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História O Cheiro da Lua - Família


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Pessoal, desculpem a demora, último bimestre da faculdade e as coisas estão corridas.

Boa leitura.

Capítulo 93 - Família



O sol estava forte quando entramos no restaurante para comer, por sorte o local estava fresco, Triton mantinha seu sorriso no rosto, descobri que ele ama comprar roupas para a parte feminina da sua família.

April, como ainda era bebê, não estava feliz nem triste, seus olhinhos diziam que a hora da soneca estava próxima, afinal, eu a amamentara minutos atrás. 

- Essa mesa está boa? - Triton perguntou me fitando.

- Sim. - assenti e sentei colocando o carrinho da pequena ao meu lado.

- Parece que alguém já vai nanar. - ele ainda não tinha se sentado.

- Ela já vai dormir. - notei seus olhos fecharem e sua barriguinha subir e descer devido a profunda respiração.

- Obrigado. - sentou-se e corou de leve.

- Por? - indaguei curiosa.

- Por cumprir a promessa e nos dar a filha mais linda do mundo. - explicou.

- Ohhh... Você é mesmo o melhor pai. - brinquei e lhe mandei um beijo.

Triton não respondeu, só pegou o cardápio e começou a olhá-lo, o que era um disfarça porque ele conhecia este lugar como uma segunda casa. E sem esperar muito, decidimos nosso prato principal e nossas bebidas, e pedimos ao garçom.

De repente, reparei que um homem de bigode e barba grossa estava sentado ao nosso lado, sei que é falta de educação encarar, mas ele me era familiar. Ele estava sozinho e notou que eu o observava, corei e virei a cara.

- Algo errado? - Triton parecia não ter notado o que eu vira.

- Nada. - neguei.

Então, inexplicavelmente, o senhor puxou uma cadeira e sentou ao lado do carrinho da April. Triton e eu ficamos alertas, ele não poderia fazer nada em um restaurante, assim como nós não podíamos fazer até ele tentar algo contra a nossa filha.

-  Senhor? - questionei-o, pois Triton estava em modo de alerta total, seu cheiro estava forte como quando se transformava em lobo.

- Desculpem, mas é que tenho um tara por bebês. - falou humildemente. - É uma menina, certo? Ahh, que gracinha... E você deve ser a mãe dela, e aquele homem sedutor de mulheres inocentes deve ser o pai, certo?

Um minuto, a única pessoa que chamava o Triton desse jeito era... 

- Pai? - ergui uma sobrancelha.

Meu companheiro rosnou baixinho, porque agora o cheiro de lupino de meu pai apareceu, isso só o deixava mais ameaçador para a segurança da nossa filha, e Triton ainda não sabia que ele era meu pai.

- Pai, tire esse disfarce agora! - ordenei pois vi os caninos de Triton ficando à mostra.

- Pai? Oh, mocinha, eu amaria ser seu pai, mas... 

Triton se levantou e o encarou, meu pai bigodudo arregalou os olhos e ficou boquiaberto, mas seu medo se transformou em coragem e quando tentou levantar, acabou virando junto com a cadeira, por sorte, consegui tirar April do carrinho a tempo de ele não cair em cima dela.

Consequentemente, seu disfarçe saiu, Triton já havia se acalmado e revirou os olhos ao se sentar de novo. Realmente, meu pai só criava confusão.

*

Após explicar que estava nos seguindo porque nos viu de relance nas lojas, Jefferson se desculpou e acabou almoçando conosco. Até deixamos que ele segurasse um pouco a neta, depois foi correndo procurar a sua companheira que estava cuidando de Steve.

E nós já havíamos chegado a alcateia, Lorena estava a nossa espera em frente a nossa casa, mas como queria falar com o Triton, peguei as compras e entrei com April em seu carrinho.

Foi tempo de arrumar as novas roupas da April e colocá-la em seu berço, em seguida, Triton me abraçou por trás mordendo a minha orelha.

- O que era? - perguntei muito curiosa.

- Sou o novo integrante do conselho. - explica. - Lorena veio até aqui para dizer isso e eu tive de fazer o juramento e assinar um papel para poder exercer o cargo.

- Hmmm... Esse é mesmo o lobo rebelde que eu conhecia? - brinquei mordendo o lábio.

- Você quer fazer um teste? - virou-me e me beijou.

