1. Spirit Fanfics >
  2. O Chamado - Círculo Infinito >
  3. Aqui é minha casa. Só entra quem eu quero.

História O Chamado - Círculo Infinito - Aqui é minha casa. Só entra quem eu quero.


Escrita por: TBorghi191

Capítulo 15 - Aqui é minha casa. Só entra quem eu quero.


Fanfic / Fanfiction O Chamado - Círculo Infinito - Aqui é minha casa. Só entra quem eu quero.

      Após quase três horas de viagem de trem-bala, Becca e Trevor chegam em Oregon. Após pedir certas informações, pegam carona na caminhonete de um vendedor para irem a fazenda dos Morgan. Pela estrada coberta de verde nos lados, a paisagem litorânea e meio ao tempo frio fazem os dois admirarem o lugar, logo a uns quilômetros à frente avistam o farol da Ilha Moesko. Do jeito que viram na foto, intacto, imponente e marcante, sabiam que já estavam em um dos lugares que a fita mostrou. Eles estavam pensando se Daniel teria sucesso na visita ao sanatório para conversar com Helena sobre o ocorrido com Herbert. Rapidamente numa entrada a direita avistam a casa desejada, agradeceram pela carona e na pequena ruazinha de terra que dava acesso a entrada, avistaram a fazenda Morgan. Uma pequena pontezinha de madeira antes de entrar na propriedade, o casarão com fachada de madeira na cor predominante branca, umas casinhas ao lado. Sem barulho de cavalos, estábulos sem vida, nada de porcos grunhindo no chiqueiro, e nem mesmo a presença dos donos da casa.

- Então é aqui. – disse Trevor.

- O Rancho Morgan. – disse Becca olhando a casa.

- Parece mais assustador vendo aqui do que na fita.

- Chegamos até aqui, não podemos recuar, ainda mais que estamos no começo da maldição e para o Daniel restam poucos dias. Vamos lá.

Os dois entram na fazenda, observam que o lugar é realmente grande.

- Vamos nos separar. Você, olha dentro da casa que eu olho nos arredores. – definiu Trevor.

Becca combinou e aceitou. Ela seguiu em frente, e ele foi por uma das laterais. Becca chegou na porta e tentou abrir. Trancada. Foi na lateral na janela mais próxima, tentou abrir mas também estava fechada. Então, resolveu agir ao seu modo. Na marra. Foi na grama, pegou uma pedra daquelas, mirou no vidro e tacou. Estilhaços voaram para dentro e fora da janela, Becca foi e com todo cuidado adentrou passando na janela evitando alguns pedaços que estavam intactos.

- Invasão de propriedade de uma família morta. Aonde vim parar. – pensou Becca.

Trevor observava o campo de pasto sem cavalos, tudo num silencio sepulcral onde só a névoa se fazia presente ali, devia imaginar como seria uma manada de equinos pastando ou sendo alimentados ou dando alguns relinches. Adentra num corredor onde outros animais eram alimentados, analisa cada espaço, logo olha para o lado e para cima e observa uma janela da casa. De repente sente um déjà-vu, lembra da fita e da imagem de um senhor na mesma janela.

... Senhor Morgan? – Trevor ficou encarando a janela.

Becca entra na sala, nota que apesar de abandonada a mobília e quadros estavam em perfeito estado, fotos de Anna e seu marido, Anna e os cavalos, Ana e os troféus, uma mulher bem-sucedida tanto no esporte quanto na vida. Era o que se via.

- O que levou você a cometer suicídio, Anna? Por que tinha alucinações?

Quando passou por uma coluna e olhou para o lado se espantou com o que viu na parede. Ficou estática e sem palavras, logo a maldição se fez presente em suas lembranças.

- ... O espelho. – disse Becca admirada.

Lembrou-se da cena da garotinha sumindo do reflexo e de Anna sorrindo no outro reflexo. Se aproximou do espelho, grande e circular. Via seu reflexo bem nítido, mas ficou encarando como se fosse um portal para o outro mundo.

- ... Meu...

Logo uma vibração atinge o espelho, e uma rápida visão fugaz de um vulto incorporando em seu corpo deixando a tonalidade de seu cabelo mais escuro e a pele mais clara, logo ela se assusta e olha para trás; não viu ninguém. Mas viu uma TV com uma fita cassete das antigas com um VHS meio embutido. 

