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História O Cheiro da Lua - Quimeras


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Ow, esse capítulo vai fazer vocês me matarem shuahsuas

Boa leitura.

Capítulo 106 - Quimeras



Triton


Despertei com o barulho da chuva batendo na janela, ergui a cabeça conferindo se Kristine ainda estava ao meu lado. Seu pequeno corpo estava encolhido e ela parecia com frio, com muito cuidado, eu a abracei aquecendo-a.

- Nozes... - ela murmura ainda dormindo.

Fico admirando seu delicado rosto e sinto-me um lixo, como pude tratar tão mal a mulher da minha vida? O fato de eu estar irritado por outras coisas, não justifica o que fiz a ela.

Ren ainda está furioso comigo, e não discordo dele, já que eu mesmo tenho vontade de me bater. Mas o grande problema é que eu não sei se consigo mudar essa minha mania de ficar irado e descontar na pessoa mais importante do mundo pra mim.

Esse é um defeito meu, confesso, e por todos esses anos que estamos juntos, isso já ocorreu várias vezes... Mas essa vez foi a pior de todas, e tenho muito medo que ela repense sobre nós dois.

- Não consegue dormir? - sua voz me traz de volta ao presente.

- Acordei com a chuva. - resumo. - Quer alguma coisa?

- Não, obrigada. - seus olhos voltam a se fechar.

- Eu realmente sinto muito. - digo antes que ela durma de novo.

- Triton, eu sei que você sente muito. - abre os olhos e me encara. - E eu lhe perdoou, só que não consigo esquecer tão rápido.

- Sei disso. - respiro fundo e lhe faço um afago no cabelo. - Volte a dormir.

Kristine parece ronronar e encaixa a cabeça em meu peito, logo ela adormece enquanto lhe observo, tentando compreender como irei me policiar daqui para frente para nunca mais magoá-la desse jeito.

*

Nunca fiquei tão distraído no trabalho como hoje, mas a imagem de ontem da minha companheira chorando estava me matando.

- Ainda bem que você tem essa horinha de descando, hein? - a voz dela é inconfundível.

- O que você quer? - suspiro e Lorena se senta a minha frente.

- Quero respostas, agora! - ela me encara, está bem brava. - O que você fez com a Kristine?

- Ela não está bem? - minha pergunta sai mais desesperada do que queria, e sei que Lorena notou.

- Se ela está bem? - ouço seu rosnado. - Depois do almoço eu fui vê-la, ela estava naquele quarto, sozinha, sabe? Aí eu perguntei se ela queria andar um pouco pela casa ou se queria ver televisão na sala.

Consigo imaginá-la deitado na cama, totalmente solitária, só esperando alguém chegar para lhe contar como foi o dia.

- E sabe o que ela disse? - ela espera que eu negue para continuar. - A única coisa que ela me disse foi que estava bem.

- Você não acreditou nela. - comento, pois já conheço a Lorena há muitos anos.

- Exatamente, e quando comecei a interrogá-la... - morde o lábio pensando em quais palavras usar. - Ela me disse que não sabia como superar, e então começou a chorar, mas antes que eu descobrisse o que houve, seu filho entrou no quarto e veio cuidar dela.

- Nós brigamos ontem, eu fui um imbecil, magoei-a demais. - explico. - Mas eu não sei como melhorar as coisas.

- Pode começar me contando a cagada que você fez dessa vez. - era uma ordem.

Assenti e lhe contei todo o ocorrido, desde que soube que sozinha Kristine tinha enfrentando a fera até a hora em que dormimos.

- Você ganhou o prêmio de imbecil! - ela se levanta nervosa. - Você a conhece a mais de sei lá quanto anos e teve a coragem de dizer essas coisas pra ela?

- Não preciso de mais você para jogar isso na minha cara. - reclamo. - Pensei que você pudesse ajudar.

- Eu vou ajudar. - ela rosna. - Mas você precisa começar a pensar mais de duas vezes antes de agir, esquentadinho.

- Eu ainda tenho quinze minutos para conversarmos. - aviso-a.

- É mais do que suficiente, agora me escute! - bate duas palmas. - Vocês se amam, mas cada um de vocês têm defeitos que afetam muito o outro, assim você precisa reconhecer o seu... 

- Ficar muito irritado com algumas coisas e descontar na Kristine. - admito.

