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História O Cheiro da Lua - Estranheza


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Perdão pela ultra demora, e teremos notas finais interessantes!

Boa leitura.

Capítulo 94 - Estranheza



A cada quinze dias, meus pais vinham nos visitar, April sempre ficava ansiosa esperando pelos avós, principalmente, pelo avô dramático que a fazia rir o tempo inteiro.

- Mãe! Mãe! - ela puxava a minha calça, chamando a minha atenção. - Sinto cheiro do Steve!

E claro, April era sempre a primeira a sentir os cheiros deles, e todas as vezes, seu pai ficava abismado.

- Como ela consegue fazer isso? - ele a pegou no colo e sorriu. - Ela chega a ter mais instintos lupinos do que você, amor.

- Talvez ela seja a nova dominante da família. - brinquei rindo.

Triton ergueu uma sobrancelha como quem dizia nem brinque com isso. Mandei-lhe um beijo e voltei a fazer a comida, na verdade, já estava acabando o preparo.

- Papai! - April chamou-o.

- Sim, meu anjo? - sempre carinhoso.

- Quanto tempo vai demorar pra eu ter um irmãozinho? - podia não estar vendo, mas sabia que April estava fazendo um biquinho.

- Hmmm... Daqui uns quatro meses. - disse sem explicar muito mais.

- E eu vou poder brincar com ele que nem eu brinco com o Steve? - ela começou a gargalhar.

Uma risada gostoso de criança pura e feliz.

- Claro que vai poder. - desliguei o fogo e me sentei na cadeira ao lado deles.

Então, alguém bateu na porta e em seguida entrou na casa.

- Onde está a minha neta favorita? - a voz de Jefferson vez April pular do colo de Triton e sair correndo em sua direção.

- Ela vai se machucar assim... - Triton fez aquela cara de preocupação.

- Pelo amor, papai coruja! Ela não é feita de vidro e é uma lupina, tem que deixar ela ser mais livre. - falei pela milésima vez.

Como sempre, ele nunca respondia, apenas sorria meio amarelo e mudava de assunto, porém desta vez nem foi preciso isso, já que minha mãe apareceu na cozinha com um buquê de flores.

- Parabéns! - sorria como nunca.

Depois que April nasceu, minha mãe tem sido mais animada do que já era antigamente, e meu pai tem sido mais meloso, se isso for possível.

- Sua mãe já sabe? - Triton me encarou e riu. 

- Kristine me ligou assim que soube, e disse que queria fazer uma surpresa para você. - Stefany corou de leve. - Ela não é a filha mais linda do mundo?

Levantei e lhe abracei, era maravilhoso ter os três por perto e Triton também gostava da visita deles.

- Onde está o Steve? - indaguei olhando para a minha mãe.

- Kris! - ele pulou em mim.

Incrivelmente, Steve havia crescido rápido, agora com nove anos ele estava batendo no meu busto.

- Te amo demais, Kris! - abraçou-me.

Meu companheiro continuava morrendo de ciúmes pelo meu irmão e isso só tornava a visita deles ainda mais divertida.

- Cumprimente o Triton, Steve. - minha mãe sussurrou.

A contra gosta, Steve me soltou e chegou perto do meu lobo.

- Oi, Triton. - ele ainda tinha um pouco de ciúmes dele também.

Surpreendentemente, Triton sorriu de verdade e começou a brincar com Steve. Eu e Stefany deixamos a sala em passos leves, não queríamos quebrar o laço que estava começando a se formar.

Na sala, estava meu pai brincando de cavalinho com a April, ela ria e sorria enquanto Jefferson imitava o som de um cavalo.

- O tempo passa voando. - minha mãe suspirou.

- Demais. - dei um meio sorriso, lembrar do passado era delicioso.

- Já foram dois anos. - ela sorriu e me beijou na bochecha. - Fico feliz que tenhamos nos reencontrado.

- Eu amo vocês demais. - sem conter as lágrimas, eu a abracei.

*

Depois de um farto almoço, Stefany decidiu tirar uma soneca enquanto íamos até o cantinho das crianças. E como era domingo, todas as crianças e suas famílias estavam presentes.

April e Steve correram brincar com Sven, Jonny, Skye e Joshua; tão logo avistei seus pais sentados no chão apenas os observando. 

- Triton, será que podemos conversar um pouco? - meu pai parecia bem sério.

- Tudo bem. - Triton ergueu uma sobrancelha, pois as palavras "meu pai" e "sério" nunca estavam na mesma frase.

