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História O Conde - Frios como o gelo, suaves como a neve.


Escrita por: Usami_Akihiko

Notas do Autor


Ai vai mais um capitulo de O Conde,
estou adiantando esse aqui pra vocês já que demorei de mais pra postar o anterior né, hehe.
Boa leitura

Capítulo 5 - Frios como o gelo, suaves como a neve.


Fanfic / Fanfiction O Conde - Frios como o gelo, suaves como a neve.

Foi difícil para Jonathan adormecer naquela noite com as lembranças do que acabara de acontecer. Por sua culpa Drácula quebrara seu belo violino de madeira, isso além do constrangimento de ter sido observado em um momento pessoal por seu próprio hóspede.

Ele escondia a cabeça no travesseiro conforme recordava o grande erro que acabara de cometer, ele até mesmo poderia ser expulso pelo Conde, provavelmente ele não fosse mais aceitar sua ajuda e preferisse contratar outra pessoa que fosse importuná-lo menos que Jonathan.

Mas se fizesse, qual o problema com isso? Ele estaria certo ao fazê-lo, não estaria? Por que querer tanto permanecer no castelo? Fora as noites que passara conversando e discutindo com seu anfitrião, ele passava os dias sozinho lendo, estudando ou pintando no jardim e, mesmo que aquela fosse uma grande oportunidade de trabalho, viriam outras, certo?

Talvez ele quisesse continuar lendo todos os livros da biblioteca e enriquecendo sua mente com a cultura e história locais. Talvez tivesse interesse em explorar os cômodos misteriosos do castelo ou as terras nas redondezas do mesmo. Talvez ele apreciasse a companhia do Conde suficientemente para que não quisesse deixar o castelo. Talvez aquele lugar fosse muito mais aconchegante que sua própria casa e, mesmo que passasse o dia sozinho, era melhor do que suportar sua própria mãe reclamando de seu trabalho, seu pai voltando sempre bêbado para casa ou sua amante por quem ele não tinha qualquer sentimento que fosse próximo a paixão, falando sobre a disposição dos móveis e suas roupas...

Revirou-se na cama e, encontrando uma posição confortável, fechou os olhos mais uma vez na esperança de finalmente adormecer.

***

Foi despertado ás sete e meia daquela manhã chuvosa por um trovão que provocou um estrondo enorme e fez com que o quarto se iluminasse.

Levantou-se e colocou seu casaco, olhando pela janela de seu quarto. Estava escuro o suficiente para que – não fosse pelo relógio – ele realmente achasse que a noite ainda predominava naquele céu cinzento coberto por nuvens enraivecidas.

Fechando a porta atrás de si, andou pelo saguão de entrada, imaginando que aquela seria a última vez que veria aquelas colunas majestosas que sustentava o teto alto e abobadado onde estava pendurado um belo e enorme candelabro sustentado por correntes polidas e banhadas a o que aparentava ser ouro.

Parou em frente a porta da biblioteca afim de guardar os livros que havia deixado em cima da mesa no dia anterior, mas hesitou, os livros já haviam sido guardados pois nenhum estava no lugar onde Jonathan os havia deixado.

Ia começar a descer as escadarias do saguão quando ouviu ruídos vindos do quarto que na noite anterior – pelo que ele supunha – deveria estar trancado – mas não estava. Assemelhavam-se a ruídos de pás contra a terra e umas contra as outras, mas – embora a curiosidade o corroesse de dentro para fora – não se atreveu a girar a maçaneta mais uma vez. Já havia sido suficientemente descuidado.

Como de costume, foi até a sala de jantar onde estava posto o café da manhã. Como um gato assustado, pulou para trás, agarrando-se em uma das cadeiras ao redor da extensa mesa repleta de comida.

O Conde, do outro lado da sala, estava sentado na última cadeira na ponta da mesa. Mantinha suas mãos cruzadas cobrindo a boca e seus cotovelos apoiados sobre a mesa. Seus olhos estavam solenemente voltados para a entrada, onde Jonathan se encontrava. Seu rosto estava visivelmente menos pálido.

Endireitando-se, Jonathan caminha lentamente até uma das cadeiras no centro da mesa, onde estava posto seu prato ao lado dos talheres de prata, um guardanapo de estampa florida e uma taça artesanal de cristal, e acomoda-se nela.

Mantendo o olhar baixo, estendeu a mão em direção a um pudim de leite e, enquanto cortava um pedaço e o colocava em seu prato, se perguntava se devia ou não dizer bom dia e tocar no assunto do que havia se passado na tarde do dia anterior para que pudesse se desculpar.

