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História O ceifador de sombras. - A dama de ferro.


Escrita por: GrandeOvelhinha

Capítulo 16 - A dama de ferro.


Eu já ouvi muitas histórias sobre Piltover, sobre como a magia era difundida com o mecânico, ouvi sobre os barões químicos de Zaun que assombravam a paz da brilhante cidade dos inventores  e sobre as organizações secretas que moviam com a sombra do aço entre as duas cidades, mestre Zed tinha contato com eles, Elícia e Camille Ferros, lideres de toda a força armada de Piltover.

No entanto a história mais incrível que já ouvi sobre tal lugar, foi sobre uma inventora, que mesmo nascida no coração da biomecânica, por vontade própria, escolheu se arriscar e descer a Zaun, para ajudar um povo que não era dela quando uma das fábricas explodiu. Essa grande inventora salvou muitas vidas, mas contraiu uma grave doença por inalar os gases metanos, e agora, ano a ano, seu corpo morria pouco a pouco e era substituído por novos, graças seu pai, Corin Reveck, o maior inventor de biohextec’s de toda Piltover, um homem que já passou da meia idade, de cabelos brancos e feições brandas, que usava um estranho óculos com dezenas de lentes ajustáveis enquanto trabalhava em mais um dos seus projetos. Ele era um homem ocupado, mas veio a Ionia trazido por Shun ao menor sinal de Zed, o mestre me disse que ele devia um favor, eu me pegava perguntando que tipo de favor seria mas por muitas vezes, me encontrava inconsciente enquanto Orianna (a única filha do velho inventor, cujo corpo era feito de oitenta por cento do mais puro hextec) abria os pontos mal cicatrizados de meus braços e pernas, abrindo minhas veias e preparando meus nervos com pequenas ondas de choques elétricos até que seu pai terminasse meus novos membros.

Odiava ficar na cama, parecia que quanto mais tempo eu ficasse em inercia mais lembranças ruins viriam, Kayn... eu já não dormia com facilidade, e ao final de mais um mês os sedativos dados pela donzela de ferro não funcionavam mais em mim (por parte culpa do meu próprio organismo que, como uma ninja, sempre fui treinada a resistir a doses de venenos e eventualmente remédios)  e finalmente, depois de muitos ajustes, meus novos membros seriam colocados, eu estava consciente e sem qualquer anestésico, o Dr. Corin disse que era preciso ser assim, para meu cérebro enviar ondas e começar assimilar o novo corpo estranho, mas sinceramente, eu  esperava que fosse pior do que realmente foi, afinal, entenda, eu já tive membros arrancados e torcidos por uma besta Darkin, tive parte do meu corno necrosado e arrancado, para depois ser regenerado de forma muito dolorosa e sem qualquer chazinho para dor. Sentir meus ligamentos serem reconectados e meu cérebro fritado enquanto o cristal hextec no núcleo de meus membros era ligado, não foi nada.

Eu torcia para o pós-operatório ser rápido, para eu pegar minhas coisas e ir atrás de Rhaast (só de pensar no nome dele sinto meu estomago se contorcer de repulsa) no entanto eu me sentia como um bebê, metade das vezes eu não conseguia controlar a mão biônica, que quebrava copos e torcia talheres, eu me sentia menos ágil com aquela perna e muitíssimo mais barulhenta, começava a temer nunca me acostumar, temia nunca mais segurar uma espada como antes – como eu vingaria Kayn se eu não conseguia nem manusear uma simples colher? – estranhamente, Orianna sabia exatamente como eu me sentia, talvez não tão estranhamente, afinal, ela perdeu ambos os braços graças a sua doença e também foram substituídos, assim como o meu, a garota tentou me mostrar pequenas coisas, que seriam impossíveis para qualquer pessoa com um braço orgânico, como por exemplo, configurar poses pré-definidas de mão, eu poderia tocar qualquer instrumento ou escrever com letra impecáveis, eu sei, é completamente inútil para um ninja, mas me sentia melhor por saber essas pequenas coisinhas e Orianna parecia feliz em ensinar o que podia, ela também ajudou a calibrar minha mão (ela literalmente arrancou a própria mão fora, desparafusando-a do pulso e colocando a minha no lugar para ajustar) e pela primeira vez eu tive uma amiga, para falar coisas de meninas, como o melhor ólho de motor pro braço e qual antiferrugem era a prova d’agua, eu até girava a chave de corda que mantinha seu coração humano batendo, definitivamente coisas de melhores amigas.

E agora, eu estava finalmente pronta.

Eu me pergunto, você já segurou uma espada e tirou a vida de um homem? Pra maioria das pessoas daqui a resposta é definitivamente “sim, é claro”. Mas se eu perguntasse a qualquer um: Se lembra sensação da primeira morte? Do rosto, do nome da primeira pessoa que ceifou a vida? A resposta seria “não”. Eu me lembrava, mesmo agora, segurando uma espada de treino e finalmente andando como se tivesse a idade que tenho, me lembro perfeitamente, do primeiro homem e o homem depois dele, e então mais um e outro, eu era uma criança, marcada como oferenda ao sol, a lembrança me faz levar os dedos na nuca, sentindo a cicatriz escarlate no formato solari que me acompanha desde o dia de meu nascimento. Os Solaris, nós, Solaris, sempre fomos um povo que seguiu um Deus cegamente, e até que eu fosse grande o bastante pra entender o que significava ser marcada, eu também era cega, mas até onde você iria pra se manter vivo? Condenaria a alma de seus próprios pais, os matando sobre a luz da lua enquanto dormem? Uma vez, ouvi que só há honra em morrer sobre o sol, acho que ainda acredito nisso, espero que o sol me veja lutando, derrotando todos meus inimigos uma a um, para um dia chegar até ele e dizer o quão idiota é, “olhe pra mim eu sou um deus babaca que pede pra crianças morrerem só por nascerem na noite mais longa”...  Mas eu faria isso depois de ter sua ajuda, acho que ainda sou cega com a ideia de deuses, ainda acredito nas histórias que minha mãe contava, sobre os aspectos e os guerreiros escolhidos pelo próprio Targon, as valquírias aladas feitas de fogo celestial e seus chamados de batalha “Será sua escuridão capaz de me enfrentar ao amanhecer enquanto eu lhe queimo ao anoitecer?” Mas todos em Targon sabem a resposta, “Não há escuridão que o sol não quebre, por que a noite é escura e cheia de temores, mas aquele que vive nas trevas é cegado ao encontrar a luz”.

E eu também acreditava que aquele que subisse ao topo da montanha seria digno e poderia vislumbrar Targon, eu tinha esperança de fazer a escalada e fazer meu pedido aos deuses, sei que Zed não permitiria tal coisa, mas ele só saberia quando fosse tarde, quando eu voltasse com a cabeça de Rhaast e os ossos de Kayn, eu só precisava seguir o meu espirito.

 

“Siga seu espirito pois só os tolos caminham sozinhos

Quando o sol fulgura com a força de mil espadas e setas

E a lua é engolida pelas chamas

Será sua luz capaz de me derrotas?

Diga-me, Deus, será capaz de me enfrentar enquanto eu trago o anoitecer de uma noite eterna enquanto eu lhe queimo com suas próprias chamas?” -Eclipse.



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