Ele me deu um beijo na testa e foi em um canto um pouco mais longe para conversarem. Quando voltei a observar a minha pequena, percebi que uma pessoa se aproximava pela esquerda, seu cheiro amável de algodão-doce me fez sorrir.

- Se não é a mais nova mãe da alcateia! - cumprimentei-a.

- Queria tanto te ver. - Alice sentou ao meu lado, e em seus braços estava sua filha, Lidia. - Acho que ela quer ir no seu colo.

Devagar, eu a peguei e a aninhei em meus braços, a filha de Alice e Patrick era puramente fofura, tinha o cabelo loiro encaracolado do pai e os olhos verdes da mãe.

- Ela é muito linda. - afirmei voltando a fitá-la. - E como você está?

- Vivendo um sonho. - ela sorriu encabulada. - É tudo tão perfeito que tenho medo de acordar.

- Não é um sonho, é realidade... Você se casou com o lobo da sua vida e tem uma filha linda com ele. - confortei-a. - O que te preocupa, Alice?

- Nada. - assentiu devagar. - Só ainda não acredito em tudo que aconteceu, sabe? Todos os desafios que a alcateia inteira passou...

Ah, eu conseguia acreditar... E ao mesmo tempo conseguia esquecer, algumas lembranças não devem ser guardadas. 

- É verdade, mas também passamos por ótimos momentos. - lembrei do primeiro dia que cheguei na alcateia e depois do dia em que me uni ao Triton, e finalmente quando soubemos que eu estava grávida da April. - Tenho uma novidade.

- Qual? - seus olhos brilharam, Alice sempre amava as minhas novidades.

- Parece que o Patrick não estragou a surpresa. - ri de leve. - Estou esperando um bebê!

- Jura? - ela gritou. - Ahhhhhh.... Que máximo, Kris!

Em seguida, Destiny, Lorena, Giulia sentaram a nossa volta, e sem perceber comecei a ser bombardeada de perguntas. Não que elas não soubessem como era estar grávida, porém a curiosidade e cara de pau havia sido superada dessa vez.

*

Havia sido um simples passeio e mesmo assim consegui ficar bem cansada, e como sempre, Triton notou isso.

- Pode ficar deitada aí. - revirou os olhos enquanto me cobria.

- Eu estou bem. - repeti mais uma vez. - Sério.

- Papai, o que a mamãe tem? - April subiu no sofá e se enfiou debaixo das cobertas. - Tá dodói?

- Não, minha panquequinha. - sorri já sentindo minha energia renovada.

- A sua mãe precisa descansar um pouco, então enquanto o papai toma um banho, você cuida dela, está bem? - Triton beijou a testa de cada uma antes de sair da sala.

April ficava muito feliz quando seu pai lhe dava tanta atenção, e nisso posso afirmar que somos idênticas.

- Vou ligar a TV. - a pequena pega o controle e liga no canal de desenho.

Devagar, ela se ajeita debaixo das cobertas e posso ver que não parou de sorrir desde a hora que seu pai lhe beijou. 

- Mãe! Mãe! - pulou do sofá rindo. - Acho que a Skye e o Joshua estão na porta.

Três segundos depois, ouço a voz da Destiny e batidas na porta; peguei April no colo e fomos juntas abrir a porta. Um cheiro maravilhoso de comida encheu minhas narinas.

- Ahhh, Des... Não precisava. - sorri envergonhada. - Obrigada.

- Que isso! - ela sorri. - Você sabe que eu amo cozinhar, e também queria conversar mais um pouco com você. - sorrio maliciosamente.

- Conversar? - Travis ergueu uma sobrancelha. - Boa sorte, Kristine... A Des está atacada hoje.

- Como é Travis Hutchins? - ela rosnou.

- Deixa quieto. - ele aproveitou e se deixou ser arrastado pelas crianças.

Como sempre, April quis descer do meu colo e levar os seus pequenos amigos para o jardim de trás. Em seguida, Destiny me arrastou até a sala e nos sentamos no sofá.

- O que houve? - perguntei um pouco alarmada.

- Nada de mais, é só que... - ela mexeu nos fios loiros do cabelo. - Como você já conseguiu engravidar de novo?

- Oi? - pisquei duas vezes. - Não entendi o propósito da pergunta.

- Ahhhh, Kris! - Destiny fez um bico. - Não se faça de santa logo agora.

- Mas...