-Bom dia. – Balbuciou então. – É uma pena que esteja chovendo tanto essa manhã. – Perguntava-se por qual razão seu anfitrião não havia saído para o trabalho naquele dia, seria por conta da...

-Bom dia. – Respondeu o Conde – Ah sim... A chuva... – Moveu os olhos em direção ás enormes janelas, por onde podia-se distinguir raios e trovões através dos vitrais coloridos. – Fui impedido por ela de sair e trabalhar hoje, portanto estarei no castelo durante todo o dia. – Fixou seu olhar penetrante em Jonathan, que se ocupava do pudim de leite.

-Ah sim. – Sentia-se envergonhado e arrependido, e sabia que aquele sentimento não deixaria de atormentá-lo até que ele fizesse algo para se redimir.

-Não há necessidade de se sentir-se culpado... eu o devo desculpas. – Levantou-se e pôs-se a andar pacientemente na direção de Jonathan.

Tempo suficiente para que Jonathan percebesse que Drácula havia, finalmente, trocado suas vestimentas. Ao invés da roupa formal preta e capa forrada de cetim vermelho que vinha vestindo ultimamente (desde que ele chegara no castelo), por baixo de uma capa longa e preta forrada por cetim verde musgo que se estendia até seus calcanhares, vestia uma blusa formal cinza escura e por cima desta um colete preto. Suas calças combinavam com o colete, assim como seus sapatos, que tinham cadarços cinza claro. Em seu dedo polegar, Jonathan identificou um anel verde com o símbolo de um dragão, o brasão da família Drácula. De seu pescoço pendia um pingente azul escuro que apresentava um vórtice em seu centro.

Conforme aproximava-se de Jonathan, começava a diminuir o passo, parando a alguns centímetros atrás da cadeira de Jonathan, pousou suas mãos gélidas sobre os ombros do hóspede e prosseguiu.

-Espero que perdoe minha insolência naquela tarde, – pronunciava cada palavra em um tom cada vez mais carinhosamente acolhedor – eu lhe conferi a liberdade para que entrasse em todos os cômodos e não mencionei um dos meus... – olhou para os lados - ... aposentos confidenciais. A porta deveria estar trancada, mas creio que um funcionário descuidado deve tê-la deixado aberta assim que pedi que deixassem o recinto. – Aproximou seu rosto do de seu hospede – Não irá se repetir.

Sentindo-se mais seguro e reconfortado – mesmo que as mãos de Drácula, ainda pousadas sobre seus ombros, provocassem calafrios – decidiu continuar o diálogo.

-Bem, sinto muito pela invasão de privacidade de qualquer forma, eu apenas... - *ele não vai tirar suas mãos de meus ombros nunca? *.

-Algum problema? – Puxou uma cadeira e sentou-se ao seu lado.

-Desculpe. – Percebeu então que preferia que o Conde continuasse na posição anterior, ao menos não precisaria olhar em seus olhos penetrantes enquanto conversavam. – Eu apenas escutei uma melodia doce, então me aproximei da porta. Não imaginei que fosse causar tamanha confusão. Fiquei realmente... paralisado, digo, – tropeçava nas palavras, sem ter certeza se deveria citar algo do tipo, mas não poderia simplesmente terminar a frase daquela maneira, seria desrespeitoso – eu realmente apreciei a música que o Senhor estava tocando. Por acaso seria... Edlweiss? Parecia tão absorto e concentrado, eu realmente não deveria tê-lo interrompido.

Um sorriso se abriu no rosto agora não tão pálido do Conde, deixando à mostra quase todos os dentes e a gengiva, na qual, observando mais atentamente, Jonathan pode distinguir uma mancha bordô semelhante a vinho, que cobria parte de seu canino direito, mas que ele não chegou a citar apenas por educação.

-Sim... Edlweiss... – Baixou os olhos por alguns instantes, e quando os ergueu de volta, aproximou-se de Jonathan. – Aquele violino... Ele foi dado a mim pelo meu padrasto.

-Oh, sinto muito, se houver algo que eu possa fazer sobre isso, bem.... Não creio que isso redimiria meus atos, mas...

-Ah não se preocupe com isto! – Sorriu sarcasticamente – Eu detestava meu padrasto. Você me fez um favor!

Embora imaginasse que não devesse, Jonathan retribuiu o sorriso, baixando os olhos. Enquanto isso, o conde punha-se de pé mais uma vez atrás da cadeira do hospede, que se ocupava de mastigar um croissant.

