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História O Ceifador - Capítulo Nove


Escrita por: Asukahime-sama

Notas do Autor


Boa leitura

Capítulo 9 - Capítulo Nove


 

 

Você sabe como é quando

Você deseja ser outra pessoa?

 

7º - Dia

 

Natsu percorreu os olhos pelo paragrafo pela terceira vez tentando fazer com que seu cérebro absorvesse o que estava escrito, mas de nada adiantou seus pensamentos o levaram a cozinha novamente onde escutava o barulho de panelas batendo - onde sabia que Lucy estava - voltou a olhar para o relógio em seu pulso, ali marcava exatamente vinte horas, os dois já haviam jantado e sempre nesse horário Lucy entrava em seu escritório trazendo uma xicara de chá, depois se sentava na poltrona do lado de mais uma das varias estantes de livros que tinha pela casa e começava estudar as matérias da sua faculdade.

Fazia exatamente quatro dias que a loira começara a fazer isso, fazia quatro dias que depois das vinte da noite Natsu não conseguia se concentrar direito ate que ela trouxesse o maldito chá e ele pudesse agradecer.

 Ele escutou as batidas na porta e engoli-o em seco enquanto tentava se recompor para que ela não percebesse que a esperava.

- Com licença! – Lucy atravessou a porta com as duas xicaras nas mãos como sempre e sua mochila.

 Ele apenas assentiu com a cabeça, ela colocou a xicara sobre a mesinha que ele trabalhava depois foi para a poltrona sem nada dizer e começou a retirar seus cadernos da bolsa.

- Obrigada – murmurou Natsu ao pegar a xicara de chá.

- Por nada… - Lucy respondeu em um sussurro.

Depois daquelas trocas de palavras rápidas as únicas coisas que eram possíveis de ouvir no escritório eram respirações calmas, o farfalhar das folhas e o batimento de dedos sobre o teclado.

 Já havia se passado uma semana desde que a loira vinheira morar com ele, desde que havia a beijado e inevitavelmente selado sua morte… Balançou a cabeça tentando tirar aquele ultimo pensamento da mente para se concentrar no rascunho que possivelmente seria publicado, já estava com raiva de si mesmo por ter sempre esses pensamentos mórbidos e depressivos, mas o que podia fazer para que sua mente parasse? Não era como se pudesse esquecer o que tinha acontecido ou esquecer o que iria acontecer, o problema sempre fora esse na verdade, não poder esquecer… Quem ele era, quem ele perdeu, quem ele iria perder…

Seus olhos passaram rapidamente por Lucy para que ela não percebesse que a observava, a loira estava com os cabelos loiros em um alto rabo de cavalo frouxo e mordendo a ponto da caneta que segurava na mão, sem querer se deixou sorrir antes de voltar a prestar atenção no próprio trabalho.

Lucy ajeitou atrás da orelha a madeixa loira que escapou do rabo de cavalo, prender seu cabelo liso sempre fora uma tarefa difícil, não tão difícil como a que estava tendo naquele momento, mas ainda assim difícil.  Já havia se passado uma semana que morava com Natsu e toda vez que o via seu coração ao mesmo tempo que acelerava se partia em vários pedaços, não sabia o que fazer para ele falar com ela, para nota-la e perceber que não queria as coisas como estavam.

 Tudo que pode fazer foi observa-lo e esperar, aprender seus horários e inclui-la nessa rotina, foi então que teve a ideia do chá, sabia que ele estava adiantando todo trabalho se trancando no escritório, pois não queria ficar na sala com ela Natsu parara até mesmo de jogar com Happy, o menino mesmo lhe contara, entretanto se ele não ficava na sala ela iria para o escritório.

O primeiro dia foi quase massacrador para ela, aquele silêncio todo o clima pesado no cômodo, à vontade de conversar com ele, a boca se abrindo e fechando várias e várias vezes para no final não emitir nenhum som, tudo tão angustiante, aprendera a ser ignorado convivendo com seu pai, mas não conseguia aceitar ser ignorada por Natsu, seu coração não conseguia aceitar.