- É o seguinte, eu quero ter mais filhos e o Travis também, mas parece que estou com algum bloqueio mental, sei lá. - cruzou os braços enfurecida.

- Relaxa, quando menos você esperer, vai acontecer. - afirmei. - Digo por experiência própria.

- Kristine Moore Cerutti, não ouse dizer que você fez comida! - Triton surgiu na sala e ficou surpreso ao ver que tínhamos visita.

- Nome e sobrenome... Sério mesmo, Triton? - Destiny o encarou. - E se for pelo cheiro, fui eu que trouxe a comida.

- Errr... - Triton ficou meio intimidado pela aura assassina da visita. - Vou lá ver o que as crianças estão aprontando. - e saiu em direção ao jardim.

Comecei a gargalhar e Destiny me olhou assustada.

- Sinto muito, é que eu nunca tinha visto o Triton ser tão intimidado. - respirei fundo.

- Desculpa. - ela suspirou. - Eu não sei o que anda acontecendo, parece que estou naqueles dias de raiva, sabe?

- TPM? - arrisquei.

- Eu acho que sim. - deu um sorriso amarelo.

Já ía tentar animá-la quando ouvímos Triton gritando, corremos até o jardim e encontramos a seguinte cena: Skye brincando com uma borboleta, Joshua segurando a mão da April, que segurava um flor na outra mão, e Triton e Travis discutindo.

- O que o seu filho pensa que está fazendo?! - Triton rosnou.

- Ele está conquistando uma mulher, oras! - Travis cruzou os braços e estufou o peito. - Nunca fez isso, Cerutti?

- Uma mulher? - Destiny ergueu uma sobrancelha. - Eles estão chamando um bebê de mulher?

- Parece que sim. - respirei fundo e fui até a minha pequena.

April tinha as bochechas rosadas e sorria para Joshua, que estava apenas a observando. Quando me viram, Joshua sorriu enquanto April fazia um bico e me pedia colo.

- Seu filho nunca conseguiria conquistar a minha filha, e mesmo se conseguisse teria de passar por cima do meu cadáver! - Triton ainda não tinha sossegado.

- Ele vai conquistá-la! - Travis sorriu vitorioso. - Hutchins possuem um dom natural para a conquista.

- Não seja tão convencido, idiota! - Triton cerrou os punhos.

- Bom, como a primeira condição será certamente cumprida, só falta fazer ele passar por cima do seu cadáver. - Travis rosnou ficando mais nervoso. 

- PAREM DE GRITAR!!!! 

Para a surpresa de todos, havia sido a pequena Skye que perdera a paciência. Triton apenas respirou fundo e manteve-se parado olhando a criança que acabara de gritar, já em Travis, o grito da filha teve um efeito devastador.

Sua face mudou e ele simplesmente pediu desculpas ao Triton, Travis afirmou ter exagerado. Até mesmo Destiny ficou de queixo caído.

Em seguida, Travis foi brincar com Skye que estava emburrada, Destiny deciciu ir até a cozinha dar uma esquentada na comida e arrumar a mesa. Sempre que vinham jantar conosco, ela nunca deixava eu fazer nada, tomava conta da cozinha.

- Papai, você tava bravo? - April estendeu seus pequenos braços.

- Não, meu amor. - ele sorriu e me deu um olhar de desculpas. - Venha cá.

Andamos até ele com April sacudindo-se para que ele a pega-se no colo.

- Tudo bem. - Triton a segurou e lhe deu um beijo na bochecha, em seguida, beijou a minha testa. - Você não está cansada?

E novamente a preocupação voltava, já tinha me esquecido como era estar grávida com um companheiro exagerado.

- Estou. - sorri de leve. - E estou indo ajudar a Destiny, está bem?

- Comida! - April riu e mordeu o pai. - Papai totoso!

- Isso significa que eu posso te morder também. - ele riu e fez cócegas na pequena.

Enquanto os dois brincavam, notei que Travis também estava brincando com os seus filhos e ambos riam muito. Sem hesitar, virei-me e saí do jardim, rumando em direção a cozinha.

*

Jantar com os Hutchins era sempre muito divertido, Travis e Triton sempre se provocavam, mas Destiny tinha a garra para fazer os dois ficarem quietos. E eu ficava mais com as crianças, isso quando os pais corujas não as tomavam para eles.

- April se divertiu bastante. - sussurrei ao notar que já estava dormindo em meu colo.

- Ela esgotou toda a bateria. - Triton brincou e beijou a minha bochecha. - Melhor colocá-la para dormir.