Terminado o desjejum, Jonathan recolheu a louça e preparava-se para leva-la à cozinha quando algo o segurou por trás, impedindo-o de andar.

O Conde.

Drácula envolvia Jonathan, que sentia-se abraçado por uma coluna de mármore sólida e fria, sem calor humano ou qualquer tipo de sinal de vida.

E assim permaneceu, paralisado. Embora o rosto do Conde estivesse rente a sua nuca, Jonathan não sentia sua respiração, e isso o deixou mais incomodado, fazendo com que um arrepio percorresse sua espinha.

A cada segundo que passava, seu coração parecia ficar mais acelerado, ele aguardava pelo próximo movimento. O que o Conde faria a seguir? O que estava acontecendo? Por que suas pernas não se moviam e, por que ele sentia que seu corpo se tornava cada vez mais aquecido mesmo que o de Drácula se mantesse continuamente gélido?

Aos poucos, os lábios trêmulos de Drácula aproximavam-se do pescoço de Jonathan, chegando a tocá-los uma vez, causando uma sensação a qual nem mesmo ele próprio saberia descrever.

Após alguns segundos nessa mesma posição – o que pareceu levar horas do ponto de vista de Jonathan – O conde finalmente o solta e toma a prataria de suas mãos.

-Se me permite... – Andou em direção à cozinha, sem olhar para seu hospede, que continuava petrificado em meio a sala de jantar decidindo o que pensar sobre a situação.

Por um lado, estava apavorado, fora pego de surpresa pelo abraço congelante do Conde, e dessa maneira ficaram durante longos segundos intermináveis, em contato direto com os lábios do próprio. Por outro, sentia o desejo de que Drácula retornasse. Eram raras as vezes que ele tinha contato físico com alguém, – até mesmo com sua própria noiva – e quanto acontecia de tê-lo normalmente sentia-se desconfortável em ser tocado por outros, mas...

O Conde retornou com um sorriso faceiro, como se tivesse lembrado de algo que estivesse se esforçando para não esquecer.

-Seus documentos! Eu li todos eles. Há mais um terreno no qual estou interessado. Existe uma casa que cumpre todos os requisitos que solicitei, mas tem outra vantagem que esqueci de mencionar que gostaria: fica mais próximo do porto! – Era como se nada houvesse acontecido, Jonathan estava confuso. – Vamos à biblioteca?

Subiram as escadarias e estavam prestes a entrar para a biblioteca quando um gemido alto juntamente a um baque metálico emanou no cômodo que deveria estar trancado.

-Não se preocupe se escutar sons desse tipo, há alguns pertences que eu mantinha no porão, mas decidi leva-los comigo à nova moradia quando tudo estiver pronto, meus funcionários estão encaixotando tudo, um deles deve ter deixado algo cair sobre o dedão do pé. Além disso.... As flores ás quais aprecio são fertilizadas apenas no solo da Transilvânia, então estou carregando comigo algumas caixas de terra. – Soltou uma leve risada. – Cada um com seus fetiches.

Jonathan, ainda confuso, apenas acenou com a cabeça e entrou na biblioteca, perturbado. O Conde, tendo consciência de seu nervosismo, tentou desviar o assunto apenas para os negócios, que era o que Jonathan parecia realmente gostar de fazer.

Nas mesmas cadeiras forradas de veludo onde costumavam sentar-se para tratar de negócios foi onde se acomodaram mais uma vez. O Conde com os papéis sobre o colo e Jonathan, mesmo que sem sua maleta, de pernas cruzadas, fazendo um esforço máximo para não demonstrar nenhum sinal de desconforto diante da situação anterior.

-Como eu citei há alguns minutos, esse terreno foi o que me chamou a atenção mais do que todos os outros pelo fato de que se encontra próximo ao porto, o que eu adoraria por dois motivos aparentes, um deles é que seria dez vezes mais fácil deslocar todos meus pertences do porto até minha nova moradia, levando em consideração que estou carregando caixas de terra comigo. Outro motivo é que eu realmente gosto do som do mar e dos barcos, seria agradável para mim habitar um lugar onde pudesse desfrutar de todas essas influencias sonoras...

-Sim..., mas como pode ver, por ficar próximo ao mar objetos de metal oxidam-se facilmente, não sei se o senhor carregará consigo algum artefato desse material, mas meu dever é alertá-lo.

-Não pretendo carregar comigo quaisquer que sejam objetos de metal, mas agradeço pela informação.

