História O Cheiro da Lua - Fernando e Giulia

Comecei a achar que a alcateia estava envolvida por uma aura amorosa... Digamos que muitos casais estão se formando. Não que eu ache isso ruim, porém é uma mudança muito drástica para uma alcateia que não aceitava namoros, que só se podia unir e ponto.

- No que está pensando? - Triton surge ao meu lado.

Estava sentada em baixo de uma árvore de Madoch, olhei para cima e o vi, lindo como sempre.

- Sente-se aqui. - bati a mão ao meu lado, logo ele se sentou.

- Daqui a pouco temos que ir para o chá de bebê da Lorena. - comenta e passa o braço por cima do meu ombro.

Eu quase me esqueci!

- Que horas são? E que horas é pra estar na Lorena? - falei mais desesperada do que pretendia.

- Não se preocupe. - ele ri. - Agora é meio-dia, mas o chá começa as duas... E vai ser no salão de festas, já que a alcateia inteira estará lá. - comenta.

- Quer dizer que eu vou conhecer todo mundo de uma vez? - arregalei os olhos. - Sério mesmo?

Triton começou a rir enquanto eu o enchia de perguntas, mas ele não respondia nenhuma.

- Kristine, você é a minha companheira queira eles ou não. - afirma ao parar de rir. - E tenho certeza que eles irão adorá-la!

- Então você os desafiaria por mim? - brinco ao puxar seu rosto para mim.

- Faço qualquer coisa por você. - sela nossos lábios e me puxa mais para si.

Deixo que ele me puxe para o seu colo enquanto aprofunda o beijo, chega a ser doce e ao mesmo tempo picante. Não sei como explicar essa sensação.

Logo estou tão envolvida pelo seu cheiro viciante que esqueço onde estamos, só me lembro quando Triton começa a levantar a minha blusa e sinto que vamos passar dos limites.

- Triton... - murmuro nos separando um pouco.

- Tem razão. - ele sorri e me beija mais uma vez, só que agora se controla e mantém as mãos apenas na minha cintura.

Mordo de leve seus lábios e ouço-o soltar um gemido rouco, sorrio e o beijo mais ainda. Continuo segurando seu rosto, Triton me puxa mais um pouco, posso sentir nossos corpos grudados.

Até consigo sentí-lo ficando excitado, e rio junto aos seus lábios.

- Eu te amo demais. - beijo seu pescoço.

- Você é o amor da minha vida. - puxa meu queixo e sela nossos lábios mais uma vez. - Senhorita Cerutti, acho que temos que ir. - brinca.

- Hmmm... Por que senhor Cerutti? - indago sorrindo.

- Porque eu quero aproveitar a minha linda e sexy companheira. - dá sua risada alta.

Em seguida, nós nos levantamos e voltamos para casa, assim que entramos, Triton só me deixou fechar a porta e logo me pegou no colo. Roubando-me um beijo quente, provocante, depois levou-nos para o nosso quarto.

- Acho que temos tempo para acalmar a fera. - digo quando ele me coloca na cama e deita por cima de mim.

- Temos tempo de sobra. - sorri e volta a me beijar.

Solto sua boca para beijar seu pescoço enquanto Triton arranca a minha blusa, deixo que ele se divirta com o meu sutiã. Provocando-me, fazendo com que arrepios percorram todo o meu corpo até que ele, finalmente, arranca essa peça de roupa.

Sinto meu corpo ferver, borbulhar com cada toque dele, rosno e nos viro, puxo sua calça e depois arranco sua cueca, posso ver seu membro livre e o abocanho devagar.

Triton arqueia um pouco as costas e dá um gemido baixo, voltei a provocá-lo, lambendo a ponto de modo a deixá-lo eriçado. 

- Kristine do céu! - rosnou.

Não deixei que ele falasse mais nada, pois o chupei com vontade, tão logo ouvi mais um gemido seguido de um rosnado. Lambi-o de baixo para cima e ele gozou, joguei o cabelo para trás e ri.

Triton fitou-me, pude sentir seus olhos me queimarem... Ah, ele ardia em desejo, e eu também. Rapidamente, estava de baixo novamente e, agora, nua; abri as pernas deixando que ele me tomasse.

Depositou um leve beijo na minha intimidade, mas foi o suficiente para me fazer perder a razão. Um gemido baixo se formou em meus lábios, porém eles foram substituídos por um grito de suplícia.

Assim que Triton acariciou-me com sua língua, comecei a pedir por ele, mesmo sabendo que ele sempre esperava que eu chegasse ao ápice para depois me encher.

