História O coração de Isabela - A prova roubada.

No dia seguinte era sábado e eu falei com a Rebeca que ia sair com o pessoal como desculpa, espero que ela não pergunte para ninguém, porque não consegui encontrar nenhuma outra desculpa.

Saímos com o pai do Omar e conseguimos chegar no shopping.

Fomos direto para a praça de alimentação no restaurante que tínhamos combinado de encontrar com o Raul. Ficamos sentadas em uma das mesas esperando ele, estava super nervosa, espero que dê tudo certo.

Eu avistei ele vindo de longe e quando ele chegou mais perto eu me levantei e fui dar um abraço nele.

— Não sabia que você também ia vir Isabela. – Ele pareceu feliz e correspondeu ao meu abraço, mas olhou para mim estranhando. – O que são essas roupas?

— Depois eu te explico. – Eu disse para ele. – Estava com saudades!

— Eu também estava, mas conversamos ontem, já se esqueceu?

— Oi Raul! – A Marina disse interrompendo nossa conversa.

— Oi Marina, está cuidando bem da menina?

— Claro que estou! – Ela disse com orgulho.

— Vamos nos sentar então.

Nós sentamos na mesa e a Marina começou a falar.

— Você tem conversado com a Regina?  - Ela perguntou para ele.

— Sim, as vezes conversamos e estou feliz que ela e você estão se dando bem Isabela. Mas porque a pergunta? Aconteceu alguma coisa? – Ele disse estranhando.

— Então, a Regina tem mentido para você por todo esse tempo.

Ele fez uma expressão supressa.

— Como assim?

— Calma que vamos te explicar tudo. – Eu disse. – A Regina não está se dando nada bem comigo, ele mentiu todo esse tempo.

— Mentiu? Mas você parecia bem nas nossas conversas.

— A verdade é que você não estava conversando comigo. – Ele pareceu confuso.

— Mas era você, eu via pelo vídeo.

Então contamos toda a história para ele, contamos que logo quando ele viajou descobri que eu não sou filha biológica do Orlando nem da Regina, e que a Regina mentiu por todo esse tempo. Contamos que descobrimos que eu tinha uma irmã gêmea e logo a Regina se aproveitou disso e sequestrou ela e nos manteve presas por meses. Ele ficou muito surpreso e pareceu que ele achava tudo uma loucura.

— O Orlando sabia que você não era filha dele?

— Não, ele nunca soube, a Regina escondeu isso dele o tempo todo.

— Como ela teve coragem de fazer isso! Essa mulher é louca!

— Eu sei... – Continuei a história. – Eu consegui fugir de lá e agora estou morando com minha mãe biológica em um vilarejo, mas ela acha que eu sou a minha irmã, que morou com ela todo esse tempo.

Demorou um tempo para o Raul processar tudo, era uma história muito doida para quem ouvia ela pela primeira vez.

— Porque vocês não falaram comigo antes? – Ele perguntou.

— Não podíamos, a Regina não deixava a gente ligar e manteve a gente presa. Essa foi a única oportunidade que tive.

— Sinto muito por tudo que você passou Isabela. – Disse ele me dando um abraço. – Se eu soubesse que isso iria acontecer nunca teria viajado, prometi para o Orlando que nunca ia deixar nada de mal te acontecer. – Ele parecia triste e eu entendia.

— Eu sei padrinho, mas não foi culpa sua. A culpa nessa história é só da Regina. – Eu disse com ódio.

— Você tem alguma ideia do que podemos fazer Raul? – A Marina perguntou. – Se avisarmos a polícia agora ela pode mostrar a certidão da Isabela e fingir que nunca soube de nada.

O Raul pensou por um tempo e disse:

— Vamos ter que agir escondidos e tentar juntar o máximo de provas possíveis contra ela. Vou adiar minha viagem de volta por um bom tempo e vou ficar aqui na cidade trabalhando nisso.

A Marina concordou, mas eu disse:

— Temos que ser rápidos, não aguento mais ficar naquele vilarejo! – Cruzei meus braços. – E também a minha irmã está passando por coisas ruins!

— Você vai ter que ter paciência Isabela. E a sua irmã, vou dar um jeito de falar com ela sem a Regina escutar para ela saber que já estamos fazendo algo.

Depois disso conversamos sobre mais algumas coisas para ajudar a desmascarar a Regina e o Raul ainda tinha muitas dúvidas sobre toda a história.