Terminou o planejamento da sua apresentação e suspirou cansada fitando Natsu, ele continua lendo sem nada dizer, com a xícara agora vazia no mesmo lugar que ela havia deixado. Não era menos doloroso ser ignorada agora, contudo aquele momento que ficava ao seu lado não parecia ser tratada como um fantasma, parecia que apenas estavam aproveitando a presença um do outro em silêncio, por isso esse horário tinha se tornado o preferido do seu dia.

 Desviou os olhos de Natsu e suspirou mais uma vez, queria ouvir a voz dele queria falar com ele, seus olhos encheram-se de lágrimas, mas por quê? Por que seu coração parecia precisar tanto dele? O fitou novamente e sem perceber seus olhos pousaram sobre seus lábios, fazendo-a lembrar da primeira e - provavelmente – ultima vez que os lábios de ambos estiveram unidos.

Beijá-lo foi diferente de um jeito que nunca imaginou. Não imaginou que ficaria tão abalada por simples contatos entre lábios, só de lembrar sentia um calor aquecer todo o peito, o jeito que Natsu a fez se sentir nunca alguém conseguira antes, o coração batendo forte a urgência de explorar sua boca e de se ver entregue, queria provar mais daquilo, balançou a cabeça tentando dissipar as imagens da sua mente, tinha que ir para cama de nada adiantava ficar ali tendo pensamentos desnecessários.

Levantou-se da poltrona e recolheu suas coisas as guardando na mochila, pegou sua xícara e depois caminhou em direção à mesa dele, estendeu a mão para recolhe o objeto ao mesmo tempo em que Natsu o segurou para entregá-lo-á, as mãos se encontraram e a eletricidade misteriosa que existia entre os dois atravessou o corpo de ambos causando aquele misterioso arrepio, os olhos se encontraram, ele finalmente a olhara depois de longos dias em silêncio, ele abriu a boca parecia querer dizer algo, mas se calou.

Lucy pegou a xícara e desfez o contato, porém os dois permaneceram se encarando sem nada dizer.

- Sabe, eu não quero passar os últimos dias da minha vida em silêncio Natsu – as palavras escaparam de sua boca, simples e serenas demais para alguém que estava com o coração acelerado – Boa noite…

 Então Lucy saiu fechando a porta atrás de si, o coração ainda acelerado e sua mão tremia com as xícaras, não tinha que ter dito aquilo, por mais que estivesse pensado daquela maneira, agora Natsu iria se sentir na obrigação de falar com ela e não era isso que Lucy queria, não queria obriga-lo a nada queria que fosse natural.

Se culpando mentalmente por ter dito besteira Lucy foi tomar um banho para dormir.

Natsu continuou paralisado depois de escutar as palavras da loira até o momento que ouviu o som da porta se fechando.

 Ele também pensava às vezes que não era certo o que estava fazendo, não conversar com ela não parecia a melhor das respostas para solucionar o problema, só que acabara sendo a única que fazia sentido, se os dois não se aproximassem ela não acabaria se apegando ao próprio assassino e ele não teria que perder mais alguém precioso… Talvez fosse tarde demais para essa ultima parte…

Apressou seu trabalho para poder ir para cama dormir também, a única coisa que fazia como um casal normal com Lucy eram compartilhar a mesma cama na hora de dormir e por mais que tentasse negar dizendo que não significava nada, adorava chegar em sua cama e vê-la dormindo e poder passar a noite inteira sentindo o seu perfume.