- Espero que não seja o que estou pensando... – disse com temor nos olhos.

Ao se aproximar, se agachou pois a TV quase estava na altura do chão, o cassete sim. Olhou a fita, viu que na borda tinha uma inscrição:

- Fita SM0015.

Ela pensou consigo mesma que não seria uma cópia do vídeo porque seria bem óbvio, mas, e se fosse um código para reconhecer que fosse? E se fosse o nome de alguém que assistiu? E se fosse a fita original? Tudo isso passava em sua cabeça.

- Bom, já assistimos esta droga, estamos nesta barca furada. Que seja! Foda-se! Vamos ver de novo se for necessário.

Colocou a fita, deu play e ligou a TV. Logo apareceu imagens de um lugar com cenário todo branco, um quarto fechado tipo isolamento, as imagens em tom acelerado, e nele além de conter uma cama e um relógio de parede circular, havia uma menina de roupa branca e cabelos escorrendo além dos ombros que ora ficava sentada, ora ficava em pé, ora encarava o relógio e ora encarava a câmera. E a medida que o tempo passava ela repetia como se fosse o mantra, mas não dormia. Becca via aquilo atentamente, em seguida as imagens mudam para uma sala maior, onde a mesma menina estava sentada numa cadeira sendo monitorada do outro lado por alguém com uma pequena TV perto dele, e a menina cheia de eletrodos como se estivesse num exame psicológico sendo analisada e entrevistada.

- Essa é a fita SM 0015 – Samara Morgan. 14 horas. – disse uma voz gravada no vídeo.

- Samara Morgan? – Becca pergunta surpresa.

Logo deduziu, Anna Morgan... Samara Morgan, cena do espelho.

- Mãe e filha. Obrigada, Yamato.

Logo ela começou a ouvir análise clínica da menina. Trevor terminava sua volta pelo terreno, quando passou em frente ao celeiro, sentiu uma sensação estranha, o encarou por segundos. Sentiu por um momento que havia um pequeno grupo de oito cavalos, sendo o mais adiantado um corcel negro protegendo a entrada, como se quisesse que ninguém entrasse ali.

- Estão protegendo a entrada? Por quê?

Abriu e fechou os olhos, não havia nenhum equino ali, mas sentiu que houvesse. Becca assistia a fita ouvindo a conversa do que seria um possível médico com Samara, embora fosse uma criança de aparência oito anos já sendo examinada daquele jeito, esboçava uma tranquilidade e frieza nas respostas que assustava até mesmo quem estava presente ali. E Becca se sentiu não como telespectadora, mas sim uma testemunha estando ali dentro naquele lugar, e à medida que a fita prosseguia, não só algumas frases ecoavam em sua mente, mas o tom da conversa estava tomando tons ameaçadores e obscuros:

- Muito bem, o que faz você ficar acordada?  Você sonha com alguma coisa?  Samara... Como você fez estas imagens?

- Eu não faço elas... eu vejo elas... aí... elas... aparecem.

- Samara, eu quero que fale a verdade, está bem?

- Posso ver minha mãe?

- Não, Samara. Não até descobrirmos o que há de errado com você.

- Eu gosto de minha mãe.

- Gosta sim. Mas você não quer machucar sua mãe, você não quer machucar ninguém.

- Mas machuco. Eu sinto muito. Isso não pára.

- Por isso estou aqui. Para eu lhe ajudar a parar com isso.

- Ele vai me deixar aqui.

- Quem?

- Papai.

- Seu pai gosta de você.

- O papai não. O papai gosta dos cavalos. Ele quer que eu vá embora.

- Não. Ele não quer.

- Mas ele não sabe...

- Ele não sabe o quê?

Após essa pergunta, Samara encara a tela. E a imagem simplesmente, desaparece. Becca desliga quase que horrorizada após ver isso. Sente-se comovida pela história, quando uma voz paira no ar para ser ouvida.

- Ela nunca dorme. Os cavalos não a deixavam dormir.

- O quê? – Becca ouve mas não soube de quem.

Olha para a tela e vê a imagem de um senhor em pé atrás dela, cabelos grisalhos e obeso, quando se vira recebe um tapa forte e cai desmaiada no chão.