Ele a pegou com cuidado e foi em direção ao quarto dela, estava do jeito que sempre quis, paredes azul claras e um tapete bem felpudo bem ao meio do cômodo. E por enquanto havia apenas dois berços, um para a nossa pequena e outro para eventuais bebês.

- Eu estava certo em já ter comprado os dois berços. - seu sorriso ía de orelha a orelha.

- Tem razão. - desci as mãos até a barriga e sorri de leve. - Tem toda razão.

Com isso, Triton me pegou no colo e selou nossos lábios, foi um daqueles beijos macios e quentes, e acabei não percebendo que já estávamos no nosso quarto.

- Eu achei que nunca conseguiria ser tão feliz. - mencionei enquanto Triton beijava o meu pescoço, colocando-me delicadamente no chão. - Eu te amo muito, meu amor.

- E eu nunca achei que conseguiria ser feliz. - parou de me beijar e me encarou, seus olhos caramelos estavam cintilantes e seus lábios estavam levementes entreabertos. - Você mudou completamente a minha vida, meu anjo.

Dessa vez, eu o puxei para beijá-lo, meio que pego de surpresa, Triton deixou que eu comandasse o beijo, porém suas mãos não se mantiveram paradas. 

Agora com as costas grudadas à parede, mordisquei seus lábios arrancando leves gemidos do meu lobo, beijei-o novamente e senti Triton querer tomar posse dos meus lábios.

- Hmmm... Papai está fogoso hoje. - sorri por entre nossos lábios.

- É que a mamãe está provocativa ultimamente. - ele mordeu meu pescoço e não contive um gemido. - A culpa é sua por ser tão perfeita.

Senti sua mão apalpar a minha barriga e ambos olhamos para baixo, era o nosso segundo filho, já sentia aquela vontade louca de escolher os nomes e parecia que Triton lia a minha mente.

- Se for outra menina ainda será Karinna, certo? - ele se afastou de leve para poder ver o meu rosto. - E se for menino?

- Se for menino... - fiquei levemente corada, pois lá no fundo queria que fosse um menino, sonhava em ter um casal. - Bom, podemos colocar o nome de....

Minha loba, de repente, acordou, fazendo meus sentidos ficarem extremamente aguçados.

- Tem algo de errado? - minha voz saiu mais séria do que queria. 

Dito isso, escutamos April chorar e gritar, não tivemos nem que pensar, em instantes estávamos em seu quarto e Triton a pegou no colo. 

- Calma, meu anjo. - Triton tentava fazê-la parar de tremer. - Está tudo bem, papai está aqui.

- E a m-ma-mãe? - ela voltou a se agitar ainda chorando.

- Estou aqui, panquequinha. - segurei sua pequena mão e isso a fez relaxar levemente.

Triton e eu nos entreolhamos, era estranho eu ter sentido algo e ao mesmo tempo a nossa filha ter entrado em pânico.

- Quero dormir com papai e mamãe. - sua voz ainda era chorosa e seu rosto estava vermelho.

- Claro, meu anjo. - Triton lhe beijou a testa. - Quer tomar um leite quente? - perguntou já caminhando em direção ao nosso quarto.

Por um instante, meu corpo não se moveu... Era estranho minha filha estar precisando de mim e eu aqui parado, sem me mover. Minha loba rosnou, alertando-me de algo mais.

Num giro rápido, fico de costas para a porta do quarto, a janela se encontra a minha frente e a cortina está levemente deslocada. Vou até a mesma e espio pela janela, vejo o nosso jardim de trás, tudo parece normal.

Até que espremo os olhos e vejo algo parecido com uma pessoa agachada ao lado da cadeira, seus olhos me encontram, são verdes e penetrantes. Minha perna treme e minha loba faz meus caninos se mostrarem.

Por que me sinto tão ameaçada? Pisco uma vez e a criatura se levanta rapidamente, mas antes de desaperecer consigo entender o motivo de estar tão temerosa.

*

Meus caninos continuam a mostra, tranquei todas as portas e janelas, mas preciso conversar com Triton. Urgente! 

- Não tenho sono, papai. - April choraminga ainda em seu colo.

Não era para menos, já que era provável que April tenha visto a mesma criatura que eu vira.

- Quer ver TV com o papai? - sua voz tão doce quanto seu olhar.