Depois de um tempo organizou seus papeis e tomou um banho para dormir, entrou no quarto apenas com uma toalha na cintura, ele sabia que Lucy já dormia, se trocou no closet e saiu em direção a cama, ela dormia tranquilamente com os fios loiros espalhados pelo travesseiro a boca entreaberta e a respiração profunda…

Passou as mãos pelo cabelo bagunçando os fios molhados, frustrado, se ao menos ele fosse outra pessoa…

Ele poderia desejar a presença dela sem se sentir culpado…

Ele poderia se deliciar com o cheiro dela que havia se espalhado por sua casa sem se sentir culpado…

Ele poderia deixar seu coração bater fortemente quando escutava a sua voz sem se sentir culpado…

 Ela não morreria e ele não se sentiria culpado…

 Era uma droga não poder ser outra pessoa!

 

 

Você sabe como é

Querer se entregar?

 

10º - Dia

 

Os prédios espelhados refletiam fortemente a luz do sol aquele dia, Tóquio que quase sempre estava com o ar abafado por causa da enorme população e a grande área urbana enfrentava mais um dia de sol quente, e Lucy, em frente da sua faculdade, se abanava com o “leque” improvisado que havia feito com uma folha de caderno enquanto esperava Loke para leva-la para casa.

Era Segunda-feira e o certo seria ir direto da faculdade para o estagio à tarde na Fairy Tail, mas o calor excessivo fez com que passasse mal a manhã inteira mudando seus planos, avistou a limusine de seu pai se aproximando e foi em sua direção, Loke parou e ela entrou jogando suas coisas no banco.

- Boa tarde senhorita Heartfilia – cumprimentou Loke a observando pelo retrovisor, Lucy o fitou pelo espelho e ergueu uma sobrancelha.

- Desde quando você me chama de senhorita Heartfilia Loke? – perguntou sorrindo para o amigo.

- Desde o dia que foi embora de sua casa para morar com um estranho que nem sequer vem lhe buscar da faculdade, eu acho – Lucy abriu a boca para protestar mais se calou, Loke a fitou novamente e quando percebeu que a loira não diria mais nada continuou seu trajeto para o prédio.

 Ela sabia que não adiantava discutir com ele, já discutira com Loke durante a semana inteira tentando explicar os motivos – que podia falar - sobre decidir morar com Natsu, mas não adiantava o ruivo não aceitava de maneira alguma o fato de Lucy estar morrendo e de ela querer tirar a culpa de alguém que além de ser o culpado não parecia se importar com ela.

Loke olhou a loira pelo retrovisor que agora fitava as ruas pela janela sem nada dizer, eles eram amigos de infância e ele sempre a protegeu e esteve do seu lado naquela mansão vazia, nunca conseguiria admitiria que sentia falta de Lucy e que conhecia ela muito bem para saber que havia mais um motivo para permanecer com Natsu, motivo esse que talvez nem ela soubesse ainda.

Parou o carro no encostamento de frente para o prédio, Lucy saiu do carro sussurrando um breve “Até logo” e fechou à porta, o ruivo ficou a observando até sua curva desaparecer no grandioso prédio que morava agora e aspirando pela ultima vez o cheiro doce que ela sempre deixava quando partia, deu partida no carro tentando adivinhar quando a loira se tocaria que tirar a culpa era muito pouco para permanecer ao lado de alguém.

 

U>U ~ } ~ U.U

 

Lucy abriu a porta do apartamento e deixou com que a tensão do corpo se esvaziasse, todos os dias Loke ia leva-la e busca-la da faculdade a mando de seu pai, mas desde que se mudou a convivência ao seu lado se resumia a brigas e ela odiava isso, amava Loke como se ama um irmão mais velho e por isso somente a ele em sua casa tinha o motivo verdadeira da mudança e doía saber que ele achava que tudo que estava fazendo era um esforço desnecessário e que ela estava desperdiçava seus últimos dias de vida.

 Tirou os sapatos e correu para o quarto de Natsu que no momento era seu também, arrumou suas coisas e trocou de roupa, já se sentia bem melhor com a mudança de clima no apartamento então pegou o telefone para avisar Mira que não iria para o estagio.

- Empresa Editorial Fairy Tail, como posso ajuda-lo?

- Alo Mira é a Lucy! – a loira conversava enquanto seguia em direção da cozinha – Estou ligando para avisar que não vou poder comparecer hoje ao estagio.