- Triton... Por favor... Eu preciso de você! - meu corpo pedia, na verdade, ele implorava.

A sensação da sua boca no meu sexo me fazia sentir todos os meus sentidos lupinos explodindo. Não que isso fosse uma surpresa, sempre era assim... Um delicioso e quente sexo era o que fazíamos.

Gritei de prazer quando cheguei ao primeiro ápice, Triton ainda tinha muita energia, voltou beijando meu corpo inteiro enquanto eu recuperava um pouco de fôlego.

Não foi muito tempo até que ele me penetrasse, foi como quando fizemos sexo pela primeira vez, podia sentí-lo dentro de mim, ocupando todos os espaços. Ele me completava perfeitamente.

- Precisa de mais ainda? - brinca com a boca colada ao meu pescoço.

- Sempre... Preciso. - rio e seguro em suas costas, pois sei que ele mudará seus movimentos.

Em seguida, Triton aumenta um pouco o ritmo e começa a ir mais fundo, minha virilha queima de excitação e minhas unhas arranham suas costas, antes que eu me controle, minhas pernas o envolvem pela cintura fazendo com que sua penetração seja ainda mais deliciosa.

- Amaterasu do céu... Como você bom! - afirmo rangindo os dentes.

- Você não tem ideia de como você é deliciosa! - dá uma estocada mais forte e depois me beija com força.

Ele me devora, pedindo tudo de mim, entrego-me sem medo, sei que ele nunca me faria mal e sei que o amor que temos um pelo outro é real. E já estava chegando ao máximo de mim, meus gemidos estavam reprimidos pelos seus beijos famintos.

Então eu mordo seu lábio e em seguida solto-o para poder gritar, assim que meu orgasmo vem, arranho seus braços e aperto minhas pernas em volta dele. Triton continua mais um pouco até que ele chega ao ápice e logo desaba em cima de mim.

*

Nós estávamos atrasados, e dessa vez não foi porque fizemos sexo no banho, e sim porque dormimos demais!

- Nunca achei que iríamos dormir tanto. - falo rindo enquanto nos apressamos para ir até o salão.

- Não estamos tão atrasados. - Triton sorri. - São só três horas.

O salão estava com as portas bem abertas e podíamos ouvir o barulho de pessoas rindo e conversando, e foi aí que Lorena nos viu entrar.

- Uma hora atrasados! - ela nos encarou e até senti medo. - Se vocês me falarem que estavam fazendo sexo...

- Na verdade, nós fizemos sexo, mas o problema não foi esse... - Triton meio que joga a vez para mim.

- Nós acabamos dormindo depois... - explico. - Sabe... Foi intenso. - digo para não vê-la alterada.

- Perdoados dessa vez. - ela me abraça e me puxa para o meio de um monte de mulheres. - Hoje ela vai se divertir com as mulheres. - mostra a língua para o Triton que dá sua risada alta e acena dando-me tchau.

Aceno de volta com um sorriso, tão logo sou enfiada em uma mesa, onde apenas se encontravam Angie e Helena... Anne não estava presente desta vez.

- Onde a Anne está? - Lorena indaga assim que se senta conosco.

- O Mike apareceu... Aí o resto você já sabe. - Angie comentou com um tom de ciúmes.

- Então eles estão mesmo juntos. - comento ao me lembrar de vê-los juntos na enfermaria.

- Eles estão enrolando! - Lorena exclama. - Já disse que ela tem que atacar de uma vez!

Helena e Angie caem na gargalhada enquanto estou abismada demais com o comportamente da Lorena. Imaginei-me grávida... Será que eu falaria tudo que me viesse a cabeça? Estaria perdida.

- Munda da lua de novo? - Lorena me cutuca.

- Só imaginando umas coisas.. - murmuro.

Então Lorena se levanta e sorri.

- Eu vou dar atenção aos outros. - sorri. - Aliás, somos a estrela principal da festa. - ri e apalpa a própria barriga que ainda não tinha mudado em nada. - E meninas, não se preocupem, a Kristine às vezes vai pro mundo da lua, mas ela melhorou bastante... Vocês imaginam o porquê, certo? - fez uma cara maliciosa.

Fiquei tão vermelha quando Angie e Helena me deram aquele olhar de então foi o lobo ali que te trouxe para o nosso mundo. E tudo que podia fazer era sorrir e fingir que não havia entendido.

*

Não sei direito como aconteceu, primeiro foi a Helena que saiu da mesa.


