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História O Cheiro da Lua - Autocontrole


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Mais um capítulo, pessoal!

Boa leitura.

Capítulo 84 - Autocontrole



Escuro. Gélido. Silêncio. Era assim o buraco que me encontrava, pelo menos, eu achava que era um. Parecia um abismo, não havia uma superfície, só o chão gosmento.

De repente, comecei a afundar, era um lodo pegajoso que me puxava para o fundo. Ergui a cabeça e enxerguei uma saída, mas ao invés de ficar feliz, eu a vi.

Ruiva com seus olhos marrom-avermelhados, não havia brilho em seu sorriso, era algo mau, que me dava arrepios.

- Veja o que você fez comigo! - Amy dizia. - Você me matou, monstra!

Quando mais eu temia, mais afundava, as lágrimas não saiam, então a imagem mudou e o pai dela apareceu. Era apenas uma sombra, mas sua arma era visível.

- Eu a matarei aqui e agora! - ele gritou e disparou.



- Eu não a matei! - acordei gritando e me debatendo. - Não fui eu!

- Kristine! - a voz dele me fez abrir os olhos. - Acalme-se... Você está segura.

Seus olhos estavam vermelhos de cansaço e inchados de chorar.

- Sinto muito. - toquei em seu rosto e as lágrimas vieram mais uma vez. - Eu sinto muito.

Patrick entrou no quarto desesperado.

- Precisa de ajuda? - ele perguntou ao ver como eu tremia.

- Só me consiga comida, água e um cobertor. - Triton pediu enquanto me segurava. - Ei, olhe para mim, nada foi culpa sua...

- Foi sim... Você sabe que foi. - murmurei.

- Kristine, foi a própria Amy que escolheu aquele caminho. - afirmou.

- Teria sido diferente se eu não a tivesse conhecido. - comentei.

- Não. - negou. - Ela se tornou uma caçadora para vingar a própria mãe. 

Fiquei quieta, tentando acreditar naquelas palavras, mas era impossível... Amy e seu pai morreram por minha causa. Então Fernando entrou no quarto, seu olhar era duro como de um alfa dominante.

- Eu ouvi a conversa. - murmurou. 

- Não consegui salvá-la. - comentei.

De repente, recebi um tapa tão forte que achei que tivesse arrancado os meus dentes.

- Você não podia ter feito nada! - Fernando gritou. - A vida não é justa, e foram eles que escolheram seus destinos, então conviva com isso e seja aquela loba forte que me deu aquela tapa!

Senti que ele iria falar mais alguma coisa, porém Triton havia perdido o controle e dado um soco na cara do alfa. Não consegui pará-los, Travis e Oleif tiveram de apartar a briga.

- Vá cuidar dela, está bem? - Travis falou ao Triton.

Patrick entrou com algumas coisas e já saiu de novo, Triton voltou ao meu lado e tocou a minha bochecha que estava vermelha.

- Está doendo muito? - perguntou com carinho, deixando a sua íra bem longe de mim.

Neguei e olhei para as minhas mãos, a direita estava enfaixada e eu ainda tremia. 

- Uma substância rosa... - entrei em pânico.

- Não se preocupe... Bryan já nos contou e Patrick fez uns exames e um ultrasom, April está bem. - disse tudo o que eu queria ouvir.

- Graças a Amaterasu. - toda a dor havia sumido só de saber que a minha filha estava bem.

- Isso, se deite... Você precisa descansar. - murmurou e me deitou de volta na cama.

Triton pegou o cobertor e me cobriu, os tremores foram parando aos poucos e minha barriga roncou de fome.

- Você ficou quase trinta e seis horas inconsciente. - seus olhos ficaram marejados. - Eu fiquei desesperado... Estou tão feliz que você acordou.

Beijou minha testa tentando se tranquilizar, mas eu notei como ele estava nervoso.