- Não é esse o grande problema. - afirma enquanto eu ergo uma sobrancelha. - Sim, você perde a razão e briga com ela, mas porque com ela? Porque não com seus filhos? Ou com a sua mãe?

Lorena tinha razão, por que motivo eu sempre discutia com a Kristine?

- Porque ela é o seu porto-seguro, ela é a pessoa que você mais confia, e quando você está irritado com alguma coisa, você vai atrás dela, só que vocês acabam brigando... E é aí que entra o defeito da Kristine. - explica.

- Defeito dela? - sei que Kristine não é perfeita, mas não vejo algo que ela tenha feito de errado ontem.

- Não é bem um defeito, é uma ação dela que o seu lobo trata como errado. - comenta. 

- Ela não se submite. - entendo o que Lorena estava dizendo. - E como meu lobo já estava nervoso por coisas anteriores, quando ela faz isso, eu acabo perdendo o controle.

- Entendido o problema, buscamos soluções. - ela senta novamente. - Primeiro, você tem que controlar muito bem o seu lado dominante, não estou dizendo pra você ficar de quatro e abanar o traseiro, contudo, você tem que entender que a sua companheira é um pouco dominante sim, então quando vocês discutirem, ela vai opinar!

- Tudo bem, não faço nem ideia de como vou controlar isso. - confesso meio que desesperado.

- Segundo, evite conversar com ela quando estiver com a cabeça cheia... Vá tomar um banho, bata numa árvore, qualquer coisa, mas não inicie uma discussão com a cabeça cheia de problemas. - ordena.

- Essa parte eu consigo, mas o problema é a dominância, Lorena. - suspiro. - Eu sempre fui assim, mas eu quero muito mudar isso, porque machucá-la como eu a machuquei... Não quero mais fazer isso.

- Eu não posso ajudar com isso, só posso te direcionar. - comenta. - Agora você deve se manter na linha, tente conversar com a sua mãe, talvez ela ajude.

- Obrigado. - digo assim que nos levantamos. - Vou conversar com ela sim.

Nos despedimos e volto a trabalhar, e enquanto meu corpo se move pela fábrica, minha mente cria inúmero ideias de como acalmar o meu lobo.

*

Conversar com a minha mãe foi sem dúvida uma ótima ajuda, porém ela só pôde me dar algumas dicas de como "domesticar" o meu lobo. Ao chegar em casa, encontro April e Sven se beijando na sala, respiro bem fundo quando April me vê.

- Oi, pai. - ela vem até mim e beija a minha bochecha. - Como foi no trabalho?

- Olá, senhor Cerutti. - Sven também se levanta e me dá a mão.

- Boa tarde. - consigo dizer sem rosnar. - Sua vó mandou um beijo, April.

Aproveito e saio de lá, entro na cozinha e deparo-me com meu filho, Ren me encara e fica estático. Infelizmente, não sei como começar uma conversa, não depois do que houve ontem à noite.

- Mamãe está bem. - ele diz ainda me encarando. - Só vim fazer um chocolate quente que ela pediu, e vou voltar pro lado dela.

- Não o culpo por estar furioso comigo. - comento. - Mas eu vou resolver as coisas com a sua mãe.

- Resolver? - ele ergue uma sobrancelha. - Sério, pai, eu amo vocês dois, mas não vou admitir que ninguém nem mesmo você magoei a minha mãe de novo.

- Fico feliz em ouvir isso, que você irá protegê-la. - digo me sentindo estúpido. - Casais brigam, Ren, e eu sei que errei... Eu vou consertar as coisas, e tratar melhor a sua mãe.

- Eu já ouvi o bastante. - ele revira os olhos. - Vou levar o chocolate que ela quer e depois ajudá-la a tomar banho.

Passa por mim como um raio, parece que fui atravessado por várias facas, puxo uma cadeira e me sento. Durante o dia inteiro fiquei pensando em como conversar com ela, mas agora mal tinha coragem de entrar em seu quarto, felizmente, a vontade de vê-la foi muito mais forte.

Levanto, saio da cozinha, passo pela sala e entro no corredor, paro em frente a porta do nosso quarto. Ouço-a agradecê-lo por ter feito o chocolate quente enquanto Ren comenta algo sobre a banheira.

Bato duas vezes de leve na porta e entro, seus lindos olhos azuis me observam e um canto de sua boca ergue-se levemente. Vejo-a sentada na cama, segurando sua caneca de chocolate e seu corpo parece tão frágil.