Jonathan mantinha a cabeça baixa, voltada para os papéis, como se ansiasse por recuperá-los o mais rápido possível. Não que desejasse fazê-lo, mas sentia-se inquieto.

-Certo, creio que devamos acertar o valor, comparar os preços, ou seria de sua preferência deixar para que finalizássemos tudo isso em um outro momento?

-Por que razão o senhor me pergunta isto? Não seria mais oportuno para o senhor finalizar os negócios agora mesmo por enquanto para que possamos logo tratar das mudanças?

-Suas mãos...

E realmente, as mãos de Jonathan tremiam incontrolavelmente.

-Sinto frio. Este dia chuvoso... – Esfregou as mãos uma contra a outra para aquecê-las. Gesto seguido de um espirro repentino.

-Oh céus. – O Conde põe-se de pé ao lado de Jonathan, ato que o fez recordar os momentos minutos atrás onde Drácula pousava seus lábios sobre seu pescoço, fazendo-o estremecer. – Jonathan, sente-se bem? Venha comigo, acredito que seja melhor sentarmo-nos diante de uma lareira...

Com a mão direita apoiada nas costas do hóspede, Drácula o acompanhou até a sala à direita daquela que Jonathan estava prestes entrar na tarde passada quando o som agudo o chamou a atenção. Era impossível parar de imaginar a maneira como o corpo do conde movia-se.

-Queira sentar-se. – Ofereceu uma poltrona em frente a uma lareira que já os aguardava acesa no centro de um enorme cômodo aconchegante parcialmente iluminado pelas tochas na entrada da sala. O Conde sentou-se na poltrona a sua esquerda, posicionando-se na diagonal de Jonathan. Do lado direito da sala havia uma enorme janela – diferente das ouras – sem vitrais, por onde podia-se observar a chuva e a escuridão contrastando com as paredes de pedra do enorme castelo. – Espero que não fique resfriado.

Jonathan recordou-se da carta que havia escrito para sua noiva, mas decidiu que aquele não era exatamente o momento certo para citá-las ao Conde e pedir que ás mandasse pelo correio, naquele dia de chuva não seria adequado perguntar por algo do tipo, afinal, quem estaria trabalhando ou fora de casa com uma tempestade como essa?

-Obrigado. – Observava o fogo tremulando conforme um resquício do vento entrava pela chaminé.

Algo despontava do coração de Jonathan, havia algo errado, era como se, ao encarar o Conde, ele desejasse ficar naquele lugar para sempre.

Decidiu desviar os pensamentos desviando também seu olhar.

Passou então os olhos pelo cômodo parando na parede esquerda onde jaziam violinos de diversos tipos e tamanhos, alguns jogados pelo tapete, uns presos a parede e outros encostados na mesma. A maioria era entalhado em madeira clara e alguns poucos em uma madeira mais escura, eram os que apresentavam mais detalhes na estrutura. Cada violino jazia ao lado de seu – respectivo, ou não – arco.

O Conde vira o corpo procurando entender o que estaria logo atrás que tivesse então chamado a atenção de Jonathan. Logo compreendeu para onde seu olhar estava direcionado.

-Ah... – Voltou a atenção para Jonathan novamente – vejo que me deparei com um apreciador da boa música. Tocas violino?

-Ah não, desculpe por isso. Eu apenas.... Nunca havia visto tantos mesmos instrumentos em um mesmo cômodo de uma só vez. – Engoliu em seco. – São maravilhosos.

Drácula não deixava de, com a cabeça um tanto inclinada para sua direita, penetrar os olhos de Jonathan com sua íris verde-claro e suas pupilas contrastantes com a cor. Suas pálpebras levemente caindo sobre os olhos lhe conferiam uma atmosfera calma e acolhedora, ao mesmo tempo que um sorriso sutil surgia em seus lábios.

-O senhor toca o violino há muito tempo? – Decidiu perguntar.

-Ah sim.... Desde criança. Faz... – Baixou os olhos – realmente muito tempo.- A medida que proferia as palavras, fazia um movimento circular com os dedos sobre o anel de pedra verde no polegar. – Toca algum instrumento?

-Eu praticava piano até alguns anos atrás, mas então decidi me concentrar ainda mais em meu trabalho e acabei nunca mais chegando perto de um instrumento musical. – Apreciava conversar sobre todo tipo de arte e, para Jonathan, a música era, sem dúvida, a mais bela de todas as artes – Não pense que digo isto apenas por bajulação, mas o senhor toca o violino como há muito não tinha tido o prazer de ouvir alguém tocar. Imagino ser extremamente complicado alcançar notas agudas como a do final de Edelweiss em um instrumento de corda mantendo a delicadeza que devem ser conferidas a elas. Devo parabeniza-lo, Conde.