- Eu vou ficar bem. - afirmei sorrindo de leve. - Fernando tem razão... Precisava daquilo para acordar.

- Ele não precisava ter batido em você. - falou tentando segurar a raiva.

- Sim, alguém precisava... - comentei. - E ele sabia que você nunca o faria.

Triton pareceu entender aonde queria chegar e apenas suspirou.

- O que importa é que você está bem, e que eu só volto a trabalhar na segunda se você estiver bem. - declarou e sabia que aquilo não era uma opção, era um aviso.

- Ela está bem mesmo? - segurei minha barriga tentando me proteger.

- Está. - ele colocou a mão por cima do cobertor que estava em cima da minha barriga. - Mas Patrick disse que quer fazer uns exames antes de te dar alta.

- Certo. - assenti, minha barriga roncou mais uma vez, só que dessa vez muito mais alto.

- Ainda bem que o seu médico lhe trouxe isto. - ele andou até uma mesinha e pegou uma bandeja com água e comida.

Ajudou-me a sentar na maca e me alimentou, depois, Triton me beijou levemente nos lábios e me colocou para dormir, meu corpo cedeu àquele conforto que estava recebendo.

- Mas eu vou ter pesadelos. - choraminguei.

- Não vai, meu amor, vou estar aqui do seu lado, te passando segurando, está bem? - segurou minha mão esquerda e ficou à espera.

- Está bem. - foram as últimas palavras que me lembro de ter dito.

Meu corpo e mente estavam desgastados, as horas inconscientes deveriam ter sido só de pesadelos pois eu não achava que havia descansado. Senti sua mão livre afagar os mes cabelos e seu cheiro começou a me tranquilizar.

- Durma, meu amor, eu vou estar aqui quando você acordar. - sua voz parecia me proteger.

Murmurei um eu te amo e dormi.

*

Acabei dormindo mais vinte e quatro horas, porém dessa vez havia descansado de verdade, e quando acordei, Triton me contou que o pai da Amy ainda estava vivo.

Bryan não deixou que o matassem, porque ele alegou que havia algo de errado, e de fato havia, o Senhor Tohed sofrera uma lavagem cerebral feita pelos caçadores. Elizabeth conseguiu fazê-lo voltar ao normal e depois tiveram de apagar a memória dele, usando algumas táticas médicas.

- Então... Ele não me odeia? - murmurei, mais para eu mesma. 

- Não. E não foi você quem a matou, Kristine. - Triton levantou meu queixo, fazendo-me fitá-lo. 

- Obrigada por ter cuidado de mim. - sorrio e o abraço. - Não sei o que seria de mim sem você.

- Eu sei. - ele brincou. - Seria a mulher mais cobiçada do mundo.

Comecei a rir, com vontade mesmo, depois suspirei ao sentir Triton acariciar a minha barriga.

- Patrick disse que vamos fazer mais um ultrasom e alguns exames de sangue antes de você poder sair, está bem? - informou-me.

- Claro. - assenti.

Tão logo, Patrick bateu na porta e entrou.

- Bom dia! - seu sorriso era muito largo. - Como está a minha grávida preferida?

- Bem, graças a vocês. - comentei.

- Por que você não é um amor como ela, hein Cerutti? -Patrick revirou os olhos e parou ao meu lado. - Vamos fazer o ultrasom? E depois já coletamos seu sangue.

- Certo. - Triton me ajudou a descer da maca e fomos para a sala de ultrasom.

Estava mais aliviada, porque Senhor Tohed estava bem e não me queria morta, então ficava mais fácil acreditar que eu não era culpada. Acho que eu e o Fernando estamos quites agora.

Só havia uma coisa me incomodando... Aquela substância rosada representava um perigo muito grande para a nossa espécie, ela conseguiu me paralizar em alguns minutos.

Assim que chegamos na sala, meu pensamento voltou-se para a April e como eu faria de tudo para protegê-la, quando ela apareceu naquela pequena televisão, quase comecei a chorar de novo, só que de felicidade dessa vez.