Nos despedimos dele e fomos encontrar com o Pai do Omar no horário que combinamos.

Na volta para casa eu estava me sentindo aliviada, finalmente parecia que tudo ia dar certo!

No dia seguinte fui para a aula, sentei perto do Omar e coloquei minha mochila na carteira. Antes da professora chegar eu fui no banheiro.

Voltei para a sala e me sentei de novo e a professora entrou logo depois e começou a dar a aula, ela colocou uns exercícios com umas contas simples no quadro e pediu para a gente resolver.

Então algo estranho aconteceu, a Sabrina levantou e esbarrou nas minhas coisas e tudo meu caiu no chão.

— Nossa Manuela, desculpa!! – Ela se abaixou para me ajudar a pegar minhas coisas, pegou um dos meus papéis e levantou com ele na mão.

— O que é isso Manuela?! – Ela disse bem alto para todos da sala ouvirem.

— Não sei. – Era um papel que eu não reconhecia.

A professora Flávia se aproximou da gente.

— O que está acontecendo aqui?

— Olha o que eu achei nas coisas da Manuela. – Ela disse entregando o papel para a professora que olhou para o conteúdo do papel e fez uma expressão de surpresa.

— Mas isso são as respostas da prova que vou dar semana que vem!  - Ela olhou para mim. – Onde você conseguiu isso Manuela?

— Eu não sei de onde esse papel veio, não é meu! – Eu disse me levantando da carteira.

— Então é por isso que você está indo bem em todas as minhas provas. – Ela continuava me acusando.

— Eu não roubei prova nenhuma professora, foi a Sabrina que colocou isso nas minhas coisas! – Eu não acreditava que isso estava acontecendo, eu não precisava de roubar prova para ir bem em matemática!

— Eu vi quando a Sabrina passou na sua carteira, esse papel caiu das suas coisas.

Meus olhos se encheram de lágrimas, mas segurei para não chorar.  Passei os olhos pela sala e todos estavam olhando para mim assustados, principalmente o Mateus e o Téo.

— Vocês acham mesmo que eu seria capaz de fazer isso? – Eu perguntei diretamente para os dois. E o Mateus foi o que respondeu:

— Não sei Manuela, você está tão diferente que eu não sei mais o que você seria capaz.

Nem eles acreditavam em mim.

— Vamos comigo para a direção agora, você passou dos limites. – Ela saiu da sala e eu fui seguindo ela. Não acredito que isso estava acontecendo, é claro que foi a Sabrina, ela me disse no dia da tinta que ia ter volta. Mas ela passou os limites!

No caminho ela disse que ia ligar para minha mãe que era para eu esperar ela chegar e depois ir na sala da diretora.

Nunca me importei com o que os outros pensavam de mim antes, mas pela primeira vez quando a Rebeca entrou na sala e eu vi a expressão de decepção dela eu fiquei triste, não queria que ela pensasse assim de mim, ainda mais quando eu não fiz nada. Mas não podia me importar, não devia me importar com o que ela pensa.

— Manuela, porque você fez isso? Roubar uma prova é muito errado! – Ela disse me repreendendo.

— Eu não fiz nada mãe, me culparam injustamente! – Ela não respondeu nada e eu tinha certeza que ela não acreditava em mim, mas porque acreditaria, eu não tenho agido bem desde que vim para cá.

— Depois conversaremos em casa, vamos conversar com a diretora primeiro.

Depois de conversamos com a diretora e a professora mesmo eu falando que não tinha sido eu, ninguém acreditou em mim.

 Eu recebi suspensão de uma semana, mas não era para eu ficar atoa em casa, eu teria que ajudar com os serviços da escola, ajudar na igreja e elas me passariam algumas outras tarefas.

Hoje eu já recebi uma tarefa, eu teria que ficar na sala depois da aula escrevendo uma redação dizendo porque o que eu tinha feito era errado. Não é possível que isso estava acontecendo, só uma escola do interior para dar uma penitência dessas. Depois de fazer a tarefa eu também teria que ir direto para casa, a Rebeca disse que queria ter uma conversa séria comigo. Que droga!

—----------> No próximo capítulo <---------

— Eu sei. - Eu disse e dei um abraço no Omar, precisava de um abraço de um amigo

— Você e o Omar estão namorando? – O Téo me perguntou.

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