-Isto por acaso é um pedido de bis? – Sorriu.

-Ah, não, mas se não fosse muito incômodo da minha parte... – Ergueu as sobrancelhas, retribuindo o sorriso.

Sorrindo levemente, o Conde abaixa-se apanhando um violino de cor mais escura.

-Algum pedido especial? – Riu. Jonathan deu de ombros. – Hm... Estava pensando em Shaneh, de Farid Farjad.... Conhece?

-Temo que nunca a tenha escutado.

-É suficientemente arrogante ao mesmo tempo que suave e agradável, bem... – Tomou o arco e, após posicionar-se ao lado de sua poltrona na diagonal com a lareira, iniciou a música.

Tocava de maneira tão audaciosa as notas ríspidas assim como às mais lentas. Era como se fosse uma marionete controlada apenas pelo som do violino que ele mesmo reproduzia. Uma imagem encantadora iluminada apenas pela luz de uma lareira em um cômodo forrado por pedras.

Como da primeira vez que Jonathan o observara com o violino, seu corpo se movimentava conforme o ritmo da música.

Sentia novamente o calor emanando de dentro de si. Não havia palavras que ele pudesse usar naquele momento para descrever o que a imagem do Conde e o som que o arco em suas mãos produzia ao passar pelas cordas o fazia sentir. Havia algo de encantador naquilo, ao mesmo tempo que sombrio, que não deixava de chamar-lhe a atenção.

Tomado pela tranquilidade que aquela melodia lhe transmitira, ele fecha os olhos lentamente, apoiando o queixo em uma das mãos e o cotovelo no braço da poltrona.

A música parou repentinamente, seguida por uma sensação estranha e, como todas as outras até esse momento, difícil de ser descrita. Como se seus lábios estivessem em contato direto com uma pedra de gelo e as mãos de um cadáver estivessem pousadas sobre sua face, assim que foi descrita por Jonathan no momento que perguntou a si mesmo o que se passava alguns segundos antes de abrir os olhos.

Seu coração acelerou de uma maneira incontrolável e ele baixou as mãos para apoiar-se na poltrona, devido ao choque.

O Conde, ajoelhado ao seu lado, – o violino no chão – segurava o rosto de Jonathan com suas mãos - cobertas pelas luvas brancas de cetim - de forma com que seus lábios não tivessem escapatória. Um beijo inocente, o selinho que você confere a uma amante quando eram crianças e brincavam de casinha, porém demorado. Como se, por conta da frieza dos lábios violeta – porém suaves - de Drácula, estivessem colados contra os lábios aquecidos e rosados de Jonathan.

Em choque, não moveu um músculo, não o afastou. Apenas permaneceu como estava, sem fechar os olhos, observando os longos cílios do Conde e sua sobrancelha franzida sob alguns fios de cabelo rebeldes que se recusavam a juntar-se aos outros atrás das orelhas.

Passado algum tempo, seus lábios começaram a distanciar-se vagarosamente conforme o Conde abria seus olhos verdes e fitava ao outro com um ar de ternura. Jonathan tinha sua respiração pesada. Não chegava a arfar, o beijo não durara tempo suficiente para que ele precisasse tanto de ar, mas sentia que se não respirasse mais profundamente seu peito poderia explodir em sangue.

Havia algo de errado com seu coração. Jonathan imaginou que estivesse mesmo doente, e decidiu que logo que saísse daquele castelo procuraria um tratamento, pois parecia ser algo realmente grave.


Notas Finais


Não sei se vocês gostam disso ou não, mas eu vou sempre deixar o link da(s) música(s) usada(s) no capitulo, pra que possam ter uma ideia do que Jonathan está descrevendo - e por que está gostando tanto uhueheuh - ou pra que possam escutar enquanto leem - eu escuto elas enquanto escrevo, acho que ajudam a criar a atmosfera desejada.
(link para Shaneh, de Farid Farjad: https://www.youtube.com/watch?v=7xvEO490UYo )

Meus queridos, espero que tenham gostado desse capitulo, foi bem The yaoi appears kkkkk mas enfim, pretendo fazer capitulos mais longos, como esse - ou talvez ainda mais longos -, vocês gostariam?


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