História O Cheiro da Lua - União

Três horas e cinquenta e três minutos foi o tempo que Lorena, Alice e Verona demoraram para conseguir me deixar pronta.

- Você está diva demais! - Lorena batia palmas. 

- Estou orgulhosa do nosso trabalho. - Verona deu um grande sorriso.

Alice deu um sorriso tímido e eu consegui imaginá-la corando perto do Patrick. Ela é muito bonita, com seus olhos verdes que fazem um contraste lindo com o seu cabelo preto.

Sorrio de volta e agradeço a todas por estarem me ajudando tanto, depois respiro fundo e pergunto o que tanto me aflige.

- Esse nervosismo é assim mesmo? - olho para Lorena depois para Verona.

As duas já se uniram, Lorena admite que ficou bem nervosa na hora, mas que quando viu o seu companheiro:

- Eu esqueci de tudo e todos, só queria saber dele... aí quando dei por mim, já não tinha mais medo nem vergonha. 

- Você com vergonha? - Verona segurou o riso. - Rara ocasião.

Verona é a mais velha de nós, ela tem 345 anos e é loira de olhos verdes, muito linda também.

- A minha união foi bem sossegada, quase não havia muitos lobos na alcateia, então não tive vergonha... mas nervosismo todo mundo tem. - Verona assente.

- Acho que isso me acalma um pouco. - suspiro.

- Ah... queria eu um dia me unir. - Alice murmura.

- Não se preocupe, Lice. - Lorena a abraça. - Logo você vai se unir, tenho certeza.

- Alice, quando você menos esperar, estará tendo sua lua de mel. - Verona dá um sorriso caloroso.

Vejo como uma alcateia é mesmo uma família... um cuidando do outro.

- E falando em lua de mel... - Lorena sorri maliciosamente. -Verona, me diga, o que você acha do casal Kristine e Triton?

- Você diz o Cerutti? - Verona ri de leve. - Eu imagino que a lua de mel deles será bem agitada.

É, eu também acho isso... ainda mais depois do que nós fazemos em casa.

- A gente não é tão assim. - defendo-nos.

- Não é? - Lorena finge surpresa. - Engano meu, então.

E as duas caem na gargalhada, estou tão nervosa que não consigo rir com elas... porém o que me acalma é ver como elas tiveram uma boa união e são felizes até hoje.

- Err.. eu acho que a gente deveria levar a "noiva", certo? - Alice chama a atenção das duas. - Já são nove e dois minutos.

- NOVE E DOIS?! - Lorena dá um pulo. - Ai meu Deus! O Triton vai me matar!!!

- Calma, Lorena, já está tudo pronto, só falta levar a noiva. - Verona afirma calmamente.

- E o penteado? Ficou firme? - Lorena respirava rápido.

- Está bem firme. - Alice comentou enquanto olhava para o meu coque meio cacheado.

- Nossa, ficou muito lindo! - Lorena estava em êxtase.

E antes que ela pudesse ter um ataque ou desmaiar de loucura, Verona toma a liderança e nos leva para fora. Não ventava, mas a noite estava um pouco fria, a lua estava bem brilhante e parece que isso me deu coragem para enfrentar toda a "plateia".

*

Eu tive medo de fazer algo errado, tive ansiosedade de me sentir unida a alguém, tive nervosismo pelo número de pessoas nos assistindo... mas como Lorena disse, tudo isso passou quando eu o vi.

Triton estava maravilhoso, havia ficado lindo de terno e seu sorriso era o que mais me encorajava. Eu o teria beijado no mesmo instante, mas sabia que ainda não era a hora.

O ar tinha um cheiro fresco de folhas caídas, eu estava ao lado dele quando dei o meu melhor sorriso.

Respirei fundo deixando que o clima frio me fizesse sentir viva, estava sentada em um banco na praça da cidade. Olhei para o céu e ainda estava claro, já passavam das cinco e meia da tarde. 

Quem nos uniu foi o próprio líder da alcateia, ele estava super formal e sorria como um profissional. Cada momento era único e emocionante, eu me controlava muito para não chorar.