- Oi Lucy! – Lucy abriu a geladeira pegando uma garrafa de água e começou a procurar o remédio para dor de cabeça – Aconteceu alguma coisa?

- Passei mal durante as aulas da faculdade, mas vou tomar um remédio agora.

- Tem certeza que esta bem precisa de algo? Se quiser posso avisar a Natsu. – Lucy engoliu em seco sem saber o que responder.

 Todos da empresa agora sabiam que os dois estavam namorando, mas ninguém desconfiava que o namoro deles não passava de convivência na mesma casa e que só era para que Lucy vivesse mais.

- Não precisa se preocupar eu vou ficar bem.

- Tem certeza Lucy?  - Mira soou preocupada e Lucy suspirando cansada.

 O lado ruim de todos saberem que ela estava com Natsu é que observavam a cada passo que dava na empresa esperando que ela morresse a qualquer momento. Após há primeira semana os olhares sobre si diminuíram e aqueles que acreditavam na história mais não tinham certeza da sua veracidade pararam de alerta-la e vigia-la, porém aqueles que sabiam ser verdade e não falavam com Natsu como, Levy, Cana, Juvia e Mirajane sempre estavam perguntando como ela estava, sempre preocupadas demais.  

- Tenho Mira – achou o remédio e o tomou - Não precisa preocupar o Natsu.

- Se você diz então tudo bem, mas ligue se piorar.

- Pode deixar…

- Ja ne Lucy.

- Mira! – chamou Lucy antes que a albina desligasse o telefone. – Quando você briga com Laxus e…

- Lucy! – a voz de Mira saiu esganiçada – Não fale como se fossemos um casal ninguém…

- Eu sei Mira! Eu sei! – interrompeu Lucy afastando o telefone pelo grito agudo – Eu não contei para ninguém só queria um conselho.

- Andou brigando com o Natsu? – não era bem uma briga já que o mesmo não falava com ela, porém Lucy não iria dizer isso – Então você procurou a pessoa certa! O que esta acontecendo?

Lucy não sabia se a amiga havia ficado animada por poder ajudar ou por descobrir a fofoca em primeira mão, a loira se sentou no sofá e começou a massagear a cabeça enquanto pensava em uma forma de passar o que estava acontecendo para Mira como se ela e Natsu realmente fossem um casal.

- Eu acabei dizendo a ele algo que não devia e estamos sem nós falar – soou verdadeiro e era quase verdade.

- Então você errou… - Mira ficou um momento muda – É um problemão, pois eu achei que ele tinha feito algo do jeito que é idiota, vejamos…

Lucy esperou sabia que para Mira era difícil dar algum conselho quando ela era contra a relação dos dois, não tirava os motivos de Mira, ela era prova viva que a maldição funcionava, perdera a irmã por causa dela, e agora torcia para que Lucy não morresse e assim pudesse parar de se sentir magoada por não conseguir deixar de culpar Natsu pela morte da Lisanna.

- Quando brigo com Laxus costumo cozinhar sua comida favorita e conversar sobre o assunto, sempre funciona! – ela parecia tentar manter o tom animado – Essa frase que nossas avós costumam dizer sobre “conquistar um homem pela barriga” realmente da certo!

- Obrigada Mira eu vou tentar.

- Tudo bem, só que se as coisas estiverem realmente ruins sempre pode optar pelo termino do namoro.

 - Não eu vou tentar conquista-lo pela barriga antes… Tchau Mira.

- Tchau Lucy, ligue se precisar de mais conselhos – Lucy desligou o telefone e respirou fundo, a dor de cabeça tinha diminuído e já arranjara outro problema, não fazia ideia qual era a comida preferida de Natsu.

- He Lucyyyyy! – escutou a voz da criança que abria a porta e acabou sorrindo – Eu escutei sua voz quando voltava da escola e passei pela sua porta! Porque voltou mais cedo? Natsu também esta aqui? Ganharam folga, pois estão namorando?!