- Ela está ótima. - Patrick deu um leve sorriso. - Agora só vai faltar ver se a mamãe também está.

- Eu estou. - sorri. - Alguém precisa cuidar do pai e da filha, certo?

- Com certeza. - Patrick riu e Triton me deu um beijo na bochecha.

Depois de me limpar, tirando aquele gel que passam para poder usar o aparelho do ultrasom, Patrick cautelosamente coletou um pouco do meu sangue e saiu dizendo para esperarmos no quarto.

Aquela roupa de hospital estava me dando nos nervos, era horrível sentir que estava pelada por baixa daquele fino tecido, pelo menos não estava frio e meus tremores já haviam passado.

Sentei no sofá que havia no quarto, Triton me olhou feio.

- Não vai voltar pra cama? - ele sabia a resposta antes de perguntar.

- Não. - neguei. - Quero ficar sentada, venha aqui.

- Você venceu. - ele sorriu e se sentou ao meu lado. - Ainda bem que você melhorou. - afagou meu cabelo.

- Desculpe dar tanto trabalho. - murmurei mergulhando a cabeça em seu peito.

- Não se desculpe, é o meu trabalho cuidar de você e da pequena April. - abraçou-me puxando para o seu colo. - Eu te amo tanto.

Seus lábios tocaram gentilmente os meus, fechei os olhos e abri mais a boca deixando-o aprofundar o beijo, deixei que Triton comandasse. Foi gentil e devagar, deliciosamente calmo.

- Você é a minha vida, amo você mais do que tudo. - sussurrei em seu ouvido.

- Amanhã, você ainda quer ir à união? - indagou fitando-me.

- Mas é claro que sim! - fiz um bico. - Charlie é seu melhor amigo e você vai nem que eu tenha de te arrastar.

- Mas estou preocupado com você e com a April. - murmurou como uma criança contrariada.

- Triton Cerutti, nós vamos e ponto final. - afirmei.

Ele já pretendia se opor de novo, então tomei seus lábios e iniciei um longo beijo. Sem resistir, Triton me segurou pela cintura enquanto meus braços se enrolavam em seu pescoço.

Mordi seu lábio e investi contra a sua boca, ele gemeu abafado e me apertou mais um pouco, senti suas mãos passearem pelas minhas costas. Enquanto uma das minhas mãos se enrolava em seu cabelo, e a outra segurava em seu ombro.

Separei-nos quando ouvi passos de alguém se aproximando, reparei que seus lábios estavam rosados, consequência das minhas mordidas. Saí de seu colo voltando ao meu lugar no sofá, Triton sorria como um bobo quando Patrick entrou no quarto.

- Tenho ótimas notícias! - ele anunciou. - Os resultados foram normais então você pode voltar pra casa, Kristine.

- Graças a Amaterasu. - Triton suspirou aliviado e se levantou.

- Então, posso colocar a minha roupa? - sorri agradecida.

- Sim. - Patrick sorriu e anotou alguma coisa em seu tablet. - Cuide-se bastante, e ainda é proibido o sexo.

- Já sabemos. - Triton rosnou e Patrick saiu do quarto.

- Bom... Você sabe onde ficou a minha roupa? - olhei em volta à procura das minhas vestimentas.

- Eu levei para casa e trouxe novas. - Triton pegou uma bolsa que estava ao lado do sofá e me entregou. - Precisa de ajuda?

- Não, estou bem. - assenti e peguei a bolsa. - Só vou me trocar e já podemos ir.

Triton concordou com a cabeça e sentou novamente me esperando, coloquei sem demora as roupas que ele me trouxera e fomos embora, ainda não me sinto totalmente leve, meu coração parece pesado.

Entretanto, meu corpo parecia bem melhor e minha mente estava mais confiante, então vou fazer o possível para seguir em frenter e aceitar o passado.