Sentei ao lado dos dois, April se mantinha enrolada no colo do pai, enquanto só conseguia pensar em protegê-la. Era a primeira vez que concordaria com Triton sobre super proteção.

-Kristine? - ele me chama suavemente. - Tudo bem?

- Tudo. - respondo rápido demais, fazendo-me suspeita.

Triton me encara, ele já sabe que estou mentindo, então concordo com a cabeça e mexo apenas os lábios comunicando-o que temos de conversar. Sua primera reação é erguer as sobrancelhas, mas minha cara deve ter sido séria demais, pois seus olhos de repente ficam assustados.

E como num passe de mágica, April dorme, sua respiração tranquilizada e olhos sossegadamente fechados. 

- Vou colocá-la no quarto e podemos...

- Não. - eu o impeço antes que consiga se levantar. - Deixe ela no sofá e conversamos aqui mesmo.

- Kristine... Você está agindo muito estranho. - afirma, mas segue minhas instruções.

- Eu sei o que assustou a April. - consigo dizer.

Os olhos me voltam a mente, minha loba rosna ao imaginar os mesmos olhos verdes penetrantes.

- Kristine. - Triton me sacode. - Olhe para mim.

- Temos que protegê-la. - minha loba rosna mais alto. - Não sei o que pode acontecer.

- Protegê-la de quem? - ele está começando a ficar desesperado, mas não sei como lhe contar a verdade.

- A alcateia deve estar em perigo. - não tinha pensado nesse ponto antes. - Como iremos...

- Kristine Moore Cerutti. - ele não grita, mas fala com firmeza.

- Não sei se são mais de uma. - comento. - Mas eu vi uma, e April também deve ter visto por ter gritado daquele jeito.

Ele não responde apenas me olha, pedindo pela continuação.

- Eu vi... Uma criatura com olhos verdes e caninos... - nego com a cabeça. - Mas não eram os nossos caninos, porque eram só os superiores. - consigo terminar.

Triton está com a expressão calma, mas sei que está travando uma batalha interna, por fim fala:

- Você quer dizer que viu no nosso jardim um vampiro? - e parece que a palavra fez sua mente entender a complexidade do problema. - Temos que avisar o Fernando e protegê-la custe o que custar.

Ambos a olhamos, ainda dormindo profundamente, respiro fundo e encosto umas das mãos em minha barriga. Não posso me envolver em nenhuma guerra.

- Ei, olhe pra mim. - sua mão encosta na minha bochecha fazendo meu rosto erguer-se levemente. - Prometo que vou proteger vocês três.

De certa modo, essas palavras me acalmaram, dou um pequeno sorriso e sinto seus lábios tocarem nos meus. Ouvimos April murmurar nossos nomes e decidimos que é melhor levá-la para o quarto, pelo menos é lá que ficaremos, e será de lá que Triton ligará para o alfa.

*

Triton acabou nem indo trabalhar, já que passamos a noite em alerta. Pelo menos agora pela manhã, o Fernando nos ligou avisando que não houve nada estranho ontem.

Espero, realmente, que aquela criatura tenha apenas passado por aqui. 

- Mãe! - April ria e me chamava enquanto Triton corria atrás dela. - Me pega!

Ela se jogou nos meus braços, ergui-a e beijei suas bochechas repetidas vezes.

- O que o papai está aprontando dessa vez? - olhei para o meu lobo que tinha um simples sorriso nos lábios.

- Eu ganhei! - ela ri e mostra  a língua para o pai, parece que April se recuperou muito bem do ocorrido, e isso é um alívio.

- Ganhou? - ergui uma sobrancelha.

- Eu disse que chegava em você primeiro, e papai disse que ele que chegava. - April explicou sorridente. - Perdeu!

- Admito a derrota. - ele se rendeu e veio nos abraçar. - Vocês são a minha vida. - e nos deu beijos.

Nossa pequena gargalhava enquanto seu pai lhe dava atenção e carinho, quem diria que Triton seria um pai tão fofo. 

Então o telefone de casa começou a tocar, Triton me fitou preocupado e foi atendê-lo. Prestei atenção em sua face, meu lobo se manteve sereno. April beijou a minha bochecha fazendo-me observá-la.

Seu sorriso radiava alegria, tive de rir das caretas que ela começara a fazer para me animar, de certo modo, nossa pequena sempre sentia como estávamos e por isso tínhamos de tentar ser os mais discretos possíveis.

- Mãe! - sua boca fez um biquinho. - Já é hora do Bob? 