- Ela nunca mais vai ficar falando no meu ouvido!

 Passou-se um tempo, Becca acorda e vê que tinha escurecido, ela ficou horas desacordada, quando se levantou viu um senhor segurando a TV que assistiu a fita levar para um andar de cima da casa. Resolveu segui-lo.

- Senhor! ESPERA! QUEM É VOCÊ?

Mas viu também uma mulher, loira e de pele clara o seguindo a passos mais apressados atrás dele, subindo as escadas e indo num corredor que dava acesso no final a um banheiro e a um quarto.

- O que é isso? Quem é essa mulher?

Ela não estava só participando do fato, mas também ouvia a conversa nada amigável dos dois num tom áspero e desesperador:

“ O que o senhor fez com ela? Ela era sua filha! ”

“ O senhor matou Samara, matou ela não foi? E quando a sua mulher...”

“MINHA MULHER TINHA PROBLEMAS! NÃO PODIA TER FILHOS! ”

Após essa confissão gritante, Becca foi logo tendo a noção do que estava acontecendo. Aquele era o pai de Samara. Revivendo um pesadelo, Becca percebia que a mulher e o senhor não reparavam que ela estava ali, chegou ao lado da mulher loira que estava assustada ao encostar na parede de entrada do banheiro, aparelhagens e TV’s tudo empilhados e ligados entre si, banheira esborrando água no chão. Tudo alagado.

- Meu Deus! O que ele vai fazer? – se assustou ao ver aquilo.

Becca viu o senhor entrar na banheira, descalço colocando um aparelho que conduzia eletricidade na sua cabeça. Ligando as tomadas.

- Ele vai se matar? – perguntou ainda mais aterrorizada.

E ela ouvia mais diálogos:

“Senhor Morgan, o que vai fazer? ”

“As vozes. Eu escutava toda noite. Dormindo. Até os cavalos ouviam. ”

“Senhor Morgan. Saia daí! ”

“As imagens! Oh minha nossa! As coisas que ela mostrava! ”

“E ela ainda mostra! ”

- Senhor Morgan! – gritou Becca.

Ameaçou ir salvá-lo, mas sentiu a água por baixo da sola dos pés. Então recuou, e percebeu que a mulher ao seu lado estava em total desespero temendo o pior.

“E nunca vai parar! Você aqui prova isto!”

"Onde ela está? Por favor! Eu tenho que detê-la se não meu filho morre!"

- Filho?  - Becca encarou a mulher.

“Ah é?... Vai sim. ”

“Ela nunca dorme.”

Dito isso, ele apertou o botão, e a morte se fez presente em choques, curtos e destruição da aparelhagem.

- NÃÃÃÃÃÃÃÕOOO! AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHH! AAAAAAAHH! AAAHHH!

Ela gritava ao mesmo tempo que a mulher do lado gritava e entrava em pânico ao ver o corpo do senhor Morgan cair na banheira eletrocutado e sangrando demais, Becca teve quase um surto querendo sair da casa, afastou-se do banheiro quando uma mão lhe tocou.

- BECCA! ACORDA BECCA! ACORDA! – Trevor surge.

Becca se contorcia no chão da sala como se estivesse endemoniada gritando feito louca, Trevor a agarrou em meio ao estado de loucura.

- PAROU! PAROU!... Ssshhhh.... Calmou...  – Trevor tentando tranquilizando-a.

Aos poucos, ele foi levantando ela para sentar e se acalmar, em seguida tentou deixar ela respirar com mais calma. Ela ainda chorava devido ao susto.

- Está tudo bem.

- Eu vi. Eu vi. – Becca dizia quase chorando.

- O que foi que você viu?

- O pai dela, o pai da menina, se matando na banheira.

- Como assim? Alguém aqui na casa?

- Ele e uma mulher loira que não consegui identificar.

- Becca... Você não sonhou não? – perguntou Trevor estranhando.

- Não. Era real. Eu vi. Água por todos os lados, TV, ele morrendo. Ele pegou a TV que estava assistindo a fita sobre a filha dele.

- Que TV?

- Ela estava bem ali...

Quando apontou não viu nada que indicasse que tinha a TV ou o cassete.

- ... O quê? – Becca reparou estranhando.