- Então amanhã iremos comprar o seu vestido, certo? - Triton segurava a minha mão enquanto andávamos.

- Certo. - sorri já imaginando como seria o nosso futuro.

*

Assim que chegamos em casa, fui tomar um banho e Triton ligou para o Bryan avisando que eu estava bem, por isso quando terminei o banho e fui até a sala, ele estava lá.

Correu me abraçar enquanto Triton observava de perto, sentia seu ciúmes crescer mais e mais.

-Bryan... Está me apertando... - murmurei.

- Ahhhh... Me desculpe. - ele me soltou e coçou a cabeça.

Pensei que Triton fosse brigar com ele, mas ao invés disso ele suspirou e foi para a cozinha.

- Ele está bem? - Bryan perguntou. - Fiz algo de errado?

- Não se preocupe. - menti. - Ele está bem, só um pouco preocupado.

- E você... Está bem mesmo? - Bryan me observou atentamente. - Não minta.

- Eu vou ficar. - respondi. - Mas Bryan, será que você poderia...

- Deixar vocês a sós, claro. - ele me deu um beijo na bochecha e foi em direção a porta da frente. - Cuide-se, hein?

- Pode deixar. - respondi. 

O barulho da porta se fechando reverberou pela casa, suspirei e encontrei Triton sentado na cadeira da mesa da cozinha. Seu olhar parecia tão triste e acabado, só percebeu que eu estava ali quando coloquei as mãos em seus ombros.

- Eu sinto muito. - murmurou e fechou os olhos jogando a cabeça para trás. - Não estou conseguindo me controlar direito, estou exausto e se eu ficasse na sala por mais um segundo, era possível que arrancasse a cabeça dele fora.

- Tudo por ciúmes? - comecei a massagear seus ombros. - Você precisa descansar, vamos deitar um pouco.

- Era mais do que ciúmes, ultimamente, eu ando tendo que me controlar ao máximo para não atacar qualquer um que te toque, te machuque, te olhe... - ainda mantinha os olhos fechados.

Toquei sua testa tirando seu cabelo do caminho, parecia que todo o peso do mundo estava sobre ele.

- Vamos deitar. - repeti e dessa vez ele fez o que pedi.

Guiei-o até o nosso quarto e o deitei na cama, como estava calor, não nos cobri e deitei ao seu lado.

- Você quer que eu faça alguma coisa? - acariciei sua bochecha. 

Seus olhos deviam estar pesados, pois eles se fecharam e não abriram mais, apenas a sua boca conseguia se mexer.

- Eu queria conversar... - murmurou.

- Podemos conversar quando você acordar, está bem? - sussurrei dando-lhe um beijo na testa, do mesmo modo que ele fazia comigo.

- Obrigado. - foi a última palavra que ele conseguiu pronunciar.

- Durma bem. - fiquei lhe fazendo carinho, Triton se remexeu e estendeu as mãos em minha direção.

Aproximei-me e notei como se acalmou ao conseguir me alcançar, sorri satisfeita e continuei o observando. Sua expressão estava mais leve e seu cheiro ficou suave, como se tivesse entrado em um sonho gostoso.

Conseguia sentir como Triton estava se tranquilizando, imaginava quantas horas ele havia ficado preocupado sem pregar os olhos. Ouvi-o balbuciar alguma coisa, depois ele começou a se aproximar de mim e se encaixou no meu peito, sua expressão voltou a ficar estranha.

- Não me deixe... - pareciam palavras cheias de dor. - Volta pra mim...

Ele estava tendo um pesadelo, abracei-o tomando o cuidado de confortá-lo e não amassá-lo, beijei o topo de sua cabeça e fiquei lhe dizendo palavras gentis até que sua respiração ficou regular.

Não importava quanto tempo teria de ficar ali lhe fazendo um afago, eu só queria que ele ficasse bem. Odiava quando o preocupava demais fazendo-o se desgastar tanto assim.