Mas a parte mais tocante foi quando o Triton colocou a aliança no meu dedo, sentia-me a mulher mais especial e amada do mundo. Ele me olhava com tanto carinho e suas palavras eram tão sinceras e fortes.

Na minha vez, falei com firmeza porque queria que ele sentisse que nunca desistiria dele. E deve ter funcionado, pois seus olhos ficaram tão intensos que acho que até o Fernando percebeu, porque ele logo em seguida disse:

- Pode beijá-la. 

- Sonhando acordada? - a voz dele me trás para o presente. - Aqui está o seu churros.

Pego e dou um grande sorriso, Trinto se senta ao meu lado, aproximo-me o máximo possível dele.

- Estava sonhando com o quê? - indaga um pouco curioso.

- Lembrando da nossa união. - afirmo. - Eu nunca havia me sentido tão especial antes. - coro.

- Você sempre foi especial... e sempre será. - ele dá uma mordida em seu churros.

Fico tentada a beijá-lo quando vejo seus lábios cheios de açucar, controlo-me e saboreio a minha sobremesa.

- Está esfriando bastante agora. - vejo que parece que vai começar a nevar. 

- Assim que terminarmos aqui, eu acho que deveríamos ir pra casa e nos esquentarmos. - ele dá um sorriso malicioso.

Marlottu foi uma ótima escolha, nada melhor do que poder se esquentar com o meu lobo. E para melhorar, Triton conseguiu alugar uma casa para nós.

Levanto assim que termino de comer, paro na frente dele e me encurvo para beijar seus lábios, o açucar fez com que eu tomasse seu lábio por inteiro. Entretanto, antes que a situação pudesse ficar mais quente, separei-nos e dei dois passos para trás.

Ele sorri e se levanta, já havia acabado de comer e já não havia mais açucar em seus lábios. Dou um sorriso malicioso e lhe estendo a mão, ele a segura e começamos a andar juntos até a casa alugada.

*

Frio era uma palavra que eu quase não conhecia dentro desta casa. Mesmo sem roupa e sem coberta, meu corpo estava bem aquecido. 

- Eu nunca vou me cansar disso. - Triton afirmou abafado. - Ah... Kristine.

Ele estava com os olhos fechados e mordia o lábio, enquanto eu estava montada nele e me movimentava devagar.

Minhas mãos estavam em seu peito, arranhava-o com vontade, quando de repente Triton levantou o dorso e me beijou com força. Senti seu desejo ardente e logo aceleramos o movimento, agora eu gemia um pouco alto.

- Triton.... eu quero mais...

- Seu desejo é uma ordem. - sussura em meu ouvido e depois começa a beijar o meu pescoço.

Triton aproveita que estou em transe e me deita na cama, agora ele está por cima e tem controle total do sexo. Sem perder tempo, começa a investir com mais velocidade e mais profundo.

Grito de prazer, meu corpo começa a queimar, puxo-o para mim e arranho suas costas e ombros. Ele geme e eu o beijo ferozmente, seguro seu rosto enquanto aprofundo o beijo.

- Kristine... 

Logo, aquela sensação de explosão se concentra na minha intimidade, puxo seu cabelo assim que gozo e em seguida ele goza ainda dentro de mim. 

Assim que sua respiração se normaliza, ele deita ao meu lado e nos cobre porque enquanto relaxamos, o frio começa a dar as caras.

- Você sempre me surpreende. - digo com um sorriso.

- Digamos que eu goste de te agradar cada vez mais. - beija-me com carinho.

Pego-me pensando de que beijos eu gosto mais... dos carinhosos ou dos selvagens?

- Eu me sinto cada vez mais especial, sabia? - enrubesço.

E a cada dia eu tenho menos vergonho dele, quase tudo em que estou pensando eu digo a ele.

- E eu me sinto o homem mais sortudo do mundo. - beija-me de novo.

Só que dessa vez nós ficamos nesse beijo por minutos, separávamos apenas por alguns segundos - era o suficiente para recuperarmos um pouco do fôlego. 

Meus lábios estavam começando a ficar um pouco sensíveis, mas eu não queria nos parar porque conseguia sentir todo o amor que ele tinha por mim, e eu retribuia na mesma intensidade.