- Becca, essa casa está vazia. Não tem móveis e nem objetos. Nem TV e nem vídeo cassete.

- O espelho.

Ela se levanta rapidamente e olha para a parede onde estava, para sua surpresa, não existia espelho nenhum. Nem os troféus e quadros. Só a marca circular de onde ele tinha sido posto há várias décadas atrás.

- Tinha.... Tinha um espelho ali. O espelho do vídeo. – Becca ainda continuava confusa.

- Becca. Escuta.

Ele dá um pequeno sacode nela pelos ombros.

- Você estava delirando. O espelho e alguns móveis estão tudo lá no porão da casa, eu mesmo olhei. 

- Não pode ser gente, eu vi. Era quase que como se pudesse tocar.

- Mais o mais impressionante disso tudo, é como você veio parar aqui. – disse instigado.

- Como assim? – estranhando o dito dele. - Eu quebrei a janela.

Trevor a vira em direção à janela, e para o terror dela, a janela que ela tinha quebrado estava intacta. Se ela já estava nervosa, agora ficou de olhos arregalados respirando de forma ofegante.

- A porta estava fechada. – disse apontando já para suas costas. - Eu entrei pelo porão que tinha acesso livre sem cadeado ou fechadura.

Becca não sabia o que dizer.

- Meu Deus! O que realmente aconteceu aqui?

- Acho que descobrimos o que devíamos descobrir. Vamos sair daqui e voltar para Astoria. – disse Trevor.

- Não sem antes olharmos celeiro.

- O celeiro? Por quê? – pergunta meio assustado. - Já temos até o nome da menina. É...

- Samara Morgan. – disseram juntos.

- Mas, como você...

- No sonho, eu vi uma fita onde ela esteve confinada, fizeram perguntas à ela e como ela ficava acordada dia e noite.

- E o que isso tem a ver com o celeiro?

- Os cavalos não a deixavam dormir.

Isso pegou o rapaz de surpresa. Trevor por dentro abriu a janela e saíram por ali mesmo indo em direção ao celeiro.

- E o que mais você viu no seu sonho?

- O suicídio do pai. Esta fita. Uma mulher loira. O espelho. E nada mais. Engraçado, parecia tudo tão real, como se eu estivesse voltado no tempo.

- Seguindo esta linha de raciocínio, talvez tenha sido isso mesmo. Uma lembrança de uma época esquecida, que aconteceu aqui mesmo, nesta casa. E eu te acordei no ápice da situação, do seu extremo nervosismo.

- E o que viu no porão?

- Os móveis, o espelho, algumas cabeças de cervo empalhadas, e uma caixa contendo registros de Samara. Certidão de nascimento, algumas fotos dela, eletrodos e mais papéis.

- Deve ter sido assustador.

- Não tão assustador quanto um enxame de lacraias escondido dentre os papéis.

- ECA! – Becca faz cara de nojo. - Prefiro ter ficado com meu pesadelo mesmo!

Trevor ri. Em seguida chegam ao celeiro.

- E agora?

- Tem alguma coisa me dizendo para entrarmos.

- E algo me diz para não entrarmos. – Trevor pensando.

- Trevor, abra as portas do celeiro.

Trevor meio encabulado e cabreiro pela visão que teve foi até lá, porém, desta vez não sentiu ou viu presença de cavalos guardando o portão, como se fosse pela vontade maior de ter esperado Becca para juntos adentrarem na obscuridade casa dos cavalos. Becca na expectativa, Trevor puxou os dois portões, e um cenário se iluminou a frente deles, e um exército de cavalos saem em disparada galopando em marcha em direção a Becca, com o corcel negro liderando o bando.

- CUIDADO BECCA!

- AAAAAAAHHHH...

Becca se protegeu como pôde... porém, passados alguns segundos, não sentiu nenhum peso esmagando seu corpo sob ferraduras, ou ouviu relinche de cavalos em total desabalada carreira, olhou para frente abaixando os braços.

- Hum? O que houve, Trevor? Por que disse cuidado? – perguntou Becca sem entender.

- Eu juro que vi cavalos indo em sua direção. – Trevor agora estava confuso.

- Acho que agora você estava delirando.

