preocupações eram esquecidas.
Ao mexer no cabelo, Ariel notou algo de estranho. Não tinha mais o braço de metal, mas sim o seu braço normal. Era como se nada tivesse acontecido, e que tudo fosse apenas um sonho distante.
– Mas o quê...? – perguntou ela em voz alta. Ariel tocou no seu braço esquerdo, sentindo a carne de seu braço, logo vendo que era real. Ela se levantou e começou a caminhar pelo parque, sentindo um pouco de frio. – Olá? Tem alguém por aqui?
Enquanto andava, viu algumas flores amarelas no chão, aparentemente recém nascidas. Ariel se aproximou delas e as tocou, sentindo que estavam molhadas, mesmo que não parecia ter chovido mais cedo. Isso a fez sorrir de lado.
– Só conheço uma pessoa que ama flores amarelas como essas – murmurou Ariel. Ela sentiu uma mão de tamanho mediano tocar em seu ombro. – E eu conheço esse toque...
Ao se virar, Ariel se deparou com sua mãe. Os longos cabelos e ondulados caindo por suas costas, os olhos escuros que pareciam brilhar com as lágrimas que ali se formavam, o sorriso radiante nos lábios pequenos e rosados. A garota não resistiu, e a abraçou sem pensar duas vezes. Ela sentiu os braços de sua mãe lhe abraçando de volta.
A saudade de anos estava sendo morta naquele momento, naquele abraço cheio de amor.
– Mãe – disse Ariel com a voz baixa, deixando algumas lágrimas cair por seu rosto, mas Tessa as secou rapidamente.
– Ariel – disse Tessa com a voz baixa. Sua voz era calma, e conseguia acalmar a qualquer pessoa que a ouvisse. – Mulher de coragem e bravura, assim como o seu pai. Tem até os olhos dele... De qualquer forma, é bom te ver, querida. Vamos caminhar um pouco?
Ariel se soltou de Tessa e ficou ao seu lado, olhando ao seu redor logo em seguida. Tudo parecia estar se movendo devagar por ali, mas a garota não sabia dizer exatamente o que estava acontecendo. Ao olhar de novo para Tessa, Ariel notou como ela estava bonita. O Vestido prateado que ela usava lhe caía tão bem, fazendo um contraste com seu cabelo. As luvas, também prateadas, em suas mãos a deixavam mais graciosa do que já era. Seus lábios estavam pintados com um tom escuro, mas Ariel não sabia dizer qual.
– Você não está tão diferente da última vez que me lembro – disse Ariel com a voz baixa. Tessa riu baixinho.
– Nem você, minha querida... – disse Tessa. – Quer dizer, você parece estar muito mais bonita do que eu me lembrava. Deixou o cabelo crescer, por acaso?
– É, eu deixei, e também comecei a usar roupas mais fechadas, por conta do braço de metal. Mas ele...
– Ele não existe aqui, querida. Aqui é só a sua essência, se é que posso falar isso.
– Mas... Aonde estamos?
– Estamos em um limbo... Mas sinto que você sabe disso.
– É, eu tinha pensado nisso, mas não quis falar.
As duas caminharam até chegarem em um banco, onde Tessa se sentou e indicou que sua filha se sentasse junto dela, e assim era Ariel fez.
– Acredito que você tem muito para me explicar, mãe – disse Ariel após se sentar.
– E tenho mesmo – afirmou Tessa. – Bom, sei que você já conheceu seu irmão e seu pai. E vi que vocês três se dão muito bem. Além de você estar apaixonada por Stephen Strange...
– Mãe! – disse Ariel, um pouco corada.
– Desculpe. Eu tenho que cuidar de você, querida... – disse Tessa sorrindo. – Enfim, você teve muitas coisas boas antes de morrer no lugar de seu pai... Ou pensar que morreu no lugar dele.
– Espera... Quer dizer que eu não estou morta?
– Não. Você está apenas... Em um estado de repouso, se é que posso dizer isso. A verdade é que eu já sabia que você iria se sacrificar no lugar de seu pai e que iria “morrer”. Ou melhor, eu sabia que tudo isso iria acontecer.
“Desde quando me lembro, eu sabia que eu seria mãe de pessoas importantes para a Terra, só não sabia que vocês salvariam o mundo. Pode não parecer, mas você e seu irmão são mais importantes do que parece. O que eu não esperava é que vocês dois teriam que crescer separados.
“Eu viajei para bem longe no tempo, deixei Brendon com uma família, e fiquei com você. Era o que a profecia dizia, e eu não poderia quebrá-la. Quando eu vi que minha hora estava chegando, precisei fazer com que você, de certa forma, resgatasse seu pai. E você conseguiu, impedindo que ele voltasse a ser o Soldado Invernal.”
– Então você sabia o tempo todo que ele estava vivo, assim como inventou que ele havia sido morto no 11 de setembro e que a H.Y.D.R.A. havia matado ele? Mas por quê?
– Era necessário, Ary – respondeu Tessa com a voz baixa. – Se eu não fizesse nada disso, eu mudaria todo os acontecimentos futurosa, e era bem possível que seu pai tivesse morrido, assim como seu irmão. E eu sei que você não queria isso, querida.
Ariel colocou suas pernas no banco, abraçando as mesmas rapidamente. Estava com medo de nunca mais ver seu irmão e seu pai, além das pessoas que amava.
– Eu posso voltar lá e ajudar eles? – perguntou Ariel com a voz baixa e olhando para Tessa. A mais nova sentiu as lágrimas se formarem em seus olhos e quase caírem por seu rosto.
– A escolha é sua, querida – respondeu Tessa sorrindo. – Você quem decide o que quer fazer, não eu e nem mais ninguém.
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