Foi então que meu celular tocou, na primeira vez eu o ignorei, porém ele tocou mais cinco vezes e nós achamos que era urgente.

*

Saí do banho com o corpo limpo, mas a cabeça pesada. A ligação da Vivian havia mexido comigo, e ainda veio à tona o fato de que a minha melhor amiga - porque eu ainda a considero, mesmo sabendo que será difícil eu revê-la - não foi ao meu casamento. Na verdade, ela nem ficou sabendo que eu me casei.

- Não se pressione tanto. - Triton diz assim que me vê sair do banheiro.

- Eu não sei o que pensar... na verdade, não sei o que fazer. - admito quando me sento na cama ao seu lado.

- Pra ser sincero, eu não acho que você tenha o que fazer... - comenta.

- Como não? - encaro-o. - Uma semana antes de morrer, a Amy ligou pra Vivian e contou tudo... tudinho sobre a nossa espécie e sobre os caçadores!

- Eu sei disso... você me disse...

Sua expressão continuava calma, e eu estava cada vez mais desesperada.

- Eu não acho que você, sozinha, deva fazer algo... - afirmou. - Assim que voltarmos, deveríamos falar com a Lorena e depois, talvez, comunicar o alfa.

Abro a boca, mas a fecho assim que noto como estou sendo egoísta. Estamos na nossa lua de mel e eu querendo me preocupar com a Vivian, e Triton tem razão, sozinha não posso fazer nada.

- Tem razão. - assinto. - Acho que devemos falar só com a Lorena quando voltarmos.

Ele concorda com a cabeça e depois me abraça, achei que ele não tinha como ser mais carinhoso, mas me enganei ao sentir seu hálito quente no meu pescoço.

- Sei que tudo está sendo muito complicado pra você, Kristine. - levanta meu queixo. - Mas você foi forte até agora, e acredito que o nosso Deus Amaretasu sabe o que cada um consegue aguentar.

- Espero não decepcioná-lo. - murmuro e dou um pequeno sorriso antes de selar nossos lábios.

Triton me abraça com mais força e consigo sentir toda a sua paixão, enlaço seu pescoço e tomo controle do beijo. Logo estamos deitados na cama, ainda vestidos, mas desejando ardentemente um ao outro.

Entretanto, ele nos separa e sorri ao ver a minha cara de decepção.

- Você anda muito safada, Kristine. - brinca.

- Eu? - rio. - Você que me provoca o tempo inteiro.

- O que eu posso fazer? - levanta e me puxa para fora da cama. - Você é irresistível.

Sua voz provocativa no meu ouvido me dá arrepios gostosos, mordi seu lábio e puxei-o de leve. Assim que o soltei, sorri e virei-me para colocar uma roupa mais quente.

- Que horas é a reserva que você fez? - indago enquanto me troco.

- Oito e meia. - responde e depois me abraça por trás. - É uma pena que não podemos nos atrasar.

Sinto aquele arrepio gostoso de novo, mas me controlo porque não quero perder esse jogo. Aproveito e roço a minha bunda no cos da sua calça, ouço um suspiro de desejo e solto uma gargalhada.

- Acho que posso ganhar esse jogo. - afirmo já indo em direção a porta.

- Jogo? - dá sua risasa alta e lembro-me de como estava com saudades dela.

- Sim... um jogo de sedução. - brinco. - O que acha?

- Sobre você jogar esse jogo? Ou sobre o jogo? 

- Os dois. - paro perto da porta e me viro para observá-lo.

Seu olhar está em mim e consigo sentir seu desejo dessa distância, penso que o mais forte entre os lobos são os laços cheios de sentimentos, além disso, existem as ligações mais fortes que são aquelas que os casais unidos possuem.

- Bom... acho que você poderia ganhar esse jogo, mas agora que eu sei o que é... difícil você ser a ganhadora. - dá um sorriso malicioso. - E sobre o jogo... eu aprovo e estou participando.

Triton já está colado em mim e nossos narizes estão se tocando, mordo meu lábio e espero que ele me leve a força para a cama, porém ele se controla e respira fundo antes de falar:

- É realmente uma pena que não podemos nos atrasar.