Seus olhos estão inchados, provalmente, de tanto chorar, aproximo-me e sento no canto da cama, ao lado do seu quadril. Não tenho voz, apenas consigo observá-la, nossos olhos fixos um no outro mesmo quando toco-lhe a bochecha.

- A água já está quente, mãe. - ele para na porta do banheiro quando me vê.

- Obrigada, querido. - ela o fita e sorri delicadamente.

Quero beijá-la, abraçá-la e nunca mais vê-la sofrer, mas me seguro e somente beijo a sua testa. 

- Pode deixar que eu ajudo a sua mãe, Ren. - afirmo virando-me para vê-lo.

Seus punhos se fecham e ele rosna para mim, Kristine está com medo, seguro sua mão direita e falo calmamente com nosso filho.

- Prometo que vou cuidar dela. - digo. - Pode ficar no quarto se quiser, mas eu preciso ficar a sós com a sua mãe.

Ren trinca os dentes e seus olhos pousam em Kristine, não sei o que eles acabam conversando naquele momento, porém ele suspira e sai do quarto. 

- Banho de banheira, certo? - dou um pequeno sorriso para tranquilizá-la.

Ela assente e eu a pego cuidadosamente no colo, seguimos até o banheiro onde a coloco em pé a minha frente e ajuda-a a tirar a roupa. Já na banheira, minha companheira fecha os olhos e relaxa, aproveito para lavá-la com cautela.

- Pensei que você não fosse voltar pra casa hoje. - afirma ao abrir os olhos.

- E te deixar sozinha? - nego. - Eu só fui conversar com a minha mãe, só isso.

- Ela está bem? 

- Muito bem. - afirmo. - E você como está?

- Bem... - é sua única resposta e sei que está mentindo.

- Posso te pedir um favor? - ela assente e eu continuo. - Pode me bater na próxima vez que eu for um idiota?

- Não sei se aguento uma próxima vez. - é aí que ela me destrói, porque sei que o culpado sou eu.

- Kristine, você acha que deveríamos dar um tempo? - indago com receio.

- Não quero ficar longe de você, só preciso entender porque você disse aquelas coisas... - sua voz sai baixa.

- Ah, Kristine, aquelas palavras nunca deveriam ter sido ditas, eu perdi o controle, mas não é daquele jeito que eu me sinto em relação a você. - explico. - E eu sei que dessa vez eu... eu magoei muito você...

- Eu só queria protegê-lo, Triton, só queria proteger o nosso filho. - ela vai começar a chorar de novo.

- Por favor, não chore, meu amor. - meu coração se aperta. - Você o protegeu, e acredito em tudo que você disse... Apenas me dê um tempo para resolver esse meu problema.

- Que problema? - suas lágrimas ainda estão ali, sei disso.

- De ter esses ataques de dominância, machucando você. - confesso. - Vou aprender a me controlar melhor, eu prometo!

- Acredito em você. - ela sorri e já me faz ganhar o dia. - Eu te amo, afinal.

Não sei direito o que houve até que sinto minha boca devorar a sua, Kristine não reclama e deixa que eu a beije demoradamente.

- Nunca mais te farei sofrer. - sussurro em seu ouvido. - Eu te amo muito, Kristine.

- Estou com frio. - ela murmura.

Eu a tira da banheira e a coloco em pé, seco seu corpo e agasalho-a com seu pijama, solto seu cabelo antes preso para não molhar e em seguida, pego-a no colo.

Assim que a deito na cama, Ren entra de pijama no quarto, ele avalia a situação e por fim me encara.

- Estou de olho. - bufa e sai do quarto, fechando a porta.

- Ele se preocupa demais com você. - admito. - É bom que tenha alguém para me colocar na linha.

- Ren é um ótimo garoto, ele me faz companhia todos os dias. - afirma com sua voz gentil.

- Assim que você melhorar, vamos jantar fora, só eu e você? - sugiro.

- Está bem. - ela ri bem baixinho. - E você vai deixar a casa pra April e pro Sven?

- April sabe de suas responsabilidades, e estamos precisando de uma noite só nossa. - afirmo acariciando a sua face. - Concorda?

- Aham. - seus olhos se fecham e eu beijo seus lábios.

- Você já jantou? - pergunto antes que ela adormeça.