- Que bico mais lindo é esse? - Triton me abraçou por trás, surpreendendo-nos. - Igualzinho o da sua mãe.

April mostrou a língua e pulou do meu colo, ela tinha apenas dois anos, mas já era ágil como uma loba e resistente como um lobo. E rapidamente já ligara a televisão, pronta para ver seu desenho "matinal".

- Bob... Ainda acho que eles podiam ser mais critativos. - Triton resmungou ainda me abraçando.

- Bob, o pintor. - virei para ficar de frente para ele. - Acho bem fofo, na verdade. - beijei os seus lábios.

Triton me puxou para mais perto, segurando-me pelas costas e pela nuca, sempre possessivo. Em resposta, enrolei meus dedos em seu cabelo, que já estava começando a ficar grande. Se ele soubesse como ficava sedutor com esse cabelo, nunca mais o pentearia.

*

April e Triton acabaram dormindo em boa parte da manhã, a nossa pequena até parecia uma boneca quando deitada junto do pai. Como quase sempre, Triton havia deitado na cama e April se jogara em cima da barriga dele, agora ambos pareciam pedras dormindo.

Já eu não conseguia sentir sono, estava cansada e receosa. Era fato que a aura perigosa já havia saído do meu radar lupino, porém o meu instinto me alertava de algo mais.

Entretanto, ficar extressada era péssimo para a gravidez, foi então que decidi fazer uma leve faxina na cozinha. Tarefa que me manteve ocupada suficientemente para levar a minha mente para outros pensamentos.

Como o que faria para o almoço, e se deveria sair para comprar algo... Era fato que estava precisando comprar frutas e carnes. Sem pensar muito, coloquei um agasalho, escrevi um bilhete e deixei-o na sala.

Lá fora estava frio, mas não ventava muito o que tornava o clima maravilhoso. O céu estava limpo, as árvores pareciam conversar entre si... Era incrível a ligação que minha loba tinha com essa floresta.

Respirei fundo e sorri, deixando a calmaria passar por todo o meu corpo enquanto caminhava em direção a cidade. Cerca de cinco minutos depois, encontrava-me em frente ao mercado.

Era segunda, obviamente, o lugar estava quase vazio, entrei e peguei uma cesta, seguindo rapidamente para o açougue, isso me fez sentir vontade de caçar, mas transformações são proibidas durante a gravidez.

Um senhor simpático me atendeu, pedi por filés de frango e filé mignon, April comia de tudo, mas suas preferidas eram essas. Enquanto ele pegava o que havia pedido, notei uma mulher com o cabelo bagunçado e um olhar de pânico em seu rosto.

Um atendente a parou e tentou acalmá-la, mas ela não o olhava, estava procurando por algo, de repente seus olhos se fixaram em mim e cintilaram do azul para o vermelho.

Eu congelei. A sua aura assassina me fez ficar enjoada, por sorte, o homem havia acabado de me entregar o meu pedido. Virei apressada e entrei em um dos corredores, e como estava fora de mim, deixei minha loba assumir o controle.

Sua experiência era milhares de vezes melhor do que a minha, rapidamente senti meus músculos relaxarem, mas a aura da vampira ainda estava por aqui. Pisquei duas vezes e fui me esgueirando entre os corredores, rapidamente cheguei ao caixa e enquanto a mulher passava aos poucas coisas que comprara, mantive-me alerta.

Um minuto depois eu já estava entrando na floresta novamente, com passos apressados cheguei a casa da Elizabeth, precisei parar na primeira casa da alcateia.

Eliza me recebeu animada, mas logo notou o meu nervosismo.

- Kris, você está bem? - ela me pôs para dentro e nos sentamos na sala.

- Estou, só vim conversar um pouco. - menti.

- Hmmmm... - ela não estava convencida, mas já havia aprendido que nada saía forçado de mim, por isso respeitou-me.

- Obrigada. - assenti e Eliza deu seu melhor sorriso.

Essa era mais uma das razões pelas quais eu amava essa alcateia, que era como a minha família. Eles nunca pediam demais de você, sempre respeitando os seus limites, e quando você mais precisar, eles estarão lá pra te apoiar.


Notas Finais


Sei que estou em débito com vocês por causa do jornal de personagens, porém esse final de ano está sendo estressante na faculdade então prometo que depois do dia 16 de dezembro farei alguns especiais dessa fic e trarei o jornal de personagens.

Ahhh, e esse novo drama que envolve vampiros será de arrepiar já digo shaushauhsuas


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