“- Ele não usa a deficiência dele como impedimento para nada né? Parece uma criança normal.
— Verdade né, mas ele sempre foi assim, você sabe disso.
— Sei?
— Uhum.
— Ah! Claro! Claro que eu sei, como pude me esquecer né...
...
Alguém assim é de se admirar. ”
Acordei com a Rebeca me chamando porque era o dia do evento da igreja.
— Me deixa dormir mais. - Eu disse para ela com voz de sono. - Hoje é sábado, não é dia de acordar cedo, mais tarde eu vou para o evento!
— Manu, você nunca foi de acordar tarde.
— Mas agora eu ainda tô com sono, será que pode me deixar dormir?
— Tudo bem, entendi. Nós já vamos indo então, e quando você acordar vai lá encontrar com a gente. – Eu concordei e ela finalmente saiu do quarto. Dormi por mais algumas horas e me levantei. Aproveitei que estava sozinha em casa e fiquei comendo enquanto assistia TV.
Cheguei na praça e estava lotado de gente, tinha barraquinhas de várias coisas diferentes, artesanato, comida e jogos, a cidade estava ainda mais brega do que normalmente, o coreto estava todo decorado com umas fitas coloridas e flores.
— Oi Manuela. – Aquele garoto idiota da sala veio me cumprimentar, e ele estava com uma menina loira que eu já vi antes, mas nem lembrava o nome.
— Ah, oi. Qual é seu nome mesmo? – Eu disse para ele sem emoção.
— É Omar. Você pode dar uma volta Sabrina? Estou querendo conversar a sós com a Manuela.
Esse era o nome dela então, Sabrina.
— Tudo bem. – Ela disse meio desconfiada, mas saiu mesmo assim.
— Você não parece muito animada com esse evento. – Ele deve ter percebido enquanto eu estava olhando para as barraquinhas.
— Só não estou muito animada para multidões, despois de tudo que me aconteceu.
— Ah claro, eu entendo. – Pareceu que ele não tinha acreditado muito em mim. – Você é diferente do que eu imaginei, até seu jeito não é como de todos aqui. – Ah que droga, agora esse menino vem com essa. Preciso arrumar um jeito de fugir dele.
— Eu preciso ir, meus amigos devem estar me esperando. – Disse aproveitando para sair.
A barraquinha da Dona Fiorina estava em frente à igreja Católica.
— Olá pessoal. – Cheguei cumprimentando o Mateus, a Dóris e o Téo que estavam ajudando na barraquinha.
— Olá Manu, você demorou a aparecer. – Achei melhor nem responder, só dei de ombros.
— Aproveitem que a Manu chegou e vão dar uma volta. – Disse a Dona Fiorina para nós. – A Antonela está me ajudando aqui, e agora não está com muito movimento.
Então nós fomos andar um pouco, e eu já estava querendo voltar para casa. Já tinha muitos caipiras naquela vila e hoje eles estavam brotando de todos os lugares.
— Eu quero algodão doce! – Disse a Dóris apontando para um carrinho e indo até o vendedor. – Você também quer Manu?
— Não, obrigada. – Disse olhando em volta. – Não tem mais nada de interessante para fazer aqui? Acho que já vou para casa.
— Ah Manu, você acabou de chegar. – O Téo me disse. – Vamos naquela barraquinha de jogos, vou tentar pegar algo para você! – Ele me disse animado, e eu pensei que não ia dar muito certo porque tem que atirar no alvo e o Téo não enxerga... mas preferi não falar nada para não chatear ele.
— Tudo bem então. – Disse pegando no braço dele para ajudar. E o Mateus e a Dóris nos seguiram.
Chegando na barraca o jogo era acertar os balões com uns dardos para estourar, o Téo tinha 5 chances e tinha que estourar 3 balões. Na primeira tentativa ele errou, o Mateus ficou tentando ajudar ele dando as direções, mas ele também errou na segunda. Se ele errasse a terceira ia perder, mas acabou acertando e todos comemoramos. Mas nossa alegria durou pouco porque o Omar chegou tentando provocar junto com a Sabrina.
— Nossa, o ceguinho está tentando acertar. – Disse zombando e rindo, a Sabrina também riu, o que me irritou muito, mas antes de eu falar alguma coisa o Mateus falou:
— Não fala assim dele Omar.
— É, ele só está tentando ganhar algo para a Manuela. – Disse a Dóris.
— Pra Manuela? – Ele me olhou. – Eu acho que vou tentar também, vamos ver quem consegue algo para a Manuela. – Disse provocando.
— Não quero nada seu, Omar. – Disse para ele. – Acho que devemos parar agora pessoal, eu não quero nada, só vou para casa mesmo.
— Não Manu, eu quero tentar. – Disse o Téo para mim.
— Tem certeza Téo? – Eu disse.
— Ele tem muita vantagem. – Disse a Dóris e o Mateus olhou para ela à repreendendo. – Ops, desculpa Téo!