- É que ele chegou ontem... - comentou.

- Corrigindo, você o trouxe para a alcateia ontem. - Angie bufou como se estivesse com ciúmes. - Sai á trabalho e volta querendo se unir!

- O que posso dizer? - ela ri constrangida. - Acho que é isso o que o amor é... Certo, Kristine?

Ela estava certa em me perguntar sobre amor?

- Bom... É um sentimento forte... Que nós muda sem aviso prévio. - comento porque foi isso mesmo que aconteceu comigo.

- Sabia que era amor! - quase pulou de alegria, mas se conteve por vergonha. - Bom, vou indo, ele deve estar deslocado... Coitado.


Enquanto estávamos só eu e Angie, descobri mais sobre a história delas. Começou falando da Anne, ela foi transformada aos três anos quando um lobo matou seus pais. E contou que com sete ela entrou na alcateia e depois virou uma escritora, e só com quarenta anos foi que ele conheceu o Mike. 

- Mas eu sempre soube que eles eram apaixonados um pelo outro. - rosnou. - Não estava na cara?

- Err... Como posso dizer se nunca os vi juntos? - só uma vez, mas não pretendo comentar isso com ninguém já que Anne parecia bem envergonhada na ocasião.

Depois, Angie me contou sobre Helena, comentou que ela é bem dominante e que muitas vezes acaba arrumando briga, descobri que ela brigava muito com a Melissa... Imagino que Helena não pegasse leve, ela é bem forte, tendo o corpo musculoso, nada exagerado claro, mas bem mais forte do que a maioria das fêmeas.

Helena foi transformada aos vinte e cinco quando se apaixonara por um lobo, porém não deu muito certo então ela saiu de lá e acabou, dois anos mais tarde, vindo parar nessa alcateia. Ela agora trabalha como arquiteta de paisagismo, Helena viaja bastante para atender alguns clientes, e foi em sua última viagem que conheceu o Leonardo.


- Eu sempre avisei... Cuidado com lobos estranhos! - Angie revirou os olhos. - Mas ela me escuta? Não!

- Mas ele não parece ser uma má pessoa, não é? - comento ao olhar para o lado e ver Helena com um cara um pouco mais alto do que ela.

Leonardo tinha cabelo preto e olhos verdes, seu sorriso parecia bem amigável e suas bochechas estavam numa coloração rósea.

- Vou ficar de olho nele. - fungou.


No fim, foi a vez da sua própria história, Angie teve os pais assassinados, e depois disso ela só queria vingança. Mas aos vinte anos ela foi transformada e nunca mais pensou em vingança, pelo menos é nisso que ela acredita até agora.

Também contou que é formada em ginástica olímpica, e que ela trabalha como fisioterapeuta.


- Agora que lembrei de tudo isso... Percebo como lobos brancos são lindos. - comenta. - Será que é por isso que sinto algo pelo Miguel? - assim que diz isso, ela tapa a própria boca.

Seguro o riso, pois Angie se atrapalha toda tentando arrrumar a situação.

- Acho que você devia atacar. - brinquei.

- E-Eu nunca faria isso! - fica mais vermelha.

Então, como se fosse algo combinado, Miguel chega na festa e vem puxar a sua namorada, quero dizer, amiga - por enquanto - para conversar.


E foi desse jeito que me encontrei nesta situação, eu havia saído para ver a área da churrasqueira, mas me deparei com uma cena muito estranha. O alfa estava bêbado e um outro cara tentava conversar com ele, mas era ignorado.

- Kristine! - Fernando me chamou e eu congelei. 

Então o outro cara, que era bem mais alto do que eu, tinha olhos castanhos claros e cabelo castanho. Ele parecia alguém sério e cheguei a dar um passo para trás, porém acho que ele notou como me assustava.

- Ah, desculpe... - sorri de um jeito simples. - Mas você teria como ficar de olho nele enquanto acho alguém para me ajudar a levá-lo embora?

- Posso. - respondi receosa, o que me aguardaria enquanto cuidava do alfa?

Minutos depois, o cara voltou com uma cara de poucos amigos.

- Esses caras! - resmungou. - Eles dizeram que só vão embora mais tarde.

- Desculpe... Mas qual seu nome? - indago sem jeito.

- Sou Gabriel Baz. - ele me dá a mão esquerda para apertar, então noto que ele tem algum problema com o braço direito, mas decido por não perguntar... Ainda sinto-me, digamos, ameaçada? Não, essa palavra é pesada demais.