Becca passou por ele entrando no celeiro, Trevor ainda tentando entender o que houve e o que viu ou imaginou ter visto; ele também entra, juntos param lado-a-lado, avistam outra coisa do vídeo. Uma imensa escada vermelha.

- A escada. – Becca reage perplexa.

Becca toma a frente e chaga na base, ela olha para cima e enxerga que dava acesso a uma pequena casinha no topo dela. Trevor também chega.

- Será que ela está lá em cima? – perguntou Trevor.

- Depois de todos esses anos? Duvido muito. Se nem os cavalos aqui estão mais, uma criança também não.

- Até porque hoje ela seria uma mulher.

- Vamos subir.

- Ah, damas primeiro.

Becca olha para ele com certo desprezo cínico.

- Que foi? – Trevor estranhando bisonhamente.

Becca sobe na frente, Trevor em seguida. A subida era um pouco longa que parecia para eles uma eternidade. Eles sentiam vivenciando cada segundo do vídeo ali, era a veracidade da realidade alternativa, um paradoxo incompreensível, um mundo totalmente esquecido. Um grande enigma atemporal. Becca chegando ao topo sentia seu coração acelerar e com dose extra de emoção, pois, não sabia o que ia encontrar quando chegar lá, nem Trevor.

- Chegamos! – disse Becca.

Ao avistarem a superfície, estranharam de certo fato. Um quartinho improvisado com uma cama meio bagunçada no canto um brinquedo musical do lado com enfeites de cavalos, duas bolas de brincar no chão, outras coisas ao lado. Um cavalo de madeira para brincar, uma casinha de boneca no outro canto, mais brinquedos com alguns sendo adornados por cavalos, e em destaque bem na frente deles, uma cadeira e uma TV velha com anteninha estilo século passado. Os dois observam os detalhes, tentam entender o que aquilo significava além do que imaginavam.

- Aqui foi sua casa. O seu cantinho. O seu refúgio. – analisou Becca.

- Colocaram ela para dormir junto com os cavalos? – estranhou Trevor.

- Mas isso não vingou. Os cavalos a irritavam cada vez mais, e com isso veio alimentando em seu interior um ódio profundo dos animais. Ela não conseguia dormir.

- E para compensar isso, teve a única companhia que a podia deixá-la acordada sem precisar culpar os cavalos.

Trevor olha para frente, e Becca compreendeu. A TV. Becca vai até a cadeira e olha para o reflexo dela na TV, mais um déjà-vu do vídeo. Se sentiu na pele de Samara, isolada, triste e infeliz. Sentou-se na cadeira imaginou o que ela poderia ter passado todo aquele tempo.

- Hey Becca! Olhe isto aqui! – chamou Trevor.

Becca viu Trevor olhar algo curioso na parede.

- Que desenho é este?

Becca viu veemente, era o desenho de uma árvore sem folhas, de galhos secos, porém pegando fogo sem se queimar totalmente.

- A árvore. Ela também estava na fita.

- Verdade. Agora lembrei.

Embora ela estivesse ali em destaque, talvez pelo cenário do lugar e pela emoção do momento, eles nem perceberam que ela estava estampada ali a quem quisesse ver. Repararam que outras paredes tinham o mesmo forro amarelo com enfeite de cavalinhos em toda sua superfície.

- Será que nos outros têm mais? – indagou Trevor.

Os dois se encararam e não pensaram duas vezes, foram verificar. Rasga daqui, puxa dali, e mais puxa dali; o forro ia se desfazendo, Becca estava à beira de ir mais afundo do mistério, Trevor que só descobria enigmas por computador, agora estava descobrindo por suas próprias forças, com ajuda de Becca. Terminaram e foram recuando, para ter mais dinamismo e profundidade das imagens.

- Eu juro que se não tivesse visto a fita, jamais acreditaria nisso. – reagiu o espinhudo.

Becca tinha o mesmo pensamento que ele, no centro, a árvore, de um lado o desenho do mar visto de cima como se fosse a visão de um abismo, e do outro lado, o poço. 

- Este jogo está mais difícil que imaginei! – categorizou Trevor.

Em seguida Becca encara de perto as imagens, vai no da árvore e por segundos fica estática.

- É como se tivesse sido marcada na parede. – disse Trevor.

- Ou queimada. – opinou Becca.