- Happy por acaso você sabe qual é a comida preferida do Natsu? – perguntou assim que o menino ficou de frente para si.

- Claro que sei! Somos nakamas! – respondeu entusiasmado – Mas porque você quer saber Lucyyy? E porque você esta com esse sorriso estranho… Não me arraste para a cozinha! Eu acho que não devia ter vindo…

 

U>U ~ } ~ U.U

 

Natsu afrouxou a gravata e massageou a nuca dolorida enquanto depositava dinheiro na maquina de bebidas, apertou o botão que indicava sua escolha e esperou, a lata caio e ele se agachou para recolhê-la a abriu e tomou em seguida o refresco.

 Ele havia dormido muito pouco durante aqueles três dias que se passaram por ficar gastando tempo demais pensando nas palavras de Lucy e tempo de menos trabalhando, fazendo com que tudo que conseguira adiantar na semana passada voltasse a ficar atrasado, e por conta disso está sobrecarregado de rascunhos e reuniões com autores para discutir seus projetos, sentou-se no banco que ficava do lado da maquina e suspirou cansado, odiava pensar que em breve Erza começaria pegar em seu pé também.

- Outra pausa?! – Natsu revirou os olhos assim que reconheceu a voz de Gray e continuou tomando sua bebida – Está muito cansado esses dias, o que foi? Lucy esta mantendo você acordado durante a noite toda é?

Natsu engasgou e começou a tossir, o moreno abriu um sorriso debochado e deu tapinhas amigáveis na costa do outra para ajuda-lo, era inacreditável que após todos aqueles anos de amizade Natsu ainda ficasse sem graça quando o assunto envolvia sexo, sabia que ele não pudera ter muitas relações em sua vida graças seu “probleminha”, mas aquilo era ridículo.

- Cala a boca! – resmungou empurrando o braço do moreno para longe – Você fala como se não tivesse me seguido aqui todas as vezes que vim descansar. Está fugindo da Juvia de novo não é machão?

Gray bufou e assim como Natsu foi comprar uma bebida na maquina, após faze-lo sentou-se ao lado de Natsu.

- Você quer mesmo falar de fugir Natsu? – indagou Gray, abrindo sua bebida em seguida – Pois conheço outra pessoa que assim como eu esta fugindo de alguém.

- Pelo que eu sei essa pessoa tem um bom motivo para fugir de qualquer mulher, o contrario de você – Natsu tomou um gole e apontou para o moreno -, porque não facilita as coisas para a garota Gray e sai logo desse maldito armário, não é saudável ficar guardando segredo, uma hora todos descobririam mesmo que é um Viadinho do Gelo. 

- Você não quer facilitar as coisas não é? – Gray fechou as mãos em punhos e se colocou de pé – Se não consigo arrancar as palavras com conversa vou tira-las aos socos! Levanta esquentadinho para lhe mostra quem é o Viado!

Natsu puxou um sorriso triste e voltou a beber o ignorando, Gray arqueou as sobrancelhas surpreso, já tinha visto varias fases de Natsu só que em nenhuma delas existia uma que dispensava uma boa troca de socos com ele independente do lugar ou situação. Sentou-se ao seu lado novamente e suspirou provavelmente ele era um péssimo amigo para não perceber que ele estava cada vez pior.

- Ela é diferente… - confessou por fim Gray, atraindo a atenção do outro – Eu tenho medo… Nunca quis me envolver definitivamente com alguém e você sabe muito bem disso, gosto de estar sozinho, mas sinto que se começar algo com Juvia nunca mais vou querer ficar sozinho novamente.

- Você tem sorte – os olhos de Natsu se fecharam e ele aspirou massageando a nuca novamente – Não precisa se preocupar com quem te ama ou com quem você pode começar a amar, nem tem nada que possa colocar alguém em risco, você tem sorte e eu invejo isso em você, e acredite, não é mentira quando dizem que só damos valor quando perdemos.