- Não... - seus olhos se abrem novamente. - Ren disse que prepararia uma sopa.

Dito isso, Ren entra com duas tigelas de sopa em uma bandeja.

- Eu trouxe para vocês dois. - ele está corado. 

- Obrigado. - pego a bandeja e ele corre beijar o nariz da mãe.

- Qualquer coisa, me chame, mãe. - comenta depois que Kristine o agradece pela comida.

Ren está inseguro, mas ansioso, ele quer nos dar espaço, porém teme que eu a magoe de novo.

- Cuide bem dela. - diz e sai do quarto.

Volto toda a minha atenção a minha loba, que já está sentada pronta para comer, coloco a bandeja em seu colo e a observo se alimentar, pois se precisar de ajuda, tenho que estar atento.

*

Mais uma semana se passou, Kristine não estava cem por cento, mas já conseguia fazer quase tudo sozinha. E como havíamos prometido, esta noite seríamos só eu e ela.

- Ainda não acredito que você deixou a April e o namorado irem no cinema sozinhos. - Kristine está toda sorrisos.

Mesmo que esteja preocupado com April, tenho plena confiança na minha filha e também jurei a mim mesmo que não estragaria esta noite.

- Você está muito, muito linda. - digo outra vez.

Estamos de mãos dadas, Kristine havia acabado de devorar metade de um grande prato de pescada grelhada com arroz, legumes e purê de batata.

- E você está absolutamente fabuloso. - ela ri e me dá um beijo na bochecha.

Ela vestia uma legging preta e uma camisa de manga comprida, e calçava bostas pretas que a deixavam do meu tamanho. Seus olhos azuis brilhavam a cada loja que passávamos, Kristine nunca foi consumista, mas ela tinha uma paixão por observar os detalhes das vitrines.

Minha companheira estava controlada até que viu uma loja de chocolate, foram necessários apenas duas piscadas para que eu a perdesse dentro da loja.

- Estou indecisa, amor! - uma voz fina e irritante surgiu ao meu lado.

Era uma mulher alta de cachos loiros e cheiro forte de perfume caro, espirrei e me afastei, conseguindo ver que ou ela estava falando sozinho ou o seu "amor" estava dando uma volta pela loja.

- Kristine... - suspirei e controlei o ciúmes, usando o olfato para encontrá-la.

- Moço, com licença, você sabe a diferença entre esses dois? Porque as embalagens são idênticas, mas um é o dobro do preço! - a estranha mulher parou a minha frente.

- Desculpe, mas não trabalho aqui... - começo a dizer quando Kristine vem sorrindo em minha direção.

- A diferença é que esse é perfeito para derreter e comer com frutas! - minha loba lambe os lábios enquanto a mulher a encara. - Esta escrito bem aqui. - ela aponta para uma minúscula letra em branco que há na embalagem.

- Obrigada. - a mulher não pareceu muito agradecida, mas Kristine apenas sorriu e veio até mim, contornando-a.

- Amaterasu do céu! - olho a quantidade de chocolate que ela segura com seu único braço bom. - Você tem certeza?

- Qual o problema? Não engordo com facilidade, estou de repouso, tive dois filhos e continuo gostosa... Esqueci de mais alguma coisa?

Eu só pude rir, Kristine teve a coragem de falar alto tudo aquilo.

- Não, meu amor, pode levar o quanto de chocolate que você quiser. - puxo-a até mim e beijo seus lábios.

- Fico feliz que tenha entendido. - ela brinca e sai dançando até o caixa.

Sei que não sou o único a admirar as suas curvas, meu lobo quer mostras as garras, respiro bem fundo e sussurro para mim:

- Ela é minha. - um sorriso se forma em minha boca. - Ah... Só minha.

- Você tem sorte, cara. - um homem relativamente jovem para ao meu lado. - Arranjou um filé e tanto.

Sabia que ele estava chamando a minha companheira de filé, porém contive o meu lobo, dando um tempo para responder àquele infeliz comentário.

- Pode por favor, não falar assim da minha esposa? - tento ser o mais educado possível, mesmo que meus olhos lhe deem o melhor olhar assassino possível.

O homem sai antes de conseguir se desculpar, consigo guardar os caninos a tempo de ver Kristine voltando. Aceno suavemente e ela para a minha frente, abrindo a sacola e me oferenco um chocolate.

- Não, obrigado. - saímos da loja.