Becca toca num pequeno contorno do desenho, e em seguida sente-se levada para outro lugar, na velocidade da luz viajou por outra dimensão, onde se sentia voando num céu branco, frio e nebuloso. Onde virou seu olhar para um lado e viu o mar agitado batendo nas pedras perto de um abismo, em seguida sentiu seu corpo sendo puxado para frente e passou por cima da árvore de fogo, porém, desta vez tinha vida com folhas em tom laranja e amarelas como se ardesse em chamas, e do nada foi arrebatada mais à frente direto para um poço de pedra onde quase mergulhou para o fundo de uma vez sentindo quase as águas lhe tocarem com Samara lhe observando lá de cima. Ela então voltou a realidade.

- Becca... O que foi?

- Tire umas fotos, e vamos pra casa. Já temos um acervo para o Daniel analisar.

Desceram pela escada e saíram do celeiro, em seguida saíram do terreno, olharam para trás encarrando o rancho pela última vez. Olhares de apreensão.

- Eu nem sei o que aconteceu nesta casa naquele período muito menos quero saber. – disse Trevor apreensivo.

- Embora esta casa abrigue o mal, a origem de suas forças está em outro lugar. – indagou Becca.

- Por que acha isso?

- Intuição. Vamos.

Alguma coisa lhe dizia que tinha outros lugares para procurar, e mal sabia ela que estava certa. Paralelamente a isso, num sanatório da cidade astoriana, Daniel chegou para fazer uma visita a uma paciente. Chegou na recepção.

- Boa tarde. Gostaria de fazer uma visita a uma paciente.

- Qual o nome? – perguntou a recepcionista.

- Helena Andrews.

A recepcionista e o colega do lado se olham quase que confirmando a suspeita.

- Ela acertou na mosca. De novo.

- Hum, como assim? – Daniel perguntou estranhando.

- Ela sabia que mais uma pessoa viria vê-la. Vou levá-lo até ela.

Daniel não entendeu nada, mas passou a seguir a recepcionista depois que lhe fizeram um cadastro com um crachá de plástico para adentrar no recinto. Numa ala reservada, Helena estava sentada em seu canto, desenhando algo com giz de cera. Seu cabelo estropiado e bagunçado, pele desgastada e um rosto horrível, olhar destruído pelo psicológico. Nem parecia a mesma mulher de vigor forte que amava e satisfazia Herbert nos momentos a sós. Ela lembrava toda hora em sua mente das 10:00 daquela manhã onde a polícia local estava ali para recolher o corpo de Herbert, graças a uma faxineira que estava limpando a ala masculina eles foram acionados e encontraram ela em estado de choque. Já Helena foi parar no hospital e em seguida no sanatório após um ataque de loucura, pois tinha visto as fotos que Herbert tinha tirado antes de morrer. Horríveis, assustadoras e perturbadoras.

      O lugar estava iluminado pela luz do sol, ela estava na perfeita escuridão, assim tem sido sua vida nas últimas horas. Logo a luz veio forte em sua direção quando a porta se abriu com o enfermeiro lhe chamando.

- Helena. – chamou o enfermeiro. - Acertou de novo. Tem visita para você.

Ela se vira com os olhos praticamente mortos e exorbitados. No corredor, a recepcionista passava instruções a Daniel para conversar com a paciente enquanto caminhavam.

- A paciente é nível 5, ou seja, qualquer palavra em tom de ameaça ou reação súbita que fizer pode fazer ela entrar em pânico ou estado total de loucura e pavor. Ela ainda está traumatizada pela morte do namorado. A paciente requer uma lista de utensílios que não estejam ao seu alcance na hora da conversa:

_ Celulares, relógios, revistas, mangás, dvd’s, tesoura, chaves, unhas postiças, bonecos de personagens de filmes de terror, garrafa de água, copo de vidro, lápis, navalha, faca, caneta e retratos de família. Deixe-me ver suas unhas.

Daniel estranhamente mostra, todas cortadas.

- Ok, estamos prontos.

- Espere. Ela pode ser, sei lá, perigosa?

- Não. Mas ela acha que você pode trazer algo do tipo.