O beijo do meu lobo quando ele havia sido provocado era um dos melhores, era sedutor demais. Incrivelmente, fui eu a encostá-lo na parede, acabei mordendo seu lábio um pouco forte e senti o gosto de sangue.

- Me desculpa. - separei-nos na hora.

- Ei, sério? - ele riu. - Sabe que isso não foi nada, certo?

Em parte sim, mas ainda me sentia mal por machucá-lo.

- Tudo bem, eu te desculpo... Isso te deixa mais calma, não é? - beijou meu nariz. - Agora vamos voltar para onde estávamos.

Sorri e deixei que ele nos conduzisse até a cama, não que pretendesse fazer sexo hoje de novo, tínhamos de voltar devagar, meu corpo não estava tão preparado para o que Triton era na cama.

- Que cheiro delicioso. - murmurou no meu ouvido. - Devo me controlar?

- Não. - minha loba rosnou. - Na verdade, sim...

- Sim ou não? - fitou-me com desejo. - Não consigo o meio termo.

- Pois então aprenda, sei que você consegue. - mordi seu pescoço e um gemido rouco saiu de sua boca.

- Vou tentar. - foram suas últimas palavras antes de me beijar de novo.

O que era para ser controlado, acabou se tornando feroz, porém conseguimos manter nossas roupas íntimas, o que era um avanço.

- Você já parou para pensar? - comentei enquanto me vestia. - Como iremos esconder da April essas coisas?

- Você diz sobre o sexo? - ele me fitou com uma cara engraçada de quem nunca havia pensado nisso.

- Teremos que fazer um pouco menos, porque até que somos silenciosos. - afirmei.

Ele concordou com a cabeça, mas ainda tinha uma cara pensativa.

- Ainda bem que tenho você. - ele me beijou na boca.

- Tem razão. - concordei com a cabeça, terminando de me trocar.

Então ouvímos o choro da nossa filha, Triton a pegou no colo e veio até mim.

- A minha panquequinha tá com fome? - peguei-a e sentei na cama.

Com os olhos bem abertos, April achou o que queria, a sucção que sua boca fazia, às vezes, me fazia rir. Senti o peso de Triton se sentando ao meu lado e o fitei, sua mão tocou a minha bochecha e recebi um beijo carinhoso.

- Vou tomar um banho, porque hoje temos a primeira reunião para decidir como as coisas vão ficar por aqui. - comentou me soltando.

- Tudo bem. - falar sobre a diminuição da alcateia ainda era um assunto delicado.

Mais um beijo, só que dessa vez ele foi rápido e quando abri os olhos, a porta do banheiro estava se fechando. Olhei para a minha pequena, pelo que a conhecia, demoraria um pouco para ficar satisfeita.

*

Felizmente, a nossa casa estava fresca, já era hora do calor diminuir, afinal, havíamos entrado no outono há poucos dias. April também ficava mais disposta com esse clima, agora estava sentada no meu colo segurando com uma das mãos a trança que eu havia feito no cabelo.

A força do seu braço mal conseguia fazer-me sentir a puxada, dei risada e seus olhinhos azuis ficaram curiosos, parecia novidade ver a mãe tão animada assim.

- Panquequinha, mamãe tem uma novidade. - beijei sua bochecha e ela sorriu em resposta. - Papai disse que vamos no parquinho no fim de semana.

Fora complicado convencê-lo, Triton ainda estava meio cismado, porém mencionei o fato de que April precisava sair mais de casa, pobrezinha. Com isso, ele cedeu, mas pediu que fôssemos quando ele estivesse junto.

Ouvi alguém subindo os degraus da frente, o cheiro me era familiar, então a campainha tocou, em seguida o cheiro de algodão-doce me fez relaxar. Atendi-a e mandei-a entrar, April esticou os bracinhos curtos tentando pegar os fios do cabelo preto de Alice.

Pelo visto, a pequena tem paixão por cabelos pretos. 

- Ela é linda demais! - Alice sentou-se no sofá conosco.

- Quer algo para comer ou beber? - perguntei educadamente.

- Não, obrigada, flor. - Alice estava diferente, mas de um jeito bom.

- Novidade? - arrisquei.

- Está muito na cara? - ficou bem vermelha.

- Não, mas eu te conheço bem. - confesso, e coloco April em seu berço.