Com a mão direita, Kristine segura a sacola enquanto eu a seguro pela cintura, tomando cuidado com o seu lado esquerdo.

- O que quer fazer agora? - pergunto assim que ela começa a olhar o céu.

- Hoje é lua cheia. - ela choraminga, pois sabemos que ela ainda sente muita dor para se transformar.

- Não faça essa cara. - puxo-a pelo queixo. - Não quero vê-la triste.

- Não estou triste, mas pensativa. - Kristine sorri e pisca para mim. - Que tal...

Ela para e sua cabeça se vira para a esquerda, consigo ouvir uma leve música, portanto, Kristine deve estar ouvindo isso. Logo ela me implora com o olhar, sem reclamar, seguimos o som até vermos um palco montado e um DJ tocando animadamente.

Não há muitas pessoas, e só porque não há aquele aglomerado sufocante que permito que Kristine se aproxime mais.

- Meu Amaterasu! - ela ri. - Isso é demais!

Algumas vezes, eu acabo esquecendo a nossa diferença de idade, não que eu me incomode ou que não suporte as músicas que a época da Kristine curte. Na verdade, amo ver o quanto ela se mexe quando dança.

Não demora muito para que ela me seduza fazendo-me dançar a sua frente, a música é alta e divertida, Kristine ri e fica cantando as partes que ela sabe de cada música.

Nunca canso de observar o seu corpo se mover, seu quadril rebolar, suas curvas ondularem e seu cabelo se mexer furiosamente. Fico feliz por ela estar bem, aparentemente sem dor alguma, então ela rosna para mim e fico instantaneamente duro.

- Kristine do céu. - murmuro e sei que ela ouviu, pois sua risada maliciosa me faz querer arrancar as suas roupas.

- Comporte-se. - ela gira e depois me manda um beijo. - Essa calça jeans não esconde nada, sabia?

- Como sei. - afirmo rindo. - Você é a única culpada, sinta remorso. - brinco.

- Estou me sentindo péssima. - Kristine faz uma cara má e vem até mim. - Vai me perdoar um dia?

- Já está perdoada. - digo quase num gemido quando seu quadril roça o cos da minha calça. - Pelo Amaretasu, Kristine!

- Ops. - ela se afasta mordendo o lábio.

Tudo que consigo pensar é nela nua em nossa cama, pedindo por mais e gemendo deliciosamente por baixo de mim. Afasto essa imagem e começo a pensar na minha filha, minha parte paterna ajuda a acalmar.

Sinto sua mão tocar a minha e dessa vez Kristine está assustada.

- O que foi? - fito-a e vejo medo em seus olhos.

- Está aqui. - murmura. - É o mesmo cheiro ruim... 

- Uma quimera? - olho em volta.

Em seguida, escuto gritos, Kristine se encolhe, eu a coloco atrás de mim quando vejo uma criatura estraçalhando um humano. Sua boca está coberta de sangue e ela apenas solta a sua vítima quando seus olhos se direcionam para nós.

Merda. Conheço a cara de um predador quando ele quer uma presa específica e no momento, somos duas presas bem específicas. Kristine ainda não consegue correr, a única opção é tentar nos esconder.

- Ali! - ela parece ler os meus pensamentos ao apontar para um hotel.

Andamos rápido enquanto a besta terminava a sua "refeição", e é bem provável que aquele humano seja a entrada e nós o prato principal e a sobremesa.

Kristine tropeça e eu a seguro, ela já está esgotada, sua perna deve estar doendo horrores.

- Vou te carregar. - digo e antes que ela proteste pego-a no colo, deixando seu lado esquerdo para fora.

Passo pela recepção e ignoro os protestos da recepcionista, chamo o elevador e entro no mesmo, paramos no quinto andar e sinto a mão de Kristine tirar o meu celular do bolsa da camisa.

Coloco-a no chão com cuidado, suas pernas tremem, mas ela se mantém firme e insiste que eu ligue. Fernando atende no segundo toque e depois que explico o que estava acontecendo, ouço o alfa rosnar furioso e sei, pelos anos de convivência, que um provável exército vem a cidade esta noite.

*

Verifico os sons e cheiros, nada vem de trás de uma das portas do corredor, com um forte chute a porta é aberta. Entro com Kristine e a deito na cama, sua testa está suada e sua expressão diz que está com dor.

- Você precisa relaxar. - aviso-a.