Helena passava por um corredor tapada por um biombo grande evitando ser notada, e o biombo era conduzido por uma enfermeira. Ela ia a passos vagarosos, quando passou em frente a ala do refeitório e parou. A enfermeira não notou. Helena parou e virou seu olhar para dentro, outros pacientes sendo jovens, adultos e idosos assistiam TV comendo pão e bebendo suco. Ela encarou a TV, em seguida a mesma começou a dar curto e sair fora do ar. A imagem que surgia era a de um poço em preto e branco, e algumas pessoas começaram a ter reações diversas, desde gritos a se contorcer no chão, mãos na cabeça de dor, queda no chão e medo eminente do desconhecido. Os voluntários tiveram trabalho para acudir e acalmar os pacientes, a enfermeira voltou a cobrir Helena com o biombo.

- Helena... Estamos quase chegando.

Helena voltou a andar, e assim que ela passou, a TV voltou ao normal e as pessoas normalizaram-se rapidamente. Daniel chega à sala privada onde conversaria com Helena.

- Chegamos. Guardarei seus objetos ali naquela caixa, as pegará assim que terminar a conversa com ela. É só entrar que ela já está lá te aguardando. Espero que ela possa te ajudar. Boa sorte.

- Obrigado.

Daniel entrou. E lá viu Helena Andrews. Pintando com giz de cera seu desenho. Ele senta à mesa e procurou a melhor forma de começar o diálogo.

- Er... Helena?

Ela continua a desenhar.

- Eu sou o Daniel, talvez não me conheça, mas estou aqui por um motivo e talvez possa me ajudar. Preciso que me diga tudo o que sabe o ou ouviu falar do que houve com seu namorado. Minha irmã está sofrendo algo parecido.

Mas Helena parecia nem prestar atenção e continuava desenhando.

- Helena...

Então Daniel percebeu que aquela conversa marota não iria dar em nada, ele uniu as mãos com os indicadores apontados para cima e os polegares unidos apoiando no queixo, respirou fundo e foi logo na ferida para fazer Helena abrir a boca.

- ... O Herbert mencionou com você sobre um vídeo maldito que mata as pessoas em sete dias?

Logo ela parou de desenhar, mas ficou encarando o desenho e não Daniel.

- Ele estava preocupado com alguma coisa que estava acontecendo com ele. Estava perturbado, coisas estranhas aconteciam com ele, aparições, pesadelos, visões, coisas fora do anormal. Ele queria passar o maior tempo possível com você porque sabia que podia ser os últimos instantes de sua vida, e queria estar ao lado da pessoa que mais amou neste mundo, você. Minha irmã, minha namorada e eu estamos passando pelo mesmo problema, algo está vindo nos pegar, quer nos mostrar algo e não sabemos o que é. Estou desesperado e não sei mais a quem recorrer.

Ele segura um dos braços dela em sinal de ajuda.

- Por favor, o que souber fale. Pode salvar a nós todos. Eu preciso saber.

Mas ela demonstrava desinteresse. Então Daniel tirou uma pequena foto.

- Olhe para esta foto! É por ela que faço isso, que vim aqui hoje. Minha irmã. Não importa o que acontecer consigo, mas quero salvar ela. Olhe! Acha que ela merece morrer?

Logo ela levanta o olhar e o encara, seus olhos sem vida demonstravam derrota e morte de seu espírito. Rapidamente ela lembrou das fotos de Herbert, e o que viu. Algo assombroso junto com ele no reflexo do banheiro vindo pegá-lo em imagens sequenciais decretando sua morte.

- .... Você vai saber. – disse numa aguda, suave e triste voz. - No momento exato.

- O quê?

- Não demorará muito.... Ela vai te mostrar.

- Quem... Quem vai me mostrar?

- .... Quando chegar a sua hora. Nem um minuto antes ou depois.

De repente ela afasta a mão dele do seu braço e pega o desenho, levanta mostrando de frente para ele, Daniel estranha mas continua observando o desenho, nele as bordas tinham pequenos desenhos de escadas, cavalos, TV’S, pessoas e coisas abstratas sendo sugadas a um círculo em tom de preto e dentro dele o esboço de um olho, com o contorno de preto, pele branca e o globo ocular em tom de azul, sem vida, e bem pequeno como se desenhado dentro da retina o número 3. Daniel a encara com medo nos olhos.

- Três dias.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...