Apenas fechei os olhos e fiquei lhe agradando, ansiando que Triton acordasse revigorado.

*

Havia ido ao banheiro e quando voltei, Triton estava sentado na cama com as pernas para fora, os cotovelos em cima das pernas e a cabeça apoiada nas mãos.

Teria começado a chorar se isso não fosse acabar mais ainda com ele, por isso respirei fundo e me agachei a sua frente.

- O que foi, meu amor? - perguntei segurando seu cabelo para trás. - Está se sentindo bem?

Nada. 

- Triton, fale comigo, por favor. - levantei seu rosto e vi as lágrimas, ele mordia os lábios e tentava segurá-las. - O que foi?

- Eu fico pensando o que poderia ter acontecido com você se o Bryan não estivesse contigo... - abrira os olhos, que estavam vermelhos. - Eu poderia ter perdido você para sempre! 

- Mas não perdeu. - afirmei enxugando suas lágrimas. - Estou aqui com você.

- E depois quando ele veio te ver, comecei a sentir raiva porque não o queria perto de você... - explicou. - Não quero que ninguém te tire de mim, por nenhum motivo que seja!

Triton começou a chorar mais ainda, sentei ao seu lado e o puxei para mim.

- Ninguém nunca vai me tirar de você! 

Abraço-o e ele enterra a cabeça em meu peito, continuava soluçando e chorando, tinha vontade de me socar por tanta inutilidade.

- Por favor, me escute. - fiquei esperando que ele me olhasse nos olhos. - Dói tanto ver você assim.

- Não sei o que fazer... - murmurou se acalmando um pouco. - Quero te proteger.

- Você sempre me protege... - beijei sua bochecha. - Você sempre cuida de mim...

- Mas não é o suficiente, Kristine. - ele me encarou, seus olhos cheios de sofrimento. - Eu quase perdi você, quase perdi a April!

- Triton! - chamei-o com tanta força que ele se assustou. - Me escute! Você não irá nos perder, porque vamos continuar juntos! Ponto final.

Entretando isso não daria certo, precisava de um meio de ajudá-lo a enxergar.

- Você esteve lá... Se você não tivesse aparecido, dúvido que Bryan pudesse ter me salvado. - era a dura verdade.

Isso pareceu ter feito algum efeito. Esperei por uma resposta, mordi o lábio ansiosa.

- É verdade... - afirmou meio sem jeito. - Então, você vai deixar eu cuidar de você? Te proteger mesmo que todo o meu autocontrole tenha ido pro saco?

- Seu bobo, faz um tempo que seu autocontrole está perdido. - sorri segurando as lágrimas de alívio. - Você nunca esteve tão dominante, meu amor.

Ele assentiu e me puxou para outro abraço, sua dor estava passando, porém essa cicatriz que o havia feito lembrar do passado - sobre a perda de seus pais - dificilmente sumiria.

- Eu vou cuidar de você, está bem? - murmurei e ouvi um obrigado. - Você está com fome? Vou fazer algo para você comer...

- Não quero comer, obrigado. - comentou. - Só quero ficar perto de você... Só isso...

- Então vamos para a sala um pouco. - levantei, Triton segurava a minha mão e logo me seguiu até a sala.

Sentei no sofá e ele deitou com a cabeça no meu colo, virando para ficar olhando para a pequena April.

- Prometo fazer você feliz, Kristine, e nunca mais deixar você sofrer assim. - comentou. - Vou ser o melhor pai e companheiro... - seus olhos mudaram completamente, agora sim eu via a confiança.

*

Não demorou muito para que Triton admitisse que estava com fome, até foi engraçado vê-lo tentar disfarçar. 

- Está boa? - perguntei enquanto esperava que ele terminasse o seu terceiro prato.

- Maravilhosa! - seu sorriso havia voltado. - Você vai ser uma mãe maravilhosa.