- Em que cinema eles foram? - pergunta com os olhos abertos.

- Naquele do outro lado da cidade, aquele mais perto da estação. - comento e sinto o mesmo alívio que ela.

Sven pode ser um ótimo guerreiro, mas será melhor que eles nem saibam sobre a quimera, pelo menos, por hora.

- Ligue a televisão, e o Ren está na casa da Lorena, certo? - ela fecha os olhos com força, provavelmente, sentindo uma pontada de dor.

- Você precisa se acalmar, Kristine, ficar nervosa só piora as suas dores. - explico. - Ren está bem, Lorena pode ser louca, mas nunca deixaria ele em perigo ou o perderia de vista.

Ela apenas concorda e volta a abrir os olhos, é óbvio que ela pedira de novo, mas não a deixo de esforçar, pego o controle e ligo a televisão. O noticiário fala de uma criatura selvagem que está aterrorizando as pessoas, felizmente, a quimera segue pelo lado contrário ao da estação.

Kristine suspira aliviada, ela com toda certeza é a mãe mais dedicada que já vi, sempre pensa nas crianças antes de si. Também faço isso, contudo, Kristine deixa visível esse amor por eles e por mim também.

Então na tela surge a quimera e mais quatro homens que logo os identifico como Fernando, Eric, Patrick e Tristan. Parte de mim quer ir até lá e torturar essa criatura e descobrir quem é o seu criador, mas a outra parte não se permiti deixá-la, ainda mais num estado tão crítico, tão frágil.

- Você pode ir ajudá-los. - sua voz é fraca. - Vou ficar bem.

- Eu não vou e isso não está em discussão. - digo de uma vez.

Ela se cala e sorri de leve, seus olhos se fecham, mas sua respiração demora a se normalizar, fico ao seu lado enquanto assisto a televisão. Quatro lupinos contra uma quimera, a câmera dá um zoom e posso ver como a besta é.

Tem quatro patas com cascos, uma cabeça de guepardo, um corpo coberto de penas e um rabo que mais parecia um cotoco. Comparado com a descrita pela Kristine e pelo Sven, essa parecia inofensiva.

Antes da luta começar a imagem sai de ar, o que já era esperado, alguém da alcateia deve ter tido a missão de cancelar a gravação assim eles poderiam usar a primeira oportunidade para se transformar.

Desligo a televisão, mas o chiado continua, percebo quase tarde demais que o chiado vem do corredor. Kristine dormiu, com muito cuidado eu a coloco na banheira escondendo-a.

Um fedor de morte e sangue humano enche as minhas narinas, volto ao centro do quarto, agora a coisa está na frente da porta, sua sombra é vista pelo vão da porta. 

Preparo-me para proteger a minha companheira e espero, minha parte lobo ansiando por uma luta. Transformo-me e fico em posição, o chiado fica mais perigoso e a porta se quebra em pedaços.

A fera está parado me observando com olhos pretos, ela é quase idêntica a um avestruz, tirando a sua cabeça que é como a de uma cobra, o chiado agora continuava, e aquela língua estava começando a me irritar.

Em seguida, uma outra quimera aparece, sua cabeça é de tigre, suas quatro patas são de veado, seu corpo é de pele de jacaré e seu rabo era curto e parecia um porco espinho.

Rosnei e vi o primeiro ataque em dupla, esquivei-me e já contra-ataquei, mordendo a fina pata de veado e jogando-o na direção da janela, a criatura quebrou os vidros caindo na sacada.

Encaro o avestruz, sua cabeça de cobra está dançando e logo vem para o ataque, deixo-a se aproximar e mordo seu pescoço, atiro-a na televisão, que se quebra e em consequência descarrega uma descarga elétrica na "ave".

O cheiro de queimado não diminui minhas forças, ouço barulho de vidro e vejo a outra fera se erguer, vindo novamente em minha direção, logo após, o avestruz sai de dentro da televisão e para ao lado do cúmplice.

Seria uma luta difícil, mas não estava disposto a perder, a minha derrota significava perigo para a minha família e isso eu não permitiria.


Notas Finais


Não me matem, por favor :3

E estou pensando em postar uma fanfic de lobos também, por exemplo, eu posto daqui um mês mais um capítulo de O Cheiro da Lua e depois de 15 dias a nova fic, assim vocês não ficam muito tempo sem história, o que acham???


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