Gray respirou fundo e ficou brincando com a latinha vazia, os dois ficaram um tempo em silêncio, Gray se levantou e caminhou até a janela parede da recepção  e começou a falar enquanto fitava as pessoas na rua.

- Você se lembra do porque começarmos a discutir sempre colocando “fogo e gelo” no meio? – Natsu fitou o amigo mais não respondeu – Eu lembro, no orfanato todos lhe chamavam de encrenqueiro e quando começava a brigar saia destruindo tudo feito uma chama, já eu não dirigia uma palavra para ninguém nem mesmo um simples “obrigado”, tão frio como gelo. – Gray virou de frente para o amigo – É engraçado como carregamos certos momentos para o resto da nossa vida e acabamos aplicando-os sem mesmo darmos conta disso.

- Porque você não pula a parte filosófica?! – resmungou Natsu relaxando no banco – Sabe que isso só embaralha a minha cabeça!

- Só estou querendo dizer que mesmo amadurecendo acabamos carregando os mesmos hábitos sem perceber, eu continua me afastando de qualquer mulher que possa querer relacionamento… - Gray tomou um gole da sua bebida – E você continua negando a si mesmo a oportunidade de ser feliz, se fossemos reinventar os apelidos agora o certo seria dizer que você é tão frio como eu.

- É fácil dizer Gray não é você que suja as mãos no final.

- Eu não estaria sujando as mãos me dando a oportunidade de viver – retorqui-o – Estaria fazendo o que qualquer pessoa que não é covarde faria! E se você acha que esta fazendo a coisa certa permanecendo mudo é um completo idiota!

- E o que quer que eu faça? – Natsu levantou e agarrou na gola da camiseta do moreno tentando o erguer – Que sorria todos os dias para ela como se Lucy não fosse morrer? Que a beije enquanto penso que talvez aquele beijo seja o ultimo? Ou quer que eu me apaixone para perder mais alguém?

- Quero que deixe de ser um covarde! – Gray agarrou a gola da camiseta de Natsu também, ambos se fitando com raiva – Que entenda que ela preferiu ficar os últimos dias da sua vida ao seu lado, pois não pensa do mesmo jeito que você! Que todo mundo já percebeu que ela esta se esforçando para ter sua atenção! Que talvez ela já esteja apaixonada e ao invés de retribuir esse sentimento você esta a magoando! E que, principalmente, deixe de ser esse tremendo idiota!

Natsu soltou a gola de Gray se preparando para lhe dar um soco o moreno fez o mesmo, mas pararam ao escutar a voz de Erza que saia com passos firmes do elevador.

- Natsu! Gray! Parem com isso! – os dois não tiverem tempo de impedir com que a ruiva os arremessassem a metros um do outro e se posicionassem entre os dois  – Já disse que nenhum funcionário da minha ala pode sair se pegando na Empresa!

- O que eu posso fazer se ele não aguenta a verdade? – murmurou Gray, ríspido endireitando a roupa.

- Chega Gray, seu cliente já chegou faz meia hora e a pobre da Juvia não sabe mais o que fazer para distrai-lo deixa que eu resolvo com Natsu – Gray fitou Erza depois Natsu e se retirou nervoso – Você precisa…

- Eu já vou subir… - ele se agachou recolheu a lata dele e de Gray colocando-as no lixo, após esmaga-las - Sei que preciso redigir as minhas opiniões sobre os rascunhos novos, sei que estou atrasado Erza…

- Não é isso que eu ia dizer – Erza cruzou os braços e se aproximou – E se não percebeu já devia ter ido embora há duas horas, por isso vim atrás de você.

- Nunca brigou comigo por fazer hora extra Erza qual é o problema agora?

- Lucy – sussurrou à ruiva, Natsu arregalou os olhos preocupados.

- O que tem Lucy?