- Espero que sim. - joguei o cabelo para trás, o calor estava voltando a me incomodar.

Levantei e peguei um copo d'água, bebi-o em quase um gole, estava uma delícia. De repente, ouvi o barulho de louça e em seguida braços fortes me envolveram.

- Satisfeito? - brinquei sentindo um gostoso arrepio.

Ele pareceu ter ronronado um sim, seu nariz tocou o meu pescoço, minhas pernas se encolheram, mas Triton me segurou em pé.

- Está me fazendo cócegas. - comecei a rir. - Isso não é justo.

- O que não é justo? - ele riu e continuou com a brincadeira.

- Você me segurar enquanto me faz cócegas. - consegui virar para ficar de frente para ele. - E agora, hein?

- E agora? - sorriu maliciosamente. - Eu faço isso.

Triton me levantou e me colocou sentada na mesa, já ía protestar quando sua boca cobriu a minha, enrolei minhas pernas em sua cintura assim que nossas línguas começaram a disputar a liderança.

De repente, ele interrompeu o beijo e apenas ficou me fitando com seus atraentes olhos caramelos.

- O que foi? - perguntei confusa, soltando sua cintura.

- Obrigado. - foi só o que disse ao tocar o meu ventre. - Por tudo...

Enrubesci sem saber o que dizer, apenas sorri e coloquei minha mão por cima da sua.

- Você acha que eu serei uma boa mãe? - indaguei mais pensativa do que achava estar.

- Com certeza, você conseguiu cuidar de mim. - ele confessou. - E você é uma mulher linda, forte, gentil, carinhosa, inteligente...

- Então seremos os melhores pais, porque você é  tudo isso e mais um pouco. - afirmei.

Triton assentiu feliz com os elogios e jurava que ele estava sonhando com o futuro.

- Ei, você acha que ela vai demorar muito para falar? - perguntou com as bochechas começando a ficarem vermelhas.

- Acho que com um ano e pouco... Depende de bebê para bebê. - comentei. - Por quê?

Triton se inclinou para frente, beijou o meu pescoço e depois sussurrou em meu ouvido.

- Imagina que delícia ouví-la dizer papai. - depois se afastou e vi como estava vermelho, porém não quis esconder isso.

- Realmente, seria bom demais... - puxei-o para mim e deixei nossas testas unidas.

Ficamos uns cinco minutos assim, depois Triton me colocou no chão e fomos ver televisão. Dessa vez fui eu quem fiquei com a cabeça em seu colo e Triton devia ter dedos mágicos pois não conseguia prestar atenção ao filme, e ficava sonhando acordada.

- Amanhã vamos comprar o seu vestido, hein? - lembrou-me de novo. - Não quero desculpas.

- Sim, senhor. - brinquei. - Alguma preferência de cor?

- Hmmm.... Um azul da cor dos seus olhos. - murmurou me observando.

- Então você terá de usar uma gravata da cor dos seus olhos. - propus.

- Combinado. - deu sua risada alta e continuou me acariciando.

- Sério, você me mima demais! - afirmei. - Eu sou muito sortuda de ter te conhecido...

- Se você é sortuda, eu devo ser o próximo ganhador da loteria... - rimos juntos.

Enquanto o filme passava, acabamos conversando sobre nossos planejamentos, como o quarto do bebê, o chá de bebê, o cantinho das crianças, quanto tempo eu teria que ficar sem trabalhar, e muito mais.

- Acho melhor irmos dormir. - comentei assim que o vi tirando uma soneca. - Triton?

- Oi?! - ele acordou e esfregou os olhos. - Sim, sim... Vamos dormir.

Levantei e o puxei, logo estávamos no nosso quarto e prontos para dormir, só que dessa vez, fui eu quem nos cobriu e, não sei ao certo o motivo, mas fiquei contente por poder fazer algo por ele... Nem que fosse algo besta como isso.


Notas Finais


Quase chorei junto com o Triton!


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