- Tudo bem... O Patrick está ansioso para a nossa união e ele já até foi comigo comprar o vestido. - seus olhos brilharam.

- Mas não era para vocês dois já terem se unido? - indaguei enquanto dava um brinquedo para a April apertar.

- Eu não queria sem você aqui. - murmurou.

- Ahhh... Alice... Nem sei o que dizer. - fiquei muito sem jeito, e emocinada pela consideração dela. - Mas pode apostar que vou te ajudar em tudo que for preciso.

- Obrigada, você se tornou uma pessoa muito especial pra mim. - admitiu. - Como se fosse aquela irmã mais nova que sempre te ajuda e se preocupa com você.

- Eu que agradeço. - segurei suas mãos dando um sorriso. - Você é uma pessoa muito gentil, Patrick tem muita sorte.

- Você acha que ele me ama mesmo? - sua insegurança era latente.

- Claro, sempre que eu íá fazer uma consulta quando estava grávida, Patrick me contava muitas coisas sobre você. - comentei.

- Como por exemplo? - seu sorriso era tão fofo.

- Ele me disse como foi o primeiro encontro de vocês, também me contou quando ele ficou doente e você cuidou dele, e me falou sobre o dia em que criou coragem para lhe pedir a mão. - confessei.

Alice estava com os olhos marejados e me abraçou com força.

- Kristine, eu quero muito ser feliz como vocês dois são. - me soltou e enxugou as "quase" lágrimas de seu rosto.

- Olha, o Triton é único e a April também, mas não acho que eles sejam o seu tipo de família. - comecei a rir e ela me acompanhou. 

Tão logo, ouvímos a risada da pequena, ela estava sentada no berço e ria enquanto balançava o seu urso de pelúcia.

- Você achou engraçado, meu amor? - dei-lhe a minha mão que ela agarrou na hora.

- Ela é mais apegada a você ou a pai? - Alice não tirava os olhos dela.

- Assim... Quando ela acorda de noite chorando ou tem crises de choro, April só se acalma comigo e passaria o dia no meu colo sem reclamar, mas quando o pai dela chega... Ahhh... Enquanto ele não dá atenção para ela...

- Ciumenta? - Alice me fitou.

- Demais. - sorrio vendo como ela seria parecida com o Triton. - Mas é bom assim, aí ela me ajuda a cuidar do pai.

- Verdade, ganhou uma aliada e tanto. - assentiu.

Um toque desconhecido soou pela sala, em seguida, Alice pegou seu celular e atendeu. Parecia ser algo urgente.

- Nossa, preciso ir, Kris. - já havia desligado o celular. - Esqueci que hoje à tarde tenho a reunião do conselho.

- Ahhh, faça-me um favor, por favor. - pedi. - Diga ao Triton para comprar pão, está bem?

- Pode deixar que eu falo. - levantou-se. - Ele é um dos novos membros do conselho, certo?

- Exato. - acompanhei-a até a porta, April não faria nada nesse meio tempo. - E boa sorte.

- Obrigada, acho que vou precisar. - ela acenou e saiu apressada.

Como esperado, voltei e April estava sentada em seu berço, mordia o braço do seu urso.

- Mamãe tem uma coisa mais gostosa pra você morder, meu amor. - tirei-lhe o urso da boca e coloquei no lugar uma chupeta.

No começo, ela estranhou, porém assim que mordeu e chupou uma vez, achou uma maravilha, apenas a fiquei observando, vendo como um bebê podia ser tão pequeno.

April era gordinha, mas não muito grande o que a tornava graciosa demais, todos, sem exceção, achavam-na linda. 


- Ela irá ter muitos pretendentes. - comentei para ver a sua reação.

Triton ergueu uma sobrancelha e me prensou contra a parede.

- O que foi? - segurei o riso. - Ela já é linda quando bebê, imagina quando crescer e herdar o corpo da mãe.

Ele me observou por inteiro e mordeu o lábio, estava levando a sério o que eu havia acabado de falar.

- Ei, Kristine, você acha que ela vai nos ouvir quando garotos aparecerem? - perguntou sem jeito.

- Sinceramente... Não. - neguei. - Todos são assim, Triton, precisam aprender com seus erros...

- Mas ela vai sofrer... - seu olhar era de dor antecipada.