- Mira me disse mais cedo que ela não iria comparecer hoje no estagio, pois não estava se sentindo bem – Natsu começou a procurar as chaves do seu carro no bolso assim que Erza terminara a frase – Não me preocupei já que não parecia nada grave, mas então lembrei sobre vocês… Ei! Natsu! Suas coisas ainda estão lá em cima!

- Guarde-as para mim, por favor, preciso ver se ela está bem!

Natsu saiu correndo em direção do estacionamento, seu coração batia depressa quando entrou no carro e deu partida fazendo com que os pneus cantassem sobre o asfalto, com a tentativa de evitar com que Lucy se apegasse a ele não havia nem reparado que a loira faltara no estagio aquela tarde e por isso agora corria o risco de chegar em casa e encontra-la morta, engoliu em seco, isso não iria acontecer não dera as três semanas necessárias para aquilo, e eles estavam namorando então o certo seria três meses não era?.

- Como se eu soubesse prever essa merda de maldição! - percorreu as ruas em velocidade ultrapassando carros e furando semáforos.

 Quando finalmente chegou ao prédio e estacionou o carro não conseguiu esperar pelo elevador e subiu os lances de escadas correndo, abriu a porta do apartamento e largou os sapatos de qualquer jeito na entrada, arfava desesperado e quando deu um passo adentrando o cômodo travou, seu corpo congelou com a possibilidade de encontrar Lucy morta, se fosse o caso o que faria?

Respirou fundo e tentou se mexer só que o pânico parecia ter travado todos os seus músculos, o coração ainda batia depressa e tentava recuperar o folego, após subir todos os lances de escada , ele tinha que se acalmar, Lucy podia estar precisando de ajuda e ele querendo fugir.

- Lucy? – chamo, quando finalmente conseguiu dar um passo para dentro de casa – Lucy?

Andou chamando a loira até a sala, quando olhou por cima da bancada que dividia os dois cômodos e a viu debruçada sobre a mesa, apressou os passos naquela direção iria chama-la outra vez quando percebeu que Lucy dormia.

O aperto do seu coração passou e um enorme alivio o atingiu puxou uma cadeira e sentou-se de frente para ela, a respiração da loira estava pesada, tocou em sua testa para ver se tinha febre, porém a temperatura parecia normal, talvez ela houvesse se cansado muito durante a tarde, Natsu sorriu, estava realmente feliz e aliviado por ela estar segura, não saberia o que fazer se chegasse em casa e não pudesse mais vê-la.

 Deslizou a mão pelo seu cabelo, precisava leva-la para cama, quando se levantou notou que sobre a mesa havia um envelope, o abriu.

 

“HEY NATSU! Ficamos esperando você para jantar! Mas a Lucy acabou dormindo ai eu comi minha parte, até tentei levar ela para a cama só que ela é gordaaa demais! Nunca iria aguentá-la! Se vira!”

Happy

 

Ele colocou o envelope sobre a mesa novamente então foi até Lucy, a pegou no colo com cuidado e andou sentindo seu doce cheiro até o quarto a deitando na cama, ela resmungou algumas coisas sem sentidos antes de encontrar outra pose e voltar ao sono tranquilo, Natsu sentou-se no canto e ficou afagando as madeixas loira a fitando.

Eles eram namorados não eram? Por razões completamente diferentes que faziam as pessoas se tornarem namorados, mas ainda sim estavam em um relacionamento, então porque não dar uma chance para aquilo tudo, sabia que as coisas não terminariam boas para nenhum dos dois no final só que nem o começo fora bom, a única coisa que lhe restava fazer era salvar o meio. Lembrou-se das palavras de Gray e admitiu paras si mesmo que o amigo talvez estivesse certo, Lucy que iria morrer e estava sendo mais corajosa do que ele naquilo tudo, ele estava agindo como um covarde e completo idiota. 

Curvou-se e deu um beijo suave em sua testa, depois levantou e foi em direção do banheiro para tomar um banho, talvez ele realmente tivesse perdendo tempo, apagou a luz e saiu.


Notas Finais


Kissus


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