- Ei, Kristine é seu nome certo? - pergunta. 

- Sim... - respondo e depois vejo Fernando falando com uma árvore. - Ele sempre bebe assim?

- Nunca! - Gabriel nega. - É a primeira vez que o vejo assim.

Observo como o alfa está estranho e suspiro, era bem provável que a falta da Giulia o fez ficar desse jeito. Gabriel se senta em um mesa e sinaliza para que eu me sente também.

Acabo me sentando, e não sei se foi por causa do estado do Fernando que o abalou demais, mas Gabriel começou a falar comigo como se nos conhecessemos há muito tempo.

Contou-me que seu pai era humano e sua mão loba, e que um dia, sem querer acabou matando seu pai. Havia sido no início de suas transformações, o pai o confundiu com um lobo selvagem e atacou, seu instinto mandou se defender e ele acabou mordendo o pescoço do pai, assim o matando.

Decifrar sua expressão é complicado... Seria dor, ressentimento, tristeza, indiferença, raiva...

Também contou que é considerado o melhor amigo do alfa, suas palavras tinham orgulho, e não era para menos. Ser amigo de um lobo com tantas responsabilidades. Ah, Gabriel é o técnico de informática da cidade, pelo que entendi, ele e Lupus às vezes trocam umas ideias loucas.

Pelo menos para mim, muita tecnologia é loucura... O máximo que uso é meu celular e o iPod que Triton me deu, aliás, quem precisa de tecnologia quando se tem um companheiro como o meu?


- Acho que agora eles vão me ajudar! - ele se levanta e vai em direção a saída. - Já volto, se você puder olhar ele um pouco.

- Claro. - sorrio mesmo com medo do alfa bêbado que estava atrás de mim.

Achei que ele nunca faria isso, juro que achei. Mas de repente, Fernando se jogou perto de mim, caindo com a cabeça no meu colo, fiquei estática.

- Kristine, ela achava você tão forte... - comentou com uma voz sonolenta. - Ela uma vez me confessou que sentia medo de me perder para você. - então ele começou a rir. - Como se eu pudesse trocá-la... Ela é a minha vida.

- A Giulia lhe disse isso? - vejo que seus olhos já fecharam.

- É culpa minha ela ter ido embora. - sua voz agora é de choramingo. - Eu não sabia como lidar com o que ela me disse...

- O que ela te disse? - novamente, minha curiosidade falou mais alto.

- Me disse que estava grávida. - ele afirma e continua deitado no meu colo.

- Está grávida?! - teria pulado se ele não estivesse no meu colo. - E como assim ela sai da alcateia?

- Eu não deveria ter ficado tão alterado... - resmungou. - Gritei com ela, porque eu sabia que não estava pronto para ser pai!

- O que você disse pra ela exatamente? 

Ele não respondia então dei-lhe um tapa na cabeça - isso uma vez na vida outra na morte.

- Falei que não queria um filho, que ela devia ter avisado que estava no período fértil. - ele rosna. - Ela estava planejando isso!

- Como pode dizer isso? - levanto sem ligar que sua cabeça caia. - Ela te ama!

Ficamos em silêncio, meu corpo borbulhando de raiva, percebi que o efeito da bebida estava começando a passar.

- Como você... - não sabia o que dizer.

- Eu a amo tanto... Mas eu não a mereço... 

Agacho-me a sua frente e dou-lhe meu melhor tapa, Fernando arregala os olhos e coloca a mão no vermelho. Sinto meus olhos lacrimejarem.

- Nunca decida se você é bom ou não para a pessoa que você ama! - afirmo. - Vocês devem decidir isso juntos!

Não sei se fez efeito, já que ele estava bêbado, porém posso jurar que vi sua expressão mudar. Agora eu via o alfa que me recebeu na alcateia, o brilho de liderança havia voltado aos seus olhos, mas a bebida o estava impossibitando de agir. Pelo menos, sabia que logo ele faria algo a respeito.

E pensar que Giulia estava sozinha por aí porque seu companheiro fez uma merda dessa, e ainda grávida! 

Então, ouvímos os passos de homens vindo, Fernando se levantou com difilcudade e olhou para mim.

- Você está certa... devo consultá-la antes, não é? - deu um pequeno sorriso. - Obrigado, Kristine.

Gabriel entrou com mais dois outros lobos, não notei quem eram, eu só queria sair dali, porque a minha loba estava se remexendo inquieta. Como se ela desejasse sair correndo para procurar e ajudar a Giulia, mas eu não queria que ela se soltasse de uma vez.