- Não seja bobo, estaremos aqui para ela. - segurei seu rosto. - April terá o pai mais gentil e carinhoso do mundo, não acho que ela terá tempo para sofrer.

Isso parece tê-lo feito melhorar, e com um sorriso meigo, selou nossos lábios.



Algo parecido com um ronco foi o que saíu do berço da minha filha, olhei-a curiosa e seus olhos estavam fechados, sua chupeta estava subindo e descendo bem devagar.

- Meu amor dormiu. - peguei uma leve coberta e coloquei sobre o seu pequeno corpo. - Sonhe com anjos, minha panquequinha.

Joguei todo o peso no sofá e fechei os olhos, ansiando pela volta do meu lobo.

*

Enquanto preparava a comida, Triton ficou brincando com a April na sala, conseguia ouvir os dois rindo e se divertindo. Ao mesmo tempo lembrei das informações que ele me passara quando voltara da reunião do conselho.

Pelo visto Destiny também era uma nova integrante do conselho, e Marcos possuía, agora, a segunda chave da casa de arquivos da alcateia. O resto continuava igual.

O jantar de hoje seria algo tradicional - arroz, feijão e bife - e neste instante, Triton estava dando a papinha de nenêm para a nossa pequena. E como a minha parte na cozinha já havia acabado, consegui presenciar essa cena.

April comia com gosto e seu babador estava todo sujo, Triton não enchia a colher pois sabia que a boquinha dela não aguentaria tudo de uma vez.

- A comida está quase pronta. - sussurro em seu ouvido.

Ele está sentado no chão com April em seu colo, sento no sofá e os fico observando.

- A cada dia as feições dela se mostram mais parecidas com as suas. - afirma com um sorriso.

April parece ter se alimentado o suficiente, já que recusa a última colherada e logo após, Triton a faz arrotar.

- Ela vai querer dormir. - digo fitando-o.

- Dorminhoca que nem a mãe. - ele ri e a coloca, cuidadosamente, em seu berço.

Ela reclama no começo, mas logo o sono vence e seus olhos se fecham, e mesmo que suas mãos e seus pés continuem a se mover, April vai parando de se mexer e dorme profundamente.

- Vamos deixá-la aqui, assim não a acordamos, e qualquer barulho estaremos perto o suficiente para ver o que aconteceu. - Triton diz isso sem tirar os olhos da filha.

- Você é mesmo um pai coruja. - rio e me levanto.

Triton me encara e me puxa para os seus braços, um quente e demorado beijo é o que recebo. 

- A comida ainda não está totalmente pronta, certo? - sorri maliciosamente.

- Não... Daqui uns dez minutos deve estar. - comento, esperando pelas suas próximas palavras.

- Isso é mais do que o necessário. - pega-me no colo e nos leva até o nosso quarto.

Deitamos na cama, seu corpo cobre o meu, mas sempre tomando o cuidado para não me sobrecarregar com seu peso.

- Que feio, Triton. - mordo seu lábio. - É só a sua filha dormir que você quer fazer coisas inapropriadas.

- Longe de mim, Kristine. - imita meu tom de voz. - Apenas não quero que a minha pequena descubra precocemente tais coisas.

Essas falas são mais do que suficientes para nos entregarmos um ao outro, só calculávamos que durasse menos de dez minutos.

*

Estávamos vendo um filme todo colorido e cheio de pôneis, April estava no colo de Triton e quase não piscava, seus pequenos olhos azuis estavam vidrados na tela da televisão.

Às vezes, suas mãos tentavam agarrar algo no ar, como se pudesse alcançar algo vindo da imagem. Triton não parava de sorrir, e sem perceberem, fiquei observando esses dois por um bom tempo.

- Ei, meu amor. - ele a colocou em pé em seu colo. 

April começa a rir, afirmando o que sempre digo.

- Ela ama quando você lhe dá atenção. - inclino o corpo para perto deles e dou um beijo na bochecha dele.

- Ela não é a única que gosta da atenção do dominante aqui. - sorriu. 

Então, a pequena começa a "farejar", nós dois nos entreolhamos, o que ela poderia estar sentindo?

- Acho que ela está sentindo o seu cheiro. - digo percebendo que o cheiro de Triton ficou mais forte, realmente, mais dominante.