— Vamos fazer assim, você continua tentando essa, e se perder, eu pago a próxima para você e para mim e nós tentamos juntos e se você ganhar eu admito a derrota.
— Pode ser. – Disse o Téo virando para o jogo e pegando mais um dardo. O Mateus continuou tentando ajudar ele, mas ele acabou errando.
No próximo jogo ele e o Omar estavam tentando ao mesmo tempo.
O Téo acertou a primeira e o Omar errou. Fiquei Feliz.
Na segunda o Téo e o Omar erraram. Ixi!
Na terceira o Téo errou e o Omar acertou. Agora se algum dos dois errasse a próxima iam perder.
Na quarta o Téo e o Omar acertaram. A vez seguinte seria a decisiva, se algum dos dois acertasse, ia ganhar. E é claro, aconteceu o pior.
O Omar acertou e o Téo errou.
— Sabia que ganhava. – Disse o Omar provocando e pegando o prêmio que era um ursinho. – Essa foi para você Manuela. – E me entregou o Urso.
O Téo saiu andando rápido chateado e acabou trombando em alguém o que fez o Omar rir mais ainda.
— Você é um idiota mesmo Omar, não quero nada seu! - Disse jogando o ursinho nele e indo atrás do Téo, o Mateus e a Dóris estavam lá com ele. Quando eu cheguei o Mateus puxou a Dóris e deixou eu e o Téo sozinhos.
— Téo não liga para o Omar. – Eu disse para ele.
— Não ligo, não fiquei chateado por causa dele. Esse tipo de provocação não me incomoda. – Ele disse sorrindo para mim. Eu estranhei.
— Mas porque você saiu então?
— Ah, eu só queria ter pego um ursinho para você. – Disse ele parecendo envergonhado. – Mas pelo menos você ganhou um...
— Eu não aceitei, não quero nenhum ursinho do Omar.
— Sério? – Ele disse parecendo mais animado.
— Aham. – Respondi. O Mateus e a Dóris voltaram.
— Vou ir embora agora pessoal. – Já tinha ficado tempo demais aqui, meu plano era só vir rapidinho.
— Vamos lá para casa Manu! – Disse a Dóris animada. – Nós podemos ligar para sua mãe e você pode dormir lá comigo para podermos ficar brincando.
Nossa, nem pensar que eu ia ir para a casa dela!
— Hoje não Dóris. Eu disse para a Reb...minha mãe que eu ia ficar em casa hoje.
Ela disse triste:
— Ah, tudo bem então...
— Bom, tchau pessoal! – Eu disse saindo e indo para casa.
Chegando em casa fiquei sem saber o que fazer e resolvi mexer no computador para tentar ver se tinha alguma notícia da Manuela. Tinha recebido algumas mensagens do Felipe falando que estava com saudades e uma do Joaquim falando que estava tudo bem lá e que a Manuela estava querendo notícias minhas, respondi dizendo que eu estava bem, mas que eu estava ficando irritada com tantos caipiras e que a cama dela era horrível para dormir, disse que tinha conseguido conversar um pouco com a Marina e que ela estava bem. Desliguei o computador rápido quando ouvi barulhos na sala. Escutei a Rebeca me chamando e fui até a sala.
— O que foi? – Respondi para ela.
— Você disse que ia encontrar com a gente, mas eu nem te vi, fiquei preocupada.
— Eu estou bem, só fiquei com os meus amiguinhos e me distraí.
— Tudo bem então, você pode me ajudar a preparar um lanche para nós? – Nunca precisei preparar minha própria comida e não era agora que eu ia começar.
— Ah mãezinha eu estava indo tomar banho, será que pode ficar para a próxima?
— Você está muito estranha esses dias Manu, não faz mais nada só fica assistindo televisão ou fora de casa, parece que está me evitando.
— Ah Mãe me deixa em paz. – Eu disse indo para o banheiro. Não precisava de ficar ouvindo isso.
Quando terminei o banho ela já tinha preparado o lanche e a Helena e a avó da Manuela estavam com ela sentadas na mesa.
— Só estávamos esperando você para comermos Manu. – Disse a vó da Manuela para mim e eu me sentei na mesa com elas. Elas ficaram conversando sobre o evento de hoje e me perguntaram também, eu só respondi que tinha sido legal. Quando terminei pedi licença e fui escovar os meus dentes para dormir.
—----------> No próximo capítulo <---------
Fui até a casa do Téo na esperança de conseguir conversar com a Marina a sós, tínhamos que combinar algum plano para ajudar a Manuela e eu poder sair daqui.
— Téo, posso te fazer uma pergunta, você não vai ficar chateado?
— Claro que não Manu. – Ele respondeu.
— Então, eu tenho um amigo que tem uma casa de campo ótima e eu estava pensando em levar vocês lá no próximo fim de semana, o que acham? - O Otávio disse.
—---> Não deixem de ler o próximo capítulo! :DD <-----
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.