Minha suspeita é confirmada quando April se vira, com cuidado e ajuda do pai, e sorri, daquele jeito meigo dela. Então, Triton beija a sua testa do mesmo modo carinhoso que sempre faz comigo.

- Aposto que ela deve amar quando você faz isso. - comentei e corei levemente.

- Experiência própria? - provocou-me enquanto colocava April sentada novamente.

Porém, ela não queria se sentar e fez um bico, assim, Triton teve de mantê-la em pé e, agora, sua atenção estava voltada para nós dois.

- O que você acha que ela está pensando? - Triton indagou me fitando.

- De verdade? - começo a rir. - Como os pais dela são bobos e carinhosos.

Ele me observa daquele jeito que me faz ficar com vergonha, mas ao mesmo tempo me faz sentir amada. 

- Vocês duas são a minha vida, nunca mais vou deixar que se machuquem, eu prometo. - afirmou mantendo o nosso contato visual.

Então, a nossa pequena começou a resmungar de um jeito bebê, Triton riu e voltou sua atenção a ela.

- Ciumenta igualzinha a mãe. - comentou baixinho. - E tem os mesmos lindos olhos.

- E o mesmo cabelo caramelo do pai, e ainda acho que os lábios dela vieram de você. - seguro o riso.

- Mas ela tem o seu nariz delicado. - ele enrusbece. - E eu amo muito vocês duas.

- Ohh, ela tem o pai mais fofo do mundo. - provoco-o um pouco. - E espero que ele saiba o quanto a mamãe o amo, April.

Seu sorriso só me deixa mais satisfeita, e nossa filha parece estar contente também pois começa a rir enquanto olha o pai.

*

O aniversário de um ano da April havia chegado, Lorena foi a organizadora e Eliza, Destiny e Giulia a ajudaram. Estive longe das preparações, porque não conseguia parar de chorar ao pensar que um ano já havia passado.

Já Triton parecia mais calmo, mesmo que às vezes ele falasse coisas como você acha que ela vai se transformar logo? ou Como será daqui mais vinte e seis anos?

- Estão prontas? - sua voz me trás de volta ao presente.

- Quase. - termino de arrumar o cabelo enquanto April está grudada a minha perna.

- Vem com o papai, meu amor. - ele se ajoelha e espera pacientemente.

A pequena ergui a cabeça e me olha, assinto incentivando-a, e como April já havia começado a andar, era de se esperar que conseguisse chegar ao pai.

Bem devagar, ela se soltou de mim e foi dando pequenos passos até o Triton, que tentava ao máximo controlar a ansiedade de pegá-la rapidamente.

- Só mais um pouco, April. - digo ajudando-a moralmente.

- Muito bem, meu amor! - ela chega e se joga nos braços do pai, que a encheu de beijos.

- E os meus beijos? - cruzo os braços e logo recebe um delicioso beijo. - Bem melhor. - sorrio.

*

Um ano e dois meses. Sua primeira palavra veio como uma boa bomba, como uma surpresa maravilhosa. Primeiro, pensávamos estar ouvindo demais, ansiando demais por este momento.

- P-Pa-Pa. - disse outra vez. - M-Ma-Ma. 

Triton a pegou no colo e a encheu de beijos, também começou a falar rápido demais, tanto que mal consegui entender o que ele dizia.

- Triton, acalme-se. - era mais para me acalmar.

Eu a peguei dele e dei-lhe um beijo na bochecha, April começou a rir e disse mais uma vez as duas palavras mais gostosas de serem ouvidas no mundo.

Quase comecei a chorar, mas Triton nos abraçou e começamos a rir todos juntos.

*

April brincava com as outras crianças no cantinho das crianças, o qual apelidamos de Toca dos Baixinhos.

Estávamos eu e Triton sentados em um banco quando Destiny chegou com seus gêmeos, Skye a filha com cabelo preto e olhos verdes, e Joshua o filho loiro escuro com olhos mel.

Travis não estava presente, e isso deixou a atenção de Triton concentrada em nossa filha enquanto eu conversava com Destiny.

- Acho que não terei leite suficiente para esses dois. - dá risada. - Eles tem fome o tempo todo!

Dito isso, Skye começou a chorar, parecia pedir por leite, foi nesse momento que Eliza veio ajudá-la e virei-me para dar uma checada em April.

Pisquei uma, duas vezes, eu realmente estava vendo uma pequena loba com restos da roupa da minha filha, claramente, havia sido a primeira transformação dela.

Triton já estava ao seu lado e isso deve tê-la encorajado, pois sua pose era de quem estava curiosa e não amedrontada. Aproximei-me e senti um cheiro delicioso de castanha de caju, e sua coloração era um castanho bem claro com algumas manchas brancas.

- Ei, April. - ajoelhei-me ao lado dos dois. 

Seu focinho tocou a minha mão e logo seu corpo se escorou em mim, Triton nos observa atento e um pouco preocupado. Ele nunca havia visto isso acontecer, mesmo sendo mais de cem anos mais nova do que ele, um tempo atrás eu vi quando Sven se transformou.

- Pode ficar tranquilo. - digo. - É a primeira vez, ela não sabe controlar então deve voltar em até doze horas... E depois teremos de ensiná-la.

- Será que ela sentiu muita dor? - isso o estava machucando por dentro.

- Eu acho que não. - acariciei seu pelo e ouvi algo parecido com um ronronar. - Quase certeza que não.

Por fim, Triton suspirou e insistiu para que fôssemos para casa, mas eu tive de ser mais persistente para fazê-lo deixar a April ir caminhando ao nosso lado, pois era isso que ela queria.

Sua orelha, seus olhos, seu focinho e seu pelo foram atentos o caminho inteiro, tudo era novo de uma perspectiva diferente, além de que seus sentidos estavam mais apurados do que quando era um bebê.

Quando chegamos em casa, ela correu até a porta, incrivelmente, April sabia onde era seu lar.

*

Meu coração estava acelerado, controlava-me para não esmagar a pequena mão que segurava a minha.

- Que foi, mamãe? - sua doce voz me fez fitá-la por um longo instante antes de responder.

- April, você lembra o que a mamãe pediu pra você fazer? - indago devagar.

- Ahan, vamos fazer uma surpresa pro Papai! - ela bate palmas animada.

De repente, a porta da frente se abriu e aguardamos ele cheguar à sala, ambas estávamos em pé e sorrindo.

- O que houve? - ele nota algo estranho.

Então April corre até ele e pula em seus braços, Triton a segura e lhe dá um beijo na testa.

- Papai! Papai! - ela bate palmas, e só para quando ele pergunta:

- O que vocês estão aprontando? - ergue uma sobrancelha e me observa atento.

- A mamãe vai me dar um irmãozinho! - grita toda feliz.

Mordo o lábio esperando pela reação dele, era verdade que estava grávida de três meses, não sabia o sexo, mas April queria um irmão.

- Vamos ter mais um filho? - ele mal conseguia conter a felicidade. - É a melhor notícia que já recebi depois que descobrimos que você ía ter a April!

Corro abraçá-lo e sinto seus braços me aconchegarem, April continua rindo animadamente enquanto nos amassamos juntos.

- Vai ser mesmo menino? De quanto tempo você está? - perguntou ansioso.

- Estou com três meses já... Não sei como não reparamos... - admito. - E ainda não sabemos o sexo. 

- Mas vai ser um irmãozinho! - April resmunga e faz um bico. - Não é, papai?

- Claro, meu anjo. - concorda.

Triton nunca consegue contrariar a filha e isso ainda me dará uma boa cansada futuramente, mas deixo ser assim... Por enquanto.

- Nossa família apenas começou. - Triton ainda sorria. - Eu amo muito, mas muito vocês duas!

Beijo-o e ouço April pedir por atenção, nós a beijamos um em cada bochecha e permitimos que ela ria, brinque e diga tudo o que quiser até que o sono venha acalmá-la.

Assim que a colocamos em sua cama para dormir, nós dois nos sentamos na nossa cama e Triton toca em meu ventre, ficamos em silêncio apenas trocando carinhos e beijos.

Por fim, dormimos abraçados e é bem provável que esta noite eu tenha o melhor sonho de toda a minha vida.


Notas Finais


Gente, não é um capítulo final, e é provável que a fic ainda tenha uns 20 capítulos antes de acabar, e só dei uma acelerada no tempo porque quero fazer algumas partes dos filhos da Kris e do Triton mais velhos!

Aliás, a April é muito fofa, não é?


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